Resumos teóri os. Exer í ios resolvidos e propostos.
Tatiana T hemisova
Vera Kharlamova
Adelaide Freitas
Título
EquaçõesDiferen iais Ordinárias. Resumosteóri os. Exer í ios resolvidose propostos
Autores
Tatiana T hemisova, VeraKharlamova,AdelaideFreitas, Alexander Plakhov
Con eção Grá a da apa
Alexander Plakhov
Editora
UA Editora - Universidadede Aveiro
1. a
edição - julho2019
ISBN
O presente livro tem omo base uma publi ação interna da Universidade de Aveiro realizada
pelas primeiras três autoras na forma de uma sebenta om resumos teóri os e exer í ios
pro-postos de equações diferen iais ordinárias 1
. Neste livro,todos ostópi osabordados na sebenta
foram melhorados e novos exemplos, exer í ios resolvidos e exer í ios propostos,
a ompanha-dos das respetivas soluções, foram a res entados. Novos exemplos de apli ações de equações
diferen iaise asilustrações aram a argodo quarto autor.
Existem vários manuais, livros e ferramentas digitais dedi ados ao estudo das equações
di-feren iais, em geral, e das equações diferen iais ordinárias, em parti ular. Sem a pretensão
de os substituir, o presente livro tem omo objetivo propor ionar uminstrumento de trabalho
omplementaraoestudoini ial dasequaçõesdiferen iaisordinárias edestina-seaestudantesdo
primeiro i lodo ensinouniversitário epolité ni o ujos urri ula ontenham estestópi os.
Olivroé onstituídopor in o apítulosedoisapêndi es. Noprimeiro apítulosão
introduzi-dasalgumasnoçõesbási ase apresentadosexemplos deproblemas e fenómenosdeterminísti os
simples(físi os, biológi os e outros)que podemser modelados usando equações diferen iais. O
segundo apítulo é dedi ado às equações diferen iais de primeira ordem. Não tendo omo
ob-jetivo abordar todos os tipos de equações diferen iais de primeira ordem, foi onsiderado um
lequevariado deexer í ios que permite aprender um onjunto diverso de té ni as deresolução.
No ter eiro apítulo foram onsideradas as equações diferen iais lineares e alguns outros tipos
deequaçõesdiferen iaisdeordem superioraum. Oquarto apítuloédedi ado àsté ni as mais
simples de resolução de sistemas de equações lineares de primeira ordem. O último apítulo
ontémum onjunto dequestõesde es olhamúltiplae derespostaabertapara omplementara
autoavaliaçãodo estudorealizado. Por último, nosapêndi es, foifeita umabreveintrodução às
funçõesreaisde várias variáveise ao on eitode diferen ial, dado estestemasnão fazerem,por
vezes,parte doprogramade unidades urri ulares deprimeiros anos.
Osautoresgostariamdeendossarumespe ialagrade imentoatodososalunosquemotivaram
este trabalho e esperam que o presente livro sirva omo material didáti o útil numa primeira
abordagem àsequaçõesdiferen iais ordinárias e sistemasde equações.
PartedopresentetrabalhofoisuportadopelaFundaçãoparaaCiên iaeaTe nologia(FCT),
dentrodoprojetoUID/MAT/04106/2019 (CIDMA,Universidade deAveiro).
Aveiro,julhode 2019
Tatiana T hemisova, Vera Kharlamova, Adelaide Freitas e Alexander Plakhov
Departamento de Matemáti a - Universidade deAveiro
1
T hemisova,T,Kharlamova,V.,Freitas,A.(2006)CadernosdeMatemáti aCM06/D-05,Departamentode
Prefá io i
1 Introdução 1
1.1 Noçõesbási as . . . 1
1.2 Modelação de problemas usandoequaçõesdiferen iais . . . 5
1.3 Equaçãodiferen ial orrespondente auma famíliade urvas . . . 8
1.4 Exer í iosresolvidos . . . 11
1.5 Exer í ios . . . 14
1.6 Soluções . . . 16
2 Equações diferen iais de primeira ordem 17 2.1 Noçõesbási as . . . 17
2.2 Equaçãodiferen ial devariáveisseparadas . . . 19
2.3 Equaçãodiferen ial devariáveisseparáveis . . . 20
2.4 Equaçãodiferen ial redutívela equação de variáveis separáveis . . . 23
2.5 Equaçãodiferen ial homogénea . . . 24
2.6 Equaçãodiferen ial redutívela homogénea oua de variáveis separáveis . . . 27
2.7 Equaçãodiferen ial linearde 1. a ordem. . . 31
2.7.1 Métodode substituição (de Bernoulli) . . . 31
2.7.2 Métodode variação das onstantes . . . 34
2.8 Equaçãode Bernoulli . . . 36
2.8.1 Métodogeral . . . 37
2.8.2 Transformação da equação deBernoulli numaequação linear . . . 38
2.9 Equaçãodiferen ial exata . . . 41
2.9.1 Umpro esso de resolução . . . 41
2.9.2 Condiçãone essáriae su iente de umaequação exata . . . 42
2.10 Equaçãodiferen ial omfatorintegrante . . . 45
2.11 Exer í iosresolvidos . . . 47
2.12 Exer í ios . . . 63
2.13 Soluções . . . 68
3 Equações diferen iaisde ordemsuperior à primeira 73 3.1 Noçõesbási as . . . 73
de maiorordemda função des onhe ida . . . 74
3.2.2 Equação diferen ialnão ontendo afunção des onhe ida . . . 76
3.2.3 Equação diferen ialnão ontendoa função des onhe ida, nemassuas de-rivadas atéàordem
k − 1
in lusivamente . . . 773.2.4 Equação diferen ialnão ontendoa variávelindependente . . . 78
3.3 Equação diferen iallinearde ordem
n
. . . 793.3.1 Equação diferen iallinearhomogénea om oe ientes onstantes . . . 80
3.3.2 Equação diferen iallinearnão homogénea om oe ientes onstantes . . 83
3.3.3 Equação deEuler . . . 85
3.4 Exer í ios . . . 86
3.5 Soluções . . . 88
4 Sistemas deequações diferen iaislinearesde primeiraordem om oe ientes onstantes 91 4.1 Noçõesbási as . . . 91
4.2 Alguns métodosde resolução desistemas de equaçõesdiferen iais . . . 92
4.2.1 Resoluçãoimediata . . . 92
4.2.2 Método por eliminação . . . 93
4.3 Problemade Cau hyparasistemas de equaçõesdiferen iais lineares de 1. a ordem 98 4.4 Exer í ios . . . 101 4.5 Soluções . . . 103 5 Exer í ios de autoavaliação 107 Bibliograa 119 Apêndi es 121 Apêndi e A:Diferen ial deumafunção real de variávelreal . . . 123
Introdução
1.1 Noções bási as
Chama-se equação diferen ial ordinária 1
aumaequação
F (x, y, y
′
, y
′′
, ..., y
(n)
) = 0
(1.1) que rela iona uma variável real independentex
, uma função des onhe iday = y(x)
, omy : D ⊆ R → R
,e asderivadas dey
de diferentesordens.Chama-se ordem de uma equação diferen ial ordinária à maior ordem da derivada que entra
nessa equação. Assim,aequação diferen ial (1.1)é de ordem
n
.Exemplo 1.1.1 (Ordem, função e variável independente de uma equação diferen ial)
(a)Aequação
y
′
= x
ou,deforma equivalente,y
′
− x = 0
é uma equação diferen ial (ordinária) deprimeira ordem dafunçãoy = y(x)
.(b)Aequação
s
2
t
′′
+ stt
′
= s −2
é umaequação diferen ialdesegundaordemdafunção
t = t(s)
. ( ) Aequaçãod
3
x
dy
3
= y
2
+ 1
é uma equação diferen ial deter eira ordem dafunçãox = x(y)
. Diz-se que a funçãoy = y(x)
é uma solução da equação diferen ial de ordemn
(1.1) se substituindo naequação (1.1) a funçãoy
, juntamente om assuas derivadas atéa ordemn
, se obtém umaidentidade. Por outraspalavras,a funçãoy = y(x)
satisfaz aequação diferen ial. Exemplo 1.1.2 (Soluções de uma equação equação diferen ial) Asfunçõesy = −2x , y =
−2x + 3
ey = −2x − 7
são soluções daequação diferen ialy
′
+ 2 = 0.
