CENTRO
DE
coMuN|cAÇÃo~
E1-E›>›`<PREssÃo
CURSO
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
LETRAS/LINDUÍSTICA
ÁREA DE
EsPEc|AL|DADEz
SEMÂNTICA-GRAMÁHCA
DE
cAsos
CENAS
BENEFACTIVAS
E
MOVIMENTOS
SEMANTICOS
NO
CONTEXTO DA LINGUAGEM
JORNALÍSTICA
TESE
APRESENTADA
A
UNIVERSIDADE FEDERAL
DE SANTA CATARINA
PARA
OBTENÇÃO
DO
GRAU
DE
DOUTOR
EM
LETRAS - LINGÚÍSTICATEÓRICA
PELA
ALU
NA;A
AVANI
T.CAMPOS
DE
OLIVEIRA
oR|ENTADoRz
PROF. DR.APÓSTDLD
THEDDDRD
NICQLACÓPULDS.
Letras/Lingüística da Universidade Federal
de
Santa Catarina._(P'rofa.
~imm
Cabr
I 'ordenadora
Pâof. Dr. Ap/gâkoçlo
Theodoro
NicoIac`Ê:"¿ulosOrientador
Apresentada á
Banca
Examinadora:>á¿<z,«Â
lã,/t»z,QzLa7§Â×~§r¡>
.Prof. Dr. Apostolo
Theodoro
Nicolacopu osProf. Dr. Irmão Elvo
Clemente
“"\^«\
_
Wvkoijúk
Profa. Dra. Maria Marta Furlanetto
Profa. Dra. Maria da
Graça
A.de
OliveiraProf. Dr. Nilson
Lemos
Lage
Prof. Dr. Heronides Maurílio
de
MeloMoura
tranqüila
da
sociedade violenta e se constituino
grande
mitoque
a soli-dão do
homem
moderno
produziu.Paradoxo
gritanteque
amascara da
ordem
consegue
esconder.Mas
alinguagem
é isto? Estaremos, então, parasempre
encerradosna
inutilidade
do
esforcoque
searredonda
no
deja'-vu?Ou
e poss/'ve/levar o véu
da
objetividade e atras dele descobrir 0segredo de
uma
ideologia?
Privilegiar o
eu
como
centro idea/da
criatividadedo
homem,
que
alinguagem
é estigma,ou
favorecer o outronum
desdobramento
so-cial,
de
que
alinguagem
é garantia,não
seria disfarçar amesma
in-genuidade
com
mascaras
diferentes?Não
haveria,na
linguagem, elementosque
permitissem estadenún-
cia?
E
se sim,como
faze'-/o?Nossa
tentativa éde cometer
um
gesto nesta direcao.Car/os Vogt
Linguagem. pragmática e ideologia
Ao
meu
orientador, Prof. Dr. Apóstolo T. Nico/acópu/os, pelaforma democrática
com
que sempre se ateve nas discussões, in-centivando a busca da interface,
bem
como
as incursões, nãoraro, nebulosas nos meandros da semântica e da pragmática;
À
Prof”. Dra. Maria Marta Fur/anetto - porto seguro a quesempre recorri nos
momentos
crlticos - por sua grandezacomo
profissional e
como
serhumano;
Ao
Prof. Dr. NilsonLage
- o grande mestre. cujas aulas ratifica-ram a crença e acalentaram o sonho de ser professor - pela hon-
ra de ter sido aluna
em
duas oportunidades;Ao Prof. Dr. /rmäo E/vo Clemente, da PUC/RS. responsável pela
minha formação acadêmica e profissional, ainda que pese a sua
pedagogia veneziana, a
quem
devo o que aprendi a ser/fazer debom;
Aos professores e colegas do Curso de Pós-Graduação
em
Lin-güística da UFSC,
com
que convivi ao longo de quatro anos eque.
em
algummomento,
fizeram parceria nessa trajetória;em
especial aquelas que se tornaram amigas: Suzana, Marlene, Na-
ra, Gessilene e Luisa; -
Aos colegas
do DECLAVE,
do Instituto de Letras da UFRGS, doqual faço parte, pela colaboração na ausência desses quatro
anos; e, na condição de bolsista - PICD -, agradeço
também
àPROPG,
em
especial, à Roseti Pires Flores pela atenção que sem-pre
me
dispensou;A
todos, marido, filhos, familiares, amigos, que de algumaforma colaboraram,
compreenderam
e apoiaram. dispensando asCE/v/is BENE/-'ACT/VAS E
M0
V/MENTO; SEM/i/vr/Cos /voCONTEXTO DA
L/NGUAGEM
Jofi/VAL/sr/CA:O
presente estudotem
como
hipotese básica arelativização dos casos - papéis semãnticos - a cenas, a recortes de situa-
ção,
no âmbito
da gramática de casos. Para tanto, ancora-se nanoção de
cenas
de
Fillmore,expandindo
sua abrangênciacom
vistas a dimensionaruma
articulaçãode
carater pragmático-discursivo, compatívelcom
asperspectivas
de
analise e de interpretação aque
se propõe.Os
postulados de Benveniste, Hjelmslev,Van
Dijk, Parret,Maingueneau,
Halliday, Ducrot,Lage, Furlanetto, Orlandi, entre outros, são
agregados
aos de Fillmore eao
Mode/0
Casualda
UFSC, a fim de subsidiar as imbricações necessarias parapromoção
e sustentação da interface pretendida. Aqui fica constituí-do
um
investimento teorico-metodológico,em
cujo espaço são estabeleci-das as instãncias materializadas
como
macrocenas, dentrodo
universojornalístico,
onde
estarão abrigadasn
m/crocenas, objeto específico destaabordagem. Sendo
focalizadas, exclusivamente, as m/crocenasque
seenunciam
como
benefactivas, o trabalho considera oenunciado
como
si-nônimo
de
macrocena
e interpreta am/crocena que
colocano foreground
o verbo-predicador
do
campo
B (benefactivo), e oque
atuacomo
coadju-vante na interação pragmatico-discursiva
do
enunciado,mas
permanece
no
background
da microcena. Paralelamente, investe nos percursos meta-fÓricos desvelados nos interditos enunciativos e
que
são flagradoscomo
via
de duas
mãos: dos verbos-predicadores basicosem
direção as trans-formações
de
sentido,que
constituem outroscampos
semãnticos, e dosverbos-predicadores dos outros
campos
semãnticosque
se metaforizamem
direção
ao
campo
(B) Benefactivo, tendocomo
referência o espaço enun-ciativo configurado nas macrocenas.
