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Transtorno Específico em Matemática (discalculia): desafios enfrentados pelos professores

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA

CURSO DE MATEMÁTICA

GABRIELA KARINE DOS SANTOS SILVA

TRANSTORNO ESPECÍFICO EM MATEMÁTICA (DISCALCULIA): DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES

CAICÓ-RN 2019

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GABRIELA KARINE DOS SANTOS SILVA

TRANSTORNO ESPECÍFICO EM MATEMÁTICA (DISCALCULIA): DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES

Monografia apresentada ao Curso de Matemática do Centro de Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Licenciatura em Matemática, sob a orientação da Prof. Dra. Kátia Regina Lopes Costa Freire.

CAICÓ-RN 2019

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Silva, Gabriela Karine Dos Santos.

Transtorno Específico em Matemática (Discalculia): desafios enfrentados pelos professores / Gabriela Karine Dos Santos Silva. - Caicó, 2019.

35f.

Monografia (Licenciatura em Matemática) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas.

Orientador: Profa. Dra. Kátia Regina Lopes Costa Freire.

1. Matemática Monografia. 2. Aprendizagem ativa -Monografia. 3. Distúrbios de aprendizagem - -Monografia. 4. Discalculia - Monografia. 5. Ensino-aprendizagem - Monografia. I. Freire, Kátia Regina Lopes Costa. II. Título.

RN/UF/BS-Caicó CDU 51+159.953.5

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - - CERES--Caicó

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Dedico este trabalho a minha mãe que sempre sonhou que eu tivesse uma formação acadêmica, me incentivando e apoiando nos meus estudos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade que Ele me deu de ter chegado até aqui com saúde, apesar das dificuldades enfrentadas ao longo do caminho, me deu forças e determinação para não desistir e ter me possibilitado um mundo conhecimentos nessa longa caminhada.

A minha família, de modo especial a minha mãe Olava pelos ensinamentos, conselhos, por nunca ter me deixado desistir dos meus sonhos, nem ter medido esforços, apesar de sozinha, para me ajudar sempre que precisei à senhora é uma guerreira. Te amo, tenho orgulho de ser sua filha. Também quero citar meu tio Oscar e a minha tia Otávia, obrigada pelas orações.

Ao meu esposo Márcio, por todas as viajem indo me deixar ou pegar nas aulas, pelo incentivo para nunca desistir no meio do caminho e concluir a graduação em matemática. Obrigada pela dedicação, amor e companheirismo.

Aos meus colegas e amigos que a faculdade me presenteou, que sempre me ajudaram com paciência para que eu entendesse os conteúdos, Luiz Fernando, Iritan, Pablo, Francisco Lúcio (Tisquin). Aos persistentes que estiveram comigo desde 2011, Fernanda Gabriela, Phylip Caio e Fátima, que assim como eu, apesar de todas as dificuldades, não desistiram do curso e estamos tentando terminar ele. E as meninas que conheci ao longo do curso a qual nos tornamos amigas Danyélica, Débora, Emmylie, Jaíne, Mikarla, com toda a certeza a convivência com vocês me trouxeram muitos ensinamentos. E de um modo especial, a Flávia e a Wesla, que na reta final, tivemos a oportunidade de ficarmos mais juntas e trocando conhecimentos, vocês têm grande contribuição para minha formação.

Ao colega Jobson, que conheci há pouco tempo, por ter me apresentado a minha orientadora Kátia Regina, já estava perdendo a esperança em concluir o curso esse semestre, como já te falei “você foi a minha luz no fim do túnel”, muito obrigada.

A todos os professores que contribuíram na minha formação desde os anos iniciais aos atuais, destaco aqui os meus professores da vida acadêmica: Désio Ramirez, Diêgo Medeiros, Flávio Fernandes, Francisco Bandeira, Gabriel Ramalho, Halley Gomes, Ivanildo Freire, José Neto, Luis Gonzaga, Maria da Conceição, Maria

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Maroni, Patricia dos Santos e Thiago Bernardino. Vocês contribuíram com a construção dos meus conhecimentos e são inspiração profissional.

As professoras Naciara Dantas e Patrícia dos Santos, por todos os conhecimentos transmitidos, experiências partilhadas e a oportunidade de vivenciar a pratica da docência ao longo dos projetos PIBID e Residência Pedagógica.

De modo especial quero agradecer a professora Dra. Kátia Regina, apesar de não ter sido minha professora (infelizmente), pelo aceite da orientação, contribuição e paciência, pelo conhecimento transmitido e pela dedicação.

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“A matemática é como o amor. Uma ideia simples que às vezes pode ser complicada”. – R. Drabek

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RESUMO

Trata-se de uma pesquisa na qual são abordadas as dificuldades que o professor enfrenta na identificação dos sintomas da discalculia na sala de aula e no uso ou não de estratégias para contribuir com a aprendizagem desses alunos. Consiste num estudo de caso que, segundo YIN (2001), é “apenas uma das muitas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais. Experimentos, levantamentos, pesquisas históricas e análise de informação em arquivos”(p.19). A didática e os processos de ensino-aprendizagem não costumam interessar os professores das exatas, de maneira geral, contribuindo para a desinformação nestes aspectos. A abordagem da pesquisa foi qualitativa, uma vez que busquei reflexões, por meio de entrevistas feitas a duas professoras da rede básica de ensino, ambas atuam no ensino fundamental II e são licenciadas em matemática. Busquei investigar quais as principais dificuldades enfrentadas no dia-a-dia com os alunos que possuem dificuldade específica em matemática. O objetivo desse trabalho é identificar as ações e desafios que o professor de matemática enfrenta em sala de aula com os alunos que têm dificuldade de aprendizagem específica em matemática, mapear os alunos que possuem dificuldades de aprendizagem específica em matemática nas escolas pesquisadas e investigar as ações desenvolvidas pela escola junto às famílias dos alunos que possuem os sintomas da discalculia. Após análise dos dados coletados, percebe-se a carência de estudos nesta área e da divulgação de seus resultados e teorias que envolvem a aprendizagem da matemática e a discalculia, entre os professores licenciados, com vistas a amenizar os problemas encontrados.