Resolverumaequação diferen ial onsisteemobter o onjunto detodasassoluçõesdessa
equa-ção 2
.
As soluções obtidas por pro esso de integração de uma equação diferen ial são habitualmente
1
Apalavraordinária,nadesignação daequaçãodiferen ial(1.1), indi aqueafunção des onhe ida
y
éuma função deuma só variável. Em geral, sempre queé subentendido, simpli a-se alinguagem omitindoo termoordinária. Existem,ainda, as hamadasequações diferen iaisàsderivadas par iaisasquais envolvemfunções
des onhe idasdeváriasvariáveiseassuasderivadaspar iais.
2
que não pode ser deduzida por pro esso de integração da equação diferen ial é designada por
solução singular.
Asoluçãogeral deumaequaçãodiferen ialdeordem
n
érepresentadapelafamíliadefunçõesy
, dependentes da variávelx
e den
onstantes arbitrárias3
C
1
, C
2
, ..., C
n
e dadas, expli itamente, na formay = φ(x, C
1
, C
2
, ..., C
n
)
(1.2) ou,impli itamente, naformaΦ(x, y, C
1
, C
2
, ..., C
n
) = 0,
(1.3) asquaissãosoluçõesdaequação(1.1) paravaloresdeC
1
, C
2
, ..., C
n
xos,sendoφ
eΦ
funções4
n
vezes diferen iáveis emordem ax
.Exemplo 1.1.3(Solução geral na forma explí ita) O onjunto de funções
y = C
1
x
2
+ C
2
x + C
3
,
C
1
, C
2
, C
3
∈ R,
(1.4) é a soluçãogeral (na forma explí ita) daequação diferen ial de ter eira ordemy
′′′
= 0.
(1.5)Defa to, substituindo
y
porC
1
x
2
+ C
2
x + C
3
naequação (1.5)obtém-seaidentidade0 = 0
,pelo que a função (1.4) é solução daequação (1.5). Por outro lado, na expressão (1.4) entram trêsonstantes arbitrárias, tantas quanto a ordem da equação diferen ial (1.5). Assim sendo,(1.4)
representa o integral geral da equação diferen ial (1.5).
Exemplo 1.1.4(Solução geral na forma explí ita) A família de funções
y = Ce
−2x
,
C ∈ R,
(1.6)é a soluçãogeral da equação diferen ial de1. a
ordem
y
′
= −2y.
(1.7)De fa to, substituindo a função
y
dada por (1.6) na equação (1.7) obtém-se uma identidade, on retamente−2Ce
−2x
= −2Ce
−2x
.
Exemplo 1.1.5(Solução geral na forma implí ita) O onjuntodefunções
y = y(x)
deni-das impli itamenteporx
2
+ y
2
= C,
(1.8)om
C ∈ R
+
0
, representa o integral geral da equação diferen ial de1. aordem
yy
′
+ x = 0.
(1.9)3
Considera-seaqui
C
i
∈ R, i ∈ 1, 2, . . . , n
,embora,emgeral,as onstantespossamperten erao onjuntodos números omplexos.4
Asfunções
φ
eΦ
são funçõesreaisdeváriasvariáveisreais( onsulteoApêndi eIIparamaisdetalhepara o aso parti ulardeduasvariáveisreais).Na realidade,derivando em ordem a
x
ambos os membros da equação (1.8), obtém-se2x + 2yy
′
= 0,
donde
yy
′
= −x.
(1.10)Substituindooprimeirotermodoprimeiromembrode(1.9)pelaexpressãoen ontradaem(1.10),
obtém-se a identidade
0 = 0
. A equação (1.8) depende de uma onstantearbitrária e a equação diferen ial (1.9) é deordem 1.Exemplo 1.1.6 (Família de funções omo solução de uma equação diferen ial)
Preten-de-se mostrar que a família de urvas
y = (x + C)e
x
,
C ∈ R,
(1.11)é solução daequação diferen ial
y
′
− y = e
x
.
(1.12)Para mostrar o pretendido basta veri ar que a equação (1.11) satisfaz a equação diferen ial
dada. Assim,derivando ambosos membros daequação (1.11) emordema
x
,supondoy = y(x)
, obtém-sey
′
= e
x
+ (x + C)e
x
.
Substituindo na equação diferen ial (1.12), vem
y
′
− y = e
x
+ (x + C)e
x
− (x + C)e
x
= e
x
,
omo se pretendia veri ar.
Dadaumaequação diferen ialde ordem
n
esuasolução geral naforma (1.2) ou(1.3),seem (1.2) ou (1.3) seatribuírem valoresreais xos às onstantes arbitráriasC
1
, C
2
, ..., C
n
, obtém-se uma solução parti ular dessa equação diferen ial.Exemplo 1.1.7 (Solução parti ular na formaexplí ita) Tendoem ontaoExemplo1.1.3,
observa-se que a função
y = x
2
− 2
é uma solução parti ular da equação diferen ial
y
′′′
= 0
. Aquela solução parti ular resulta da solução geraly = C
1
x
2
+ C
2
x + C
3
quando os valores das onstantesC
1
,C
2
,C
3
são substituídos porC
1
= 1
,C
2
= 0
,C
3
= −2
.Exemplo 1.1.8 (Solução parti ular na formaexplí ita) Tendoem ontaoExemplo1.1.4,
observa-seque a função
y = −3e
−2x
é umasoluçãoparti ulardaequação diferen ial (1.7). Esta
solução obtém-sequando se toma o valor da onstante
C = −3
na solução geraly = Ce
−2x
.
Exemplo 1.1.9 (Solução parti ular na formaimplí ita) Tendoem ontaoExemplo1.1.5,
observa-se que a ir unferên ia
x
2
+ y
2
= 4
é uma solução parti ular da equação diferen ial
yy
′
+ x = 0
. Esta solução parti ular resulta da solução geralx
2
+ y
2
= C
para o valor da
onstante
C = 4
.Dada uma equação diferen ial de ordem
n
e sua solução geral na forma (1.2) ou (1.3), o on-junto dos grá os dessas funções (1.2) ou (1.3), para todosos possíveis valoresdas onstantesx
y
Figura 1.1: Curvasintegraisda equação diferen ial
y
′
= −2y
doExemplo 1.1.4.
x
y
Figura1.2: Curvasintegraisda equação diferen ial
y
′
y + x = 0
do Exemplo1.1.5.
Exemplo 1.1.10 (Família de urvas integrais) NasFiguras2.1 e 2.2são ilustradas urvas
integrais perten entes às famílias de urvas integrais da equação diferen ial
y
′
= −2y
onsi-derada no Exemplo 1.1.4 e da equação diferen ial
yy
′
+ x = 0
onsiderada no Exemplo 1.1.5,
respetivamente.