À
luz dessa perspectiva, as neo/og/'asde
sent/do tantopodem
se estabelecer a partir da polissemia: variaçãode
sentido dentrodo
mesmo
campo
semântico,como
do
processode
metafo-rização: assinalando a transposição de sentido para outros
campos
semân-
_
BENEFACTIVE SCENES
AND
SEMANTIC
MOVEJVIENTS INTHE
CONTEXT
OF
JOURNALISTIC
LANGUAGE:
The
basic hypothesis of this study is therelativization of
meaning
to scenes in the context of casegrammar
theory. It is based
upon
Fillmore”s notion of scenes, with its scopeextended to enable an articulation of a pragmatic-discursive nature,
consistend with the
proposed
analysis and interpretation_The
postulates of Benveniste, Hjelmslev,Van
Dijk, Parret,Maingueneau,
Halliday, Ducrot, Furlanetto, and Orlandi,among
athers, areadded
to those ofFillmore's theory
and
UFSC'S
casegrammar.
model
to allow thenecessary imbrications for the support of the intended interface. In so
doing, a theoretical
and
methodological investment is carried out, inwhose
space the instances are materialized as macroscenes, within thejournalistic universe, were' “n” microscenes will be sheltered, the latter
being the object of this approach. This study will exclusively focus
upon
Benefactive microscenes; it considers the utterance
synonymous
withmacroscenes, and interprets the Benefactive
microscene
as that scene inwhich
the verb-predicator of the benefactive semanticdomain
isforegrounded, but also considers
what
assists in the pragmatic-discursiveinteraction of the utterance
which
remains in thebackground
of themicroscene. This study also invests in the metaphorical routes unveiled
in the enunciating process
viewed
as atwo-way
street:from
B
(benefactive) basic verbs-predicators towards other semantic domains, and
from
verbs-predicators of other semanticdomains
towards theB
1NTRoDuçÃo
... ._ 1cAPiTuLo 1 - PREssuPosTos TEÓR1cOsz
NA
BuscA
DA
1NTERFAcE ... .. 51.1 -
CONCEPÇÃO
DE DISCURSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 17 1.2 -CONCEPÇAO
DEPRAGMATICA
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 26 1.3 -CONCEPÇÃO
DE SE1v1Á1\1T1cA ... .. 33 1.3.1 - GRAMÁTICA DE CASOS ... .. 48 1.3. 1. 1 - Ouadro teor/co ... .. 481.3. 1.2 - Teoria dos casos não-man/festos ... _. 62 1.3. 1.3 - Causativ/'zação ... .. 65
1.3. 1.4 - Teoria de va/énc/as ... .. 68
1.3. 1.5 4 Sistema casual: Mode/o da UFSC ... .. 71
1.3.1.6 -Noção de cenas .. ... .. 76
1.3. 1.7 - Caso benefacr/vo ... .. 84
1.4 - cONST1Tu1ÇÁO
DO
PROCESSO
META1=ÓR1cO ... .. 881.5 - cONsT1Tu1çÃO
DO
TEXTO
JOR1\1A1_ísT1cO ... .. 931.ó - ART1cu1_A<;ÃO
DO
QUADRO
DE RE1=ERÊ1\1c1A TEÓR|cO-1v1ETODOLOG1cO 97 CAPÍTULO 11- METoDo1.o<s1A ... ._ 105 2.1 -CARACTERIZAÇÃO
DO
CORPUS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1062.2 -
OPERACIONALIZAÇAO
DOS TERMOS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 110 2.3 _ DEF1N1çÁO DAS EsTRATÉG1AS ... .. 11óI-SUM I/I2/98
CAPÍTULO 111 -
PROCESSO
DE ANALISE ... _.3.1 - ANA1_1SE
CONTEXTUAL
...._
3.1.1 - CONTExTO ECONÓ1v11CO E 1=RED1CACOES BENEEACT1vAS
... _.
3.1.2 - CONTEXTO POUT1CO E PRED1CACOEs BENEFACTNAS
... ._
3.2 - ANAL1sE
CASUAL
... ._3.2.1 - CENAS Dos CONTEXTOS ECONÓMICO E POLíT1CO ... ..
3.2.2 - PROCESSO DE ANÁLISE - PERSPECTIVA CASUAL ...
__
3.3 -
APRECIAÇÃO DOS RESULTADOS
. . . . . . . _ . . . _ . . . _ . . . _ . _ . . ._
CAPÍTULO IV - LIMITES
DA
INTERFACE ..._.
4.1 -
ABRANOENCIA
DOS
CAMPOS
TEÓR1COS ... _.4.2 - LIMITES
DA
PROPOSTA
. . . . . . . . . . _ . _ . _ . . . _ . . . . _.
CAPÍTULO
V
- MATERIAIS INSTRUCIONAIS ... ._5.1 -
D1MENSOES
DA
GRAMATICA
DECASOS
... ._5.1.1 - ARHCULACÃO TEOR1CO-1v1ETODOLO‹31CA ... _. 5.2 - ATIVIDADE PRÁTICA ... _. 5.2.1 - ANALISE CONTE×TuAL ... _. 5.2. I _ I - Contexto económico ... ._ 5.2. /.2 - Contexto po//tico ... _. 5.3 - ANALISE
CASUAL
. . . . _ . _ _ . . . . . ._-_ . . _ . . . . . . . . _ . . . . . . _ . . . . _ . . _ _ . _ . _.5_3.I - ANALISE CASUAL CONTEXTUALIZADA: CONTEXTOS ECONOMICO E POLÍTICO
5.3.2 - ATIVIDADES DIVERSIFICADAS ... _.
5.3.2. I - Análise qua//tat/'va de textos pub//c/tar/'os ... _.
5.2.2 - Ap//cação das alternativas teórico-metodo/Óg/cas da gramática de casos ..
CONSIDERAÇÕES
FINAIS ... .. ZOOREFERÊNCIAS B|B1.1OGRA1=1cAs ... _. 204
FIGURA I - INSTÂNCIA ENUNCIATIVA . . . . . . . . . ..
FIGURA 2 -
QUADRO
DA PROJEÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA ..FIGURA 3 - ÁREAS DE CONHECIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
FIGURA4 -/'\ROUIVO . . . . . . . ..
FIGURA 5 - PLANOS DO DISCURSO ... ..
FIGURA Ô - TRIPARTICAO DA SEMIÓTICA . . . . . . . ..
FIGURA 7 - ATOS DE FALA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
FIGURA 8 - PARADIGMA . . . . ..
FIGURA 9 - SISTEMA INTERATIVO ... ..
FIGURA IO - ESTRUTURA SEMÂNTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
FIGURA I 1 -
MODELO
MATRICIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..FIGURA 12 - CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS . . . . . . . . . . . . . . . . ..
FIGURA I3 - TIPOS DE VERBOS . . . . . ..
FIGURA I4 - MATRIZ DE CI-IAFE . . . . . . . . . . ..
FIGURA I5 ~ CASOS NÃO-MANIFESTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
FIGURA ló - MATRIZ DE COOI< (REvIsADA) ... ..
FIGURA I 7 -
MODELO
CASUAL DA UFSC . . . . . . ..FIGURA I8 - EVENTO COMERCIAL . . . . . ..
FIGURA I9 - PROCESSO METAFÓRICO . . . . . . . ..
FIGURA 20 - ÚUAS TRIADES . . . . . . ..
