2017
Teoria da Prova, Direito Probatório,
Decisão, Precedente, Coisa Julgada
e Tutela Provisória
2
12ª edição • revista, ampliada e atualizada
Paula Sarno Braga
C A P Í T U L O 1
Audiência de instrução
e julgamento
Sumário • 1. Conceito e generalidades – 2. Conteúdo e estrutura: 2.1. Considerações
iniciais; 2.2. Abertura da audiência. Pregão inicial; 2.3. Tentativa de autocomposição; 2.4. Produção das provas orais; 2.5. Alegações finais. Memoriais (razões finais escri-tas); 2.6. Sentença; 2.7. Conversão do julgamento em diligência – 3. Documentação da audiência. Lavratura do termo de audiência – 4. Designação, antecipação e adiamento da audiência de instrução e julgamento – 5. A unidade e continuidade da audiência. Casos excepcionais de suspensão – 6. A Audiência Pública.
1. CONCEITO E GENERALIDADES ² ± ï ǡ- ǡ× ǡ ïȂǡǡ Ȃǡ ǡ ǡ ͳ. ² ǦDz dzǡ- ǣ instruir ȋ Ȍ julgar ȋ Ȍ Ȃ ± ȋÙȌʹǤƵ Ǥ Ǥ- Çƴ ± ȋǤ͵ͷͷǡȌǤ ² ǡ ǡǤ juiz ±ǡ Ȁ ² Ǥ juiz-conciliador/mediador ȋǤ͵ͷͻǡȌǤǡǦ± 1. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 3 ed. São Paulo: Malheiros Ed.,
2003, v. 3, p. 636-637.
2. “No sistema oral, a audiência é o momento culminante do processo. Por ela se caracteriza o proce-dimento oral. Os princípios que o definem a informam. Nela se concentra a causa, o juiz se põe em contato direto com as partes e com as fontes de prova; nos atos que então se realizam predomina a palavra falada”. (AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2004, v. 2, p. 291).
ǡ±ǡ² ǡ ǡ Ǥ juiz-investigador± ǡ- ǡ- ± Ǥ ƵÇƴǡǡ × Ǥ ±Ǥ͵ǣDz ×ǡ ×Çƴ ǡ Ǥ͵ͳ͵ǡ ǡÇƴDzdzǡǡ ǡ Ǧ ÇƴdzǤƵ Çƴ ȋǤ ͵Ͳǡ ǡ Ȍ apresente-se como imprescindível ao correto ǤDz² Çƴ ǡ - ǡ ǡ dz ͵.
± ǡ as cartas não devolvidas no prazo ou concedidas sem
efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento
ȋǤ͵ǡǤï ǡȌǤ juiz-diretor ²- ǡ ȋǤ͵ͲǡȌǡ Çƴ poder de políciaǡ ǡ ǡ ± ǡ ² ǡ Ù ǡ ǡ ǡ -sistindo ou participando do ato etc..
As partes ² ǡ ǡ ǡ ǡǤ -Ȃ ǡ ×ǤǡDz ² Ǧ ǡ Ǧdz 4. advogados ² ÙȋǤǣ Ȍ ǡǡ± Ǥ
ǡauxiliares de Justiça ǣi) o oficial de justiçaǡ Ǣii) o escrivão, escrevente ou chefe de secretariaǡ ² Ǣiii)ǡperito, intérprete ou tradutor. 3. THEODORO Jr., Humberto. As novas reformas do Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 32. 4. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 3ª ed. São Paulo: Malheiros Ed.,
Cap. 1 • AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 33 2. CONTEÚDO E ESTRUTURA 2.1. Considerações iniciais ² ǣa) Ǣb) Ǣc) a Ǣd) ÙǢe) a prola-ção de sentença. Ǥ͵ͷͻǡǡ tentativa de conciliaçãoǡ ǡ Ǧ ǡ Ǥ ² ǡǡ±Dz dzǤƵ ±produção da prova oral: a coleta do depoimento pes-ǡ por parte do perito e dos assistentes técnicos.