Re orde-se que, para algumas equações diferen iais, pode a onte er que existam outras
so-luções, hamadas soluções singulares, as quais não podem ser obtidas atribuindo um valor
espe í o às onstantesarbitrárias em(1.2) ou (1.3).
Exemplo 1.1.11 (Solução singular) Todas as funções da família
y =
1
x + C
− 2,
C ∈ R,
(1.13)são soluções daequação diferen ial
Porém,afunção
y = −2
tambémsatisfazestaequaçãodiferen ial,masnãopodeserrepresentada naforma(1.13),paraalgumC ∈ R
. Consequentemente,afunçãoy = −2
éumasoluçãosingular da equação diferen ial (1.14). O onjunto de todas as soluções da equação (1.14) é onstituídopela solução geral:
y =
1
x + C
− 2,
C ∈ R,
e pelasolução singular
y = −2.
Na Figura 2.3estão representadosgrá os desoluções daequação (1.14).
y = −2
(soluçãosingular)
x
y
Figura1.3: Representaçãográ adealgumassoluções,in luindoasolução singular, daequação
diferen ial(1.14).
1.2 Modelação de problemas usando equações diferen iais
Variadospro essosdinâmi os observadosna Natureza ediferentesproblemas de Físi a,
Geome-tria, E onomia, et ., podem ser representados à usta de equaçõesdiferen iais. Consideram-se
aqui alguns exemplosde fenómenos (físi os, biológi os, et )e de problemas simples quepodem
sermodelados usando equaçõesdiferen iais ordinárias.
A lei do movimento. Suponha-se que é onhe ida, em ada instante de tempo
t
,a velo- idade om que umponto material se deslo a ao longo do eixoOX
. Suponha-se também que essa velo idade pode ser des rita por uma funçãov(t)
que é ontínua parat ≥ 0
. Pretende-se en ontraraleidomovimento desseponto,i.e.,aleiquedeterminaovalorx
daab issadoponto emfunção do tempo.O problema formulado reduz-se ao problema de determinação da solução geral
x = x(t)
da equação diferen ialde primeira ordemx
′
(t) = v(t),
umapartí ulademassa
m
semoveaolongodoeixoOx
sujeitaaduasforças: umapropor ional ao seudeslo amento a partirde umponto xo dasua traje tória e dirigida paraaorigemO
,e uma outra, umaforça da resistên ia, propor ional à suavelo idade. Pretende-se exprimir a leido movimento da partí ula por meio de umaequação diferen ial.
A primeira força pode ser expressa por
−k
1
x(t)
e a segunda por−k
2
x
′
(t)
,onde
k
1
ek
2
são oe ientesdepropor ionalidade(k
1
, k
2
≥ 0
). Aforçatotalserádadapelasomadestasduas,ou seja,−k
1
x(t) − k
2
x
′
(t)
,onde afunção
x = x(t)
determina alei domovimento dapartí ula. Por outro lado, de a ordo om a segunda lei de Newton, a força total apli ada à partí ula é igualà massa multipli ada pela a eleração e pode ser es rita na forma
mx
′′
(t)
. Assim, igualando as
duas expressões que denem a força total, deduz-se a seguinte equação diferen ial de segunda
ordem
mx
′′
(t) = −k
1
x(t) − k
2
x
′
(t),
ou,es rita de formasimpli ada,
mx
′′
= −k
1
x − k
2
x
′
.
A equação da queda livre de um orpo num meio gasoso. Considere-se um orpo
de massa
m
a air num meio gasoso. A oordenada verti al do orpo no instantet
éy(t)
. A força de gravitação éF
g
= −mg
e a força de atrito do gás,F
a
,é propor ional à velo idade do orpo, omo oe iente de propor ionalidadek
,e temadireção ontráriaà velo idade,ouseja,F
a
= −k y
′
(t)
. Aforçatotalapli adaao orpoé,porumlado,F = F
g
+ F
a
e,poroutrolado,de a ordo om asegunda leide Newton,é dada porF = my
′′
(t)
,donde a oordenada
y(t)
satisfaz a equação diferen ialdesegunda ordemmy
′′
(t) = −mg − k y
′
(t),
ou,simpli ando,
y
′′
= −g −
k
m
y
′
.
A família das urvas denidas pelo de live das suas retas tangentes.
(i) As urvas ujasretas tangentes, em ada ponto
(x, y)
,têm de live igual ay
satisfazema equação diferen ialde primeira ordemy
′
(x) = y(x),
ou,na suaformamais urta,
y
′
= y
.
A soluçãogeral destaequação diferen ialdetermina afamília detodasas urvasquesatisfazem
aquelapropriedade. Curvasdestafamília sãoilustradasna Figura1.4.
(ii) As urvas ujasretas tangentes, em ada ponto
(x, y)
, têm de live igual ax
2
são
deter-minadaspelaequação diferen ialde primeira ordem
y
′
(x) = x
2
,
ou,na suaformamais urta,
y
′
= x
2
.
A soluçãogeral destaequação diferen ialdetermina afamília detodasas urvasquesatisfazem
aquelapropriedade (Figura??).
A família das urvas denidas pela interseção das suas retas tangentes om o
x
y
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
Figura 1.4: Curvas ujas retas tangentes, em ada ponto
(x, y)
, têm de livey
. Ilustram-se tambémretas tangentes emdiversospontosde ada urva.retatangente orrespondenteinterse tao eixo
OY
no ponto uja ordenadaé ovalor simétri oà ordenadado ponto de tangên ia, ouseja,−y
.Umareta tangente à urva
y = y(x)
ontém o ponto de tangên ia(x, y(x))
e, de a ordo om o pretendido, o seuponto de interse ção om o eixo das ordenadas será da forma(0, −y(x))
. Sex 6= 0
, o de live desta reta tangente será2y(x)/x
e este de live é igual a derivada da funçãoy
no pontox
,donde2y(x)
x
= y
′
(x).
Multipli ando ambos os membros desta equação por
x
(que é assumido ser diferente de zero) obtém-se aequação diferen ialpretendida, ou seja,xy
′
= 2y
.
A taxarelativade variação. Em váriassituaçõesfala-seemtaxarelativadevariação. Por
exemplo,quandosedizqueumadadapopulação res eaumataxade
2%
por ano,talsigni a queafunçãoP = P (t)
,quedetermina otamanho dapopulação emfunçãode tempo,satisfaza equação diferen ialde primeira ordemP
′
(t)
P (t)
= 0.02,
ou,de modoequivalente,
P
′
(t) = 0.02P (t).
