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Osteocondrose no cavalo Lusitano: estudo da transmissão de lesões

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Osteocondrose no cavalo Lusitano: estudo da transmissão

de lesões

Dissertação em

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Ana Luísa Pisco do Amaral

Orientador: Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio

Co-Orientador: Doutora Rita Garcia da Fonseca

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Osteocondrose no cavalo Lusitano: estudo da transmissão

de lesões

Dissertação em

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Ana Luísa Pisco do Amaral

Orientador: Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio

Co-Orientador: Doutora Rita Garcia da Fonseca

Composição do Júri:

Doutora Cristina Maria Teixeira Saraiva

Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio

Doutor Mário Manuel Dinis Ginja

Vila Real, agosto 2017

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Declaração

Nome: Ana Luísa Pisco do Amaral C.C.: 13889610

Telemóvel: 914199024

Correio eletrónico: anapiscoamaral@sapo.pt

Designação do mestrado: Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Título da dissertação de metrado: Osteocondrose no cavalo Lusitano: estudo da transmissão de lesões

Orientador: Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio Co-Orientador: Doutora Rita Garcia da Fonseca Ano de conclusão: 2017

Declaro que esta dissertação de mestrado é resultado da minha pesquisa pessoal e da orientação do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico.

Vila Real, 10 de agosto de 2017

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Agradecimentos

Começo por agradecer à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e ao

magnífico reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, António

Fontainhas Fernandes, pela possibilidade de frequentar o Mestrado Integrado em

Medicina Veterinária.

Ao Professor Doutor Mário Cotovio, o meu sincero agradecimento por tudo o

que fez por mim durante todo o meu percurso académico, de modo especial durante

a realização desta dissertação: obrigado pelo apoio, orientação e acompanhamento,

bem como pela partilha de conhecimentos e de sabedoria.

À Professora Doutora Rita Fonseca pela disponibilidade e simpatia com que

me acolheu na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa

(FMV-UL) e no projeto em que pude participar.

Às instituições que me receberam para realizar os meus estágios e me deram a

conhecer novas realidades de forma potenciar o meu conhecimento na área pela

qual sempre me interessei: FMV-UL, Equine Clinic De Morette, Rood Riddle Equine

Hospital e Hospital de Equinos da Escola de Armas.

Aos professores com quem tive o prazer de conviver e trabalhar ao longo do

meu percurso académico.

Aos meus amigos, agradeço o apoio, a compreensão e o incentivo para que

esta investigação se concretizasse e pudesse concluir a Dissertação de Mestrado.

À Associação de Estudantes de Medicina Veterinária de Trás-os-Montes e Alto

Douro (AEMV-UTAD). Levo para a vida a capacidade de trabalho e métodos que me

ensinaram nesta família. O respeito, o empenho, a dedicação e o trabalho são

alguns dos valores que esta casa consolidou em mim. “Põe o mínimo que és naquilo

que fazes”.

A toda a minha família, aos amigos Oliveiras e aos amigos Pedra, e em

especial aos meus pais e irmão, pelo apoio incondicional, pela força e pelo carinho

que sempre demonstraram. Vocês também foram parte integrante desta dissertação.

Um obrigada especial à minha avó, pelo exemplo de mulher que um dia serei.

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viii

Ao Pedro Romeu, pelo apoio diário, por não me deixar desistir dos meus

estágios e ambições e, acima de tudo, por me tornar uma pessoa feliz e realizada.

A todos aqueles que contribuíram para esta investigação, deixo o meu sincero

obrigado!

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Resumo:

A Osteocondrose (OC) é uma doença do sistema locomotor que afeta as

articulações de muitos animais e resulta de uma falha no processo de ossificação

endocondral durante o crescimento ósseo. É uma doença dinâmica com lesões

capazes de evoluírem ou regredirem espontaneamente nos primeiros meses de

vida. Como há fases em que a doença é subclínica, o estudo da influência genética

é dificultado. A heritabilidade, a nutrição, os fatores endócrinos, as influências

biomecânicas e as falhas de vascularização desempenham um papel importante.

Este trabalho tem como objetivo o estudo radiográfico da osteocondrose em

cavalos Puro-Sangue Lusitano, raça de equinos com maior destaque em Portugal.

Este estudo pretende ir além da categorização, da prevalência e da incidência já

descritos nesta raça. Pretende-se também estudar a transmissão da doença,

avaliando a prevalência dos progenitores e da descendência, tratando-se do

primeiro estudo que é feito nesta raça com esse objetivo. As articulações avaliadas

foram as metacarpofalângicas, metatarsofalângicas, tarsocrurias e femoropatelares.

Os resultados obtidos apontam para uma prevalência de osteocondrose de

56,5%. As articulações mais afetadas foram a metatarsofalângica com 38,2%,

seguida da metacarpofalângica com 33,6%. A prevalência da doença foi superior

nos machos com 62,5% e 54,5% nas fêmeas. A descendência apresenta uma

prevalência de 45,2% e os progenitores de 71,4%.

No estudo da interação da doença dos progenitores com a descendência, não

foi possível determinar se o garanhão influencia a manifestação da doença (P=1) e

as éguas apresentam uma tendência significativa na manifestação da doença na sua

descendência. O estudo da descendência de acordo com a interação de ambos os

progenitores não foi conclusivo, uma vez que a amostra não era significativa.

Calcular a heritabilidade da raça e proceder à análise estatística dos dados da

população é dos primeiros passos a tomar para melhorar o programa de seleção da

raça Puro Sangue Lusitano.

Palavras-chaves: osteocondrose; Puro-Sangue Lusitano; articulações;

genética; transmissão da osteocondrose

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Abstract:

Osteochondrosis is a disease of the locomotory system that affects the joints of

many animals and it’s a consequence of a focal disturbance of endochondral

ossification that occurs during the bone growth.

It’s a dynamic disease with lesions

capable of evolving or regressing spontaneously in their first months of life. The study

of genetic influence is difficult, because there are phases in which the disease is

subclinical. Heritability, nutrition, endocrine factors, biomechanical influences and

vascularity failures play an important role in this disease.

The goal of this dissertation is the radiographic study of osteochondrosis in

Puro-Sangue Lusitano horses, which is the most equines breed in Portugal. This

study intends to go beyond the categorization, prevalence and incidence already

described in this breed.

It’s also intended to study the transmission of the disease,

evaluating the prevalence of the progenitors and the offspring, being the first study

that is done in this race with this aim. The evaluated joints were the

metacarpophalangeal, metatarsophalangeal, tarsocrural and patellofemoral joints.

The results obtained indicate a prevalence of osteochondrosis of 56.5%. The

most affected joints were metatarsophalangeal with 38.2%, followed by

metacarpophalangeal with 33.6%. The prevalence of the disease was higher in

males with 62.5% and 54.5% in females. The offspring had a prevalence of 45.2%

and the parents had 71.4%.

In the study of the interaction of the disease of the parents with the offspring, it

was verified that

wasn’t possible confirm the stallion define the manifestation of the

disease (P = 1) and the mares present a significant tendency in the manifestation of

the disease in their descendants. The study of the offspring according to the

interaction of both parents was not conclusive, since the sample was not significant.

Calculating the heritability of the breed and proceeding with the statistical

analysis of the population data is the first step to be taken to improve the Lusitano

Pure Blood selection program.

