Educação para a
sustentabilidade na RDSE Ponta
do Tubarão:
sequência didática –
Ecossistemas costeiros
Josivan Fernandes de Araújo Junior
Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo
Natal, RN – 2019
Apresentação
Olá, professores!
A sequência didática contida neste material instrucional é fruto da dissertação “A sustentabilidade em Espaços de Educação não-formais: possibilidades pedagógicas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT)”, produzida no curso de pós-graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGECNM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A finalidade do material é servir de apoio aos professores da área de Ciências Naturais no processo de ensino-aprendizagem.
Embora a sequência aqui proposta tenha sido trabalhada na RDSEPT há a possibilidade de que seja trabalhada em outros ambientes com as devidas adaptações, uma vez que os ambientes abordados são comuns em várias partes do nosso estado e do país. Levando em conta a “crise planetária” é importante que os professores se atentem para trabalhar os problemas dentro da perspectiva da sustentabilidade.
Além de sugerir uma proposta para aulas, este produto também descreve as trilhas ecológicas que são atualmente realizadas na reserva e ainda indica algumas possibilidades para seu uso no contexto do ensino de Ciências.
Este material está estruturado com um breve aporte teórico sobre a Educação para o Desenvolvimento Sustentável em Espaços de Educação não-formais e, sobre a RDSEPT. Em seguida, apresenta 5 (cinco) trilhas ecológicas: trilha do morro do Bento, trilha dos campos dunares, trilha aquática, trilha das falésias e trilha dos olheiros.
A Sequência de Didática está dividida em 11 (onze) aulas de 50 (cinquenta) minutos e foi inicialmente desenvolvida em uma turma do 7° (sétimo) ano do ensino fundamental. A intenção é sensibilizar os alunos para os problemas relacionados aos ecossistemas costeiros locais e ensinar sobre sua biodiversidade e importância. As atividades contemplam questionário diagnóstico, aula de campo na trilha dos olheiros, produção de exsicatas e uso de textos de divulgação científica (TDC).
Desejamos que este material seja útil! Obrigado!
SUMÁRIO
Sumário
Educação para o Desenvolvimento Sustentável em
Espaços de Educação não-formais
--- 4
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual
Ponta do Tubarão
--- 6
Conhecendo as trilhas ecológicas da RDSEPT---7
Trilha do morro do bento--- 8
Trilha dos campos dunares--- 9
A trilha aquática --- 10
A trilha das falésias --- 11
A trilha dos olheiros
--- 12
Sequência de aulas: Mais proteção a Biodiversidade
--- 13
Aula 1 ---14
Aula 2, 3, 4 e 5 --- 15
Aula 6 e 7 --- 19
Aula 8 e 9--- 20
Aula 10 --- 20
Aula 11--- 20
Anexos
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Educação para o Desenvolvimento Sustentável em Espaços de
Educação não-formais
Nas últimas décadas grande parte da comunidade científica tem alertado a sociedade para as sérias ameaças ao futuro da humanidade. Devido aos grandes problemas ambientais que estão acontecendo, tais como poluição, mudanças climáticas, esgotamento de recursos naturais, perda de biodiversidade, falta d’água, extrema pobreza, dentre outros. O planeta vive, pois, uma “verdadeira crise planetária” e nesse contexto surge e se desenvolve o conceito de sustentabilidade.
Em 1987 foi lançado o relatório Nosso futuro comum sendo conhecido também como relatório de Brundtland. Nele, pela primeira vez na história apareceu o termo “desenvolvimento sustentável” que veio com o seguinte entendimento: “está nas mãos da humanidade tornar o desenvolvimento sustentável, durável, limpo, garantir que ele atenda às necessidades do presente e não comprometa a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades”.
Mais recentemente, em setembro de 2015, na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável), os líderes de governos e de Estado de 193 países adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (Figura 1).
Figura 1 – ODS
A abordagem já bem estabelecida intitulada de Educação Para o Desenvolvimento Sustentável ou Educação para a sustentabilidade (EDS) auxilia os estudantes a tomar decisões informadas e terem ações responsáveis para assegurar a integridade ambiental, a viabilidade econômica e uma sociedade justa para as gerações presentes e futuras.