ǡǦ-zirem alegações finaisǡ ǤƵ Ù ǡ ǡÙÇƴ Ȃ ǡÙǡ Ǥ ǡsentençaǡ ± da causa. ïǡ± Ǥ
² ±ato processual complexoǡ ǡǡ ×Ǥ Ǧǡ ǡǣa) a proclamação ȋȌǢb) ȋǤ͵ͷͺǡȌǢc) ȋǤ͵ͷͻǡȌǢd) a prestação de esclarecimentos ± ȋǤ ͵ͳǡ ǡ ȌǢ e) a coleta de Ȃǡ±ȋǤ͵ͳǡǡȌǢ f) Ȃǡ ±ȋǤ͵ͳǡǡȌǢg) ÙȂ ǡ±ȋǤ͵ͶǡȌǢǡ ǡh) a prolação da sentença. Ǧ ǡ ȋǤͳ͵ͻǡǡȌǤ ǡǡ ² Ǥ
2.2. Abertura da audiência. Pregão inicial Ǥ͵ͷͺǡǡǡ -² ǡ Ǥ ² Ǥ dias úteisǡ Ǥ± ǡ Çƴǡ ×ȋǤ͵ͷǡï ǡȌǤ ǡ² sede do juízoǡ ǡ ȋǤʹͳǡ ȌǤǡǡ ² Ǥ ǡabertura da audiência±ǤDz ² dz±± Ǥ ȋȌ ² ǦǡÇƴ Ǥ pregão inicial± ǡ ǤDz Ù ² dzͷ. ǡÙǦȂ± Ȃ±ǡ ± ǡ serão convocados para depor.
±ǡ ± ² ǡ Ȃ Çƴǡ± . 2.3. Tentativa de autocomposição ² ǡ ǡ Ǥ
5. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, 3 ed., v. 3, p. 640.
6. Nessa linha de entendimento, CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiên-cias Preliminares, cit.,p. 15.
7. AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, v. 2, cit., p. 294; CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 15.
Cap. 1 • AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 35
ǡ comparecimento da parte ² ± ȂǤ Mas se a parte não estiver representada por advogado com poderes para ǡ Ǧ ȋ ±×ǢǦǡǡ² - Çƴǡ ±×Ȍ8. ǡȂ Ȃ Ǥ ǡÇƴ Ǥ ȋǤ͵ͷǡȌǡ Ǥ ² Ȃ Çƴ ǡ ǡ Ȃǡ ȋ Ȍ Ǥ × ǤÇƴ ǡ 9Ǥ± ² Çƴ ² Ǥ
2.4. Produção das provas orais
Ǥ͵ͳǡǡ Ǥ Ǧǡ Ǥ ͳ͵ͻǡ ǡ ǡ vista as peculiaridades do caso concreto.
primeiro passoȋǤ͵ͳǡȌ±esclarecimentos dos peritos e assistentes técnicosȋȌ ÙÙ -± Ǥ Ǥ
ǡ ǣDz ǡ
8. Em sentido diverso, entendendo que o comparecimento da parte é obrigatório, sob pena de adiamento da audiência, DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. 3, cit., p. 641.
9. Dessa forma, DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. 3, cit., p. 642. Athos Gusmão Carneiro diz que, em verdade, na audiência de instrução e julgamento, o juiz irá “manter, ou retificar, a fixação efetivada na audiência preliminar” (CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 59).
Ǧǡ± - Ǣ ǡǤ-ǡ Ǧ± ǡ ǡǡdzͳͲ. ǡ perícia simpli-ficadaǡ ± ȋǤͶͶǡȚȚʹ͑͵͑ǡȌǤ
segundo passoȋǤ͵ͳǡȌ±depoimento pessoal do autor ǡ Çƴǡ±Ǥ
terceiro e último passoȋǤ͵ͳǡȌ±inquirição das testemunhas ȂȂǡǡ ±Ǥ ǡ Çƴ respectivo neste volume.
ǡ Ǧǡ Ù Ǥ
2.5. Alegações finais. Memoriais (razões finais escritas)
ǡ Ùǣ±ǡ × ±ï ǡ ǡ ǡǡ ±dzȋǤ͵ͶǡcaputǡȌͳͳ. Ǥ͵ͶǡȚͳ͑ǡ × ou ingresso de terceiro. ȋǡ ȌǡǦȋȌ Çƴ ȋȌ ȋȌǡ Ǥ×ǡ×ǡ-tisconsortes estão com procuradores distintos.
ǡ ǡǦǡ Ǥͳ͵ͻǡǡǤ
10. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. 3, cit., p. 642.
11. Se o juiz denegar a oportunidade do debate, a audiência será viciada, podendo, pois, ser invalidada. Mas nada impede que as partes renunciem ao direito de deduzir alegações finais. É o que registra Athos Gusmão Carneiro, com base em ponderações de Pontes de Miranda (CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 85).
Cap. 1 • AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 37 ǡ -×ͳʹǡǤͳͻͲǤ Ù ȋǤ ͵ͶǡȚʹ͑ǡȌǡÙ- ǡ memoriaisǡ ǡ .ǡ ǡ Çƴ Ù apresentação de memoriaisͳ͵ǡ Ǥ ǡ Ǥͳ͵ͻǡǡ Ȃ± ² Ǥ Dzǡǡ -Ǥ ǡ Ǧ Ù Ǣǡ ǡ Ù ǡ Ǧ ǡdzǤͳͶ 2.6. Sentença Ùǡǡ² ǡ Ǧ ǡǡǡǤ ǡǡ ǡǦȋǤ͵ǡȌǤ ² ǡ×Ùǡ -Ǧ Ǥ Ǧ ǡǡ ² ǡ Ǧ ǦǤǡǦ Ȃǡ ǡǦ Ǥ
2.7. Conversão do julgamento em diligência
Ùǡ ǡ ǡconverter o julgamento em diligência probató-riaǡ Ǥ Ǥ
12. CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 84. 13. Segundo Moacyr Amaral Santos, a substituição por memoriais pode dar-se por acordo das partes
(AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, v. 2, cit., p. 300).