Keywords: Osteochondrosis; Puro-Sangue Lusitano; Joints; Genetics;

Transmission of osteochondrosis

(12)
(13)

Índice Geral

I. NOTA PRÉVIA ... 1 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 2 1. Introdução ... 2 2. Importância Da Osteocondrose ... 2 3. Incidência E Prevalência ... 3 4. Desenvolvimento Ósseo ... 5 5. Etiologia... 7 5.1 Genética ... 7

5.2 Crescimento Rápido E Condição Corporal ... 9

5.3 Biomecânica ...10

5.4 Exercício E Trauma ...10

5.5 Nutrição ...11

5.5.1 Energia ...11

5.5.2 Minerais ...12

5.5.2.1 Zinco, Cadmio, Cobre ...12

5.5.2.2 Cálcio, Fósforo E Vitaminas ...12

5.6 Desequilíbrios Hormonais ...13 5.7 Vascularização ...13 5.8 Colagénio...14 6. Diagnóstico ...16 6.1 Sinais Clínicos ...17 6.2 Radiologia...17

6.2.1 Projeções Radiográficas Indicadas Para A Avaliação Das Lesões Osteocondrais ...19

6.2.2 Critérios De Interpretação: ...23

(14)

xiv

6.3 Outros Meios De Diagnóstico ...29

III. OBJETIVOS ...31

IV. MATERIAIS EMÉTODOS ...32

VI. DISCUSSÃO ...42

CONCLUSÃO ...47

(15)

Índice de Figuras

Figura 1: Radiografia LM de um boleto com lesão osteocondral na crista sagital

do metacarpo (imagem gentilmente cedida pela Prof. Dra. Rita Fonseca) ... 20

Figura 2: Radiografia DM ou DL oblíqua da articulação metatarsofalânfica com

a presença de um fragmento osteocondral próximo-plantar à primeira falange

(retirado de Lykkjen et al., 2014)... 20

Figura 3: Radiografia DL da articulação tarsocrural com OCD na crista

intermédia distal (1) e na crista troclear lateral do talus (retirado de Lykkjen et al.,

2014) ... 21

Figura 4: Radiografia DM da articulação tarsocrural com OCD no relevo

intermédio da tíbia (imagem gentilmente cedida pela Prof. Dra. Rita Fonseca) ... 21

Figura 5: Radiografia LM da articulação femoropatelar com irregularidades da

tróclea (imagem gentilmente cedida pela Prof. Dra. Rita Fonseca) ... 22

Figura 6: Representação esquemática dos diferentes graus de lesão nas

diferentes articulações estudadas, retirado de Denoix et al. (2013) ... 28

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(17)

Índice de tabelas:

Tabela 1: Prevalência da OC em diferentes raças. ... 4

Tabela 2: Heritabilidade da OC e OCD na raça Hanoveriano Warmblood nas

diferentes articulações ... 4

Tabela 3: Locais de predileção da OC encontradas nas articulações ... 19

Tabela 4 Classificação radiográfica de anomalias osteocondrais ... 23

Tabela5: Parâmetros e critérios usados para avaliar a severidade das

evidências radiográficas nos casos mais comuns de JOCC ... 25

Tabela 6: Grau e índex de severidade das evidências radiográficas ... 28

Tabela 7: Projeções radiográficas realizadas... 32

Tabela 8: Locais de predileção avaliados ... 33

Tabela 9: Número de Animais na População Geral ... 35

Tabela 10: Distribuição das lesões osteocondrais encontradas por articulação

... 37

Tabela 11: Distribuição das lesões osteocondrais encontradas por articulação e

por animal ... 38

Tabela 12: Distribuição dos IS das lesões osteocondrais encontradas em 131

animais ... 39

Tabela 14: Descendência dos garanhões com lesão ... 40

Tabela 15: Descendência das éguas com lesão ... 41

Tabela 16: Estudo da descendência das éguas e garanhões com lesões de OC

... 42

(18)

xviii

Índice de gráficos:

Gráfico 1: Distribuição de cavalos que apresentaram lesões osteocondrais ... 35

Gráfico 2: Prevalência de lesões osteocondrais em machos, fêmeas e

população geral ... 36

Gráfico 3: Prevalência de lesões osteocondrais em adultos e poldros da

amostra ... 36

Gráfico 4: Distribuição das lesões osteocondrais encontradas por articulação 38

Gráfico 5: Prevalência da Osteocondrose por articulação ... 38

Gráfico 6: Índex de Severidade (IS) das articulações avaliadas em 131 animais

... 39

Gráfico 7: Distribuição dos IS das lesões osteocondrais encontradas em 131

animais ... 39

(19)

Lista de abreviaturas, siglas, símbolos ou acrónimos

AECC articular epiphyseal cartilage complex

Art. Articulação

ADN Ácido Desoxirribonucleico

AS-OCF Osteocondral fragmentation of the articular surface (fragmentação osteocontral

da superfície articular) BEN Balanço Energético Negativo

C2C Epítopo de um produto resultante da divisão do colagénio tipo II CP C-propeptide

DITJ Distal intertarsal joint (articulação intertarsica distal)

DL Dorsolateral-plantaromedial DM Dorsomedial-plantarolateral DOD Desordens ortopédicas

ECA Equus caballus chromosome 3

EUA Estados Unidos da América FP Articulação femoropatelar GWAS genome-wide association study

ID Articulação interfalângica distal

IGF fator de crescimento semelhante à insulina IP Articulação interfalângica proximal

IRTC Intermadiate ridge of the tibial cochlea (crista intermédia da cóclea tibial)

JOCC Condição osteocondral juvenil

JSBC Juvenile subchondral bone cyst (Quisto no osso subcondral juvenil)

LM Latero-medial

LRFT Lateral ridge of the femoral trochlea (crista lateral da tróclea femoral")

MC/MT Articulação do metacarpo/ metatarso

MC/MT3 Third metacarpal/metatarsal condyle (côndilo do terceiro metacarpo/metatarso)

(20)

xx

MMP Matriz das metaloproteinases OC Osteocondrose

OCD Osteocondrite Dissecante

OCC Osteochontral colapse (colapso ostecondral)

OCF Ostechondral fragmentation (fragmentação osteocondral)

P1 Falange proximal PA Periarticular

PA-OCF Periarticular osteochondral fragmentation (fragmentação osteocondral periarticular)

PE Plantar eminence (eminência plantar)

ppm Partes por milhão PSL Puro-Sangue Lusitano QTL quantitative trait locus

Rm Remodelação

RM ressonância magnética

SB Subchondral bone (osso subcondral)

SNP Nucleotide polymorphism

TIII Terceiro osso do tarso T3 Tiroxina

T4 Triiodotironina

TC Articulação tarsocrural

Tc Central tarsal bone (osso central do tarso)

TMTJ Tarsometatarsal joint (articulação tarsometatarsal)

(21)

I.

Nota prévia

Este trabalho tem como ponto de partida um estudo realizado em parceria entre a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, realizado desde 2012 até 2016. No âmbito do estudo realizou-se uma avaliação radiográfica de alguns cavalos Puro-Sangue Lusitano (reprodutores e descendência) em duas coudelarias. Nos primeiros anos, realizou-se a avaliação radiográfica dos garanhões, das éguas e dos poldros, sendo que os poldros foram avaliados ao longo do tempo. Nesta fase final procedeu-se à análise e avaliação de todas as imagens adquiridas e processamento de dados. O trabalho prático desta dissertação foi enquadrado nesta fase final, nomeadamente na fase de armazenamento e processamento dos dados.

Nas IV Jornadas do Grupo de Trabalho e Investigação em Equídeos, na Golegã, no dia 11 de novembro de 2015 já foram apresentados dois estudos preliminares realizados no âmbito deste projeto: “Evolução dos sinais radiográficos de osteocondrose em poldros PSL entre os 15 dias e os 2 anos de idade” e “Componente genética de lesões de osteocondrose em poldros Puro-Sangue Lusitano”.

(22)

2

II.

Revisão bibliográfica

1.

Introdução

A Osteocondrose (OC) é uma doença do sistema locomotor que afeta as articulações de muitos animais, mais frequentemente observada em cavalos, porcos e cães (Corbin et

ak., 2012). A definição mais aceite e unanime da OC é uma falha no processo de

ossificação endocondral durante o crescimento ósseo (Van Grevenhof, 2011) e a osteocondrite dissecante (OCD) corresponde à fragmentação osteocondral da superfície articular.

Existem três níveis usados na nomenclatura: ao nível do animal, temos as lesões associadas a desordens ortopédicas (DOD); ao nível da articulação e do crescimento das placas, vemos a condição osteocondral juvenil (JOCC); e, por último, ao nível da ossificação endocondral, encontramos os distúrbios do complexo articular epifiseal (OC ou OCD) (L. Jeffcott 2013).