O peso de uma substân ia ao desintegrar-se. É sabido que a velo idade om que
umasubstân ia radioativa sedesintegra é diretamente propor ional à suamassaini ial sendoo
oe iente dedesintegração
k ≥ 0
. Sabendo que, no instante detempot
0
,o pesoda substân ia eraR
0
, qualserá opesoR
da substân iano instantede tempot ≥ t
0
?Esteproblema reduz-seà determinaçãoda solução daequação diferen ialde primeira ordem
x
y
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
Figura 1.5: Curvas ujas retas tangentes, em ada ponto
(x, y)
, têm de livex
2
. Ilustram-se
tambémretas tangentes emdiversospontosde ada urva.
tal que, no instante de tempo ini ial
t = t
0
, o peso toma o valorR
0
. Este tipo de problema é hamado problema de Cau hy, e orresponde à resolução de uma equação diferen ial sujeita aondiçõesini iais. 5
A evolução de uma espé ie biológi a. Considere-se a população de uma dada espé ie
biológi a numa dada região. Sabe-se que (i) a quantidade total de indivíduos dessa espé ie
na população no instante
t
éx(t)
, (ii) a velo idade om que a população aumenta devido à natalidadeé diretamente propor ional àquantidadex(t)
,(iii) ataxade natalidadeéa > 0
,(iv) a mortalidade épropor ional ao quadrado da quantidade de indivíduos da população,x
2
(t)
, 6
e
(v)ataxade mortalidadeé
b > 0
. Destaforma,a dinâmi adapopulação podeserdes ritapela equação diferen ialde primeira ordemx
′
(t) = a x(t) − b x(t)
2
,
ou,na suaformamais urta,
x
′
= ax − bx
2
.
1.3 Equação diferen ial orrespondente a uma família de urvas
Emgeral,dada umaequaçãodiferen ial, oobjetivoéresolvê-la,ouseja,en ontrarasuasolução
geral. Em outras situações, o objetivo é resolver o problema inverso: en ontrar uma equação
5
SobrearesoluçãodeproblemasdeCau hy,veja-seo apítuloseguinte.
6
Talo orre,porexemplo, quandoháfaltade omidatornando-semaisa entuadaessafaltaàmedidaquea
diferen ial de ordem
n
ujo integral geral é uma dada família de urvas, denida por (1.2) ou (1.3). Neste último asopro ede-sedoseguintemodo:1. Deriva-se
n
vezesa equação 7(1.2) ou(1.3) quedene afamília de urvas,supondo que
y
éfunção dex
;2. Resolve-se o sistema das
n
equações assim obtidas em ordem às onstantes arbitráriasC
1
, C
2
, ..., C
n
;3. Substituem-se,naequaçãoini ialquedeneafamíliaas urvas,asexpressõesobtidas para
as onstantes
C
1
, C
2
, ..., C
n
.Deste modo, obtém-se uma equação da forma (1.1), i.e., obtém-se umaequação diferen ial,
omosepretendia.
Exemplo 1.3.1 (En ontrar a equação diferen ial uja solução é dada) Pretende-se
iden-ti ar a equação diferen ial uja solução é a famíliade urvas dadas por
C
1
x + (y − C
2
)
2
= 0,
C
1
, C
2
∈ R.
(1.15)Uma vez que a equação (1.15) ontém duas onstantes arbitrárias,
C
1
eC
2
, para onstruir a equação diferen ial ujo integral geral é dado por (1.15), é pre iso resolver duas equações emordem aessas onstantes. Derive-se, então,(1.15) duas vezes emordema
x
,supondoy = y(x)
. Obtém-se o sistemaC
1
+
2(y − C
2
)y
′
= 0
2(y
′
)
2
+ 2(y − C
2
)y
′′
= 0
,
uja solução é(
C
2
= y +
(y
′
)
2
y
′′
C
1
=
2
(y
′
)
3
y
′′
.
(1.16)Substituindo, na equação ini ial (1.15), as onstantes
C
1
eC
2
pelas expressões (1.16) e simpli- ando, resulta a equação diferen ial pretendida2y
′′
x + y
′
= 0.
Observação. Por vezes é onveniente es reveraequação diferen ialusandodiferen iais 8
. Para
umafunção
y = y(x)
diferen iável, por denição,tem-sedy = y
′
dx,
onde
dx
representa odiferen ialdavariávelindependentex
edy
odiferen ialda variável depen-dentey = y(x)
.Exemplo 1.3.2 (En ontrar a equação diferen ial uja solução é dada) Pretende-se
ave-riguarseexiste algumaequaçãodiferen ialque determinaafamíliadetodasasretasque passam
7
Porabusodelinguagem,éditoapenasderivaraequaçãoparadizerderivarambososmembrosdaequação.
8
As equações das retasque passam pela origem são da forma
y = Cx, C ∈ R
(
retas nãoverti ais)
(1.17) oux = 0
(
reta verti al).
(1.18)Derivando ambos os membros de(1.17) em ordem a
x
,obtém-sey
′
= C.
Substituindo, na equação (1.17), a onstante
C
pory
′
obtém-se a equação diferen ial
y = y
′
x.
(1.19)Portanto, as urvas integrais dadas pelas retas não verti ais (1.17) satisfazem esta equação. A
reta verti al, deequação (1.18), nãoé soluçãoda equação diferen ial obtida (1.19)já que, sese
substituísse
x
por0 em(1.19), se teriay = 0
,o que orresponderia ater apenas oponto(0,0) e não o onjunto de todos ospontosda retax = 0
.Porém, a equação diferen ial (1.19) pode ser rees rita usando diferen iais. De fa to,
multipli- ando ambos osmembrosde (1.19) por
dx
e tendo em onta quey
′
dx = dy
, obtém-se
x dy − y dx = 0.
(1.20)A equação diferen ial assim es rita tem omo solução a função
y = Cx
, para todo oC ∈ R
, e também a retax = 0
, omo se veri a por substituição em (1.20)9
. Assim, (1.20) é a equação
diferen ial pro urada.
Exemplo 1.3.3(En ontrara equação diferen ial uja solução é dada) Pretende-se
de-terminar a equação diferen ial orrespondente à famíliade ir unferên ias que passam pela
ori-gem doreferen ial e ujos entros estão situados na reta
x = y
(ver Figura 2.6).Qualquer ponto da reta
x = y
é da forma(C, C)
, omCinR
, sendo que a distân ia deste ponto à origem ér =
√
C
2
+ C
2
=
√
2|C|
. Assim, a equação da ir unferên ia om entro no ponto
(C, C)
e que passa pela origem é(x − C)
2
+ (y − C)
2
= 2C
2
,
ou, simpli ando,
x
2
+ y
2
− 2C(x + y) = 0.
(1.21)Derivando estaequação em ordem a
x
,vem2x + 2yy
′
− 2C(1 + y
′
) = 0,
donde
C =
x + yy
′
1 + y
′
.
Substituindo esta expressão na equação (1.21) e simpli ando, obtém-se a equação diferen ial
pretendida
(x
2
+ y
2
)(1 + y
′
)
2
= 2(x + y)(x + yy
′
)
2
.
9
Neste aso,areta
x
= 0
temqueser onsiderada omográ odafunçãox
= x(y) = 0
. Porisso,x
y
x = y
Figura 1.6: Curvasde ir unferên ias que satisfazem a equação diferen ial obtida no Exemplo
1.3.3.
1.4 Exer í ios resolvidos
1. Para ada asoseguinte,mostrequeafunção
y = φ(x)
dadaésolução daequação diferen- ial indi ada.(a) Função
φ(x) = ln(cos x)
; equação diferen ialy
′
= − tan x
. Resolução . Derivando a funçãoφ(x)
emordem ax
,obtém-sey
′
=φ
′
(x) =
1
cos x
(− sin x).
Substituindo
φ(x)
pory
,resultay
′
= − tan x.
(b) Função
y = φ(x)
talquex
2
+ 2xφ(x) = C
; equação diferen ial
x + y + xy
′
= 0
. Resolução . Derivando ambos osmembros da equaçãox
2
+ 2xφ(x) = C
em ordem a
x
,obtém-se2x + 2φ(x) + 2xφ
′
(x) = 0.
Substituindo
φ(x)
pory
e dividindo ambososmembros destaequação por 2,vemx + y + xy
′
= 0.