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ABSTRACT .

It is a research that addresses the difficulties that the teacher faces in identifying the symptoms of dyscalculia in the classroom and in the use or not of strategies to contribute to the learning of these students. It is a case study that, according to YIN (2001), is "just one of many ways of doing research in the social sciences. Experiments, surveys, historical research and analysis of information in archives "(p.19). I realized during the course that this area lacks studies developed by professors licensed in mathematics. The didactics and teaching-learning processes do not usually interest the teachers of the exact, in general, contributing to the misinformation in these aspects. The research approach was qualitative, since I sought reflections, through interviews with two teachers of the basic school network, both of them work in elementary school II and have a degree in mathematics. The objective of this work is to identify the actions and challenges that the math teacher faces in the classroom with the students who have difficulty of specific learning in mathematics, mapping students who have specific learning difficulties in mathematics in the schools surveyed, and investigating the actions developed by the school with the families of students who have the symptoms of dyscalculia. After analyzing the collected data, we can see the lack of studies in this area and the dissemination of its results and theories that involve the learning of mathematics and dyscalculia, among the licensed teachers, in order to soften the problems found.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ... 15

1.1 A DISCALCULIA ...16

2 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O APRENDIZADO DA MATEMÁTICA...20

3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS: CONHECENDO A REALIDADE DAS ESCOLAS ... 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS...28

REFERÊNCIAS ... 30

APÊNDICE A – ENTREVISTA FEITA COM AS PROFESSORAS...32

APÊNDICE B – ENTREVISTA FEITA COM A DIREÇÃO DAS ESCOLAS ONDE AS PROFESSORAS TRABALHAM...34

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INTRODUÇÃO

No plano semanal, a professora planejou para a primeira aula do 6º ano do fundamental de matemática fazer um ditado de números com os seus alunos, esse ditado consistia em falar o número e o aluno, em seu caderno, escrever por extenso. A turma era pequena, com 19 alunos. No final da atividade ela recolheu os cadernos e continuou com o roteiro planejado para esse dia. Ao pegar esses cadernos para a correção notou que um aluno, que irei chamar de Pedro, estava com a atividade em branco.

Na aula seguinte, de matemática, a atividade era relacionada à conservação, a professora entregou palitos de picolé, e pedia para que eles pegassem uma quantidade de palitos que ela pedisse. Ao observar os alunos realizando a atividade, ela percebeu que Pedro se embaralhava todo e não sabia o que a professora pediu e nem o que os seus colegas estavam fazendo. A professora sentou ao lado de Pedro e foi explicar a ele novamente como era a atividade e ele continuava sem entender. Outras atividades vieram ao longo do bimestre e Pedro continuava sem êxito em matemática, apesar de conseguir acompanhar o conteúdo das outras matérias.

No final do bimestre, na reunião de pais, a professora pediu para que a mãe de Pedro ficasse mais um pouco para elas conversarem. A professora explicou sobre o desempenho dele que estava fraco e pediu para que a mãe procurasse ajuda médica pois estava notando que Pedro estava com dificuldades na disciplina de matemática, pois ele não estava compreendendo o conceito numérico. Segundo Dockrell, Meshame e Negreda (2000, p. 115): “os erros que elas fazem com números são frequentemente sistemáticos e apresentam uma série de princípios, apesar de incorretos. O primeiro passo da avaliação é descobrir exatamente quais princípios a criança está usando”.

Os erros que Pedro cometia não eram muito diferentes dos outros colegas, mas os outros compreendiam o que a professora estava falando e Pedro não.

Para Bastos (2006, p. 202):

[...] diferentes habilidades podem estar prejudicadas no transtorno da matemática, incluindo habilidades linguísticas e percentuais (por exemplo, reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos em conjuntos), habilidades de atenção (por exemplo,

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copiar corretamente número ou cifras, lembrar de somar os números „levado‟ e observar sinais de operação) e habilidades matemáticas (por exemplo, seguir sequencias de etapas matemáticas, contar objetos e aprender as tabuadas de multiplicação).

Essas dificuldades iniciais são observadas pelo professor e em seguida encaminhadas a um profissional, psicólogo e/ou psicopedagogo, para uma avaliação interdisciplinar, para um possível diagnostico. O que parece apenas uma dificuldade pode ser um transtorno de aprendizagem específico, e quando ligado ao aprendizado da matemática, é a discalculia.

A discalculia ainda é pouco conhecida, mas segundo Ciasca (2003, p. 27),

[...]o número de crianças identificadas como possuírem distúrbios ou dificuldades para aprender é bastante alto, passando de centenas para a casa dos milhares, em pouco menos de vinte anos[...] A dificuldade escolar pode atingir de 5 a 20% da população em idade escolar, em países desenvolvidos, nos quais apenas 7% teriam algum tipo de disfunção neurológica; sendo 5% com sinais neurológicos leves e 2% com disfunções graves [...].

No Brasil, a discalculia passou a ser percebida cada vez mais cedo, na pré-escola, uma vez que as crianças estão entrando mais cedo na escola. Antes tínhamos, segundo Ciasca (2003, p. 28): “pouca adequação entre a idade cronológica e a série escolar” o que só era observado após os 7 anos de idade, que era quando a criança passava a ter dificuldades. O simples fato de memorizar uma sequência numérica, resolver algum problema, operação, são situações que o professor pode observar e voltar à atenção para a criança logo nos primeiros anos de escola. Algumas crianças conseguem resolver com facilidade cálculos que utilizam diariamente, mas a colocar no papel o que fizeram mentalmente torna-se muito desafiador. Outros aprendem a desenvolver cálculos na escola, mas na prática, deparam-se com incertezas e inseguranças.

Na cartilha de aprendizagem de A à Z diz que:

A discalculia do desenvolvimento é um transtorno específico e persistente da aprendizagem da matemática. Quem tem discalculia tem muita dificuldade para entender a quantidade das coisas e, por isso, muita dificuldade para entender os números e o que eles representam. (COSTA; MALLOY-DINIZ; MIRANDA, 2017, p. 10)

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Pedro não conseguia compreender a quantidade de palitos que a professora pedia e a professora começou a perceber que algo estava errado e precisou de ajuda de um profissional competente.