A osteocondrose é uma doença dinâmica com lesões capazes de evoluírem ou regredirem espontaneamente (Robert, Valette, Jacquet, Lepeule, et al. 2013). É uma doença multifatorial em que a heritabilidade, a nutrição, os fatores endócrinos, as influências biomecânicas e as falhas de vascularização desempenham um papel importante (Hernández Vidal et al. 2011). Os típicos sinais clínicos são a sinovite e a dor acompanhadas por diferentes graus de claudicação (Mcllwraith, 2011).

2. Importância da Osteocondrose

A OC tem um grande impacte na indústria equina, devido ao custo dos tratamentos, ao tempo dispensado com a reabilitação, à redução no potencial da raça dos garanhões afetados e ao valor de mercado de cavalos com evidências radiográficas de OC, independentemente da sua performance desportiva (Baccarin et al., 2012).

Porém, trata-se também de uma questão de bem-estar animal, visto que há dezenas de milhares de cavalos que são operados todos os anos. Há ainda um impacte indireto nos livros genealógicos que não aprovam cavalos com evidências de OC, o que implica uma exclusão de grande parte do pool genético (van Weeren, 2005).

Atualmente, a OC ainda é um problema clínico de extrema importância, mas as pesquisas mais recentes têm permitido um maior e melhor conhecimento da complexidade da doença (van Weeren and Jeffcott, 2013). Com isto pretende-se melhorar as estratégias

(23)

dos livros genealógicos com o objetivo de reduzir a prevalência da doença e melhorar o bem-estar animal (Blott, 2014).

Em Portugal, a raça de equinos com maior destaque é o Puro-Sangue Lusitano (PSL). Esta raça também é afetada por OC e apesar de existirem alguns trabalhos de caracterização da incidência de OC em pequenas amostras populacionais, não existe nenhum estudo mais abrangente da população para o estudo da doença nem medidas a adotar para a sua prevenção (Teixeira 2009).

3. Incidência e Prevalência

O estudo da prevalência e da heritabilidade da osteocondrose é importante para o enquadramento numérico do impacte da doença tanto nas regiões alvo de estudo, como nos livros genealógicos.

Na análise e comparação dos estudos, é preciso ter em consideração o método de diagnóstico e o cálculo da heritabilidade, as amostragens feitas e o número de animais que variam de estudo para estudo, sendo que estes fatores irão influenciar o resultado final calculado. Ainda assim permite-nos tirar conclusões e ter uma perspetiva geral da doença ou mais especificamente da incidência em cada articulação. As articulações mais afetadas são a articulação femoropatelar, a articulação femorotibial, a articulação tibiotársica e as articulações metacarpo ou metatarsofalângica, não necessariamente por esta ordem (Mcllwraith, 2011).

(24)

4

Tabela 1: Prevalência da OC em diferentes raças.

Raça /n OC(D) P Art. em estudo

Distribuição das lesões por articulação

Referência Hanoverian Warmblood Horses (n=3749) OCD 2% TC MC/MT ID IP 9,6% 20,7%(9,5%/13,7%) 4,5% 0,9% (K. f. Stock, Hamann, e Distl 2005) Dutch Warmblood Horses (n=811) OC 69,5% MC/MT TC FP 35% 31% 39% (Van Grevenhof et al. 2009) PSL (n=95) OC(D) 31,6% MC MT TC FP 46,7% 13,3% 40% 21,7% («Ribeiro da Silva, 2010» 2016) Swedish Warmblood (n=4518) OC OCD 13% 10% FP TC MC/MT 9% 6% 10% (Jönsson et al. 2011)

Art., Articulação TC, articulação tarsocrural; FP, articulação femoropatelar; MC/MT, articulação do metacarpo/ metatarso; ID, articulação interfalângica distal; IP, articulação interfalângica proximal;

Estes são alguns exemplos de como a prevalência e heritabilidade de OC numa determinada articulação podem variar por raça. Mas o contrário também se verifica. Dentro da mesma raça há articulações com heritabilidades diferentes, como se pode ver na Tabela 2.

Tabela 2: Heritabilidade da OC e OCD na raça Hanoveriano Warmblood nas diferentes articulações adaptado de Dorothea Hilla and Distl, 2014.

Heritabilidade Boleto Curvilhão Soldra

OC OCD OC OCD OC OCD

Hanoveriano Warmblood 0,16 0,23 0,35 0,46 0,21 0,23

A variação da prevalência por género ainda não é consensual. Existem estudos que obtiveram maior prevalência de OC em machos (Castle, K. et al. 2010). E outros que mostram que as éguas apresentam-se mais positivas nos diferentes exames de claudicação (Koene, M. 2006).

(25)

Em relação à distribuição das lesões, no caso do PSL, um estudo realizado por Bernardes (2008) mostrou uma prevalência de OC de 12% ao nível dos boletos, dos quais 83% se encontrava nos membros anteriores e 17% nos membros posteriores. Além disso, a prevalência no tarso foi de 6%. Na amostra recolhida por Teixeira (2009), os boletos apresentavam uma prevalência de aproximadamente 47% de lesão ao nível dos boletos e 36% ao nível do tarso e só 17% ao nível do curvilhão. No entanto, esta raça carece de um estudo mais detalhado com uma amostra significativa, visto que as amostras são sempre com um número reduzido de animais e sem informação suficiente para calcular a heritabilidade ou a prevalência na raça. Sendo uma doença de desenvolvimento, existem estudos da evolução da doença em outras raças, nomeadamente em Dutch Warmbloods, French Trotters Standardbreds, Thoroughbreds e Selle-Français Warmblood (Dik, Enzerink, e van Weeren 1999); (Denoix et al. 2013). No entanto ainda não há estudos sobre o desenvolvimento da doença em poldros lusitanos, apenas prevalências em lusitanos adultos.

4. Desenvolvimento ósseo

A osteocondrose define-se como uma falha focal da ossificação endocondral com subsequente persistência do crescimento da cartilagem (Olsson and Reiland, 1978).

Na maioria dos casos críticos, quando a cartilagem ou um fragmento de osso subcondral é separado da superfície articular, introduzimos uma componente inflamatória, o que na literatura veterinária aparece designada por diversos autores como Osteocondrite Dissecante (OCD) (Hernández Vidal, 2011; (P. René van Weeren 2006); (Corbin et al. 2012). Mais recentemente, (Ytrehus, Carlson, e Ekman 2007) divide a OC em três estádios: latente, manifesta e dissecante, que correspondem às diferentes fases das lesões; a osteocondrose latente corresponde ao estado subclínico e a osteocondrose manifesta corresponde ao estado clínico da doença. O desenvolvimento de OC manifesta para OC dissecante é provável que envolva um processo traumático.

Em todos os mamíferos, o esqueleto é tido como uma estrutura cartilaginosa que, durante o crescimento e desenvolvimento do animal, é moldado num processo de crescimento e transformação simultânea em osso (P. René van Weeren 2016).

A ossificação dos centros primários de ossificação nas diáfises dos ossos longos começa na vida fetal e, no momento de nascimento, todas estas diáfises são estruturas ósseas. Isto não se aplica a muitos centros secundários de ossificação nas epífises dos ossos longos, que ainda são, em parte, cartilaginosas no momento do nascimento (van

(26)

6

Weeren, 2005). É aí que ocorre então a ossificação endocondral ao nível das placas de crescimento. Existem diferentes zonas histológicas nessas zonas de ossificação endocondral. A zona de repouso é a primeira que corresponde à cartilagem inativa da placa de crescimento e tem histologicamente um aspeto colunar. Posteriormente, na zona proliferativa encontram-se células em mitose, responsáveis pelo crescimento intersticial da placa de crescimento. Na zona hipertrófica temos as células em estado de maturação cada vez mais avançado que produzem a matriz cartilagínea. E por fim na zona de calcificação, tal como o próprio nome indica há a mineralização dos septos longitudinais da cartilagem (Hernández Vidal et al. 2011); (Douglas 2003).

Todas estas estruturas cartilaginosas fetais são bem vascularizadas por vasos que funcionam através dos chamados canais de cartilagem. A invasão da cartilagem por vasos sanguíneos é essencial para a ossificação endocondral, uma vez que fatores genéticos ou biomecânicos provocam o espessamento da placa de crescimento (Hall, Westwood, e Wadsworth 2006);(Colnot 2005).