( ) Função
y = φ(x)
talqueφ(x)−x = C exp (φ(x))
; equaçãodiferen ial(x−y+1)y
′
= 1
.
Resolução . Partindo da equação
φ(x) − x = C exp (φ(x))
e multipli ando ambos os membros porexp (−φ(x))
,vemexp (−φ(x)) (φ(x) − x) = C.
Derivando estaequação, tem-se
e dividindoambososmembrospor
exp (−φ(x))
,vem−φ
′
(x)φ(x) + φ
′
(x)x + φ
′
(x) − 1 = 0,
ou seja,
φ
′
(x)(−φ(x) + x + 1) = 1.
Substituindo
φ(x)
pory
,obtém-seaequaçãodiferen ialpretendida(x − y + 1)y
′
= 1
. (d) Funçãoφ(x) = −
2
x
2
; equação diferen ialxy
2
dx − dy = 0
.
Resolução. Atendendo a que
dy = y
′
dx
e
dx 6= 0
, a equação diferen ial pode ser es rita deoutra formapoisxy
2
dx − dy = 0 ⇔ (xy
2
− y
′
)dx = 0 ⇔ y
′
= xy
2
.
Por outro lado, derivando emordem a
x
afunçãoy = φ(x)
,obtém-sey
′
=
4
x
3
.
Substituindo, na equação diferen ial, as expressões para a função
y
ey
′
, observa-se que4
x
3
= x
−
x
2
2
2
⇔
x
4
3
=
4
x
3
,
peloquey = −
2
x
2
ésolução da equação diferen ialxy
2
dx − dy = 0
.
2. Diga quaisdasseguintesfunções
y = φ
i
(x)
,i = 1, 2, 3, 4
,ondeφ
1
(x) = e
x+2
,
φ
2
(x) = 3e
x/3
,
φ
3
(x) = cos x,
φ
4
(x) = 5 ,
sãosoluções, em
R
,daequação diferen ialy
′′′
− y
′
= 0.
Resolução. Considere-se, em primeiro lugar, a função
φ
1
(x)
. Substituindoy = e
x+2
na
equação diferen ialdada,tem-se
y
′′′
− y
′
= (e
x+2
)
′′′
− (e
x+2
)
′
= 0.
Como
(e
x+2
)
′′′
= (e
x+2
)
′
= e
x+2
,aequaçãodiferen ialétrivialmentesatisfeitapelafunção
y = e
x+2
.Considere-se, seguidamente, a segunda função dada:
y = 3e
x/3
. Pro edendo de forma
análoga ao aso anterior, paraesta função
φ
2
(x)
observa-se quey
′′′
− y
′
= (3e
x/3
)
′′′
− (3e
x/3
)
′
=
1
9
e
x/3
− e
x/3
6= 0.
Portanto,
y = 3e
x/3
nãoé solução da equação dada.
Considere-se agora a função
φ
3
(x)
. Veri a-se que a funçãoy = cos x
também não é solução da equaçãodiferen ial dada jáquey
′′′
− y
′
= (cos x)
′′′
− (cos x)
′
= sin x + sin x 6= 0.
Finalmente, para a função
y = 5
veri a-se trivialmente que5
′′′
= 5
′
= 0
e, portanto,
y = 5
é solução daequação diferen ialy
′′′
− y
′
= 0
. Con lusão: Apenasasfunçõesy = e
x+2
3. Mostre que a equação
x
2
− xy + y
2
= C, C ∈ R
, é solução geral da equação diferen ial
(x − 2y)y
′
− 2x + y = 0
.Resolução . Derivando ambososmembrosdaequação
x
2
− xy + y
2
= C
,supondo
y
função dex
,tem-se2x − (y + xy
′
) + 2yy
′
= 0 ⇔ 2x − y − xy
′
+ 2yy
′
= 0 ⇔ (2x − y) − y
′
(x − 2y) = 0 ⇔
⇔ (x − 2y)y
′
− 2x + y = 0 ,
sendoesta últimaa equação diferen ialpedida.
4. Determine a equação diferen ial da família de urvas
y = C ln x, x > 0, C ∈ R
(Curvas destafamília sãoilustradas naFigura2.7).x
y
Figura1.7: Curvas
y = C ln x
,para alguns valoresreaisda onstanteC
.Resolução . Assumindo que
y = y(x)
e derivando a expressãoy = C ln x
em ordem ax
, obtém-sey
′
=
C
x
,
peloque
C = xy
′
. Substituindonaexpressãodada,resultaaequaçãodiferen ialpretendida
y = y
′
x ln x
.5. Determinea equação diferen ialdafamília de urvas
y = C
1
cos x + C
2
sin x, C
1
, C
2
∈ R
. Resolução . Assumindo quey = y(x)
eobtendo a primeira e segundaderivadas emordem ax
da expressãodada,obtém-se oseguintesistemalinearnas onstantesC
1
eC
2
y
′
= −C
1
sin x + C
2
cos x
y
′′
= −C
1
cos x − C
2
sin x
.
Resolvendo este sistemaemordem às onstantes
C
1
eC
2
,obtém-seC
1
= −y
′
sin x − y
′′
cos x
y = (−y
′
sin x − y
′′
cos x) cos x + (y
′
cos x − y
′′
sin x) sin x
= −y
′
sin x cos x − y
′′
cos
2
x + y
′
cos x sin x − y
′′
sin
2
x
= −y
′′
cos
2
x + sin
2
x
= −y
′′
,
donde resultaa equação diferen ialpretendida
y
′′
+ y = 0
.1.5 Exer í ios
1. Classique, quanto àsuaordem, asseguintes equaçõesdiferen iais.
(a)
dy + (xy − cos x)dx = 0
; (b)L
d
2
θ
dt
2
+ R
dθ
dt
+
C
θ
= 0
; ( )y
′′′
+ xy
′′
+ 2y(y
′
)
2
+ xy = 0
; (d)d
2
v
dx
2
dx
dv
+ x
dv
dx
4
+ v = 0
; (e)e
y
′′′
− xy
′′
+ y = 0
; (f)y
′
+ x = (y − xy
′
)
−3
; (g)y
′′
+ 3xy = sin x
; (h)ty
′′
+ t
2
y
′
= sin t + 1
; (i)y
d
2
x
dy
2
− y
2
= 3
.2. Mostre quea função
y = φ(x)
dada é solução daequação diferen ialindi ada. (a)φ(x) =
sin x
x
;
xy
′
+ y = cos x.
(b)φ(x) = Cx
3
,
C ∈ R;
xy
′
− 3y = 0.
( )φ(x) = x(
R
x
1
1
t
e
t
dt + C),
C ∈ R;
xy
′
− y = xe
x
. (d)φ(x) = x(ln(x
2
) + C),
C ∈ R;
xy
′
− y = 2x
. (e)φ(x) =
(x+1)
4
2
+ (x + 1)
2
;
y
′
−
x+1
2
y = (x + 1)
3
. (f)φ(x) = Ce
x
sin x,
C ∈ R;
y
′′
− 2y
′
+ 2y = 0
. (g)φ(x) = C
1
sin(7x) + C
2
cos(7x),
C
1
, C
2
∈ R;
y
′′
+ 49y = 0
.3. Considere astrês seguintes funções:
f (x) = (x + C)e
x
, g(x) = −
2
x
2
,ey = h(x)
denida impli itamente pela equaçãox
2
− xy + y
2
= C
,onde
C
é uma onstante. Para ada uma dasseguintesequaçõesdiferen iais,identique,entreastrêsfunçõesdadas,qualésolução,em
R
,da equação. (a)xy
2
dx − dy = 0;
(b)y
′
− y = e
x
;
( )(x − 2y)y
′
− 2x + y = 0.