Ǧ ǡ- ××ǡ Curso.
² ǡ± -Çƴ ͳͷ.
3. DOCUMENTAÇÃO DA AUDIÊNCIA. LAVRATURA DO TERMO DE AU-DIÊNCIA ǡǡ ² Ǣ ² Çƴ ȋǤ͵ǡȌǤ ² Ȃ ǡÙǡ Ù ǡ² ǤȂ termo de audiênciaǡ ata. ² ǡ× ǡ × ǡ Çƴ ȋǤ ͵ǡȚͷ͑ǡȌǤ ± ǡ ȋǤ ͵ǡ Ț ͷ͑ǡ ȌǤ ǡ ǡ ² ǣ±² ± ÇƴǦ± Çƴ ȋǤͷ͑͑ȌǤ Ø Çƴ ² ǣ
“Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado Ø ǡ poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital Ø ǡ ǡ ǡ ǡ dzȋȚͳ͑ǤʹͲͻ ȌǤ× Ø ǡcontradições na transcrição deverão ser suscitadas oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, ǡ ǡǡ ȋǤʹͲͻǡȚʹ͑ǡȌǤ
Cap. 1 • AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 39 Ø ǡ ǡ ǡǡ±ï ǡ Ǣ - ȋǤ͵ǡȚʹ͑ǡȌǤǡ ǡ ǡ ȋǤ͵ǡȚ͵͑ǡȌǤ ǡ -poimento das partes e das testemunhas serão por ele consignados no
denominado termo de assentada ou assentadaͳ.
4. DESIGNAÇÃO, ANTECIPAÇÃO E ADIAMENTO DA AUDIÊNCIA DE INS-TRUÇÃO E JULGAMENTO ǡ ² ȋǤ͵ͷǡ ǡȌǤ² ± - ȋǤͳͻͳǡȌǤ Ǧǡ - Çƴ ² ȂǤǣ ǡ Ǥ ǡ± ² Çƴǡ- ͳǤ ǡ ×ǡ Çƴ ȋǤ͵ͷǡȚͺ͑ǡȌǤ ² ǡ-² ǡǡ ǡantecipação da audiência. Ǥ ͵ʹǡ ǡ ²ǡ ǡ adiamento da ² ǡ ² ×ǣ i) por convenção das partesǢ ii) pela au-sência de sujeitos do processo ² Ȃ ǡ ± ǡ ±² ȋǤ͵ʹǡȚͳ͑ǡȌǢ iii) Çƴ ² ǡ Ȃ ǡ dos advogados ao adiamento.
16. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. 3, cit., p. 647.
17. Em sentido semelhante, AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, v. 2, cit., p. 289.
² ²- Ǥ ǡ ǡǡ ǡ ad hocȂ ad hocǡǤ
±² ǡ ² ǡ Ȃ Ǥ Çƴ ͳͺ. a prioriǣǡǡ ǡ - ² ǡ ǡ ² Ǥ parteǡ ² ǣi) ǡ Ǣii) tendo sido ǡ ǡ Ǥ
advogado, defensor público ou Membro do Ministério Público se ǡpode ǡǤ͵ʹǡȚʹ͑ǡǤ ± tal sançãoͳͻǤDz±ǣ Çƴǡ ǡ± × dzʹͲ. ȋ±Ȍ -ǡ ² ǡ Ǧ Ǥ͵ʹǡȚʹ͑ǡʹͳ. assistente técnicoǡ² ǤǦǦ ǡÇƴ Ǥ
18. CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 97. Em sentido diverso, CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, 10ª ed., v. 1, p. 376; DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. 3, cit., p. 648; ARRUDA ALVIM. Manual de Direito Processual Civil, v. 2, cit., p. 630.
19. Para Athos Gusmão Carneiro, a norma não tem caráter punitivo, apenas visa à economia processual (eficiência), com a dispensa de provas que o juiz reputa inadequadas ou desnecessárias para formar sua convicção (CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 100). 20. Nesse sentido, DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, v. 3, cit., p. 649. 21. AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, v. 2, cit., p. 295. Em sentido
diverso, Athos Gusmão Carneiro entende que o juiz não deve realizar a audiência (CARNEIRO, Athos Gusmão. Audiência de Instrução e Julgamento e Audiências Preliminares, p. 99).