Os últimos canais de cartilagem desaparecem por volta dos 7 meses no caso dos cavalos (Carlson et al., 1995). Considera-se que o crescimento longitudinal do cavalo termina quando a última placa de crescimento ossifica, o que corresponde a ossos como o úmero e fémur, que cessam o seu crescimento aos 24-26 meses (Butler et al., 1993).

As taxas de diferenciação e crescimento celulares e o tempo de ossificação variam com os fatores genéticos, hormonais, nutricionais, metabólicos e biomecânicos. Estudos sobre a biomecânica da cartilagem mostram que o crescimento e ossificação da cartilagem são acelerados pelo stress e inibidos pela pressão hidrostática (Carter et al., 2004; Carter and Wong, 2003).

Dependendo da anatomia, da biomecânica, da amplitude do movimento articular e da distribuição da pressão local sobre a superfície articular, este fenómeno pode resultar em diferentes condições patológicas específicas, nomeadamente na fragmentação osteocondral da superfície articular ou na fragmentação osteocondral periarticular.

A fragmentação osteocondral da superfície articular resulta da sobrecarga derivada da compressão ou do cisalhamento sobre as zonas cortantes. É encontrado em zonas anguladas das superfícies articulares como as cristas ou reentrâncias. Por exemplo a crista lateral da tróclea femoral ou a crista sagital do côndilo do metacarpo ou metatarso podem sofrer de fragmentação osteocondral da superfície articular. O mais comum é estar presente OCD nestes casos. O fragmento resulta da ossificação da camada osteogénica profunda da cartilagem epifisária.

A fragmentação osteocondral periarticular é outro tipo de OCD induzido por compressão em plena flexão ou extensão das margens periarticulares afiadas. Encontra-se

(27)

nas articulações com maior mobilidade como na margem dorsal da crista intermédia da cóclea tibial e na margem dorsal da falange proximal (Denoix et al., 2013).

5. Etiologia

A osteocondrose é uma doença multifatorial cujos fatores envolvidos são:

 Genética

 Crescimento rápido e condição corporal

 Biomecânica  Exercício e trauma  Nutrição  Desequilíbrios hormonais  Vascularização  Colagénio

Todos estes fatores etiológicos podem desencadear diversas interações entre eles e não é possível prever quais os cavalos que irão expressar a doença.

A doença é bastante dinâmica e existem diversas teorias para as causas que despoletam o início da doença. As lesões de OC aparecem e regridem espontaneamente nos primeiros meses de vida – grande parte delas desaparecem antes dos cinco meses e entre os oito e os nove meses a lesão fica estável (Dik et al., 1999). Por isso, o tratamento cirúrgico não é aconselhado antes de um ano de idade. Com a idade, a taxa de renovação da matriz da cartilagem diminui. Esta dinâmica da OC está relacionada com dois processos que ocorrem em simultâneo: a formação da lesão derivada dos fatores etiológicos e, por outro lado, o processo de reparação das lesões (van Weeren et Olstad, 2016).

5.1

Genética

A genética influencia muitos dos fatores etiológicos abordados. A conformação do cavalo irá afetar a biomecânica das articulações. Muitas características da conformação são fortemente hereditárias. A taxa de crescimento é determinada pela nutrição e pela genética e a resposta hormonal a dietas ricas em hidratos de carbono também é influenciada pela genética (van Weeren, 2016).

O facto de se tratar de uma doença bastante dinâmica e de haver alturas em que a doença é subclínica dificulta o estudo da influência genética da OC. Por exemplo, animais com três anos de idade ou mais velhos podem ter tido lesões em poldros que

(28)

8

desapareceram porque houve reparação da lesão. E a eficácia do processo de reparação pode ser, por si só, determinado geneticamente (van Weeren, 2016).

A complexidade da contribuição genética para o aparecimento de OC faz com que as estimativas de heritabilidade da OC variem muito: entre 0,09 a 0,52 em Standarbreds (Philipsson et al., 1993; Grøndahl and Dolvik, 1993) ou 0,19 a 0,60 em Hanoverianos (Stock

et al., 2005). A heritabilidade varia com a articulação em estudo, com o número de animais

usados no estudo, com a raça e com o método de cálculo da OC (modelo e programa estatísticos usados) (van Grevenhof et al., 2009b; Jönsson et al., 2011). Diferenças na prevalência de OC entre cavalos de diferentes raças e diferentes linhagens genéticas são também uma prova da forte influência genética na OC (Robert et al., 2013a; Blott, 2014)

Muitos autores sugerem que os fatores genéticos são fortemente ligados à predisposição para taxas de crescimento rápido, mas a relação nem sempre é simples e linear e todos os estudos com cavalos indicaram que a OC é hereditária sendo um complexo poligénico peculiar (Philipsson et al., 1993), influenciada também por fatores ambientais. Estudos recentes recorreram ao mapeamento molecular de ADN em diversas raças para confirmar a complexidade genética da doença, mostrando que diversos genes estão envolvidos nas manifestações clínicas de OC em diferentes localizações.

Existem também outros fatores que podem influenciar o valor da heritabilidade como por exemplo o género, o tipo de cavalos (corrida, salto, dressage, etc.), a região onde a raça está inserida, o criador ou a massa corporal (Stock et al., 2006).

É importante traçar o perfil genético de alguns animais e há estudos a ser feitos nesse sentido, com o objetivo de selecionarem os marcadores genéticos para a doença e calcularem valores específicos para as articulações. Assim, pretende-se ajudar os criadores a escolherem o melhor garanhão e as melhores éguas livres de OC e contribuir para o processo de seleção. O melhor processo de seleção contra a OC deveria ter em consideração também o estado das quatro articulações: a femoropatelar, a tarsocrural, a metacarpo-falângica e metatarso-falângica, pela sua heritabilidade (van Grevenhof et al., 2009a). No entanto, é preciso ter em consideração que o fenótipo expressa apenas 25% da parte genética e 75% de fatores ambientais (van Weeren, 2016).

Têm sido usadas novas abordagens e novas técnicas para abordar a doença. O mapeamento genético, a análise de genes candidatos e o SNP (nucleotide polymorphism)

microarrays são alguns dos métodos usados. Os potenciais cromossomas candidatos são

os pares 2, 4, 16, 18, 28 e 30 (Lewczuk and Korwin-Kossakowska, 2012). Encontraram-se múltiplos loci em diferentes cromossomas associados a fenótipos de OC, dependendo do tipo de manifestação de OC, articulação envolvida e raça (van Weeren and Jeffcott, 2013). Sabe-se que 22 de 33 cromossomas estão associados à expressão fenotípica de OC, o que

(29)

confirma o facto de a doença ser bastante complexa e apresentar grandes diferenças de heritabilidade por articulação (Distl, 2013).

Foram também encontrados SNPs no Equus caballus chromosome 3 (ECA-3) que estão associados a OCD, sendo que um deles foi determinado por uma permutação (Corbin

et al. 2012).

Os QTL (quantitative trait locus – porção de ADN que apresenta uma variação de fenótipo) nos ECA 5, 10, 27 e 28 representam áreas para pesquisa futura, estudos de validação e mapeamento. Os resultados do genome-wide association study (GWAS) de OC resultaram do uso de um teste rápido: Ilumia Equine SNP50 BeadChip (Lykkjen, 2010). Este teste rápido contém 54 602 SNP, permite a avaliação de 12 amostras em paralelo e identifica os QLT associados à OC.

Dierks et al. (2007) mostram que localizaram QTLs nos cromossomas 2, 4, 5 e 16 e que os QTLs para OC no boleto e OC no curvilhão sobrepõem-se parcialmente nos mesmos cromossomas, evidenciando que há uma relação genética associada, como já tinha sido afirmado anteriormente.

Foram identificados os QTL para OC e OCD no boleto e no curvilhão de Hanoverianos e South German Coldblood. O QTL no ECA5 para o boleto em Hanoverianos foi aperfeiçoado, e em South German Coldblood foram encontrados genes associados com OCD no boleto no ECA 4 e OC no boleto e curvilhão no ECA 18 (Lykkjen et al., 2010).