Compreende-se que a educação científica precisa de atividades que propiciem a conquista do letramento científico e, consequentemente, da participação cidadã. Devem ser realizadas atividades que orientem os estudantes a pesquisar problemas sociais como o aquecimento global, a poluição, dentre outros aqui citados, de modo alinhado com a proposta dos três eixos estruturantes do desenvolvimento sustentável: o econômico, o social e o ambiental (figura 2)
Figura 2 – Eixos estruturantes do desenvolvimento sustentavél
Fonte: (WWF) 2018)
Dessa forma, entende-se que há grande proveito na relação de complementariedade, entre os espaços formais e não-formais. Contudo, para além dessa necessidade, e diante do contexto de crise planetária, o uso relacional entre as duas abordagens assume um caráter emergencial. Acredita-se também, que ambos os processos educativos mencionados podem estar permeados pelas práticas da EDS, para que assim se reflita melhor na sociedade.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do
Tubarão
No estado do Rio Grande do Norte, entre os municípios de Macau e Guamaré está localizada a Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT). A aproximadamente 180 km de Natal (capital do estado), possui uma área de aproximadamente 12.940 hectares, onde abrange as comunidades pesqueiras de Diogo Lopes, Barreiras e Sertãozinho (pertencentes a Macau) e as comunidades agrícolas de Mangue Seco I e II e Lagoa Doce (pertencentes a Guamaré) (IDEMA, 2004APUD BARBOSA, 2012).
A RDSEPT, até ser criada foi permeada por lutas e pela união das comunidades de Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho. Isso, para que o referido ambiente não viesse a ser ocupado por grupos de empresários hoteleiros de fora do país. A intenção destes era de interferir nos ecossistemas, na biodiversidade e nas atividades tradicionalmente desenvolvidas na área, como por exemplo, pesca artesanal estuarina, ameaçando-as de destruição.
Há grande diversidade de ambientes apresentada na reserva: porção marinha, caatinga, restinga, estuário, manguezais, dunas e falésias estando inseria dentre as áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, sendo considerada de importância biológica muito alta.
Conhecendo as trilhas ecológicas da
RDSEPT
7
Figura 4: distribuição das trilhas pelos ambientes da RDSEPT
Fonte: adaptado do Google Earth pro
Atualmente a RDSEPT conta com 5 (cinco) trilhas ecológicas que, segundo Cunha (2006 p. 43) tem como tônica principal “o turismo interpretativo/contemplativo, pedagógico e científico, além, claro do associado ao lazer e descanso”. As trilhas perpassam a diversidade de seus ambientes: a trilha das falésias, trilhas dos olheiros, trilha do morro do Bento, trilha dos campos dunares e trilha aquática pelo estuário, esta última trilha pode ser feita pelo percurso principal como demonstrado na figura 2 (dois) ou pode ser feito por entre as gamboas do manguezal tendo a possibilidade de se visitar suas ilhotas.
1. Trilha do morro do bento Cara professora, professor
A trilha do morro do Bento possui um percurso de aproximadamente 1,5 km (um quilômetro e quinhentos metros) de extensão se somado o percurso de ida e volta e tem seu caminho bem aberto e curto. Sendo assim, é uma boa dica para quem quer uma trilha pequena de fácil realização e ainda por cima de várias possibilidades pedagógicas como se verá a seguir.
Logo de no início do caminho, chama a atenção a problemática do lixo. Aqui há a possibilidade de ser abordada levando em consideração suas consequências ambientais, que envolvem a saúde, a economia, e a qualidade de vida das comunidades dentre outras dimensões.
Outo ponto importante dessa trilha, que poderá ser trabalhado no ensino de Ciências, é o local onde há a presença de restos de árvores fossilizadas o que caracteriza a duna do morro do Bento como um sítio arqueológico.
Ainda pode ser abordada a questão dos impactos ambientais causados pela implantação de parques eólicos (figura 3). Sabe-se que é importante a difusão de fontes de energias renováveis, porém a discussão acerca dos seus problemas socioeconômicos e ambientais se faz muito necessária.