4. Diga, justi ando, qual(s) das seguintes funções,
y = e
x/2
,y = sin
x
2
ey = e
x
+ 2
, ésolução,em
R
,da equação diferen ial2y
′
− y = 0
.
5. Veriquesea função dadaé solução da equação diferen ialindi ada.
(a)
y =
1
3(x+1)
;
y
′
= 3y
2
. (b)y =
3
x
−
x
2
;
x + y + xy
′
= 0
. ( )y = 3 − e
−x
2
;
xy
′
− 2y = e
−x
2
. (d)y
2
+ x
2
− 2x = 5;
yy
′
+ x = 1
.6. Formalize,emtermosmatemáti os,asseguintes ondiçõesutilizandoequaçõesdiferen iais
ordinárias.
(a) Para uma erta substân ia, a razão de variação da pressãodo vapor (
P
) emrelação àtemperatura(T
)é propor ionalàpressãodo vapor einversamentepropor ionalao quadrado datemperatura.(b) Ataxadedensidadepopula ional
H
deuma idadeaumenta(emfunção dotempot
) propor ionalmenteaoprodutodadensidadepopula ionalpelodesviodessadensidadedovalor dereferên ia
200000
.( ) A velo idade de arrefe imento de um erto orpo exposto ao ar é propor ional à
diferençaentrea temperatura
T
ini ial do orpo ea temperaturaT
0
doar. (d) Massa×
a eleração=
força.7. Determinea equação diferen ialdafamília de ir unferên ias entradas naorigem.
8. Determineaequação diferen ialdetodasas ir unferên ias situadasnoIe IIIquadrantes
doplano
R
2
e tangentes, simultaneamente, àsretas
x = 0
ey = 0
.9. Determine a equação diferen ial orrespondenteà família de urvasplanas denidas pela
seguinte ondição:
as retas tangentes, em ada ponto
(x, y)
,têm de livey
′
igual ao dobrodasoma das
oordenadas desseponto.
10. Exprima,sobaformadeequaçãodiferen ial,adistân ia
S
per orridaporum orpodurante otempot
,sabendoque asuavelo idadeé propor ionala estadistân ia.11. Determineaequaçãodiferen ial orrespondentea adaumadasseguintesfamíliasde urvas
planas (a)
y = Cx
2
, omC ∈ R
; (b)y
2
= −1 + Cx
2
, omC ∈ R
; ( )y = C
1
e
−x
+ C
2
xe
−x
, omC
1
, C
2
∈ R
; (d)y = C
1
x + C
2
, omC
1
, C
2
∈ R
; (e)y = e
cx
, omC ∈ R
; (f)y = ax
2
+ be
x
, oma, b ∈ R
; (g)y = sin(x + C)
, omC ∈ R
;1. (a) primeira ordem;
(b) segundaordem;
( ) ter eira ordem;
(d) segundaordem;
(e) ter eira ordem;
(f) primeira ordem;
(g) segundaordem;
(h) segundaordem;
(i) segundaordem.
2. 3. (a) função
g
; (b) funçãof
; ( ) funçãoh
. 4. funçãoy = e
x/2
. 5. (a) não. (b) sim. ( ) não. (d) sim. 6. (a)P
′
(T ) = k
P (T )
T
2
,ondek
é o oe ientede propor ionalidade. (b)H
′
(t) = kH(t)(200000 − H(t))
. ( )dT
dt
= k(T − T
0
)
, ondeT = T (t)
. (d)m
dv
dt
= F
, ondev = v(t)
é a velo idade em função do tempo, oum
d
2
s
dt
2
= F,
ondes = s(t)
é odeslo amento emfunção do tempo. 7.x + yy
′
= 0
. 8.(y − xy
′
)
2
= 2xy((y
′
)
2
+ 1)
. 9.y
′
= 2(x + y)
. 10.dS
dt
= kS
,ondek
éo oe iente de propor ionalidade. 11. (a)y
′
= 2
y
x
; (b)xyy
′
− y
2
= 1
; ( )y
′′
+ 2y
′
+ y = 0
; (d)y
′′
= 0
; (e)xy
′
− y ln y = 0
; (f)y
′
(x
2
− 2) − xy
′′
(x − 2) = 2y(x − 1)
; (g)y
′
=
p
1 − y
2
.Equações diferen iais de primeira
ordem
2.1 Noções bási as
Umaequação diferen ialordináriade1. a
ordem,nasuaformageral,édadapelaexpressão
F (x, y, y
′
) = 0
(2.1)onde
y = y(x)
é uma função des onhe ida om derivaday
′
= y
′
(x) =
dy
dx
. Esta equação (2.1) poderátambémsurgir es ritana suaformanormaly
′
= f (x, y).
(2.2)No aso de
f (x, y) = −
M (x,y)
N (x,y)
, para algumas funçõesM (x, y)
eN (x, y) 6= 0
, a equação (2.2) pode aindaserrees ritausando diferen iais, nomeadamentedy
dx
= −
M (x, y)
N (x, y)
ou aindaM (x, y)dx + N (x, y)dy = 0.
(2.3)Noteque, nasformas(2.1)-(2.3),asfunções
F
,f
,M
eN
sãofunçõesreaisdemaisdoqueuma variável real.Exemplo 2.1.1 (Equações diferen iais ordinárias de 1. a
ordem) As equações
diferen i-ais de1. a
ordem
x + y + x
2
yy
′
= 0
ey
′
= x
estão es ritas na forma geral e na forma normal, respetivamente. Usando diferen iais, aquelas
equações amna forma:
(x + y)dx + x
2
ydy = 0
edy − xdx = 0
A solução geral de uma equação diferen ial de 1. ordem é a família uni-paramétri a de
funções
y = φ(x, C)
(ou, na forma implí itaΦ(x, y, C) = 0
) que transforma essa equação dife-ren ial numaidentidade, sendoC ∈ R
uma onstantearbitrária.Quando na solução geral de uma equação diferen ial da 1. a
ordem se atribui um valor
parti- ular à onstante
C
,C = C
0
,obtém-se uma solução parti ular,y = φ(x, C
0
)
(ou, na forma implí itaΦ(x, y, C
0
) = 0
),dessa equação diferen ial.Designa-se por problema de Cau hy, de uma equação diferen ial de 1 a
ordem, ao
proble-ma que onsiste em en ontrar a solução parti ular
y = φ(x, C
0
)
,dessa equação diferen ial, que satisfaz uma ondição ini ialda formay(x
0
) = y
0
.
A ondiçãoy(x
0
) = y
0
tambémpode ser representada pory|
x=x
0
= y
0
.Exemplo 2.1.2(Problema de Cau hy) Sabendo que a família de funções denidas
impli i-tamente por
y(1 − Cx) = 1, C ∈ R ,
(2.4)é a solução geral de uma erta equação diferen ial, então para obter a solução parti ular dessa
equação diferen ial sujeita à ondição ini ial
y(2) =
1
3
, é ne essário obter o valor da onstanteC
de modo que o grá o da funçãoy(1 − Cx) = 1
passe pelo ponto(x
0
, y
0
) = 2,
1
3
. Assim, substituindox = x
0
:= 2
ey = y
0
:=
1
3
em (2.4),obtém-se a equação em termosde onstanteC
1
3
(1 − 2C) = 1.