Segundo a matéria do jornal Estadão (2003), Tânia Maria de Campos Freitas, psicóloga e diretora científica da Associação Brasileira de dislexia (ABD), afirma que o distúrbio de aprendizagem está relacionado a um problema neurológico onde a criança já nasce com esse problema, mas só é observado na vida escolar, e que quanto mais cedo tratado melhores serão os resultados. Ela também orienta aos pais e/ou professores que fiquem atentos e procurem ajuda de um psicopedagogo ou psicólogo para o início do tratamento para se ter uma vida melhor.

Esse trabalho trata-se de uma pesquisa nas quais são abordadas as dificuldades que o professor enfrenta na identificação dos sintomas da discalculia na sala de aula e no uso ou não de estratégias para contribuir com a aprendizagem desses alunos. Consiste num estudo de caso que, segundo YIN (2001, p.19), é “apenas uma das muitas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais. Experimentos, levantamentos, pesquisas históricas e análise de informação em arquivos”.

Apesar da minha formação na área de exatas, senti a necessidade em desenvolver pesquisa ligada à área da Educação, com foco no ensino-aprendizagem, envolvendo as questões ligadas à discalculia. Percebi ao longo do curso que esta área carece de estudos desenvolvidos por professores licenciados em matemática. A didática e os processos de ensino-aprendizagem não costumam interessar aos professores das áreas das exatas, de maneira geral, contribuindo para a desinformação nestes aspectos.

A abordagem da pesquisa foi qualitativa, uma vez que busquei reflexões, por meio de entrevistas feitas a duas professoras da rede básica de ensino, ambas atuam no ensino fundamental II e são licenciadas em matemática. Busquei investigar quais as principais dificuldades enfrentadas no dia-a-dia com os alunos que possuem dificuldades específicas em matemática.

O objetivo desse trabalho foi identificar as ações e desafios que o professor de matemática enfrenta em sala de aula com os alunos que têm dificuldade de aprendizagem específica em matemática, mapear os alunos que possuem dificuldades de aprendizagem específica em matemática nas escolas pesquisadas e

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investigar as ações desenvolvidas pela escola junto às famílias dos alunos que possuem os sintomas da discalculia.

Sendo assim, a pesquisa teve como questões norteadoras: (1) Quais os desafios enfrentados pelos professores quando se tem um aluno que não consegue acompanhar as atividades propostas em sala? (2) Quantos alunos e de quais anos possuem as características da discalculia? (3) A escola promove ações que busquem a parceria dos pais/responsáveis no acompanhamento do desempenho escolar desse aluno?

Espera-se que esta pesquisa, além de atender aos seus objetivos científicos, possa ajudar a outras pessoas/alunos que por não saberem o que está se passando acham simplesmente que não gostam de matemática e já tem rotulado na cabeça que a matemática é uma disciplina muito difícil. Através de acesso ao conhecimento acerca da discalculia, é possível que essas pessoas tenham sucesso na sua vida pessoal e escolar e que não seja apenas mais uma pessoa “diferente” no meio das outras.

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1 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As dificuldades que Pedro tinha com as atividades não eram simplesmente porque a matemática é uma disciplina complexa, que ele não se identifica. Almeida (2006) afirma que:

[...] essas dificuldades podem ocorrer não pelo nível de complexidade ou pelo fato de não gostar, mas por fatores mentais, psicológicos e pedagógicos que envolvem uma série de conceitos e trabalhos que precisam ser desenvolvidos ao se tratar de dificuldades em qualquer âmbito como também em matemática. (ALMEIDA, 2006, p.1)

Não é só olhar para outras disciplinas e deixar a matemática de lado, pois já foi rotulado na cabeça de grande parte de pessoas, que é difícil, complicado. Assim como quando uma pessoa tem dificuldades na leitura e escrita, costuma ser orientada a procurar ajuda de um psicopedagogo, uma vez que apresente sintomas de dislexia, o mesmo deveria ocorrer com relação à matemática. No entanto, quando se tem uma pessoa que não está conseguindo acompanhar a lógica matemática, costuma-se acreditar que isso é normal. Mas a orientação deveria ser a mesma, o que geralmente é omitido, até por professores de matemática, por não saberem que existe um transtorno de aprendizagem específico na matemática.

Dificuldades de aprendizagem compreendem problemas que podem afetar qualquer área acadêmica, a partir dos anos iniciais. Um exemplo é quando a criança pode ler, inclusive à frente do nível da sua série, mas ter a escrita incompreensível, o que pode denotar disgrafia, um transtorno de aprendizagem específico da escrita. No nível superior, quando o graduando pode dominar o emprego de todos os verbos e não ter noção nenhuma de quantidades. Esses problemas, quando criança, é consequência de um baixo desempenho inesperado, por ser tão boa em uma coisa e ao mesmo tempo ruim em outra que era para ser tão fácil (SMITH E STRICK, 2001).

É importante investigar para saber se os erros dos alunos em matemática são comuns entre os demais alunos, ou se é um caso a se investigar, para buscar metodologias que aprimore o ensino aprendizagem nessa disciplina.

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1.1 A DISCALCULIA

Discalculia é uma dificuldade de aprendizagem especifica em matemática. Pessoas com disculculia têm dificuldade em compreender a noção de quantidades, de números e usar símbolos: “Este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivos, ou por má escolarização” Johnson e Myklebust (apud SILVA, 2008, p. 16). O aluno é incapaz de entender que quatro laranjas correspondem ao número 4, que o 12 é maior que 10, que 6 é diferente de 9, 2 de 5, 7 de 1, esses são exemplos de erros que pessoas com sintomas da discalculia podem ter.

GARCIA (apud ALMEIDA, 2006, p. 4) classificou a discalculia em seis subtipos:

1. Discalculia verbal: dificuldades para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações. 2. Discalculia practognóstica: dificuldades para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.