I-SUM 1/12/98
F|GuRA 22 - ART|cuLAÇÃo Do TEXTO JoRNAL1sT|co . . . . . . . . . . . . . . . . ._ 98
F|c5uRA 23 - PERCURSO DA |NTERFAcE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . _. 100
F|GURA 24 - ARTICULAÇÃO TEÓRICO-METODo|_Ó<3|cA . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 103
F|GuRA 25 - CAMPO SEMÁNTICO BENEFACTIVO . . _ . . . . . . . . . . . . _ . . . . . . . . . . . . . .. 128
F1GuRA 26 - VERBos-PRED|cADoREs BENE|=AcT|vos DE sENT|Do BAs|co . . . . . . . . . . .. 134
FIGURA 27 -' ENUNCIADOS METAFORIZADOS/11 DO CAMPO B (BENEFACTIVO) PARA OS
OUTROS CAMPOS . . . . . . . . . . . .. 135
F|GuRA 27 - ENuNc|ADos METAFoR1zADos/2: Dos
oumos
cAMPos EM DIREÇÃQ AoTABELA I - PREDICADORES BENEFACTIVOS DE SENTIDO BÁSICO . . . . . . _ . . _ _ . . . . _ . . . . . ._ 175
TABELA 2 - METAFORIZAÇÃO DO CAMPO SEMANTICO B PARA OUTROS CAMPOS
. . _ _ . . . . . . _. 175
TABELA 3 - METAFORIZAÇÕES DE OUTROS CAMPOS SEMÂNTICOS PARA O B
. _ . . . . . _ . _ _ _ . _ . . _ _. 176
Parece clara a relevãncia dos estudos
que
sedesenvolvem na
áreada linguagem,
em
especial osque
preconizam
a articulação entre a teoriae a pratica.
A
educação
é assumida por Freire (1982)como
um
atode
co-municação,
por isso o ensinoda
língua precisa ancorar-seem
investiga-ções
que
levem
em
conta a interaçãodo
sujeito-enunciadorcom
ocom-
plexo sÓcio-histórico
de
que
faz parte.Ainda
que tenham
sido inúmeras asbuscas nesse sentido, a maior parte dos estudos dedicados ã língua,
em
especial
na
área acadêmica, continua privilegiando oenfoque
teÓricoem
detrimento
do
pratico, oque
torna urgente a necessidadede
encarar ede
assumir
que
o verdadeiro sentidode
uma
pesquisa se consolida nas con-tribuições
que pode
legar para a aplicaçãono
ensino.Na
década de
80,Rubem
Alves (1985),numa
incursão românticaem
que
tentavachamar
a atenção dos 'mestres' para a agonia daeducação,
dizia:
”Oue
me
dêem
uma
boa razão para que os jovens se apaixonem pelaciência. Para isso seria necessário que _os cientistas fossem
também
contadores de estórias, inventores de mitos, presenças mágicas
em
torno das quais se ajuntassem cr/'ancas e adolescentes, a seme/hanca
do f/aut/sta de Hame//n, feiticeiro, que tocava sua flauta encantada e
OS FNE/7/l70.S' 0 SEQU/8/77...
Todo o /n/cio contém
um
evento mágico,um
encontro de amor,um
| Ê
1/
É ai' que nascem as grandes paixões, a dedicação as causas, a discipli-
na que
põe
asas na /'mag/nação e faz os corpos voarem. O/ho paranossos estudantes e não
me
parece que seja este o seu caso. E e/esme
dizem que os mitos nãopuderam
ser ouvidos.O
ru/do da guerra eo barulho das
moedas
era forte demais.Ouanto
a flauta parece queestava desafinada.
O
mais provavel é que o f/autista se tivesse esque-cido da me/odia...
Ao
que
tudo
indica,quando
o professor coloca a 'vestimenta'de
pesquisador,
quase
seesquece da
melodia. Estaabordagem
tem o
propo-sito
de
dimensionar `o estudo dalinguagem na
imbricação da semânticacom
a pragmática,ancorada
no
âmbito discursivo,porquanto
entrecruzapontos convergentes dessas áreas
com
vistas â interface. Nesse sentido,adota
como
objetode
análise as cenasde
nuanças
benefactivasque
seconstituem
no âmbito da linguagem
jornalística, representadas pelos con-textos
econômico
e politicodo
eixo Porto Alegre, São Paulo e Riode
Janei-ro.
Os
universos referidos são institucionalizadoscomo
macrocenas,que
abrigam as microcenas, e é sobre estas
que
incidirá a análise, jáque
asmesmas
detêm
os verbos-predicadoresde nuanças
benefactivas,que
serão interpretadossob
duas perspectivas:em seu sentido básico e nas metafori-zações -
do
campo
B (benefactivo)em
direção a outroscampos
semânti-cos,
bem
como
dos outroscampos
semânticos, metaforizando-seem
dire-ção
ao
B (benefactivo).Dada
a naturezado
trabalho, delineou-se,como
hipótese básica. o fatode
que
a relativização dos significados (expressos através dos casos:papéis semânticos) a cenas, a recortes
de
situação, assumirámelhor
eficá-cia
com
a articulação das teoriasde
caso--
no
contexto semântico-
na
dimensão
pragmático-discursiva, a fimde
viabilizar seja a interpretação daspredicações básicas, seja a das metaforizadas,
bem como
aque
se refere àsneologias
de
sentido, alargando as condiçõesde percepção do
contextointerativo
_
no
caso, o jornalístico-,
onde
novos
efeitosde
sentido sãoproduzidos a
cada
dia. ~A
opção
feita aquipode
ser justificada por várias razões, dentre asverbos-liíi
1;..
predicadores B (benefactivos) na língua portuguesa;
de
não
se ter referên-cias sobre as possíveis metaforizações dos verbos-predicadores B lbenefac-
tivos) ditos basicos
como
ter, ganhar, receber,pertencer
dar, entregar,doar, distribuir, etc.;
bem
como
a analise e aplicações mais acuradasda
noção de
cenas.A
partir disso, o trabalho focaliza o aspecto pragmático,que
traz a tonaum
gênero
discursivo integranteda
língua viva, o jornalís-tico.
A
esseempreendimento,
associa a perspectiva metodológica decor-rente
da
articulação teÓrico-metodológica,do
processode
analise-
con-textual e casual --,
culminando
na elaboração dos materiais instrucionais,onde
sera concretizada a aplicação da gramáticade
casos, aindaque
res-trita à configuração das
cenas
eao
campo
semânticodo
B (benefactivo),subsidiados pelo
Modelo
Casualda
UFSC.Esta projeção
impõe que
o trabalho adoteuma
linhade
organizaçãocriteriosa,
no
sentidode
assinalar o encontro dos leitorescom
a significa-ção
do
contextoda
abordagem
aqui proposta. Assim, esta projetadano
primeiro capítulo a tentativa
de
articulação teórico-metodológica, respal-dada
pelaampla
literatura existente acercado
assunto;o
segundo
capítuloda conta da metodologia, organizada ã luz dos pressupostos integrados,
que
fornece a linha operacionaldo
trabalho, incluindo a descriçãodo
Pro-grama
computaciona/
TDS-GC/97-8,bem como
a definiçãode
estratégiaspara sua consecução; o terceiro capítulo traz_o processo
de
analise propri-amente
dito,que
sera feitocom
base na articulação promovida; o quartocapítulo veicula
uma
espéciede
satisfaçãoao
leitor, poistem
o propósitode
estabelecer os limitesda
interface,dando
conta dos pontosconvergen-
tes etambém
daquelesque
seapresentam
como
Óbices, devido a sua na-tureza; finalmente, o quinto capítulo que, praticamente,
contem
um
dosmomentos
mais gratificantesdo
trabalho: os materiais instrucionais,onde
esta constituído
um
espaço
pedagógico, configurando-se aí o aproveita-mento
do
que
foi investigado, éuma
especiede
'colheitaem
tempo
bom
(ou habil)'; isso, a
meu
ver, conferemelhor
sentidoao
trabalho.Para encerrar,
busco
outrapassagem do
f/autista feiticeiro,na
tenta-i8
il/98
e' esta a pergunta que estou fazendo:
que magico dentre nós,
sera capaz de conduzir o fogo
do.amor
pela ciéncia?Oue
estóriascontamos para explicar a nossa dedicação?