Desta última equação resulta o valor de onstante,
C = −1
. Substituindo este valor em (2.4), obtém-se a soluçãoy(1 + x) = 1
doproblema deCau hy dado.Nota. Geometri amente, o problemade Cau hy,para equaçõesdiferen iais de 1. a
ordem,
or-responde ao problema de determinação, em
R
2
, da urva integral, dessa equação diferen ial,
que passa pelo ponto de oordenadas
(x
0
, y
0
)
. Assim, no Exemplo 2.1.2, a solução parti ulary(1 + x) = 1
dene a urva quepassa peloponto(2,
1
3
)
.Teorema 2.1 (Existên ia e uni idade de solução do problema de Cau hy) Sejaa
equa-ção diferen ial na forma normal
y
′
= f (x, y).
(2.5)Sea função
f
,deduasvariáveis, easuaderivadapar ial∂f
∂y
sãofunções ontínuasnumdomínioD ⊆ R
2
, então, para ada ponto(x
0
, y
0
) ∈ D
, existe e é úni a emD
a solução da equação diferen ial (2.5) que satisfaz a ondição ini ialy(x
0
) = y
0
.1
Exemplo 2.1.3(Interpretação geométri a do problema de Cau hy) NoExemplo1.1.4,
veri ou-se que a famíliadefunçõesdenidas pela equação
y = Ce
−2x
,
C ∈ R,
é a soluçãogeral daequação diferen ialy
′
= −2y
. Esta solução representa a família defunções exponen iais. A solução doproblema de Cau hyy
′
= −2y,
y(1) = 1,
1
Note-sequeoTeorema2.1representauma ondiçãosu ientedeexistên iaeuni idadedesoluçãodoproblema
deCau hy. Outras ondições, eventualmentemenosrestritivas,que tambémgarantema existên iae uni idade
é
y = e
2
e
−2x
= e
2(1−x)
e orresponde a uma função exponen ial ujo grá o passa pelo ponto
(1, 1)
. Esta função é úni a, o que estáde a ordo om o Teorema 2.1. Observa-se que a função de duas variáveisf (x, y) = −2y
e a sua derivada par ial,∂f
∂y
(x, y) = −2
, são ontínuas emR
2
,peloque as ondições doTeorema 2.1sãosatisfeitas. Assim,pode-se on luir,pelo Teorema 2.1,quey(x) = e
2(1−x)
é a úni a solução doproblema de Cau hy dado.
2.2 Equação diferen ial de variáveis separadas
Umaequação diferen ialordinária da1. a
ordemna forma
P (x)dx = Q(y)dy
(2.6)é hamada equação diferen ial de variáveis separadas.
Nota. A equação (2.6) é o aso parti ular de equação (2.3) om
M (x, y) = P (x)
eN (x, y) =
−Q(y)
. Integrando ambosos membros da equação (2.6) em relação àsrespetivas variáveisx
ey
,obtém-seZ
P (x)dx =
Z
Q(y)dy .
(2.7)Exemplo 2.2.1 (Resolução de uma equação diferen ial de variáveis separadas) Para
resolver a equação diferen ial de variáveis separadas
y
2
dy = e
−x
dx,
omeça-se por integrar ambos os membros dessa equação em ordem às respetivas variáveis
y
ex
. Tem-seZ
y
2
dy =
Z
e
−x
dx ⇔
y
3
3
= −e
−x
+ C, C ∈ R,
dondey =
p
3
3C − 3e
−x
, C ∈ R.
A onstante arbitrária
C
surge no passo do ál ulo dos integrais, nomeadamente,R
y
2
dy
e
R
e
−x
dx
, quando estes serem substituídos pelas orrespondentes famíliasde primitivas. Embora ada uma dessas famílias envolva uma onstante arbitrária, ou seja,Z
y
2
dy =
y
3
3
+ C
1
, C
1
∈ R
eZ
e
−x
dx = −e
−x
+ C
2
, C
2
∈ R,
na equação a ima, em vez de se es rever
y
3
3
+ C
1
= −e
−x
+ C
2
simpli a-se, omo se fez, es revendoy
3
3
= −e
−x
+ C
e onde se supõe que
C := C
2
− C
1
.Maisainda, sendo
C
uma onstantearbitrária, o valorC
∗
:= 3C
forma
y =
p
3
C
∗
− 3e
−x
,
C
∗
∈ R,
(ver Figura 2.1).C
∗
= 0
C
∗
= −2
C
∗
= 2
C
∗
= 4
x
y
Figura2.1: Curvasintegraisda equação diferen ialdo Exemplo2.2.1.
2.3 Equação diferen ial de variáveis separáveis
Umaequação diferen ialna forma
y
′
= f (x)g(y)
(2.8)ou,generi amente, na forma
M
1
(x)N
1
(y)dx = M
2
(x)N
2
(y)dy,
(2.9) é hamada equação diferen ial de variáveis separáveis.2
Para resolveruma equação diferen ial de variáveis separáveis na forma (2.9) dividem-se ambos
osmembrosdessaequação por
N
1
(y)M
2
(x)
,nopressupostodequeN
1
(y)M
2
(x) 6= 0
,resultando a equação devariáveis separadasM
1
(x)
M
2
(x)
dx =
N
2
(y)
N
1
(y)
dy,
ujo integralgeral é
Z M
1
(x)
M
2
(x)
dx =
Z N
2
(y)
N
1
(y)
dy.
(2.10)Nota. Após a obtenção do integral geral (2.10) deverá veri ar-se se existem outras soluções
da equação diferen ial de variáveis separáveis (2.9), entre oszeros das funções assumidas omo
2
Note que (2.8) pode ser es rita na forma (2.9) se se assumir
M
1
(x) = f (x)
,M
2
(x) = 1
eN
1
(y) = 1
,ondições
N
1
(y) = 0
eM
2
(x) = 0
onduzem a outras soluções daequação diferen ial, podendo elas ser ou não da forma (2.10). Às soluções obtidas neste aso que não são de forma (2.10)hamam-se soluções singulares.
Exemplo 2.3.1 (Resolução de uma equação diferen ial de variáveis separáveis)
Con-sidere a equação diferen ial
xydx − (1 + x
2
) ln y dy = 0.
(2.11) Esta pode ser transformada na forma (2.9) tomandoM
1
(x) = x
,N
1
(y) = y
,M
2
(x) = 1 + x
2
,
N
2
(y) = ln y
.Dado que a equação (2.11) ontém a expressão numéri a
ln y
, a equação (2.11) só tem sentido para funçõesy = y(x)
positivas(y > 0
).Sendo
y 6= 0
e1 + x
2
6= 0
,pode dividir-seambosos membros de(2.11) por
y(1 + x
2
)
, resultando
uma nova equação
x
1 + x
2
dx =
ln y
y
dy .
Por integração desta,e simpli ando, vem
Z
x
1 + x
2
dx =
Z ln y
y
dy ⇔
1
2
ln(1 + x
2
) =
ln
2
y
2
+ C
⇔ ln(1 + x
2
) = ln
2
y + C
∗
,
omC
∗
:= 2C.
Donde, o integral geral da equação diferen ial devariáveis separáveis dada é
ln(1 + x
2
) = ln
2
y + C
∗
,
C
∗
∈ R
(ver Figura 2.2).C
∗
= 1
C
∗
= 1
C
∗
= 2
C
∗
= 2
C
∗
= 0
C
∗
= 0
C
∗
= −1
x
y
quação diferen ial
y
′
= x cos
2
y
(2.12)é uma equação de variáveis separáveis na forma (2.8). Usando diferen iais, (2.12) pode ser
es rita na forma
dy = x cos
2
ydx.