Em suma, os estudos genéticos para esta doença têm apresentado resultados pertinentes e poderão contribuir em breve para o processo de seleção.

5.2

Crescimento rápido e condição corporal

Nos cavalos, existem quatro fases de crescimento de acordo com o ganho médio diário: a) do nascimento ao primeiro mês de vida b) de um aos doze meses c) dos doze até aos quinze meses d) dos quinze aos vinte meses de vida. No entanto há uma maior propensão para a OC em poldros com maior tamanho dos seis aos dezasseis meses e com maior ganho médio (Sandgren et al, 1993). A taxa de crescimento, independentemente da parte genética ou da dieta, é positivamente correlacionada com a ocorrência de OC (Donabédian et al., 2006).

Em 2013, Robert et al. concluem que o crescimento rápido foi um fator de risco para o desenvolvimento de doenças ortopédicas, nomeadamente a OC. Contudo a baixa correlação obtida com a condição corporal não suporta a teoria que a sobrecarga biomecânica dos membros se deva exclusivamente ao excesso de peso e aumente o risco de OC (Donabédian et al., 2006).

(30)

10

5.3

Biomecânica

As influências biomecânicas são a única explicação para o facto de haver uma predileção dos locais de lesão bem definida e consistente nas articulações afetadas. Como por exemplo, os locais mais comuns na articulação tibiotársica são as margens medial e lateral da tróclea do talus e o maléolo medial da tíbia; na articulação femorotibiopatelar é a crista lateral da tróclea femoral; e nas articulações metacarpo ou metatarso-falângicas é a extremidade distal do metacarpo III ou metatarso III (Hernández Vidal et al., 2011). Os dados clínicos, experimentais e post mortem corroboram essa teoria (Denoix et al., 2013). Além disso não existem, até ao momento, fetos que apresentem lesões, embora possam existir locais com tecido aberrante durante o período fetal (van Weeren, 2016). E essas áreas de lesão correspondem a locais de maior stress biomecânico (Hernández Vidal et al., 2011).

Outros fatores etiológicos como o exercício e fatores hereditários (através da forte determinação genética para a conformação do animal) estão também fortemente relacionados com a influência biomecânica (van Weeren, 2005).

5.4

Exercício e trauma

O efeito do exercício tem sido controverso em relação à prevalência e severidade das lesões de OC. Tanto há OC em cavalos com acesso a pastos irregulares como em grandes lotes de terreno. Ainda assim estabular o animal de noite e dar-lhe acesso a pastagens difíceis e escorregadias durante o dia é também um fator de risco (Lewczuk et al., 2012).

Alguns estudos demonstram que o exercício reduz significativamente a prevalência de OC em cavalos e favorece a regeneração do tecido. O condicionamento precoce de exercício afeta o número de condrócitos viáveis (Dykgraaf et al., 2008), o conteúdo e a orientação espacial do colagénio da cartilagem articular (Brama et al., 2009a; Brama et al., 2009b) nas articulações metacarpo-falângicas de cavalos jovens Puro-Sangue e de sangue quente. O mecanismo de stress é um importante regulador do metabolismo de condrócitos ( Hernández Vidal et al., 2011). Estudos sobre o impacto na cartilagem articular mostram que a matriz produz alterações físico-químicas que modificam a atividade de condrócitos (Nakano and Aherne, 1988). O exercício não irá prevenir a formação de lesões, no entanto pode beneficiar a regeneração das lesões (van Weeren, 2016).

Nos poldros, verificou-se que o exercício adequado é importante para o desenvolvimento do esqueleto e para o aumento da resistência à lesão. No entanto, o exercício inadequado poderia ser também um fator predisponente para OC, influenciando as propriedades da cartilagem articular (van Weeren, et al., 1999).

(31)

O trauma foi proposto como uma das causas de OC em várias espécies (Bohndorf, 1998; Ekman and Carlson, 1998). É um fator determinante (se for um único evento maior ou um evento menor repetitivo) e responsável também pela manifestação clínica da OC (Robert

et al., 2013; Praud et al., 2013). Contudo o trauma pode causar fraturas osteocondrais e não

OC no sentido estrito (Van Weeren, 2016).

Um plano de exercícios ponderados e adaptados às necessidades e à idade do cavalo irá ser uma realidade promissora no futuro (van Weeren et al., 2013).

5.5

Nutrição

A relação entre a nutrição e a manifestação da OC tem sido alvo de diversos estudos nas últimas décadas. O consumo de energia e os suplementos minerais são o foco principal.

5.5.1 Energia

A taxa de crescimento está fortemente relacionada com o consumo de energia. Savage et al. (1993a) encontraram mais lesões de OC em animais alimentados com dietas ricas em energia (hidratos de carbono e óleo) do que em animais com alimentação com níveis normais de energia. O que indica que dietas com elevados níveis energéticos são um fator predisponente para a OC e o excesso de alimentação em poldros para venda é provavelmente prejudicial para o desenvolvimento esquelético e pode causar problemas clínicos (Hernández Vidal et al., 2011). Contudo (Donabédian et al. 2006) não conseguiram provar o mesmo em cavalos alimentados com dietas normais e dietas que continham 120-130% dos requisitos nutricionais. Além disso, ainda não foi provado que a taxa de crescimento se deva a um elevado consumo de energia ou predisposição genética.

O mecanismo que relaciona o consumo de energia e o aparecimento da OC é a hiperinsulinemia pós-pandrial resultante de uma refeição com elevados níveis de hidratos de carbono facilmente digeríveis. Foi possível induzir lesões na cartilagem por administração de dietas altamente digeríveis (Glade and Belling, 1986; Savage et al., 1993a; Savage et al., 1993b). E os cavalos com OC mostram ter maiores respostas à glicose e insulina quando alimentados com concentrado do que os cavalos saudáveis (Ralston, 1996).

É preciso ainda ter em consideração que as lesões produzidas por dietas ricas em hidratos de carbono nem sempre são similares às encontradas em casos clínicos de OC, nomeadamente as lesões nas placas de crescimento que são raras em casos clínicos de OC (Glade e Belling 1986).

(32)

12

5.5.2 Minerais

5.5.2.1 Zinco, cadmio, cobre

É conhecido há algum tempo que os desequilíbrios minerais podem desencadear lesões músculo-esqueléticas.

O zinco e o cádmio são ambos antagonistas do cobre e um aumento destes minerais pode produzir lesões iguais à OC (Gunson et al. 1982). A suspeita surgiu em coudelarias onde providenciavam aos poldros mais cobre na dieta que o recomendado. O aumento do cobre resultava em menos doenças ortopédicas de desenvolvimento, entre as quais a OC. Por isso, dietas ricas em zinco e cádmio podem provocar uma deficiência em cobre e aumentam assim o risco de se desenvolverem doenças ortopédicas como a OC (van Weeren, 2006).

A privação de cobre como método de reduzir a angiogénese no tratamento de cancro, indica que o extremo défice de cobre interrompe a via usada na deteção e resposta à hipoxia (Lowndes and Harris, 2005; Martin et al., 2005). Esta via é também responsável pela manutenção do suprimento vascular aos tecidos cartilagíneos e pelo processo de ossificação endocondral (Ivkovic et al., 2003), o que determina uma predisposição para o desenvolvimento de OC.

O National Research Council recomenda 10 ppm (partes por milhão) de cobre na ração. Contudo diversos estudos foram realizados e nenhum conseguiu apresentar nenhuma prova definitiva do papel do cobre na OC. Vários estudos com diferentes níveis de cobre nas dietas dos cavalos e a suplementação de cobre em éguas gestantes não resultaram na diminuição da incidência de OC (Pearce et al, 1998b; Gee et al., 2005; Pearce, et al. 1998a). Outro estudo ainda mostrou uma correlação positiva entre os elevados níveis de cobre hepático de um poldro ao nascimento e a tendência para a regressão de lesões, mas isso não se traduziu num efeito positivo no número de lesões desenvolvidas. Contudo há aparentemente um efeito positivo do cobre na reparação de lesões, mas não um efeito direto na patogenia da OC (van Weeren, et al. 2003). Assim, o cobre é apenas mais um fator ambiental que promove a ocorrência de OC, mas não um fator determinante da mesma (van Weeren and Jeffcott, 2013).