Oue
mitos celebramos quemostrem aos jo vens o futuro que desejamos?
Ah/
É
isto. Parece que as utopias se foram. Ciências e cientistas já nãosabem
mais fa/ar sobre esperanças. SÓ lhes resta mergulhar nos deta- lhes do projeto de pesquisa - porque as visões que despertam oamor
e os s/mbo/os que fazem sonhar desapareceram
no
arcomo
bolhas desabão /.../.
/nteressante. Estes eram mitos que diziam de amor, harmonia, felici-
dade, estas coisas que fazem
bem
a vida e invocam, sorrisos.Ouem
não se alistaria
como
sacerdote de tão bela esperanÇa?".Todos,
com
certeza,responderão
positivamente. É oque
pretendo
.
com
o
trabalho: falarde
discurso,de
semântica_
dentro destada
teoriade
casos-,
ede
pragmática.`Mas, sobre tudo, reuni-lasnum
contextoprodutivo,
que
possa contribuir para oensinoe
para a pesquisa.CAPÍTULO
|g
PRESSUPOSTOS
TEORICOS:
NA
BUSCA
DA
INTERFACE
"
A
teoria /ingú/st/ca, por necessidade interna, é /evada a reconhe-
cer nao apenas 0 sistema /ingú/stico .em seu
esquema
e uso,em
suatotalidade assim
como
em
seus detalhes,mas também
ohomem
e a sociedadehumana
presentes na /inguagem e, através de/a, a atingir odom/nio do saber
humano
em
sua tota/idade.Com
isso a teoria da/inguagem atingiu a fina/idade que se tinha atribu/do ”.
Louis /-/je/ms/ev
O
presente estudo se inscreveno
âmbito das ciências sociais e foca-Ilza a
noção
de
cenasno
contexto dalinguagem
jornalísticado
eixo PortoAlegre, São Paulo e Rio
de
Janeiro.Considerando
oque
esta' perspectiviza-do
nas referidas cenas, buscarei explicitar a constituição dosenunciados
benefactivos nos
cenariosque
implicam os contextoseconómico
e políticodos jornais
Zero
Hora, Fo/hade
S. Paulo eO
G/obo. Isso se efetivará atra-vés
de
três focos semânticosi verbo-predicadorde
sentido basicono
campo
das cenas recortadas; verbo-predicador metaforizado a partir
do
campo
benefactivo; e verbo-predicador
de
outroscampos
metaforizando-seno
campo
benefactivo.Os
trêsmovimentos têm
como
lugarde
repouso ascenas, seu
ponto de
origem,de expansão
ede chegada.
l IB 2/QE
enunciação,
à discursividade,impõe-se
anecessidade de
estabelecera associação
dos
terrenos teorico-metodológicos, a fimde buscar
ainterface entre eles.
Dessa
forma, a teoriade
casos e osmodelos
ca-suais desenvolvidos,
que
seencontram
representados
no
Mode/o
Ca-sual
da
UFSC-
adotado
neste trabalho-,
terãode
se articularcom
princípios estabelecidos
em
outroscampos,
como
o discursivo e opragmático.
Com
vistas aassegurar maior amplitude na
prospecção
das teorias
de
casos, é possível consolidarnão apenas
a descriçãodos
usos,mas
também
aprodução
dos
efeitosde
sentidoque
resul-tam
dascondutas
humanas
nos
contextos sócio-interativos,em
espe-cial os
que
ocorrem
na
mídia impressa.Exige-se a referência
ao
sistema lingüísticocom
focono
plano
da
significaçãopor
ser elaque
assegura
a estrutura e a funcionalida-de da
língua.As formas
e os sentidos são definidosuns
pelos outros,no
plano da
realização,sendo alíngua
entendida
como
uma
para-digmatica
cujoselementos
semanifestam dispersivamente por toda
aextensão
do
sistema. ~O
fenômeno
da
significação instaura-se atravésda
relação en-tre a
representação de
um
enunciado
e ade
seu
referencial informa-tivo, pois a
linguagem, além de
configurar oconjunto de
relaçõesnecessárias
que
envolve
a esfera racional,também
articulao conjun-
to das aspirações
manifestadas
pelavontade
individual.Os
fatoresque
constituem
a significaçãopostulam
o atode
dizer,supondo
apresença dos enunciadores:
enunciador-enunciatario; a partir daí, os atosde
fala seconcretizam
com
base
na
subjetividadedos enuncia-
dores, ou,
em
outras palavras, constitui-se oprocesso comunicativo,
que
implica,na dinâmica
social,uma
relação intersubjetiva.Carlos
Vogt
(l980:74,
passim) afirmaque
anoção de
signolingüístico,
em
Saussure, é tão ricaquanto
contraditória,na
medida
em
que
sereduz
auma
noção
substantiva e categoricaque
perde
de
vista
ojogo
efetivode produção
da
significaçãona linguagem, onde:
signos, e sua lógica
não
pode
ser outrasenão
a lógicada
comunica-
ção
ideológica, isto é, a lógicada
interação semióticado grupo
soci-al".
A
significação resultade
alternâncias interativas a partirdas
quais se enriquece,
ampliando
as perspectivas polissêmicasda
lin-guagem,
com
vistas a subsidiar oprocesso de metaforização
e, a par-tir dele, a
produção de novos
efeitosde
sentido.O
problema
da
significação estavinculado
ao
criterioda
pres-suposição
nas relações semânticas,onde
fica clara a relevânciados
fatores externos â
linguagem
na
composição
globaldo
sentido.Du-
crot
(l977:l39)
adverte que:"As indicações sobre o va/or iiocucionai não são, a/ias, os únicos eie-
mentos, nas significações, a conter
uma
alusão à enunciação. Há,com
efeito,
um
número
muito grande de morfemas, torneios .frásicosou
expressões que
sem
serem i/ocucionais, nãopodem
ser descritos se-não
em
re/ação a orientação pragmática do discurso, ao confrontodos interlocutores e ao seu
modo
de agir sobre o outro pela fala" /gri-fo meu/.