Se
cos
2
y 6= 0
, então esta última equação é equivalente a ter
dy
cos
2
y
= xdx
. Integrando, vemR
1
cos
2
y
dy =
R
xdx
, donde o integral geral de (2.12) étan y =
x
2
2
+ C,
C ∈ R.
(2.13) Secos
2
y = 0
então,y =
π
2
+ kπ,
omk ∈ Z
. Substituindo, na equação (2.12),y
porπ
2
+ kπ
, obtém-se uma identidade. Logo,y =
π
2
+ kπ
, para qualquerk ∈ Z
, é também solução da equação (2.12). Note que as soluções na formay =
π
2
+ kπ, k ∈ Z
, nãofazem parte da solução anteriormente en ontrada (2.13) pelo que são soluções singulares. Efetivamente, basta ter ematenção que a função
tan y
, em (2.13), não está denida paray =
π
2
+ kπ
, qualquer que sejak ∈ Z
. Assim,a soluçãodaequação diferen ialdada (2.12)é onstituída pelafamíliade funçõestan y =
x
2
2
+ C, C ∈ R,
ey =
π
2
+ kπ, k ∈ Z
(ver Figura 2.3).C = 0
C = 1
C = −1
C = −2
C = 0
C = 1
C = −1
C = −2
C = 0
C = 1
C = −1
C = −2
x
y
Figura2.3: Representaçãográ adealgumassoluções,in luindosoluçõessingulares,daequação
separáveis
Umaequação diferen ialna forma
y
′
= f (ax + by + c),
oma, b, c ∈ R,
tais quea, b 6= 0 ,
(2.14) pode ser reduzida a uma equação diferen ial de variáveis separáveis através de uma mudançade variável onveniente. De fa to, onsiderando
z = ax + by + c
, sendoz
função dex
, i.e.,z = z(x)
,tem-sez
′
= a + by
′
= a + bf (z)
. Assim,(2.14)podeserreduzidaàequaçãodevariáveis
separáveis
dz = (a + bf (z))dx.
(2.15)Tendo determinadoo integralgeraldestaúltima, esubstituindonesse integral
z
porax + by + c
obtém-se ointegral geralde (2.14).Exemplo 2.4.1 (Resolução de uma equação diferen ial redutívela variáveis separáveis)
Considere a equação diferen ial
y
′
= tan
2
(x + y − 6) ,
(2.16)a qual está es rita na forma (2.14) om
f (z) = tan
2
(z)
,
a = b = 1
ec = −6
. Para resolvê-la efetua-se a substituiçãoz = x + y − 6,
(2.17)tomando
z
omo uma função dex
,z = z(x)
. Nesse aso,z
′
= 1 + y
′
e, por (2.16) e (2.17),z
′
= 1 + tan
2
(z) ,
que é umaequação devariáveis separáveis om variávelindependente
x
evariável dependentez
. Para a resolução desta equação, usa-se o pro edimento des rito na Se ção 2.3. Ora,z
′
= 1 + tan
2
(z) ⇔ dz = (1 + tan
2
(z))dx ⇔
⇔
1 + tan
dz
2
(z)
= dx (
note-se que1 + tan
2
(z) 6= 0 ∀z) ⇔
⇔ cos
2
(z)dz = dx ⇔
Z
cos
2
(z)dz =
Z
dx ⇔
Z 1 + cos(2z)
2
dz =
Z
dx ⇔
⇔
1
2
z +
sin(2z)
2
= x + C,
C ∈ R .
Lembrandoque, de(2.17),
z = x+y −6
,daúltimaigualdadeobtém-seointegral geral daequação diferen ial (2.16), ou seja,1
2
x + y − 6 +
sin(2(x + y − 6))
2
= x + C,
C ∈ R.
Simpli ando,tem-se2(x − y) − sin(2(x + y − 6)) = C
∗
,
C
∗
∈ R,
omC
∗
:= −4C − 12
(verique).Diz-se que uma função
f : R ⊂ R
2
−→ R
é homogénea, om grau de homogeneidade igual a
α
,α ∈ R
,se,paratodo(x, y) ∈ R
etodot 6= 0
,talque(tx, ty) ∈ R
,setemf (tx, ty) = t
α
f (x, y)
.
Exemplo 2.5.1(Função homogénea de grau 0) A função
f (x, y) =
x+2y
3x−y
é uma função homogénea de grau 0 uma vez que para todot 6= 0
, se temf (tx, ty) =
tx + 2ty
3tx − ty
=
t(x + 2y)
t(3x − y)
=
x + 2y
3x − y
= t
0
f (x, y) = f (x, y).
Exemplo 2.5.2(Função homogénea de grau 1) A função
ϕ(x, y) =
2x
2
+y
2
x−2y
é uma função homogénea de grau 1. Defa to, para todot 6= 0
, setemf (tx, ty) =
2(tx)
2
+ (ty)
2
tx − 2ty
=
t
2
(2x
2
+ y
2
)
t(x − 2y)
=
t(2x
2
+ y
2
)
(x − 2y)
= tf (x, y).
Umaequação diferen ialna forma
y
′
= ϕ
y
x
,
(2.18)onde
ϕ
é umafunção real devariável real,ou naformaM (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 ,
(2.19)onde
M
eN
sãofunçõeshomogéneas omomesmograudehomogeneidade,é hamadaequação diferen ial homogénea.Nota. A equação (2.19) podeser semprerees ritana forma(2.18).
Pararesolverumaequaçãodiferen ialhomogénea efetua-seamudança devariável
y = ux,
ondeu = u(x)
é umafunçãodes onhe ida. Nesse aso,y
′
= u
′
x + u
e,portanto,
dy = (u
′
x + u)dx
. A
mudança de variável proposta transforma a equação diferen ial homogénea ini ial, om função
des onhe ida
y
, numa equação diferen ial de variáveis separáveis, om função des onhe idau
. Resolvendo esta última e substituindou
pory/x
na solução obtida, resulta o integral geral da equação diferen ialhomogénea.Exemplo 2.5.3(Resolução de uma equação diferen ial homogénea) Considere a
equa-ção diferen ial
(y
2
− 2xy)dx − xydy = 0 .
(2.20)Comparando-a om (2.19), tome-se
M (x, y) = y
2
− 2xy
e
N (x, y) = −xy
. Para todo ot > 0
, observa-se queM (tx, ty) = (ty)
2
− 2txty = t
2
y
2
− 2t
2
xy = t
2
M (x, y)
e
Logo,
M
eN
são duas funções homogéneas, om grau de homogeneidadeα = 2
. A equação (2.20) é então uma equação diferen ial homogénea. Para resolvê-la onsidera-se a substituiçãoy = ux
, omu = u(x)
. Assim,y
′
= u
′
x + u
e
dy = (u
′
x + u)dx
. Substituindo, em (2.20),
y
edy
pelas respetivas expressões emtermos deu
, vem((ux)
2
− 2ux
2
)dx − ux
2
(u
′
x + u)dx = 0,
ou, demodoequivalente,
−(2 + u
′
x)ux
2
dx = 0.
(2.21)Se
u 6= 0
ex 6= 0
, (2.21) é equivalente à equação diferen ial2 + u
′
x = 0.
Resolvendo esta última,obtém-se