3. Discalculia léxica: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos. 4. Discalculia gráfica: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

5. Discalculia ideognóstica: dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.

6. Discalculia operacional: dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

Essas dificuldades podem ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos. Quem pode fazer essa constante observação é o professor, durante as aulas/atividades de casa, e encaminhar para um psicopedagogo para uma avaliação. Mas segundo Vorcaro (apud Peretti, 2009, pág. 18): “um diagnóstico completo não pode ser feito antes dos 10-12 anos de idade, mas por causa disso não devemos deixar de tentar descobrir as formas particulares de dificuldades matemáticas que a criança sofre”. Então, desde os anos iniciais já podem ser feitas essas observações, não podendo ser omitido nenhum detalhe.

Por ser um tipo de transtorno, é importante lembrar que, segundo Ferreira (apud Silva, 2008, p. 16) esse “transtorno tem por significado desorganizar, atrapalhar, ou ainda, desarranjo e desordem”. Tudo fica confuso dentro da cabeça, não se consegue organizar as ideias de conceito numérico com quantidades, fica tudo atrapalhado.

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Quem tem a discalculia enfrenta dificuldades não só na escola, mas no dia-a-dia, olhar para o relógio e saber que horas está marcando, olhar uma receita e fazer um bolo, saber se o dinheiro que tem no bolso dá para pagar a conta das compras no supermercado. São noções simples para uma pessoa que não tem esse transtorno, mas para um discalcúlico essas são tarefas quase impossíveis.

Por mais que seja o professor o primeiro a observar que o aluno não atinge os objetivos propostos e nível de escolaridade, não é ele quem realiza o diagnóstico da criança. É necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar que é composta por professores de educação especial, tutores de matemática ou terapeutas educacionais, psicólogos infantis, psicopedagogos e neuropsicólogos. Juntos eles podem diagnosticar se uma pessoa, com tais sintomas, tem discalculia ou não. Diagnosticada desde cedo, e tratada, a pessoa pode ter apoio e serviços diferenciados na escola, obter instruções especiais em matemática, como também acomodações para facilitar a aprendizagem de matemática (VITTUDE, 2017).

O professor “titular” de um aluno com sintomas de discalculia tem que deixar o aluno à vontade nas aulas, fazendo as atividades, sem chamá-lo atenção diante da turma, quando fizer perguntas, não tentar adivinhar a resposta antes que seja respondido, não expor a dificuldade diante dos colegas, para que o aluno não se sinta incapaz.

A ABD1 (apud Silva, 2008) fornece algumas orientações de como o professor pode ajudar um aluno com possíveis dificuldades na aprendizagem em matemática.

a) Permitir o uso de calculadora e tabela de tabuada; b) Adotar o uso de caderno quadriculado;

c) Quanto às provas, devem-se elaborar questões claras e diretas, reduzindo-se ao mínimo o número de questões, sem limite de tempo, aplicando-a de tal sorte que o aluno esteja acompanhado apenas de um tutor para certificar se entendeu o enunciado das questões; d) estabelecer critério em que, por vezes, o aluno poderá ser submetido à prova oral, desenvolvendo as expressões mentalmente, ditando para que alguém as transcreva;

e) Moderar na quantidade dos deveres de casa, passando exercícios repetitivos e cumulativos;

f) Incentivar a visualização do problema, com desenhos e depois internamente;

g) Prestar a atenção no processo utilizado pela criança, verificando o tipo de pensamento que ela usa para desenvolver o problema;

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h) Ministrar uma aula livre de erros, para esse aluno conhecer o sucesso; e

i) Ter em mente que, para o discalcúlico, nada é óbvio, como é para os demais alunos. (p. 26)

Não descartando a possibilidade de trabalhar junto com a equipe multidisciplinar, o professor não deve se apegar a essas orientações sempre, pois o aluno necessita de uma forma ou de outra desenvolver o raciocínio e assim ter êxito nas atividades.

Por ter dificuldades com situações voltadas para a área da matemática, a pessoa com sintomas de discalculia, provavelmente tem ligações associadas à prejuízos no processamento, armazenamento ou manipulação de informações na memória de trabalho, seja por vias internas ou externas ao indivíduo (UEHARA; FERNANDEZA, 2010).

Esses mesmos autores definem que:

Memória de trabalho é um sistema de capacidade limitada que permite o armazenamento temporário e gerenciamento de informações. Tem como principal função manter informações que estão sendo processadas por um curto período de tempo. (UEHARA; FERNANDEZA, 2010, p. 32)

A pessoa pode até entender o raciocínio enquanto alguém explica, mas ao se deparar com situações ela trava, por ter o armazenamento daquele assunto por pouco tempo, limitado, incapaz de exercer sozinho. Os mesmo autores falam que a memória de trabalho é composta por três componentes: a) Executivo geral, que possui capacidade de atenção limitada e responsável por tarefas cognitivas; b) componente fonológico, que armazena informações verbalmente, seja por meio auditivo ou visual, por um curto período de tempo; c) visão espacial, que realiza processamento e a manutenção de informações visuais por um curto período de tempo.

Corso e Dorneles (2011, pág. 3) falam que:

Em uma atividade de matemática, do tipo solução de problemas aritméticos, o executivo central deve monitorar e recuperar a informação sobre a operação a ser usada - por exemplo, multiplicação - enquanto os sistemas subsidiários armazenam os números específicos envolvidos no cálculo.

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O executivo central é responsável por habilidades de processar e armazenar informação simultaneamente, se houver essa dificuldade na memória de trabalho será comprometida a habilidade no processo de aprendizagem, tendo uma possível dificuldade de aprendizagem específica na matemática que também é conhecida por discalculia.

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2 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O APRENDIZADO DA MATEMÁTICA.

A iniciativa que a professora de Pedro teve em pedir à mãe dele para levá-lo a um médico especialista na dificuldade que ele tinha foi importante para seu desempenho escolar, além de estar ajudando, ela está dando motivação para o processo de ensino aprendizagem.