Figura 3: dunas fixas por restinga e Quixabeiras e ao fundo os Aerogeradores
Fonte: autor
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2. Trilha dos campos dunares Cara professora, professor
Desta vez, a trilha é um tanto maior. Possuindo aproximadamente 8km (oito quilômetros) de extensão, somado o percurso de ida e volta. O início do percurso é bem aberto, mas alterna em alguns momentos com um caminho estreito de pouco amis de 1m (um metro) na medida que se adentra por entre a mata de caatinga. Devido ao seu longo percurso e as dificuldades enfrentadas como as subidas e descidas de dunas essa trilha é considerada de difícil realização.
Ao longo do pecurso encontra-se espécies como: Mandacaru (Cereus jamacaru), xique-xique (Pilosocereus gounellei) também conhecida como lastrado ou alastrado e Facheiro (Pilosocereus pachycladus) cactáceas arbustiva e arbórea respectivamente. São utilizadas como forragem, após retirada dos espinhos. A utilização dessa vegetação como forrageira se faz muito presente no cotidiano das comunidades, se configurando uma possibilidade de trabalhas, não só do ponto de vista ecológico, mas do social e econômico.
Nessa trilha, fica evidente o grande impacto ambiental por entre a vegetação causado pelo piçarro que foi usado para abrir imensas estradas para os parques eólicos alteração acarretando em intensa transformação no ambiente.
Após passar por uma vegetação intensa de caatinga a paisagem da trilha mais uma vez se transforma e chega-se na parte que inspira o nome da trilha, os campos dunares formados por dunas móveis e lagoas interdunares (figura 4)
Figura: dunas moveis e lagoa interdunar
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Figura 4 – parques eólicos ao fundo
3.
A trilha aquática
Possui um percurso de aproximadamente 10 km (quatro quilômetros) de extensão se somado o percurso de ida e volta. Como dito anteriormente, se o trajeto escolhido for por entre as gamboas há a possibilidade visitar as suas ilhotas. O trajeto é realizado pela gamboa do Alagamarzinho, por meio de pequenos barcos a motor, pois alguns trechos são estreitos (figura 5). O acesso as ilhas é difícil, as mais acessíveis são a ilha da Missa e ilha dos Cavalos e, ainda assim, é preciso andar pelo solo lamoso do mangue por alguns metros.
Há também o acesso pelo canal principal do Rio Tubarão. Este último sendo de mais fácil realização permitindo o uso de maiores embarcações.
Nessa trilha é possível observar vários exemplares de mangue vermelho, branco e preto bem desenvolvidos
Há a possibilidade de se abordar a ecologia das espécies vegetais típicas que ocorrem na região da RDSEPT, compreendendo suas adaptações ao ambiente, padrões reprodutivos, distribuição de propágulos.
Nessa trilha ainda é abordado pelos condutores/guias locais a história de crimes ambientais. A partir destes, as comunidades se organizaram em prol da proteção do ambiente transformando-o em reserva ambiental.
Figura 5 – trecho estreito na Gamboa do Alagamarzinho
4. A trilha das falésias
Seu percurso é de aproximadamente 2,5 km (dois quilômetros e quinhentos metros) de extensão se somado o percurso de ida e volta. Seu ponto inicial é uma paisagem que inspira o próprio nome da trilha e o que se vê são as falésias de Chico Martins (figura 6). A trilha é considerada de fácil realização.
Logo no primeiro ponto da trilha pode se observar a Prosopis juliflora conhecida popularmente como Algarobeira ou Algaroba. Há a possibilidade de se abordar suas características morfológicas de resistência, bem como, as vantagens e desvantagens desse vegetal exótico que se espalhou pelo Bioma da caatinga.
Há também nessa trilha espécies de mangue Avicennia schaueriana popularmente conhecido como mangue-preto ou siriuba que apresenta tronco geralmente de cor castanho-clara.