Parece claro que,
no
âmbito da
comunicação,
fica pressupostaa interação entre o
conteúdo
materializado, as referências contextu-ais
que
ele veicula e as inferênciasque
osenunciadores
podem
as-sumir,
tendo
em
vistao
universoque
integram.A
Figura imostra
como
se processa tal articulação.O
processo
enunciativodeve
considerarque
alinguagem
cons-titui
uma
atividade integradano complexo
culturalde que
osenun-
ciadores
fazem
parte.Os
enunciados
produzidos,quer
inscritosno
âmbito da
oralidade,quer
no
da
escrita, re-ve/amo
conhecimento,
alógica
de
suaorganização mental
ede
sua habilidade expressiva,de
tal
forma
que
estabelecem
uma
espéciede
fiocondutor,
assinalandoa coerência entre o
que
reside nas instâncias enunciativas-
suporte
contextual
-
e aquiloque
esta postono
plano
textual-
discursomaterializado
-,
além
de
fundamentar,
com
eficácia, os posiciona-IIB
/12/98
de
que
o significado transitano
contexto da
comunidade
lingüística,de forma
aresguardar
o caráter socializadoque
reside e qualifica asdimensões
da
línguaem
uso.iNsTÃNc|A ENuNciATivAI iNsT|Tu|ÇÃo coGN|T|vA I ' CONTEXTO DE REFERÊNCIA | l PREssuPos|¢ÓEs |NFEReNc|As
FIGURA
1-INSTÂNCIA
ENUNCIATIVA
| TE×To
-› “Pos¬ro"
I
I l
Essa interação
pode
sermelhor
explicitada a partir das conside-rações
de
Bakhtin (1992: 95).Quando
analisa a relação entre língua,fala e
enunciação,
afirma ele que:'...na prática viva da //ngua, a consciência /ingú/stica do locutor e do
receptor nada tem a ver
com
um
sistema abstrato de formas normati-vas,
mas
apenascom
a linguagem no sentido do conjunto dos contex-tos posslveis de uso de cada forma particular /.../.
Na
rea/idade, nãosão palavras o que pronunciamos
ou
escutamos,mas
verdadesou
mentiras, coisas boas
ou
mas, importantes ou triviais, agradáveisou
desagradáveis, etc.
A
palavra está sempre carregada deum
conteúdoou de
um
sentido ideológico ou vivencial.É
assim que compreende-mos
as palavras e somente reagimos aquelas que despertamem
nósressonancias ideológicas
ou
concernentes a vida ”.Mais adiante
no
capítuloem
que
tratada
interação verbal(op.cit.:l 12-3), o autor faz
colocações
que
seafinam
com
a linhaepistemológica
ecom
as expectativas deste trabalho:"...
O
mundo
interior e a reflexão de cada iridiv/duo têmum
auditóriosocial próprio
bem
estabelecido,em
cuja atmosfera se constróem suasdeduções interiores, suas motivações, apreciações, etc. quanto mais
aculturado for o indiv/duo, mais o auditório
em
questão se aproximarainter-/ocutor idea/ não
pode
ultrapassar as fronteiras deuma
c/asse e deuma
épocabem
definidas /.../.A
pa/avra é 0 territóriocomum
do /o-cutor
edo
interlocutor”.A
partir dasproposições
referidas, torna-se relevantedimensio-
nar a
concepção
de
texto,porquanto
os sujeitosnão
secomunicam
através
de
palavras/signosou
mesmo
de
frases, mas, sim,de
textos.O
recortecompreende
uma
síntesedos
tÓpicosfundamentais dos
modelos de
analise textual e discursiva:“Conta-se
num
texto pe/as marcas que a//' se encontram, não só aqui/oque é narrado. Todo 0 texto é
uma
superposição de contares. Conta-se
num
texto, pe/as marcas que a/i se encontram, a história deuma
cu/tura, do sistema de idéias que a sustenta, do sujeito produ-
tor/produto, de
um
contexto histórico.É
a história de desejos e pode-res, da vida e da morte, do part/'cu/ar e do social”.
Nessa
perspectiva, ficadimensionado
como
texto oproduto
materialdo
processo
constitutivoda
significação_
o discurso.O
tex-to é, pois,
o
resultadoda
semiose, isto é,da função
contraída entrea
expressão
e oconteúdo,
eresguarda
asmarcas
que detém
pelofato
de
se vincularao
processo enunciativo. `Assim,
o
textoassume
o estatutode
signo
e,consequentemen-
te, estã prevista a possibilidade
de
que
contraia relaçõesdo
mesmo
tipo
das
que
se instituem pelo signo: internas, entreconteúdo
e' ex-pressão, e,
no
interiorde
cada
plano, entreforma
e substância; e ex-ternas, entre
um
texto-
especialmente o
textode
notícia--
etodos
os textos
produzidos
num
dado
sistema semiótico. Tais relações po-dem
serde
dois tipos: sintagmãticas,que
vinculam
um
texto atodos
os outros
que
oprecederam
e osucederão
na
cadeia sintagmática, eparadigmãticas,
que
dão
conta das
relaçõesde
um
textocom
o con-junto
de
textosque
seconstituem
n_o seuparadigma,
ou,melhor
di-zendo,
no
seu universo discursivo.É necessário enfatizar
que
a constituição das ciências-
especial-instaurando transformações
em
seus limites e associações . Orlandi(l9%:
24-5) considera a Análise
do
Discurso (deagora
em
dianteAD)
uma
disci-plina
de
entremeio eargumenta
que:A
AD
produzum
outro lugar de conhecimentoem
sua especifici-dade.
Não
é mera aplicacao da /ingú/stica sobre as ciências sociaisou
vice-versa.
A
AD
se forma no lugarem
que a linguagem tem de ser re-ferida necessariamente a sua exterioridade, para que se apreenda seu funcionamento, enquanto processo significativo. Nessa remissão, o
conhecimento da linguagem fica a cargo da linguistica, e o da exteri-
oridade, a cargo das ciências sociais.
Como
se aAD
ficasseno
meio,como
uma
interdiscip/ina, beneficiada pela relação da /ingú/sticacom
as ciencias sociais.
Não
é assim. Eu diria, antes, que aAD
e'uma
espé-cie de antidisciplina,
uma
desdisciplina, que vai colocar questões dalinguistica
no campo
de sua constituição, interpe/ando-a pela histori-cidade que ela apaga do
mesmo
modo
que coloca questões para asciéncias sociais
em
seus fundamentos, interrogando a transparênciada linguagem sobre a qual elas se assentam ”.
A
AD
estadimensionada
como
um
campo
de
referência teóricoque
se constrói,
notadamente,
sobreconcepções de
linguagem,de
sujeito ede
sentido
que
são respaldadas pelomarxismo
e pela psicanalise. Éexatamen-
te essa constelação, esse arquétipo imbricado,que
lhe possibilitaabranger
os
meandros
da
ideologia, dacultura e dos conflitos sociaisque
se abri-gam
na
história,envolvendo
as condutashumanas, ao
mesmo
tempo
tãoricas e tão tensas. E ainda: o mais relevante a ser assinalado é
que
aAD
permite resgatar esses conflitos
porque
eles estão materializadosna
signifi-cação
que
se projeta através da linguagem.Os
textosem
geral, especialmente osde
natureza jornalística, preci-sam
serpensados
à luzde
sua história,uma
vezque
sÓha
textosem
terre-nos
que
já se tornaram lugares controladosde
discurso. Vale lembrar osobjetos
de
acordo, caracterizados por Perelman (I977), o auditório socialreferido por Bakhtin (op. cit.), para verificar as evidências
de que
os critéri-os
de
coercibilidade efetivamentefuncionam
e orientam as relações hu-manas no
contexto social. Disso decorreque
enunciadores e enunciatãriosconheci-98
mentos no
âmbitode
suacomunidade.