O conceito motivação para Bzuneck (apud ORTENZI, 2006, p. 42) é:

[...]progressivamente explorado pela psicologia, sob diversos ângulos e com objetivos muito complexos. Assim, surgiram diferentes teorias e abordagens. A origem etimológica da palavra motivação diz respeito a motivo, a movimento na finalidade de mudança de curso, de satisfação de um objetivo. Para o referido autor a motivação leva a uma escolha, instiga, direciona o comportamento em direção ao objetivo, assegura a persistência em face de obstáculos e fracassos presentes no processo de aprendizagem.

Para o aluno sentir prazer em estar em sala de aula, vontade de querer aprender ele tem que ter motivos e algum motivador. O professor pode definir metas, que se o aluno, por exemplo, fizer todos os exercícios propostos para casa, ele irá ter um ponto extra no bimestre, deixando o aluno com vontade de querer fazer sempre as atividades, se ele tiver um bom comportamento nas aulas e participar, ele também irá ganhar outro ponto, cumprindo essas duas metas o aluno sabe que terá dois pontos a mais no final do bimestre, o que seria a sua recompensa.

O professor precisa contextualizar o conteúdo para os alunos, dar significado à aprendizagem, facilitar que o aluno estabeleça relações entre o conteúdo e sua vida cotidiana, ou seja, compreenda a aplicabilidade deste. Assim como Perrenoud (2000, p. 56) afirma: “Não basta mostrar-se totalmente disponível para um aluno: é preciso também compreender o motivo de suas dificuldades de aprendizagem e saber como superá-las”. Ou seja, ele tem que saber se a dificuldade do aluno é uma “deficiência” (falta de acompanhamento em casa), ou se é o método que ele está utilizando para ensinar que o aluno não está compreendendo.

Alguns professores ainda não sabem da importância do seu papel para a formação do aluno, não se dão conta de que para que ocorra uma educação adequada às necessidades dos alunos ele é a peça chave, sem contar com o seu comprometimento no processo educativo.

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Assim como o professor, o aluno também é importante, um precisa do outro, pois como fala Freire (2009, p. 12):

Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprender ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém.

Em sala não é só o aluno que está sujeito a aprender, o professor aprende habilidades com as práticas no dia-a-dia, com as dificuldades dos alunos, melhorando a cada dia os seus conhecimentos.

É papel do professor observar o desenvolvimento do aluno e para Almeida (2006, p. 11): “o professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto”. Ele tem que estar sempre observando se toda a turma está acompanhando o conteúdo ministrado, ou se tem alguns que não estão compreendendo nada do que está sendo dado. Não adianta terminar o ano e dar todo o conteúdo do livro, mas ter alunos que deixaram de acompanhar o assunto lá no segundo bimestre.

Passar a dar a operação de divisão, mas ter alunos que estão com dificuldades na adição, subtração e multiplicação, que são operações fundamentais para fazer uma divisão. Sempre que terminar um conteúdo, o professor precisa fazer uma avaliação diagnóstica e processual para observar se o aluno teve avanço, crescimento, evolução no conteúdo e não o classificar em níveis de aprendizagem em inferior, médio e superior. Todos têm capacidade de se dar bem nas avaliações (LUCKESI, 2002). Esse tipo de avaliação nas aulas de matemática deve acontecer sempre que terminar um conteúdo, para que avalie os alunos quanto ao seu desempenho se foi satisfatório e se pode avançar o conteúdo. Sem êxito, não avançar o conteúdo e mudar sua estratégia de ensino.

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3 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS: CONHECENDO A REALIDADE DAS ESCOLAS

A metodologia escolhida para esta pesquisa é um estudo de caso, que consiste em fazer um levantamento exploratório e analisar as informações de como é a realidade nas escolas quando se tem alunos com transtorno de aprendizagem ou com algum sintoma da discalculia. Segundo (YIN, 2001, p. 27), “o estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos [...], conta com muitas das técnicas utilizadas pela pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidencias [...]: observação direta e série sistemática de entrevistas.” A abordagem escolhida foi à qualitativa, que para Silveira e Córdova (2009, p. 31): “não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc”. Com isso, ela identifica e analisa dados que não pode ser compreendidos numericamente por ser analisado apenas métodos de ensino de duas professoras.

Os instrumentos de coletas de dados utilizados foram: entrevista com duas professoras, de escolas diferentes, e as direções onde elas trabalham. Foram elaborados, dois tipos de roteiro de entrevista contendo perguntas que foram feitas às professoras, a qual irei chamar de P1, esta possui 10 anos de experiência em sala de aula e a outra que irei chamá-la de P2, possui 19 anos de experiência em sala de aula. Ambas são professoras com formação em licenciatura de matemática e atuam com turmas de 6º a 9º ano do ensino fundamental II. Por último, o roteiro de entrevista para a direção da escola onde essas professoras ensinam, sobre a discalculia.

A primeira pergunta feita às professoras foi se elas sabiam o que era a discalculia, ambas responderam que o nome discalculia elas nunca tinham ouvido falar antes, mas que percebiam que era alguma coisa voltada para o cálculo (como o próprio nome já diz) e que acreditavam que fosse uma deficiência que existia relacionado ao cálculo.

Nota-se, assim, a falta de conhecimento acerca do tema em questão, e por serem professoras de matemática, deveriam saber que existe um tipo de transtorno especifico para a disciplina em que elas ensinam para poder trabalhar de formas diferenciadas com estes alunos.

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Após isto, questionei se elas conheciam os transtornos de aprendizagem, ambas falaram que sim, a primeira me deu o exemplo da dislexia e a outra deu o exemplo também da dislexia e do TDAH2. A dislexia é um dos transtornos mais conhecidos no meio educacional, a discalculia ainda é desconhecida por muitos. A questão é porque existe essa diferença? Defendo a ideia que já mencionei, de que se deve ao fato de associarem a matemática a algo naturalmente difícil e inacessível à muitos, o que não é verdade e só contribui para agravar a situação de alunos com discalculia, que na maioria das vezes não são diagnosticados corretamente. É necessário que ações sejam desenvolvidas nas escolas, para informar sobre os tipos de transtornos de aprendizagem, assim, mudaria o olhar da escola para o aluno com estes transtornos e poderia criar estratégias para ajudá-lo, para que tenha mais interesse nas aulas e mais vontade de aprender. Junto com o acompanhamento da equipe multidisciplinar a pessoa diagnosticada desde cedo pode ter apoio e serviços diferenciados na escola, obter instruções especiais em matemática, como também acomodações para facilitar a aprendizagem de matemática (VITTUDE, 2017).