Figura 6 – Início da trilha das falésias
Fonte: autor
5. A trilha dos olheiros
Possui um percurso de aproximadamente 4 km (quatro quilômetros) de extensão, em percursos somados deida e volta. Seu caminho é aberto, sendo então considerada de fácil realização. Geralmente seu início ocorre por sobre as dunas fixas, num local onde há o que se conhece na reserva como “olheiros”, nome designado as nascentes decorrentes dos fluxos de águas subterrâneas acumuladas nas dunas.
Uma possibilidade é trabalhar a dinâmica hídrica do ambiente e, por conta disso, a relação de interdependência entre os ambientes de dunas e manguezal.
Em relação aos impactos ambientais os principais estão por conta do esgoto doméstico, descartado diretamente no estuário sem que haja algum tipo de tratamento e o lixo doméstico as margens do ambiente.
Nesses ambientes se têm as possibilidades a partir do reconhecimento das relações que ocorrem na natureza, ratifica-se a forma como o ser humano atua nas cadeias alimentares, bem como transforma o ambiente, seja utilizando modos mais eficientes de consumir os recursos naturais sem desperdícios, seja debatendo os resultados de um demasiado consumo e descarte inadequado dos resíduos.
Figura 7 – olheiros que desaguam em direção a planície de maré
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Objetivo geral: Caracterizar a biodiversidade
dos ecossistemas costeiros, correlacionando
com as dimensões, sociais, econômicas e
ambientais
Procedimentais: Observar;
Registrar; Ler;
Pesquisar na literatura da área; Formular respostas;
Comunicar as respostas
Atitudinais:
Trabalhar colaborativamente;
Respeitar os colegas e os recursos naturais
Conteúdos:
Ecossistemas costeiros e sua biodiversidade;
Alterações nos ecossistemas costeiros e consequências para as comunidades pesqueiras
Materiais:
Textos impressos; Lousa;
Piloto;
Várias espécies de plantas; Tesoura ou faca
Papel de jornal; Livros pesados;
Folha de papel branco ou cartolina; Fita-cola
Objetivos específicos: Conceituais:
Identificar a biodiversidade do ecossistema manguezal; Compreender as características relacionadas às principais espécies da fauna e da flora do manguezal;
Investigar a poluição nos ecossistemas e suas consequências para a população;
Discutir a importância socioeconômica dos serviços ecossistêmicos para a comunidade
Tema:
Impactos ambientais e a
biodiversidade nos ecossistemas
costeiros: o caso da reserva da ponta
do tubarão
Sequência Didática das aulas: Mais proteção
à Biodiversidade
Tuma: 7° Ano
Tempo: 11 aulas (50 min
cada aula)
Disciplina: Ciências Naturais
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Aula 1
Professor, antes de qualquer coisa, solicite aos
alunos que respondam a um atividade diagnóstica. Com
isso, buscar-se-á saber o que os alunos entendem sobre o
manguezal, sua Biodiversidade e os problemas que
acometem o ecossistema local.
Podem ser realizadas
novas questões, conforme o caso.
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Sugestões de perguntas:
1 O que é o manguezal?
2 Quais as plantas você conhece do manguezal?
3 Quais animais você conhece do manguezal?
4 Quais problemas ambientais afetam o
manguezal?
5 Quais as consequências dos problemas
ambientais para a comunidade?
6 Como esses problemas podem ser
solucionados?
Aulas 2, 3, 4 e 5
Nas aulas seguintes chega o momento de explorar o rico ambiente da reserva. Como se sabe são realizadas várias trilhas ecológicas no referido local.
Para trabalhar sobre os “ecossistemas costeiros” se sugere realizar a “trilha dos olheiros”, pois esse ambiente é formado por um ecossistema manguezal, contendo em sua interface dunas fixadas pela vegetação de restinga, sendo também encontradas nesse espaço algumas espécies de plantas do Bioma caatinga devido à proximidade entre esses ambientes.
A percurso da trilha pode ser iniciado apresentando aos alunos os problemas ambientais que acometem o local. Dentre estes, se destaca a deposição de esgotos domésticos diretamente no estuário.
