Universidade Federal de
Santa Catarina
Centro Sócio-Econômico
.»
Departamento
de Ciências
da
Administração
Responsabilidade
Social
-
um
novo
desafio
para
a
Brasil
Telecom
Geomar
Finardi
Nascimento
Universidade Federal
de Santa Catarina
Centro Sócio-Econômico
Departamento
de
Ciências
da Administração
Coordenadoria
de
Estágio
Responsabilidade
Social-
um
novo
desafio
para
a Brasil
Telecom
Geomar
Finardi
Nascimento
Área
de
Concentração: Administração Geral
Trabalho
de
Conclusão
do Curso
de
Ciências
-da
Administração
que
versa sobre
a
importância
da
Responsabilidade
Social
para
as
Empresas
.Professor
Orientador:
Pedro
Carlos Schenini
TERMO
DE
AVALIAÇÃO
O
presente trabalho de conclusãode
Estágio foi apresentado e julgado perante aBanca
Examinadora,que
atribuiu nota 10 ao acadêmicoGeomar
Finardi Nascimento, na disciplinaEstágio Supervisionado II
-
CAD
5401.Banca
Examinadora:/
›
Pedro Carlos Schenini Presidente
Á
.,.
Í
João Nilo Linhares
Membro
Nu
Paulo César da
Cunha
Maya
Membro
AGRADECHVIENTO
No
final destaminha
jornada de graduação dentroda
Universidade Federal de SantaCatarina, muitas pessoas
merecem
omeu
agradecimento.Mas
com
certeza todas elas serãolembradas
em
um
agradecimentoque
farei pessoalmente,ou
quem
sabe através deuma
cartaou
e-mail. Porém, quero deixar registrado neste trabalhomeu
agradecimento auma
pessoa,meu
Pai Gervásio Nascimento:Pai,
Muito
Obrigado por todo o apoio.Só
estouchegando
nestemomento
tãosonhado
graças à sua ajuda.Mesmo com
a
distância de 198KM
que
nos separa, existeum
forte elo nos unindo.
Reconheço que
estemomento
chegou
com
certo atraso, eu já poderia terme
formado
há alguns anos.Mas
durante todo este tempo, muita coisa aconteceu. Cresci erealizei
um
bom
trabalho na empresaque
agora foi alvo deste estudo.Nasceu
seu neto e este-foi
sem
dúvida o acontecimento mais importante e marcante deste período. Confessoque
pordiversas vezes pensei
em
desistir, então repito, só estouchegando
nesta formatura,porque
nestes
momentos
de desânimo, eu encontrava forças pensandoque
me
verformado
eraum
DEDICATÓRIA
Dedico
este trabalho (e todoo
restoda minha
vida) aomeu
filho Giordano, pelasdiversas vezes
que não
pudemos
“jogar joguinho” de computador, enquanto eu escrevia estetrabalho. Recebi o texto abaixo pela intemet, infelizmente
não
tenhocomo
referenciaro
autor,mas
é perfeito para expressar estemomento.
“Apenas nesta manhã, eu vou sorrir quando vir o seu rosto, e rir
mesmo
sentindo vontade de chorar.Apenas
nesta manhã, eu vou deixar você escolher o que vai vestir, sorrir e dizer o quanto você está ótimo.Apenas
nesta manhã, eu vou deixar a roupa para lavar de lado, pegar você e Ievá-lo ao parque parabrincar.
Apenas
nesta manhã, eu vou deixar a louça na pia e deixar vocême
ensinar a montar seu quebra- cabeças.Apenas
nesta tarde, eu vou desligar o telefone, manter o computador fora do ar e sentar-mecom
você no quintal e soltar bolhas de sabão.Apenas
nesta tarde, eu não vou gritarnenhuma
vez,nem
mesmo
resmungar, quando você gritareacenar para o carrinho -de sorvetes; e vou comprar
um
se ele passar.Apenas
nesta tarde, eu não voume
preocuparcom
o que você vai ser quando crescer.Apenas
nesta tarde, eu vou deixar você ajudar-me a assar biscoitos e não vou ficar atrás de vocêtentando consertá-los.