5.5.2.2 Cálcio, fósforo e vitaminas

O cálcio mostrou ter pouco ou nenhum efeito na ocorrência de OC, mas níveis de fósforo 4 vezes superior ao recomendado pela National Research Council conduziram a um aumento do número de lesões, que resultaram num aumento de osteoporose e fraqueza das

(33)

placas de osso subcondral (Savage, et al., 1993b). O desequilíbrio na suplementação de cálcio e fósforo, deficiência em vitamina A, C, D e biotina são fatores etiológicos da OC em diferentes espécies (Hernández Vidal et al. 2011).

5.6

Desequilíbrios hormonais

Um estudo observou que dietas ricas em energia e em hidratos de carbono facilmente digeríveis têm uma influência significativa no metabolismo e na função do fator de crescimento semelhante à insulina tipo I e II (IGF-I e IGF-II) no processo de ossificação endocondral (Hernández Vidal et al. 2011). Além disso, a insulina (resultante da dieta rica em energia e hidratos de carbono) estimula a rápida remoção das hormonas tiroideias T3 e T4 de circulação, que estão envolvidas nas fases finais de diferenciação e invasão da cartilagem em crescimento por vasos sanguíneos (Jeffcott and Henson, 1998). Ou seja, teoricamente tanto o IGF-I e IGF-II como as hormonas T3 e T4 são fatores que quando diminuídos contribuem para o desenvolvimento de OC.

A existência de intolerância à glicose e aparente resistência à insulina nos cavalos com menos de 14 meses de idade comparativamente com cavalos com mais de dez anos fortalece a hipótese da hiperglicemia e hiperinsulinemia poderem estar relacionadas com o desenvolvimento de OCD em cavalos jovens (Ralston, 1996). Visto que há maiores níveis de glicose e insulina resultante de dietas ricas nas fases mais jovens e mais suscetíveis ao aparecimento de OCD.

É importante referir ainda que há também uma relação com a idade na hipótese apresentada anteriormente, uma vez que o efeito dos hidratos de carbono nos níveis da hormona da tiroide foi testemunhado nos poldros recém-desmamados mas não com um ano de idade (Sloet van Oldruitenborgh-Ooste, Mol, e Barneveld, 1999).

Por outro lado, um estudo em França confirmou a relação das lesões de OC com os baixos níveis de IGF-I (Fortier, et al., 2005) (van Oldruitenborgh-Ooste et al., 1999), mas não encontraram uma relação entre os níveis de insulina ou os níveis de T3/T4 com as lesões de OC.

5.7

Vascularização

O desaparecimento dos canais da cartilagem e o fim do processo de ossificação endocondral faz com que a nutrição da cartilagem madura se faça exclusivamente pela difusão nutricional do líquido sinovial e uma pequena parte pelo suprimento a partir de vasos procedentes do osso subcondral. Os canais da cartilagem vão desaparecendo com a idade,

(34)

14

diminuindo de espessura, reduzindo também o aporte sanguíneo. Estes fatores constituem uma janela de oportunidade para o desenvolvimento de lesões de OC e a necrose isquémica da cartilagem pode ser um dos fatores de risco de OC (Blott, S. 2014; Carlson et

al., 1995).

Vários estudos, em porcos, avaliaram a vascularização da cartilagem em crescimento, o processo fisiológico de regressão dos canais da cartilagem e os distúrbios que podem causar OC. Mais recentemente, estudos apontam para a hipótese da OC ser causada por dano biomecânico no local dos canais da cartilagem, especialmente em ramos anastomosados que se formam durante o processo de ossificação (Ytrehus et al., 2007). Nos cavalos, os canais de cartilagem estão presentes, como nas outras espécies, e por isso extrapola-se o mecanismo de patogénese encontrado nos porcos para os cavalos. Ainda assim, podem ser encontradas algumas diferenças. Por exemplo nos cavalos não se observam lesões focais de condronecrose como em porcos, nem se encontram canais retidos em cartilagem ainda viável. A retenção desses canais pode ser uma causa para o aparecimento de OC, e não por uma disfunção primária dos canais. A necrose da cartilagem pode ser a consequência e não o fator inicial. O desenrolar destes processos pode levar facilmente a irregularidades e a defeitos no processo de ossificação (van Weeren, 2016). Além disso, foi provado que a presença de canais na cartilagem pode retardar o processo de ossificação em vez de acelerar o processo de ossificação (Haines, 1933).

A vascularização tem em consideração muitos aspetos que o trauma por si só não consegue explicar no processo etiológico da OC. A vascularização apoia-se também no facto de aparecem múltiplas lesões em sítios previsíveis e bilaterais (Lewczuk and Korwin-Kossakowska, 2012).

5.8

Colagénio

Existem duas teorias para a etiopatogenia da OC. Uma delas é a isquémia que resulta da falha na vascularização da cartilagem e a segunda é o papel desempenhado pelo colagénio tipo II na cartilagem (Laverty, 2000).

Em 2000, Laverty e os seus colegas identificaram primeiro um aumento na síntese de colagénio tipo II na cartilagem por mensuração de biomarcador do C-propeptídeo de colagénio tipo II (CPII) no líquido sinovial das articulações de poldros com lesões de OCD. Isto confirmou e alargou a relação positiva significativa entre os níveis de CPII sérico e a severidade de OCD em recém-desmamados (por volta dos seis meses de idade) (Billinghurst et al. 2004).

(35)

Em 2010, (Frantz et al. 2010)e os seus colegas mostraram que os níveis de CPII sérico permitiram uma predileção para a OCD em porcos com 5-6 meses e concluiram que os elevados níveis de CPII são considerados como um bom indicador da presença de OCD em porcos, em concordância com estudos realizados em cavalos.

Estudos independentes da OCD equina no Canadá, EUA e Europa confirmam que os níveis significantes de CPII no líquido sinovial ou no soro em poldros com OCD refletem a síntese de colagénio tipo II na cartilagem. Também suportam a hipótese que a alteração do metabolismo do colagénio pode ter um papel na etiopatogenia de OCD, particularmente quando é reconhecido que há uma ligação entre a síntese de colagénio tipo II e a precoce OCD em porcos (Laverty and Girard, 2013).

Em condrócitos de lesões de cavalos com OCD, foi observado um aumento significativo no gene que expressa o colagénio tipo II, refletindo um aumento da síntese de colagénio (Garvican et al. 2008), Contudo essa relação não é unânime a todas as investigações (Semevolos, Nixon, e Brower-Toland 2001).

O biomarcador CS846, que deteta a síntese e libertação de proteinoglicanos, foi encontrado diminuído no líquido sinovial (Janny C. de Grauw et al. 2006; Laverty et al., 2000) e no soro (Billinghurst et al. 2004) em cavalos com OCD. Contudo, não há diferença dos níveis de CS846 entre porcos com OCD e controlos (Frantz et al. 2010). Além disso, os níveis séricos de CS846 não se correlacionam com as lesões macroscópicas de OCD em poldros, mas correlaciona-se com o total das lesões (Billinghurst et al. 2004).

Há fortes indicações que o colagénio faz parte da matriz extracelular da cartilagem, e não um componente proteoglicano, que é primariamente afetado. O aumento dos níveis de CPII no líquido sinovial é a prova que há um aumento da renovação de colagénio, mas também o aumento dos níveis de C2C, que é um epítopo de um produto resultante da divisão do colagénio tipo II, que indica que o colagénio já foi destruído (Billinghurst, R. C., Dahlberg, L., e Ionescu, M. 1997; Billinghurst et al. 2004).