Professores, levem seus alunos a um dos vários pontos onde há o descarte de esgoto (figura 8) que acontece ao longo das três comunidades da reserva Barreiras, Diogo Lopes e Sertãozinho. Esse local, pode ser aproveitado para confrontar os alunos e lançar alguns questionamentos:
Figura 8: descarte inadequado de esgoto doméstico no estuário
Fonte: autor
Além dos esgotos domésticos, outra problema que pode ser chamado a atenção, longo da trilha é a disposição de resíduos sólidos (figura 2) ao longo do manguezal.
Figura 9 – Trechos no manguezal com lixo
Fonte: autor
Após abordar os problemas ambientais, é hora de explorar a biodiversidade do manguezal. No decorrer da trilha pode-se deparar com alguns animais característicos do manguezal como é o caso do chama-maré (Uca spp.) (figura 3), do aratu vermelho (Goniopsis cruentata) (figura 4), caranguejo-uça (Ucides cordatus), guaiamu (Cardisoma guanhumi). A respeito desses animais, a discussão pode se dar em torno da sua atuação no ambiente e as formas de utilização pelo ser humano.
Figura 10: Chama-maré Figura 11: Aratu
Fonte: autor Fonte: autor
Assim como se pode abordar as questões sobre a biodiversidade de fauna do manguezal, se deve fazer isso, em termos dos mesmos aspectos, em relação à flora local. Para isso, se sugere coletar várias espécies que há no trajeto da trilha para que, posteriormente à aula de campo, se produzam exsicatas.
Aulas para produção de exsicatas
Terceira etapa: descrição das plantas
Chegou a hora de montar as exsicatas para um futuro herbário, mas, antes disso, é preciso explanar de forma breve, o significado destes conceitos. segundo Wiggers e Stange (2008, p. 41)
17 Primeira etapa: identificação
Durante a trilha, deve-se identificar as principais plantas que existem no espaço com o auxílio do monitor/guia da reserva responsável pela condução. Na medida em que vão sendo coletadas as plantas, pode se abordar as maneiras em que
normalmente eram utilizadas pela comunidade e suas
características adaptativas.
Segunda etapa: coleta de plantas
os alunos devem coletar as amostras vegetais desprendendo os galhos de cada planta e garantindo a preservação de algumas partes dela como flor, folhas e frutos. Para isso, os alunos podem ser auxiliados pelo monitor da reserva e/ou pelo professor, para a utilização de instrumentos perigosos, no caso uma faca, que facilitou essa ação.
Dica: Professor (a) lembre aos seus alunos sobre o cuidado que se deve ter
em não machucar ou dobrar, para não prejudicar a processo de construção da exsicata. Mais uma coisa, algumas as amostras devem ser armazenadas em um balde com água, pois podem murchar antes da volta para a escola.
Dica: Professor (a) antes da atividade de campo, pode-se
combinar com o monitor da reserva as possíveis espécies a serem coletadas no ambiente.
O herbário é uma coleção de plantas inteiras ou ramos com folhas, flores e frutos desidratadas, montadas geralmente em cartolina padrão com etiquetas
contendo informações de coleta e número de registro, recebendo o nome de exsicata, conservadas de acordo com técnicas específicas.
Fonte: autor
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Dica: Professor (a) antes das
atividades é importante que o material de pesquisa
dos alunos seja previamente selecionado
Na chegada a escola comece a preparar com alunos o material (caixas de papelão, jornais e folhas de papel branco) a ser utilizado na preparação das exsicatas e na prensagem.
Corte as caixas de papelão no mesmo tamanho da prensa de madeira. Depois que este material estiver pronto, pode dar início a pesquisa junto aos alunos sobre o nome científico das plantas coletadas, bem como, características da planta para posterior apresentação.
Dica: Professor (a) oriente os alunos a terem cuidado e paciência com o material coletado, pois
o mesmo não deve ficar com suas partes
(folhas, flores e/ou frutos) muito agrupadas dificultando
o estudo.