Depois perguntei se elas possuíam alunos com dificuldades específicas3 em conceitos básicos da matemática e quantos, ambas responderam que sim. A P1 informou possuir uma média de 5 alunos e a professora 2 falou apenas que eram muitos. Penso que esse “muitos” mencionado pela professora deva-se ao fracasso da maioria dos alunos, não específica em matemática.

Perguntei quais os desafios quando se tem um aluno com dificuldades específicas em matemática e P1 afirmou serem muitas, pois vêm à questão da aprendizagem na matemática e em outras disciplinas também que são ligadas a matemática, como exemplo, as dificuldades na área das ciências naturais que no decorrer dos anos acabam surgindo devido à dificuldade inicial em matemática. Já P2 falou que o desafio é conseguir atender 4 ou 5 alunos em uma sala muito numerosa, dando atenção diferenciada, para que esses alunos que têm dificuldade não fiquem dispersos na aula.

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Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. 3

Exemplo de dificuldade especifica em matemática é a pessoa não conseguir reconhecer os números, quantidades e outros conceitos básicos da disciplina, o que a impede de progredir nos conhecimentos desta área.

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Foi questionado, então, se elas elaboram alguma atividade diferenciada para estes alunos, a P1 disse que não, já P2 falou que sim, na medida do possível. Assim como há o planejamento de todas as aulas para os alunos regulares, deveria haver também um específico para os alunos que estão com dificuldades, com atividades diferenciadas em todas as aulas, porque não pode ser só “quando dá certo”, deveria ser em todas as aulas. Por isso o déficit no desenvolvimento escolar de alunos, pois não se tem também por parte dos professores, um planejamento individual quando se tem alunos com dificuldades específicas.

Quando pergunto se aqueles alunos têm interesse nas aulas de matemática, a P1 relatou que é relativo, alguns acompanham e outros nem prestam atenção na aula, já P2 me falou que quando ela leva uma atividade diferenciada voltada para o nível de aprendizagem desses alunos, eles prestam atenção, quando não leva eles ficam dispersos nas aulas. Me questiono se o aluno que não presta atenção na aula não estaria desmotivado e sem conseguir acompanhar o ritmo da mesma. O ideal seria que os professores tivessem um olhar em especial para esses alunos, para que eles sintam prazer em assistir à aula, por mais que ele tenha um pensamento mais lento. E com relação às salas super lotadas, como afirmou P2 (quando perguntei quais os desafios quando se tem um aluno com dificuldades específicas em matemática), a culpa não é dela por a sala ser numerosa, a culpa é da gestão escolar que não dividi o número de alunos corretamente por professor e esquece que em primeiro lugar está a qualidade de ensino.

Perguntei, então, qual tipo de dificuldade esses alunos enfrentam na aula de matemática, P1 informou que é fazer a atividade e compreender o conteúdo (uma sendo consequência da outra). Ela deu o exemplo de uma aluna que durante a explicação do conteúdo, entende, mas quando ela vai botar no papel, não consegue. Ela troca a operação: se é de adição, ela faz subtração, se é para multiplicar, ela faz uma divisão, não faz o que a questão está pedindo e esquece o que aprendeu na explicação. Já P2 informou que os alunos que têm a dificuldade, no caso da escola em que trabalha, são os alunos com diagnóstico de autismo e paralisia cerebral, e não dificuldades específicas em matemática. Ela afirmou que, por lei, se ele tem o diagnóstico, não pode ser reprovado, ele passa de ano, mas o seu nível de aprendizagem é atrasado dificultando o seu acompanhamento. Mas na verdade essa informação é equivocada, não existe lei que afirme que o aluno deva ser

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aprovado se tiver deficiência, o aluno só deve ser aprovado se aprender, mas as escolas se omitem, não oferecem um ensino de qualidade e vão simplesmente aprovando estes alunos, sem nada fazer a respeito.

Pergunto se a atividade de casa proposta pelo professor é feita. P1 fala que sim, mas muitas vezes está incorreta e às vezes tem a ajuda de aulas de reforço. P2 fala que às vezes sim, às vezes não e tem deles que a mãe faz pelo aluno. Seria até bom se, sempre que proposto, a atividade estivesse incorreta, pois o professor notaria onde aquele aluno está errando, mas às vezes o problema não está só no aluno, está também no acompanhamento desse aluno em casa, por que essa mãe faz a atividade pelo filho? Por que a aula de reforço não ensina como fazer a questão? Para poder avaliar esse aluno a professora tem sempre que fazer as atividades em sala para poder saber o desenvolvimento deles, pois se notado sintomas possíveis de discalculia a professora deve encaminhar esse aluno para um atendimento psicopedagógico para que, se diagnosticado, tenham um acompanhamento que incentive esse aluno a ter sucesso na vida pessoal e escolar e que não seja apenas uma pessoa “diferente” no meio das outras.

Em seguida, perguntei se esse aluno já reprovou devido à dificuldade que tem na disciplina de matemática, P1 me respondeu que sim e P2 me falou que se o aluno tem laudo comprovando algum tipo de dificuldade especial ele não pode por lei ser reprovado e quando não se tem esse laudo já foi reprovado sim. Mesmo caso da questão anterior, ele pode sim reprovar se não estiver acompanhando o aprendizado da série.

Por último pergunto se esse aluno só tem dificuldade de aprendizagem é apenas na disciplina de matemática, P1 me responde que sim e P2 fala que não, pois têm dificuldades em todas as disciplinas.