A
inserçãodo
sujeito-enunciador, nesse universo, levaem
conta suacompetência
comunicativa, que, aliadaao
conjuntode
fatoresque
per-formam
o contextode
interação social, confere a esse sujeito a capacidadede
transformar, aperfeiçoar edesvendaro
mundo
através da linguagem.O
fenômeno
da comunicação
pressupõe as funções /deac/ona/, interpessoa/ etextual, assinaladas por Halliday (1976)
como
imprescindíveisno
entrecru-zamento
comunicativo, considerando sua abrangência, relação e especifi-ddade.
Funções
/deacional -› Sentido Cognitivo
l .
intençao (enunciaçao)+ manifestaçaolenunciado)
-› Modalidades
i
circunstâncias lcontexto)+ estilo (níveis lingüísticos)
lnterpessoa/
Textual _» Manifestação
l
texto (posto / pressupostos)+ contexto (universo de refe-
réncia)
Nesse
esquema,
a primeira função correspondeao
sentido cognitivoou ao conteúdo
proposicional das frases; a segunda, às diferenças,ou
modalidades; e a terceira, à forma
como
a estrutura gramaticalou
entona-cional das frases as relaciona entre si,
em
textos contínuos, eem
vista dassituações
em
que
são usadas. Todavia, acomunicação
efetivapromove
so-breposições; por isso, certas variações estilísticas
podem
transitar entre asfunções textual e ideacional,
mas
essaconjunção
contribui para a consis-tência informativa
do
conteúdo, veiculado. Aqui, o privilégio ficacom
amanifestação,
com
suaprodução
e aconsequente
compreensão
pelos in-terlocutores.
Para
que
a buscada
interface se viabilize, é necessario aliarao
que
já está posto as contribuições incontestaveis da pragmática, que, examina-
ne-cessidade
de
se levarem
conta o papeldo
falante na análise dos fatosda
linguagem. Este trabalho postula a constelação da pragmática da enuncia-
ção,
conforme
a explicitaçãode
Parret (1988),que
focaliza a relaçãode
dependência
com
o contexto,onde
a articulação dos fatoresde
diferentesordens se associam
também
com
adimensão
discursiva.Na
mesma
direção,caminham
os estudosde
Possenti (l99ó:7l-84)que,
ao
abordar a questãoda
pragmática na análisedo
discurso, a ela atribuium
estatuto enunciativo. Tal fatopode
ser corroboradocom
a se- guinte reflexãodo
autor,que
traduzcom
eficácia as expectativas destaabordagem:
”... Para exemplificar a releva'ncia da pragmática, ou seja, daqueles
ingredientes que são de responsabilidade do fa/ante que participa de
um
evento discursivo /.../_ Bakhtin /1972/, que não desconhecia Freude é
uma
das fontes a partir das quais foi constituida a versão de Au-thier-Révuz relativa a herogene/'dade do discurso.
Podemos
/erem
Bakhtin passagens
como
as seguintes, nada 'estruturalistaflno
sentidode que, embora privilegiando o social, o histórico, o ideológico e o
outro, não transforma o eu, 0 autor, o leitor
em
meros vetores, luga-res,
nem
destitui a enunciação de seu caráter circunstancial, apesarde considerar que o diálogo é algo que ocorre mais propriamente en-
tre locutores: 'o verdadeiro meio da enunc/^ação', onde ela vive e se
forma, é
um
p/uri/ingú/stico dia/ogizado,anónimo
e socialcomo
a /in-guagem
mas
concreto, saturado de conteúdo e acentuadocomo
enunciação individual /p. 82/. /A
palavra da lingua éuma
palavrasemi-alheia. Ela sÓ se torna 'própria'
quando
o falante apovoa
com
sua intenção,
com
seu acento,quando
a domina através do discurso,torna-a familiar
com
sua orientação semãntica e expressiva /p. 100/ ”.A
dimensão
pragmática inscreve oenunciador
no
contexto sócio-interativo
de
que
participa,no
qual se torna integrantedo
processode
construção
da
própria história ede
seutempo.
O
fenômeno
dacomunica-
ção se articula a partir da intencionalidade
do
enunciador
(locutor), que,de
possede
um
conjuntode
valores inscritosno domínio do conhecimen-
to socializado entre os integrantes
da
comunidade
lingüística, ingressana
perspectiva
do
universo situacional e circunstancialque
pretende,do
qualOs
aportes teóricos aqui referenciadospodem
instaurar sua relaçãode
compatibilidadecom
o auxílio da semântica,porquanto
todas as pros-pecções indicadas
mantém
estreita relaçãocom
o sentido. Isso ocorrena
visão estruturalista,
onde
o significado é vistoem
contrastecom
o
signifi-cante e
em
relação a outros significados,na
mesma
cadeia sintática;mas'
também
está presente na visão pragmático-discursiva,em
que
o sentido é(concebido
como
aquiloque
seproduz semanticamente
quando
a línguaestá
em
uso. Disso resulta o fatode
que
o sentido-significação permeia asrelações lingüísticas,
independentemente de
sua filiação teórica,ou
mes-'mo
da
áreaem
que
se inscreve, pois a significação é inerente â condição da expressividadehumana.
As relações semânticas apreendidas pela teoria
de
casosproporcio-nam
-
na
complementaridade
desta interface_
contribuições valiosaspara a captação dos efeitos
de
sentidoque
se instalam nos enunciados,enquanto
partesde
um
todo maior, jáque
o
contexto identifica a instânciaenunciativo-discursiva a
que
osmesmos
estão vinculados e â luz das cir-cunstâncias
em
que
estão efetivamente constituídos.A
gramáticade
casos traduz oempreendimento
da
semântica relaci-onal e oferece
um
aparato teórico-metodológicode grande
relevância parao estudo pragmático-discursivo da linguagem. Transitando
em
contextospolissêmicos, a gramática
de
casos, atravésdo Mode/0
Casualda
UFSC,institui
uma
abordagem
inovadora.Enquanto
preserva todos os investi-mentos
que
o precedem,
utilizando-oscomo
alicerce fundante,também
seabre às perspectivas pragmáticas e discursivas,
uma
vezque
sepropõe
a'focalizar os
enunciados
da línguaem
uso, representados,em
grande
par-te, pela imprensa escrita. Disso decorre a necessidade
de
expansão, pois,nessa diversidade contextual, a gramática
de
casos capta a quantidade etambém
a qualidade-
efeitosde
sentido_
dosargumentos
envolvidosnos enunciados, favorecendo a interpretação mais
abrangente
dos senti-dos ali manifestados.
No
interior dessas injunções,há
um
sistema casual,composto de
cir-U8
Ê/'98
cundam
o verbo-predicador, respectivamente: agente, exper/enc/ador, be-nefactivo, objetivo, /ocat/vo, tempora/, com/tarivo e no//'st/co. Esse sistema
viabiliza a
percepção de
uma
especiede
trans/toque
a constelaçãode
sen-tido,
gerada
no
textocomo
um
todo,empreende
nosenunciados
que
ointegram.