Na etapa de prensagem, as amostras devem ser arrumadas, no jornal, de maneira a evidenciar todas as partes, o que pode ser importante em estudos posteriores em estudos posteriores. Tome sempre cuidado para que as folhas fiquem arrumadas, ou seja bem abertas; no caso de algumas que conterem muitas folhas, retire algumas, cortando-as no pecíolo. Coloque as amostras em jornal apenas entre dois papelões e estes entre os dois lados da prensa de madeira (figura 5) e faça bastante pressão.
Uma vez identificado o nome científico, o aluno irá preencher a ficha catalográfica da exsicata (figura 12), a qual pode conter: nome
científico, nome popular, ambiente ao qual pertence, nome do coletor da planta, local de coleta e a data. Após o preenchimento das fichas, iniciou-se a etapa de prensagem das amostras.
Figura 12: exemplar para exsicata de mangue vermelho
Figura 13:Amostras de
plantas agrupadas na prensa
Fonte: autor
Após aproximadamente um mês, é possível desfazer os embrulhos para recolher as folhas e as partes das plantas que foram prensadas e arranjá-las em outras folhas de papel às quais serão fixadas por meio de cola ou fita adesiva.
Em etapas posteriores, a exsicata servirá de base para o estudo da biodiversidade da flora local em diversas situações pedagógicas tanto da própria escola como com a comunidade local em geral.
Aulas 6 e 7
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USO DE TEXTO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA (TDC)
Leitura em voz alta, parte a parte do texto:
Ciência mostra porque preservar a vegetação de
mangues e restingas é essencial para as comunidades
pesqueiras (anexo A).
Professor, num primeiro momento, faça a leitura
do texto forma coletiva, em seguida, apresente o
questionário de orientação do quadro C.R.I.T.I.C para
a leitura individual.
Proposto por oliveras e Sanmartí (2012). É um
questionário de orientação sobre a leitura do texto
para que os alunos identifiquem as principais
declarações do discurso, os possíveis interesses que
motivaram sua escrita pelo autor, o ponto de vista
adotado, se há confiabilidade e validade nas
evidências e nos argumentos fornecidos, ajuda na
detecção de inconsistências, imprecisões, erros e
contradições. Todos esses aspectos são necessários
para uma leitura significativa e crítica.
Depois
da
leitura:
peça
aos
alunos
para
Identificarem os fatores chaves do Questionário
C.R.I.T.I.C – o leitor identifica os elementos mais
importantes da narrativa.
A leitura do questionário também será feita em voz
alta para, caso haja alguma dúvida com relação a
alguns de seus termos. Ou até mesmo dúvidas sobre
as questões.
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Aula 8 e 9
Após o desenvolvimento de todas as atividades, é hora dos alunos comunicarem o que aprenderam – sugere-se a confecção de cartazes ou produção slides para apresentação aos colegas de outras turmas ou a comunidade escolar.
Aula 10
Apresentação Aula 11
Avaliação dos alunos. Ao final de tudo, Peça para os alunos dizerem o que acharam da atividade e o que aprenderam com ela.
Em que pensar ao ler Questionamentos
C Consigna
( principais pontos)
Qual é a ideia principal?
R Rol del autor (papel do autor)
Quem escreveu esse texto? Para quem foi escrito esse texto? O que motivou sua
escrita?
I Ideias O que o autor espera que aconteça diante da questão tratada?
T Teste É possível comprovar a hipótese principal presente no texto?
I Informação O texto apresenta argumentos ou provas científicas que justifiquem a hipótese?
C Conclusão Os argumentos são suficientes para lhe convencer
do que trata o texto? O que você aprendeu com o texto?
Dica: Professor (a), caso seja necessário adapte a linguagem dos
questionamentos aos seus alunos, dependendo da série
R
eferencias:PEREIRA, Ana Maria et al. Apoema: Ciências (ensino fundamental) 7. 1. ed. – São Paulo: editora do Brasil, 2018.
SANTIAGO, Jussara Freire de Azevedo; ARAÚJO, Magnólia Fernandes Florêncio de. O uso de textos de divulgação científica como recurso didático em aulas
de biologia: concepções e relações com a abordagem CTS de ensino.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ensino das Ciências Naturais e Matemática. Natal, 2016. Disponível em: < http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bitstream/123456789/21880/1/JussaraF reireDeAzevedoSantiago_DISSERT.pdf>. 20 jul. 2019.