Das duas escolas, percebo que apenas a aluna de P1 tem sintomas da discalculia, por não conseguir resolver as atividades propostas corretamente. A professora perguntou aos outros professores se ela apresentava dificuldade também nas disciplinas deles e eles relataram que não, que é uma aluna de notas boas. O que colabora para acreditarmos que ela possa ter discalculia. O problema é que a P1, apesar de ser da área de matemática, além de não conhecer a discalculia, não elabora atividades diferentes para a aluna, apesar de constatar sua dificuldade na matéria.

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Já na escola onde P2 trabalha, é referência em atender alunos com deficiência e que possui professores auxiliares para atender esses alunos, mas que em nenhum dos casos essas necessidades são específicas de matemática.

Também foram elaboradas perguntas para a direção das escolas onde essas professoras ensinam, a qual irei chamar de D1 e D2.

A primeira pergunta é se a direção sabe o que é discalculia, e para a minha surpresa ambos não tinham noção do que seria. Pergunto se sabem o que é transtorno de aprendizagem e D1 afirma que não, já D2 diz que sim e cita exemplos da dislexia e TDAH. Interessante não saberem o que é discalculia, mas saberem o que é transtorno de aprendizagem, assim como ocorreu com as professoras, demonstrando falta de conhecimento sobre transtornos de aprendizagem.

Pergunto se a direção está ciente que tem na escola alunos com necessidades especificas em matemática e ambos falam que sim. Falam que sim, mas acredito que o que eles sabem é que sempre têm aqueles alunos que têm dificuldade em matemática e tratam isso como se fosse natural, considerando que a matéria é “difícil”, não sendo, portanto, uma dificuldade especifica na disciplina da matemática.

A escola tem um espaço e profissional para atender esse aluno de forma especial? D1 fala que sim, a Sala de Recursos Multifuncional com uma professora específica para atender alunos com dificuldades. E D2 responde também que sim, pois os alunos que possuem laudo comprovando de deficiência (sendo o autismo ou paralisia cerebral, os únicos casos diagnosticados na escola), o estado disponibiliza de uma pessoa para atender esse aluno. Cabe salientar aqui que as Salas de Recurso não são direcionadas para os alunos com transtorno de aprendizagem e sim para os que têm deficiência. Por lei, as escolas devem implantar essas salas e ter professores para o atendimento educacional especializado, voltado aos alunos com deficiência. Ocorre que os transtornos de aprendizagem não são deficiência e ficaram descobertos das políticas públicas inclusivas, dependendo exclusivamente da “boa vontade” dos gestores.

Como está o acompanhamento dos pais desses alunos na escola? Ambos responderam que eles vêm sempre que podem. A escola promove ações que busquem a parceria dos pais/responsáveis no acompanhamento do desempenho escolar desse aluno? Ambos afirmaram que sim, a cada final de bimestre a escola

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faz a reunião de professores com o pais/responsáveis para mostrar as notas e terem uma conversa para serem informados sobre o desempenho desse aluno nas aulas. E quando os pais/responsáveis não comparecem nessas reuniões a direção liga, manda mensagens, quando necessário vai até a casa desse aluno para saber o que está acontecendo.

Para Almeida (2006, p. 11):

“A compreensão da família frente às dificuldades encontradas pelo indivíduo é de extrema importância[...]. Procurar observar e estar ao lado acompanhando os processos que a criança passa até chegar ao seu desenvolvimento pleno é um dever da família[...]”.

A família deve estar sempre acompanhando o desenvolvimento escolar do aluno, para ter o sucesso escolar esperado, se notar que esse tem alguma dificuldade, deve-se procurar ajuda imediata de um profissional competente.

O que a escola pode fazer para se tornar mais prazerosa para os alunos que tem dificuldades especificas em matemática? Diante dos dados coletados percebe-se que por percebe-serem profissionais formados já há algum tempo (e que na época, o tema não fosse comum), tanto professoras quanto a direção, não sabem o que é os transtornos de aprendizagem, e se não sabem, não tem como trabalhar com quem tem algum tipo de transtorno. A escola em si precisa estar constantemente se atualizando, pois a maior demanda de fracasso escolar, evasão e repetência são de alunos que tem algum tipo de transtorno de aprendizagem.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse trabalho procurei pesquisar quais as dificuldades que o professor de matemática enfrenta na identificação dos sintomas da discalculia na sala de aula já que não compete a ele diagnosticar esse distúrbio e no uso ou não de estratégias para contribuir com a aprendizagem desses alunos. Para alcançar os objetivos fiz uma entrevista com duas professoras e com a direção das respectivas escolas em que trabalham. Os resultados possibilitaram perceber que apesar de estar ciente das dificuldades do aluno, a principal dificuldade que o professor de matemática enfrenta é por não ter qualificação sobre os transtornos de aprendizagem, não sabendo como ajudar o aluno e que tipo de atividade desenvolver com ele.

Teve como objetivos identificar as ações e desafios que o professor de matemática enfrenta em sala de aula com os alunos que têm dificuldade de aprendizagem específica em matemática, mapear os alunos que possuem dificuldades de aprendizagem específica em matemática nas escolas pesquisadas e investigar as ações desenvolvidas pela escola junto às famílias dos alunos que possuem os sintomas da discalculia. A partir dos resultados obtidos, podemos dizer que não é feita nenhuma ação em sala de aula, por parte das professoras para reverter o quadro desses alunos e que os desafios ainda se tornam maiores, por falta de conhecimentos. Foi mapeado que existe apenas em uma escola um aluno com dificuldade especifica em matemática e que a única ação que a escola realiza é a reunião no final do bimestre para informar o desempenho escolar naquele período, não informando acerca do aluno possuir algum distúrbio.

Nesse sentido, o professor em sala de aula é o principal responsável por observar quais alunos têm dificuldade de aprendizagem especifico em matemática e informar a família sobre o mesmo para que se inicie uma avaliação multidisciplinar. Assim, como a professora de Pedro fez, informou a sua mãe que seu rendimento escolar estava ficando a desejar, facilitando para um possível diagnóstico, para poder ter apoio e serviços diferenciados na escola, obter instruções especiais em matemática, como também acomodações para facilitar a aprendizagem.