O
presente estudo objetiva explicitar anoção
de
cenas e, a par-tir destas,
ou
melhor, a partirdo
que
é perspectivizadono
interiorde
cadacena, estabelecer a constituição dos
enunciados
com
nuanças
de
sent/'dobenefactivo,
que
representaum
dos casos_
o
benefactivo-
que
compõe
o sistema casual, abrigado pela teoria
de
casos.Sua
origem remonta
'àdécada de
sessenta,ao
ano
de
1968,quando
Charles J. Fillmore expressa sua reação ã gramática transformacional
de
Chomsky,
apontando
suas objeçõesao modelo-padrão
(1965), especial-mente no
que
respeita a def/'n/ção das funções.O
nívelde
análiseem
que
as relações gramaticais,
como
sujeito e objeto,eram
definidasnão
lhe pa-recia suficientemente profundo.
O
sujeito era subcategorizado,no
âmbitoda gramática transformacional,
como
SN
(sintagma nominal),dominado
di-retamente pela S lsentençal; e o objeto,
como
o
SN dominado
peloSV
(sintagma verbal). .
Fillmore postula
que
asnoções de
sujeito e objeto manifestam so-mente
relações superficiais, poisum
sujeito, neste nível,não
precisa neces-sariamente corresponder
ao
sujeito lÓgicoda
oração.A
partir daí, esboçasua teoria dos casos profundos,
entendendo-a
como
relações s/ntat/'cassemant/camente
re/evantes (1977: 281-2). Nessas relações profundas éque
são compatibilizados os papéis dos participantes,bem
como
suas rela-ções
com
o verbo.A
gramáticade
casos enuncia a significação efetiva dosargumentos
que
se associamao
verbo-predicador epreenchem
os lugares vaziosque
ocircundam, levando
em
conta o contextode
referênciaem
que
eles se lo-calizam.
Os
elementos
postosem
perspectivadominam
acena
que
se evi-dencia,
enquanto
os outrospermanecem
como
coadjuvantes,mas
conti-nuam
integrando a instância enunciativa, da qual a parteque
foi perspec-l'8
A
teoria focaliza os verbosde
uma
línguacomo
seu objetode
estudoespecífico, estabelecendo
uma
subcategorizaçãode acordo
com
os papéise
com
osesquemas
casuaisque
possibilitam a identificação da va/énciasemântica
do
verbo.A
noção
de
va/éncia perspectiviza a relação entreforma e
conteúdo
na globalizaçãode
seus constituintes_
comunicação,
exteriorização e significação
-
gerando
os diferentes efeitosde
sentido;mas
mesmo
nesse imbricamento, o verbo-predicador configura-secomo
oponto
centralda
estrutura.Do
ponto de
vistado
uso
da linguagem,conforme
Oliveira(l995:52), .
”/.../ todos os enunciados acontecem
num
discurso dado, e, parauma
exp/oração semântica das potencia/idades de
uma
/ingua, é precisonão confinar os enunciados a dados iso/ados, mas estuda-los
como
discurso, levando
em
conta os fatores pragmáticos e discursivos quepossibiIitam~a produção e a interpretação de tais enunciados /gr/'fo
meu/"
É, portanto. sob a perspectiva contextual
que
sepodem
efetivamen-te captar os efeitos
de
sentidoque
seconstroem
eque
tornam
a línguaum
organismo
vivo,constantemente
renovável pela práxis sÓcio-interativa.A
Figura 2 evidencia a projeção teórico-metodológica até aqui im-plementada, apresentando-a
de forma
sintetizada.Ainda
que
pese toda a dificuldade dessa articulação, ela se faz ne-cessaria para funcionar
como
suporte efetivoem
processosde
analiseque
pretendam
focalizar a linguaem
uso. ,Ao
analisar osfundamentos
ético-políticosda
interdisciplinaridade,Félix Guattari (l992:l9-26) ressalta que: ~
”/l questão da interdisciplinaridade se des/oca do dom/nio cognitivo
para os dominios sociais, po//ticos, éticos e até
mesmo
estéticos /.../.As ciências humanas, sob a égide de
um
paradigma cientifico,ou
maisexatamente cientificista, se esforcaram por e//'minar sistematicamente os fatores subjetivos de responsabi/idade e engajamento
II8 I/I2/98
PROJEÇÃO
TEÓRico-METoDo|_ÓGicA
i coNTExTuAi_|zAçÃo -› |Ns'rÃNciAs ENuNciAT|vAs I
CAMPO cA|v|Po
EcoNÓM|co Poi_ITico
ZERO HORA FOLHA DE O GLOBO
PORTO ALEGRE SÃO PAULO RIO DE JANEIRO
DISCURSO -) PRAGMÁTICA -› TEXTUALIZAÇÃO
ARTICULAÇÃO DAS CENAS ENUNCIATIVAS
CONSTITUIÇÃO DE PROPOSIÇOES BENEFACTIVAS
sENT|po(s) METAFoR|zAçÓEs
sAs|co(s) 8*
i
EXPANSÃO NEoi_oG|A DE
SEMAN-ricA "' sEN1'|oo
DiMENsÃo DiscuRs|vA / coNTExTos /
LINGUA EM uso
FIGURA
2 -QUADRO
DA
PROJEÇÃO
TEÓRICO-METODOLÓGICA
Parece necessário, além
de
assinalar o propósito deste estudo, rein-tegrar e articular todo o conjunto
de
fatoresque
performam
a significaçãonas relações
humanas,
considerando-ocomo
coadjuvante das atuaçõesdos enunciadores nas suas manifestações discursivas.