De acordo com o aumento da renovação de colagénio, há também um aumento da atividade da matriz das metaloproteinases (MMP) e outras enzimas proteolíticas. Verificou-se também um aumento nos níveis de colagenaVerificou-se nos tecidos (MMP-1) e de gelatinaVerificou-ses (MMP-2 e MMP-9) (Al-Hizab et al. 2002; Brama et al. 2004), alterações na distribuição das caseínas B,D e L e um forte aumento da atividade da caseína B em grupos de condrócitos de animais com OC (Hernández Vidal et al.. 1996; Hernández Vidal et al., 1997; Gläser et al. 2003). Outras indicações para a implicação do colagénio nos mecanismos moleculares de OC são as diferenças nas modificações pós-translação do colagénio tipo II (van de Lest et

(36)

16

De acordo com o aumento da renovação de colagénio, os condrócitos da cartilagem com lesão apresentam um maior metabolismo do que os condrócitos retirados de cartilagem sem lesão, numa zona homóloga (van den Hoogen et al. 2003). É provável que o aumento desta renovação de colagénio seja associado ao processo de reparação, em vez de ser a causa primária (van Weeren 2016).

As alterações na síntese e na degradação de colagénio associadas a animais jovens com OCD não têm sido consistentes em todos os estudos. Como o colagénio é uma molécula importante para as propriedades bioquímicas do complexo cartilagíneo da epífise articular (AECC - articular epiphyseal cartilage complex), as alterações metabólicas ou estruturais podem tornar a cartilagem da articulação suscetível a desgaste e lesões. A qualidade do colagénio tipo II ou o seu metabolismo pode ser também determinado geneticamente ou por diferenças na nutrição. Especula-se que o crescimento excessivamente rápido, induzido por uma dieta rica ou geneticamente, pode levar a criação de uma matriz de colagénio que não é suficientemente forte para suportar a integridade dos canais. O rápido crescimento pode ultrapassar a maturação do colagénio. Contudo há muitos estudos que se contradizem e não suportam esta teoria (Ytrehus, Carlson, e Ekman 2007).

6. Diagnóstico

O diagnóstico de OC baseia-se quase sempre nos sinais clínicos e nas evidências radiográficas. No entanto, existem outros meios de diagnóstico como por exemplo, a tomografia computorizada, a ressonância magnética, a cintigrafia, a ecografia, a artroscopia (método invasivo) e a artrocentese e análise do líquido sinovial (Hernández Vidal et al. 2011).

Os biomarcadores podem também ser usados na prevenção para identificar os animais com risco de desenvolver OC. Para estes animais, as condições ambientais podem ser manipuladas para reduzir o máximo possível o risco de OC. Os marcadores genéticos podem ser também uma ferramenta de diagnóstico, mas a complexidade da OC e a grande influência de fatores ambientais fazem com que se tornem uma certeza improvável (Praud et

al. 2013). O futuro passará certamente por esta nova dimensão dos biomarcadores como

uma possibilidade de diagnóstico (Hernández Vidal et al. 2011).

Numa descendência com potencial genético e atlético, um diagnóstico definitivo e precoce de OC não é possível com base apenas no exame radiográfico, visto que o diagnóstico positivo de OC necessita que os poldros atinjam uma idade em que as lesões já

(37)

se encontrem estabilizadas. E por isso, não há grande margem para uma ação profilática e de gestão de raças (Baccarin et al. 2012).

A complexidade da componente genética impede uma solução de diagnóstico simples. É expectado que com a ajuda dos marcadores genéticos se consiga eliminar a doença das populações equinas. Também a política dos livros de raças não pode ser tão exigente: a simples exclusão de cavalos com sinais radiográficos positivos é insuficiente para o progresso da eliminação da doença. A melhor abordagem seria combinar os testes de descendência com evidências radiográficas (van Weeren e Olstad, 2016).

6.1

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos resultantes de um exame físico completo a um cavalo com OC são principalmente a efusão articular e a claudicação. O exame físico deve contemplar também a palpação e manipulação das articulações, exame do animal em movimento, testes de flexão e bloqueios perineurais e intra-articulares.

A claudicação depende da localização e severidade da lesão e também do trabalho realizado. Contudo pode não haver uma claudicação evidente e apenas uma redução da performance. A idade em que se diagnostica varia com a raça (Jönsson et al. 2011). Por exemplo em Warmbloods é aproximadamente aos 3 ou 4 anos e em Puro-Sangue Inglês e

Standerbreds é mais cedo (dependendo da idade em que o animal inicia o trabalho). É mais

raro encontrar manifestações clínicas a partir dos dez anos. Muitas das vezes é apenas associado a um aumento de exercício (van Weeren 2006).

6.2

Radiologia

Este exame complementar é dos mais utilizados para obter um diagnóstico definitivo, juntamente com os sinais clínicos em articulações predispostas ao aparecimento de OC. Além disso, é possível acompanhar o desenvolvimento da doença em termos cronológicos e estabelecer um prognóstico. Como a doença é muito dinâmica e pode haver processos de regeneração envolvidos, é importante este acompanhamento radiográfico. Além disso, as evidências radiográficas podem ser mais precoces ou tardias dependendo da raça e até da articulação. Por exemplo, em poldros PSL, no primeiro e terceiro mês de vida apresentam alterações radiográficas que são consistentes com OC, mas não claudicam (Baccarin et al. 2012).

Por outro lado, os sinais clínicos são geralmente identificados em cavalos com menos de 3 anos, mas por vezes mantêm-se assintomáticos até mais tarde, especialmente se o

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18

Em coudelarias com elevada incidência de OC, o exame radiográfico é importante para um diagnóstico precoce das lesões, mas deve ser interpretado tendo em consideração que existem lesões que podem regredir. Os cavalos não devem ser intervencionados cirurgicamente antes dos 12 meses, uma vez que assistiu-se ao processo de regressão de lesões até aos 12 meses (Baccarin et al. 2012). No entanto pode-se adotar outro plano de exercício e alterar a alimentação.

As lesões de OC são caracterizadas radiograficamente por discretos fragmentos osteocondrais, alterações no contorno da superfície articular como por exemplo aplanamento ou depressão, zonas radiolucentes irregulares no osso subcondral, esclerose em torno das zonas radiolucentes ou remodelação secundária das articulações. As evidências radiográficas de lesões de OC variam com os indivíduos e com a articulação envolvida, tendo já alguns locais predispostos (Distl 2013; Butler, JA, Colles, CE, e Dyson SJ 1993).

É importante referir que as lesões encontradas nem sempre têm um significado clínico e devem ser interpretadas de acordo com os sinais clínicos. Algumas sofrem um processo de remodelação gradual e tornam-se cada vez mais escleróticas (Butler, JA, Colles, CE, e Dyson SJ 1993).

As articulações mais comuns são a metacarpofalângica, a metatarsofalângica, a tibiotársica e a femuropatelar.

Na Tabela 3 encontram-se descritas os locais de predileção onde mais frequentemente se observam lesões nas articulações mais afetadas.

(39)

Tabela 3: Locais de predileção da OC encontradas nas articulações, adaptado de Clinical radiology of the horse (1993).

Articulação Locais de predileção Metacarpofalângica/

metatarsofalângica

Fragmentos provenientes da parte dorsal de face sagital do metacarpo III (MCIII);

Fragmentos provenientes da parte dorsoproximal da falange proximal;

Fragmento osteocondral palmar ou plantar;

Eminência palmar ou plantar da falange proximal não unida; Achatamento dos côndilos do metacarpo ou metatarso. Tibiotársica Fragmentos ósseos no maléolo medial da tíbia;

Fragmentos ósseos no maléolo lateral da tíbia; Crista intermédia distal da tibial;

Fragmentos ósseos do tubérculo medioproximal do talus;

Achatamento do contorno dos bordos medial e lateral do talus com ou sem zonas radiolucentes subjacentes ao osso subcondral.

Femurorotuliana Crista lateral da tróclea femoral; Patela;

Crista medial da tróclea femoral; Sulco troclear;

6.2.1 Projeções radiográficas indicadas para a avaliação das

lesões osteocondrais

No boleto, é importante avaliar a crista sagital do Metacarpo III (MCIII) e Metatarso III (MTIII). A projeção mais indicada é a Latero-Medial (LM), para isso os ossos sesamóides proximais têm de estar bem sobrepostos para se avaliarem corretamente os côndilos - Figura 1 (Butler et al. 2000; Kane et al. 2003). No entanto, em casos em que a sobreposição foi correta e não se consegue avaliar a porção dorsal da crista sagital, basta deslocar a extremidade do membro no sentido cranial para alinhar a P1 e MC/MT, aumentando a exposição da superfície que se pretende analisar (Teixeira 2009). Os aplanamentos da crista sagital sem associação a fragmentos e a lise subcondral podem corresponder a variações radiográficas na anatomia do boleto e não necessariamente a condições patológicas da OC (Becht and Park, 2000). Na Figura 2 está representada uma radiografia oblíqua do boleto.