WAWRUK, Valter; SCHWARZ Elizabeth de Araujo. Construção de herbário escolar: ênfase na confecção de exsicatas como material didático de botânica.
UFPR. 2016. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/produc oes_pde/2016/2016_artigo_cien_ufpr_valterwawruk.pdf>. 20 jul. 2019.
Anexo A
Ciência mostra porque preservar a vegetação de mangues e restingas é essencial para as comunidades pesqueiras
Por equipe do Canal Ciência Publicado em: 07 de abril de 2003
O que é a pesquisa
O litoral amazônico tem cerca de 1200 quilômetros abrangendo os estados do Amapá, Pará e Maranhão. O litoral do Pará, a leste da desembocadura do Amazonas, destaca-se por sua forma recortada com estuários pouco profundos (rias) separadas por pontas arenosas ou lamosa, integradas por ecossistemas de mangues e restingas, muito ricos em recursos alimentares e assim habitados desde a pré-história.
Esta pesquisa, levada a cabo por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi, visa levantar, ampliar e fornecer informações sobre o uso da vegetação desses ecossistemas litorâneos pelas comunidades locais de pescadores, identificando as espécies usadas na construção de currais, no acondicionamento de alimentos, na medicina caseira e como nutrientes.
A pesquisa está focada nas vilas de pescadores de Marudá, Camará e Bacuriteua, pertencentes ao município de Marapanim (PA), e localizadas na Zona do Salgado, composta pelos municípios que sofrem influência do Oceano Atlântico.
Como é feita a pesquisa
Para obter as informações foram aplicados questionários, submetidos no mínimo a seis informantes por local pesquisado. As perguntas se centram nas espécies usadas, tipos de uso e locais de ocorrência das plantas. Reuniões com a comunidade e depoimentos diretos complementaram os dados.
As espécies vegetais citadas foram coletadas com auxílio de moradores, conhecedores de seus nomes vulgares e identificadas pelos métodos tradicionais utilizados em taxonomia. O material fértil está depositado no Herbário MG do Museu Paraense Emílio Goeldi.
A pesquisa amplia o leque conhecido dos usos de espécies vegetais pelas populações costeiras, incluindo - além de alimentação, medicina caseira e confecção de currais - a construção de barcos e a obtenção de carvão, tintas e resinas para calafetação das embarcações. As plantas são provenientes de matas, campos, igapós e principalmente mangues e restingas da área.
Os resultados ressaltam a importância do ecossistema manguezal para as comunidades pesqueiras, já que além de criadouros naturais e abrigos para espécies de peixes, camarões, caranguejos e aves; de protegerem o litoral contra erosões e tempestades e reterem sedimentos evitando o assoreamento. A vegetação destes ecossistemas é fonte de madeira, usada na construção de casas, barcos, cercas e postes, bem como para lenha e carvão. Cascas e folhas também contém tanino, poderoso adstringente usado na curtição do couro, no tingimento das velas e na medicina caseira, para curar disenterias e hemorróidas.
As espécies conhecidas como mangueiro (Rizophora mangle), tinteiro (Laguncularia racemosa) e a siriubeira (Avicennia germinans) fornecem moirões e varas usadas para construir currais de pesca. Um único curral demanda de 100 a 200 moirões (6 a 7 metros de altura) e 200 a 400 varas (4 m de altura), mas a retirada destas madeiras ocorre de forma sustentável, em pontos variados, respeitando o tamanho das árvores e aguardando a recomposição da vegetação nos locais já explorados.