Os
sujeitos-enunciadores, a seu tempo,
constroem
a históriada humanidade,
e as ge-rações
que
sesucedem,
em
tempos
varios,passam
amargem
dessa histó-ria
como
senäo
lhes fosse permitido constituir-secomo
sujeitos. .A interfaceque proponho
acalentao
sonho de
que
oenunciador deve
ser sujeito atu-s
/ 7°
1.1
_
CONCEPÇÃO
DE
DISCURSO
O
discurso édimensionado
por Orlandi (l994:295)como
um
objeto nistÓrico cuja materialidade específica é a linguística. É nessa perspectivaque
se verifica a relaçãocomplexa
entre o lingüístico e o discursivo, entrea lingüística e a análise
do
discurso. Por essa razão, aAD
focaliza os pro-cessos
de formação
discursiva, levandoem
contao
imbricamento existenteentre o processo
de produção de determinado
discurso e as condiçõesem
que
ele é efetivamente produzido.Este trabalho
assume
o discursocomo
unidade
pragmática, conce-bendo-o
em
duas
acepções: objeto teÓrico definido e objeto específico.Como
objeto historico, aAD
engendra-secomo uma
disciplinade
entre-meio, cingindo cultura e ideologia; e
como
o
objeto específicoda
AD
é odiscurso, e
não
a língua, é preciso levarem
conta o lugar socialem
que
algo é dito, para
quem
é dito eem
que
circunstâncias é dito.A
unidade de
análise é
o
texto, entendidocomo
unidade
qualitativaque
apreende o
conjunto
de
significações contextuais;o
texto e o discurso se equivalem,mas
em
diferentes níveisde
concepção.O
texto será aqui focalizadocomo
a
unidade
complexa de
significação, consideradas as suas condiçõesde
produção;
ou
seja,como
uma
unidade de
análise pragmática,que
levaem
conta o fato
de
ser significativaem
relação asituação discursivaque
repre-senta. '
Maingueneau
(l993) adverteque
a naturezado
discurso é essenci-almente argumentativa, pois busca, a partir da posição
do
locutor, a im-plementação de
estratégias para influenciar e-ou transformar a Óticade
seus destinatários. Assim, a análisede
textos/enunciados/recortesdeve
subsumir a
dimensão
discursiva, isto é, oponto de
articulação dos proces-sos ideológicos e dos
fenômenos
lingüísticos,além
dos aspectos destaca-dos a seguir: '
a)
o quadro
das instituiçõesem
que
o
discurso é produzido,que
de- limitam fortemente a enunciação;IB
_"/"-F8
nos discursos;
c) o
espaço
próprioque
cada discurso configura para simesmo
no
interior
de
um
interdiscurso.Dessa forma, o recorte é estabelecido
em
função
do
contextode
produção; ele
não
pode
ser traçado apriorística e automaticamente, jaque
precisa assegurar a relação entre as representações textuais materializadas
e as instâncias enunciativas
de
que
provém. É issoque
resguarda a inte-gridade discursiva e
mantém
a relação contextual.Considerando
que
as configurações ideológicasdeterminam
o assu-jeitamento dos interlocutores, impõe-se
que
o discurso sejapensado na
perspectiva interacional,
que
traduza as relaçõesdo
sujeito-enunciadorcom
seumundo
ecom
sua linguagem.Os
indivíduos são capazesde
apre-ender
as diversasnuanças de
sentidoque
se estabelecemno meio
em
que
vivem; elesconseguem
distinguir ape/os, declarações, coerções, pedidos,etc.; assim sendo, as instâncias enunciativas são compartilhadas através
de
um
estatuto hierarquicamenete socializado, razão porque
fica ressaltada acompreensão
entre os participantesdo
ato comunicativo.Os
percursos dialeticosdo
sistema culturaltêm
papel relevantena
vida dos participantes
de
dada
comunidade
lingüística, poiscongregam
uma
multiplicidadede
elementosque
extrapolam o sistema lingüístico, de-terminando
oimbricamento-de
fatoresheterogêneos
que
semostram no
ato
da
enunciação. Por essa razão, os postuladosda
AD
levamem
conta osplanos articulados
como
marcas de
subjetividade, os referenciais cognitivosdos sujeitos,
bem como
oscomponentes
ideológicosque
subjazem
às cir-cunstâncias
que
envolvem
o discurso, objetode
estudoda AD.
Com
base-nas investigaçõesde Maingueneau, Brandão
(I994) afir-ma
que, a partir das operações textuais,que buscavam
uma
lógicade
en-cadeamento
transfrásticos, foi superada a perspectiva filosóficaque
até en- tãodominava
os estudos lingüísticos. Tal contribuição,que chegou
com
osformalistas russos, se confronta
com
a visão dos estruturalistas, cuja ÓticaiíD
/03.”-PW
e qualquer relação -contextual. Posteriormente, os estudos
de
Harris, co-nhecidos através da obra D/'scourse Ana/ys/s (l952) assinalam o
marco
ini-cial
da AD.
Seus postulados,porém,
se limitavam a estender os procedi-mentos
teórico-metodológicosda
lingüística distribucional americana, apli-cados ãs unidades da língua, aos enunciados, excluindo as referências
contextuais e as interações sócio-comunicativas.
Em
termos distintos seencontram
as investigaçõesde
Jakobson
(1979) e
de
Benveniste ll'-776) sobre a enunciação. Esses autores, dentreoutros,
passam
a inscrever o sujeito falantecomo
entidadeque
carregamarcas
relevantesque imprimem
influências expressivasno
signifazer dis-cursivo.
A
nova dimensão
sócio-interativa passa, então, a integrar o elencodas reflexões, nas perspectivas européias acerca da
AD.
Considerando
a linhade
prospecção europeia sobre aAD,
Orlandi(l98ó:lO5-26) esclarece
que
a teoriado
discurso,ao
se constituir: sepretende
uma
teoria críticada
linguagem", tantoem
relação às interpreta-ções mecanicistas
do
racionalismo,como
face à configuração idealista,caso distorçam a
concepção
ideológica da línguano
âmbito
daAD.
E, re-correndo a
Pêcheux
(l975), a autora apresenta a distinção entre as trêstendências (ou épocas) mais expressivas dessa trajetória:
a) a formalista-logicista:
com
princípios estabelecidos a partirda
es-cola
chomskyana;
b) a tendência histórica: compatível
com
a teoria da variação.que
resguarda as contribuições sociolingulsticas;
c) a tendência
da
lingüísticada
fala (ou da enunciação): liga-se à_ lingüística
de
estilo e dialógica, instituindoojogo
de
confrontos eestabelecendo
uma
relaçãode
força entre elas.Com
apredominância da
primeira sobre as outras duas, oque
se re-flete nas diferenças metodológicas, a
AD
explora as contradiçõesque
severificam entre elas.
Paralelamente, Robin (l977:90) analisa o sentido
do
termo
enuncia-repre-senracões, atrelada à
concepção de
ideologiano quadro do
materialismo historico.Na
visãodo
autor, o progressoda
AD
deve
ser delineado,cada
vez mais,
ao
lado da interdisciplinaridade, pois a culturanegemõnica
de
universos isolados
não
sedeve
cristalizar;uma
vezque
é nos universos pa-ralelos
do
lingüístico edo
socialque
precisa serpensado
o estatuto dasrelações entre a
ordem
do
discurso e aordem
sócio-histórica.A
articulaçãodo
processo discursivo repousa sobre as condiçõesde
possibilidadeque
seinscrevem
no
contexto da enunciação.Ao
examinar
a constituiçãodo
obje-to discursivo
em
Foucault, Robin (op.cit.: 92-ó) destaca os elementosque
compõem
o objeto daAD,
explicitando-osda
seguinte forma;a) as estruturas
que
dão
contado
discurso;b) as condiçoes
de
possibilidadeda
psicologia;c) a coerência implícita
de
uma
percepção;d) a delimitação
de
um
novo
espaço;e) as condições
de
possibilidadede
um
novo
campo
específico;f) a reorganização
do
espaço.O
entrecruzamento desses fatores sustenta o nívelde complexidade
do
plano discursivo, conferindo-lhe fisionomia peculiar e específica; e, apartir dela,
o
discursopode
se re/acionarcom
osmais
diversoscampos
do
conhecimento
humano,
sem, entretanto,com
eles se confundir. Essascondições
asseguram ao
discursouma
configuração linguístico-ideológicaque
mantem
seumodo
de
existência, conferindo sentido e relevânciaao
que
é ditoem
determinadaépoca
eem
determinado
lugar, jáque
traduzas expectativas e as manifestações dos sujeitos
que
constroem
a história. Énessa imbricação
que
o sujeito se constituicomo
agente
e participante efe- tivona
relaçãomundo-linguagem
e, por conseqüência, passa a atuar críti-ca e produtivamente nas transformações sócio-culturais e ideológicas
de
seu
tempo.
A
associação entre língua, discurso e ideologia traduzo engajamen-
to