(40)

20

No curvilhão, é importante avaliar a crista intermédia da cóclea da tíbia, as trócleas lateral e medial do talus, os maléolos lateral e medial da tíbia (McIIwraith and Anthony, 2008). As projeções usadas numa avaliação radiográfica completa são LM, Dorsomedial-Palmarolateral (DM-PL) e Dorsolateral-Palmaromedial (DL-PM) oblíquas (Figuras 3 e 4). Segundo (Relave et al. 2009), das lesões de OC na crista intermédia da cóclea tibial, 82% das lesões foram melhor detetadas na projeção Dorsomedial-Plantarolateral (DM-PL), 10% LM e 8% na D45L-PM oblíqua. Nas lesões da tróclea lateral da tíbia, a projeção que permite uma melhor avaliação é a DM-PL. Para a avaliação das lesões no maléolo medial da tíbia e tróclea medial do talus a melhor é D45L-PM oblíqua.

Na Figura 5 encontra-se uma radiografia latero-medial do curvilhão.

Figura 1: Radiografia LM de um boleto com lesão osteocondral na crista sagital do metacarpo (imagem gentilmente cedida pela Prof. Dra. Rita Fonseca)

(41)

Figura 2: Radiografia oblíqua da articulação metatarsofalângica com a presença de um fragmento osteocondral próximo-plantar à primeira falange (adaptado de Lykkjen et al. 2014)

Figura 3: Radiografia DL-PM da articulação tarsocrural com OCD na crista intermédia distal (1) e na crista troclear lateral do talus (adaptado de Lykkjen et al. 2014)

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22

Figura 4: Radiografia DM-PL da articulação tarsocrural com OCD no relevo intermédio da tíbia (imagem gentilmente cedida pela Prof. Dra. Rita Fonseca)

Figura 5: Radiografia LM da articulação femoropatelar com irregularidades da tróclea (imagem gentilmente cedida pela Prof. Dra. Rita Fonseca)

(43)

6.2.2 Critérios de interpretação:

Os critérios de interpretação das radiografias podem ser subjetivos e ambíguos devido à avaliação realizada por diferentes médicos veterinários e à heterogeneidade dos estudos e projeções. Nesse sentido vários investigadores avançaram com um sistema de pontuação da severidade das lesões.

Dik e os seus colegas em 1999 avançaram com uma classificação de lesões de OC em três locais predispostos que se traduziu numa escala de 0 a 4 e avaliava o contorno do osso, a densidade do osso subcondral e o tamanho dos fragmentos, como se pode analisar na tabela 4.

Em 2013, Denoix et al. avaliaram as lesões de OC baseando-se na severidade de fragmentos osteocondrais e de quistos de osso subcondral juvenil (juvenil subchondral bone cysts – JSBC), bem como a severidade das lesões da epífise e articulações. Para isso, avaliaram o tamanho e posição dos fragmentos e quistos associados à mobilidade da articulação, o contorno do osso, a densidade, arquitetura e proliferação (Tabela 5 e Figura 6) (Denoix et al. 2013). Na Figura 6: Representação esquemática dos diferentes graus de lesão nas diferentes articulações estudadas, adaptado de Denoix et al. (2013), pode-se visualizar esquematicamente os diferentes graus de lesão nas diferentes articulações estudadas, tornando mais fácil a avaliação e categorização do grau da lesão encontrada nas avaliações radiográficas efetuadas.

Tabela 4 Classificação radiográfica de anomalias osteocondrais, adaptado de Dik et al (1999)

Grau Interpretação do contorno Contorno da superfície articular Subcondral Fragmento(s)

0 Normal Arredondado Densidade difusa Ausentes 1 Mínimo Macio aplanado Lucência escurecida Ausentes 2 Médio Irregular aplanado Lucência local evidente

com contornos mal definidos Ausentes 3 Moderado Concavidade pequena, arredondada ou irregular

Lucência local evidente com contornos bem definidos

Pequeno(s) fragmento(s)

4 Grave Concavidade grande

Lucência extensa óbvia e bem definida

Grande(s) fragmento(s)

(44)

24

irregular

Estes dois trabalhos, tanto de Dik como de Denoix, são dois estudos que acompanham o desenvolvimento das lesões de OC em poldros. Este trabalho foi realizado em poldros Dutch Warmbloods, no primeiro caso, e em poldros French Trotters Standardbreeds, Thourghbreds e Selle-Français Warmbloods, no segundo. No entanto não havia estudos do acompanhamento das lesões de OC em poldros Puro-Sangue Lusitanos, nem a avaliação da descendência, apenas estudos de prevalência de lesões.

(45)

Tabela5: Parâmetros e critérios usados para avaliar a severidade das evidências radiográficas nos casos mais comuns de JOCC, adaptado de Denoix 2013 Grau 1 2 3 4 IS 1 2 4 8 AS-OCF do LRFT Concavidade ou aplanamento com SB normal Concavidade (< 20 mm comprimento) ou fragmento (< 10 mm); pode ou não ter ligeira Rm do SB Grande defeito (20 - 40 mm) ou fragmento(s) (10 - 20 mm) com Rm do SB moderada Grande defeito (> 40 mm) ou fragmento(s) (> 20 mm)com Rm SB grave ou displasia da tróclea

PA-OCF do IRTC Aplanamento ou pequeno fragmento ( < 3mm) sem Rm no osso PA Fragmento médio (3 - 8 mm) sem Rm óssea; pode ou não ter deslocamento

Grande(s) fragmento(s) (8 - 15 mm) com Rm óssea moderada; pode ou não ter deslocamento

Grande(s) fragmento(s) (> 15 mm) que se estendem para a superfície articular com Rm óssea grave; Pode ou não ter deslocamento

Articulação tarsal distal

Rm no osso PA OCC em Tc/MT3 mais esclerose; Rm no osso PA

OCC moderada de Tc/T3 com esclerose; Lise SB moderada de DIT/TMTJ; Rm óssea PA

OCC grave de Tc/T3 com esclerose, Lise SB grave de DIT/TMTJ; Rm óssea PA

AS-OCF, osteocondral fragmentation of the articular surface (fragmentação osteocontral da superfície articular); DITJ, distal intertarsal joint (articulação intertarsica distal); IRTC, intermadiate ridge of the tibial cochlea (crista intermédia da cóclea tibial); JSBC, juvenile subchondral

bone cyst (Quisto no osso subcondral juvenil); LRFT, lateral ridge of the femoral trochlea (crista lateral da tróclea femoral); MC/MT3, third metacarpal/metatarsal condyle (côndilo do terceiro metacarpo/metatarso); OCC, osteochontral collapse (colapso ostecondral); OCF, ostechondral fragmentation (fragmentação osteocondral); PA, periarticular; PA-OCF, periarticular osteochondral fragmentation

(fragmentação osteocondral periarticular); PE, plantar eminence (eminência plantar); P1, falange proximal; Rm, remodelação; SB

subchondral bone (osso subcondral); Tc, central tarsal bone (osso central do tarso); TMTJ, tarsometatarsal joint (articulação

Imagem

Tabela  2:  Heritabilidade  da  OC  e  OCD  na  raça  Hanoveriano  Warmblood  nas  diferentes  articulações  adaptado de Dorothea Hilla and Distl, 2014
Figura 1: Radiografia LM de um boleto com lesão osteocondral na crista sagital do metacarpo  (imagem gentilmente cedida pela Prof
Figura 3: Radiografia DL-PM da articulação tarsocrural com OCD na crista intermédia distal (1)  e na crista troclear lateral do talus (adaptado de Lykkjen et al
Figura 4: Radiografia DM-PL da articulação tarsocrural com OCD no relevo intermédio da tíbia  (imagem gentilmente cedida pela Prof
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Referências

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