Depois de algumas avaliações, a psicopedagoga orientou a escola que passassem a avaliar os conhecimentos de Pedro em salas com um número menor de pessoas. Além disso, que a professora explicasse as ideias e problemas de

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forma clara e incentivando-o a fazer perguntas sobre como funcionam. A mãe foi orientada que sempre que possível contasse coisas e objetos a sua volta, para que Pedro tivesse noção de quantidades na prática, o que foi fundamental para o seu desenvolvimento escolar, passando a entender as atividades propostas e suas notas melhorando logo no bimestre seguinte.

Assim, o presente trabalho objetivou compreender de que forma os sintomas da discalculia interferem no método de ensino do professor de matemática, analisando os métodos utilizados pelas duas professoras entrevistadas, e em que sentido a escola auxilia. Ficou nítida a falta de conhecimento dos professores licenciados acerca da dificuldade específica em matemática e, portanto, a impossibilidade de reconhecer esses sintomas e orientar a família. Uma das professoras se mostrou resistente a adaptar as atividades, o que dificulta ainda mais o aprendizado do seu aluno.

Em suma, percebe-se a carência de estudos nesta área e da divulgação de seus resultados e teorias que envolvem a aprendizagem da matemática e a discalculia, entre os professores licenciados, com vistas a amenizar os problemas encontrados.

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REFERÊNCIAS

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<repositorio.ucb.br/jspui/bitstream/10869/1766/1/Cinthia%20Soares%20de%20Almei da.pdf>.Acesso em: 09 de maio de 2019.

COSTA, Danielle de Souza.; MALLOY-DINIZ,Leandro Fernandes.; MIRANDA, Débora Marques de. Aprendizagem de A a Z: discalculia. Disponível em:

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DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM ATINGEM 70% DA POPULAÇÃO. Estadão, 2003. Disponível em: <www.educacao.estadao.com.br/noticias/geral,disturbios-de-aprendizagem-atingem-70-da-populacao,20030616p58382>. Acesso em: 12 de abr. de 2019.

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ORTENZI, Alexandre. A relação professor-aluno: contribuições para o ensino da matemática. CAMPINAS, 2006. Disponível em:

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<www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/MATEMATICA/ Dissertacao_Ortenzi.pdf>. Acesso em: 26 de maio de 2019.

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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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APÊNDICE A – ENTREVISTA FEITA COM AS PROFESSORAS

Prezado professor, solicitamos a sua colaboração nessa pesquisa, que tem como tema “transtorno específico em matemática (discalculia): desafios enfrentados pelos professores”, com o objetivo de conhecer os desafios encontrados pelo professor no processo de aprendizagem matemática e as práticas docentes utilizadas para favorecer o aluno com dificuldades especificas em matemática.

A entrevista é voltada para os professores de matemática da cidade de Caicó-RN. O questionário é de cunho acadêmico e anônimo, apenas a instituição de ensino será identificada. Esta entrevista será instrumento de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso da graduanda Gabriela Karine dos Santos Silva, do curso de Matemática (licenciatura), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, sob a orientação da Prof. Dra. Kátia Regina Lopes Costa Freire.

ENTREVISTA COM PROFESSOR DE MATEMÁTICA PARA COLETA DE DADOS

ESCOLA: FORMAÇÃO:

TEMPO DE DOCÊNCIA:

1. Você sabe o que é discalculia? Se sim, explique.

2. Você conhece os transtornos de aprendizagem? Se sim, explique.

3. Possui alunos com dificuldades específicas4 em conceitos básicos da matemática? Quantos?

4. Quais os desafios quando se tem um aluno com dificuldades especificas em matemática?

5. Você elabora alguma atividade diferenciada para estes alunos?

4

Exemplo de dificuldade especifica é a pessoa não conseguir reconhecer os números, quantidades, etc.

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Sim  Não 

6. Estes alunos têm interesse nas aulas de matemática? Sim  Não 

7. Qual tipo de dificuldade este aluno tem?

Compreender o conteúdo que a professora está explicando?  Fazer a atividade proposta pela professora? 

Outra:________________________________________________________

8. Atividades proposta pelo professor para casa é feita por esse aluno? Sim  Não 

9. O aluno já reprovou devido à sua dificuldade em matemática?

10. Esse aluno enfrenta dificuldades apenas na disciplina de matemática? Sim  Não 

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APÊNDICE B – ENTREVISTA FEITA COM A DIREÇÃO DAS ESCOLAS ONDE AS PROFESSORAS TRABALHAM

Prezado diretor(a), solicitamos a sua colaboração nessa pesquisa, que tem como tema “transtorno específico em matemática (discalculia): desafios enfrentados pelos professores”, com o objetivo de conhecer os desafios e ações desenvolvidas pela escola para favorecer o aluno com dificuldades especificas em matemática.

A entrevista é voltada para a direção das escolas onde os professores de matemática ensinam na cidade de Caicó-RN. O questionário é de cunho acadêmico e anônimo, apenas a instituição de ensino será identificada. Esta entrevista será instrumento de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso da graduanda Gabriela Karine dos Santos Silva, do curso de Matemática (licenciatura), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, sob a orientação da Prof. Dra. Kátia Regina Lopes Costa Freire.

ENTREVISTA COM A DIREÇÃO DA ESCOLA PARA COLETA DE DADOS

ESCOLA:

1. Você sabe o que é discalculia? Se sim, explique.

2. Você conhece os transtornos de aprendizagem? Se sim, explique.

3. A direção está ciente que tem aluno(os) com dificuldade especifica em matemática?

Sim  Não 

4. A escola tem um espaço e profissional para atender esse aluno de forma especial?

Sim  Não 

5. Como está o acompanhamento dos pais desse aluno(os) na escola? Vem sempre as reuniões? 

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Nunca vem as reuniões?  Vem sempre que pode? 

6. A escola promove ações que busquem a parceria dos pais/responsáveis no acompanhamento do desempenho escolar desse aluno?

Referências

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