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Nas restingas da área pesquisada estão identificadas diversas formações vegetais nas quais ocorrem espécies aproveitáveis:
1. Nas áreas ainda banhadas pelas marés ocorre a espécie Spartina alterniflora, que vegeta sobre pedras e de cujas raízes faz-se um chá contra a asma;
2. Entre as plantas rastejantes, nos primeiros cordões de dunas, está a salsa-de-praia (Ipomoea pes-caprae), usada em banhos contra coceiras, e a losna (Ambrosia microcephala) usada contra anemia, cólicas, diarréias e como alucinógeno;
3. Nos brejos que ficam no reverso dos cordões de dunas, e que são áreas inundadas periodicamente, vive a verônica branca (Dalbergia ecastophyllum) cujas raízes e cascas combatem inflamações uterinas e anemia, e a jipooca (Entada polyphylla), de cuja raiz extraí-se uma espuma que alivia coceiras; 4. Na restinga aberta com capins e ervas intercaladas por moitas e arbustos, encontra-se o umiri, ou mirim (Humiria balsamifera) cujo fruto é comestível e cujo tronco fornece cavacos para a cobertura de casas. Do muruci da praia (Byrsonima crassifólia) aproveitam-se os frutos, e da copaíba (Copaifera martii), o chá da casca como antinflamatório. Na área campestre há sempre vivas e orquídeas com potencial de aproveitamento como plantas ornamentais;
5. Na mata da restinga, não muito densa, com árvores de 5 metros em média, os troncos finos são muito usados para confeccionar carvão e fabricar varas para cercas e assoalhos das palafitas onde são guardados os artefatos de pesca. Da sucuuba (Himatanthus articulata) extrai-se o leite da casca, usado contra a tosse e em emplastros para contusões, sendo o chá da entrecasca abortivo. O chichuá, ou barbatimão (Maytenus sp.) é afrodisíaco, o abacaxi do mato (Ananás nanus) é outro abortivo, e o bacuri (Platonia insignis) dá frutos comestíveis, usados em doces;
6. Nas dunas internas, fixas e semi fixas, finalmente, há arvores maiores, cuja madeira é aproveitada em construções; plantas medicinais como o mandacaru (Cereus sp.), usado em doenças renais; frutíferas, como o ajiru (Chysobalanus icaco) e mistas, como o caju (Anacardium occidentale) cujas frutas são comestíveis, assim como as cascas e raízes são remédios.
Ainda entre as ervas que vicejam entre as dunas encontra-se a “sete sangrias” (Heliotropium polyphyllum), usada como depurativo do sangue, a vassourinha (Scoparia dulcis) que é vermífuga, a famosa quebra-pedra (Phyllanthus niruri), diurética e usada para eliminar cálculos renais, e a ipecacunha (Hybanthus calceolaria), que é antidiarréica e amebicida. Mencionem-se ainda plantas que fornecem fibras, da família das palmas, usadas para acondicionar pescados e cobrir telhados e paredes de casas. Importância da pesquisa
A pesquisa demonstra que a vegetação costeira é extremamente rica em recursos aproveitáveis pela população local. Entretanto esta vegetação, por estar próxima a praias, encontra-se em risco de destruição. A paisagem atrai o turismo predatório, a especulação imobiliária e a abertura de estrada, devastando mangues e restingas. O aterramento, a retirada de madeiras e a extração de areia para construções podem desestabilizar esses delicados ecossistemas.
As comunidades locais podem ser afetadas com a diminuição de seus recursos de subsistência, empobrecimento e conseqüentes mudanças de condições sócio-econômicas e culturais. A venda e posse de terras loteadas, ao longo das rodovias, também restringe o acesso às espécies vegetais úteis por parte das populações nativas.
Outra importante função da vegetação é fixar as dunas (que fazem parte do ecossistema das restingas), através da disposição radicular e da ramagem,
pelos ventos. A eventual destruição desta vegetação pode fazer que dunas já fixadas voltem a se mexer, soterrando casas e, mais grave, assoreando os manguezais, o que pode ser fatal para esses ecossistemas, que por sua vez são essenciais para a pesca e a sobrevivência das comunidades locais.
Além de prejudicar econômica e socialmente as comunidades, a destruição dos mangues e restingas reflete-se diretamente na diminuição da produtividade pesqueira, de recursos alimentares e medicinais. Por isso é crucial, para antropólogos e ambientalistas, preservar as tradições culturais e extrativistas das comunidades que vivem da pesca artesanal e, com elas, os ambientes com os quais os pescadores convivem e dos quais dependem em seu dia a dia.