Apenas
nesta tarde,vamos
ao McDonald's comprarum
McLanche
Feliz para nós dois, para que vocêpossa ganhar dois brinquedos.
Apenas
nesta noite, vou segurá-loem
meus
braços e contar-lheuma
história sobrecomo
vocênasceu e
como
euamo
você.Apenas
nesta noite, eu vou deixar você espirrar a água do banho e não ficar nervoso.Apenas
nesta noite, vou deixar você ficar acordado até tarde, enquantoficamos
sentados na soleira,contando todas as estrelas.
Apenas
nesta noite eu voume
aconchegar ao seu lado por horas e perdermeu
show
favorito na TV.Apenas
nesta noite, enquanto eu passarmeus
dedos entre seus cabelos enquanto você reza, eu vousimplesmente ser grato a
Deus
porterme
dado o maior presente do mundo.Eu vou pensar nas
mães
e pais que procuram por seus fllhos perdidos, nasmães
e pais que visitam asepultura de seus fllhos ao invés de suas camas, nas
mães
e pais que estãoem
hospitais vendo seusfllhos sofrerem
sem
que isto tenha sentido e gritando por dentro que nãopodem
mais suportar isto.E, quando eu te dar
um
beijo de boa noite, eu vou te segurarum
pouquinho mais forte porum
pouquinho mais de tempo.SUMÁRIO
' 1n\ITRoDUÇÃo
... .. 1 . 1OBJETIVOS
... .. 1.2JUSTIFICATIVA
... .. 1.3ESTRUTURA
... .. 2METODOLOGIA
... ..3
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
... ..3.1
PERFIL
HISTÓRICO
DA
ASSISTÊNCIA
SOCIAL
... .. 3.2AS
MUDANÇAS
NOS AMBIENTES
ORGANIZACIONAIS
... ..3.3
As
FUNDAÇÕES E
os
1NsT1TUTos
... _.3.3.1
Fundação
Bradesco ... ..3.3.2 Instituto
Ayrton Senna
... ..3.3.3 Instituto
Guga
Kuerten ... ..3.4
O
TERCEIRO
SETOR
... ../
3.5
O
INSTITUTO
ETHOS
... .. 3.6A
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
COMO
UM
DOS
PILARES
DO
/
,DEsENvoLv1MENTo
SUSTENTÁVEL
... ..4
DESENVOLVHVIEN
TO
... ..4.1
HISTÓRICO
DA
BRASIL
TELECOM
... ..4.1.1 Telecomunicações
no
Brasil ... ..4.1.2
O
telefoneem
Santa Catarina e a Telesc ... ..4.1.3
A
mudança
para Telesc BrasilTelecom
... ..4.2
O
PROJETO
DE ATENDIMENTO AOS
DEFICIENTES
VISUAIS
..4.2.1
O
Projeto Social ... ..4.2.2
A
Motivação da
Empresa
... ..4.2.4
Os
parceiros da BrasilTelecom
... ..4.2.5
O
atendimentono 0800
... ..4.2.6 Marketing e repercussão ... ... ... ._
4.3
o
ENVOLVIMENIO Dos
FUNCIONÁRIOS
... .. 4.4O
PROJETO
DE ATENDIMENTO AOS
DEFICIENTES
AUDITIVOS
... ..4.5
OUTROS
PROJETOS REGIONAIS
DESENVOLVIDOS
PELA
BRASIL
TELECOM
... ..4.5.1
Roupas
paraquem
precisano
inverno ... ..4.5.2
Meio
ambiente ... ..4.5.3 .Parcerias
com
a comunidade. ... ..4.5.4
Ajuda
a instituições de saúde ... ... ... ..4.5.5 Criatividade e solidariedade para arrecadar alimentos' ... ..
4.5.6 Voltando a ser criança ... _.
4.5.7 Valorizaçãodos portadores de deficiência ... ..
4.5.8
É
Natal ... ..4.5.9
Páscoa 2001
... ... ... ... ... ... ..4,z6
PROPOSTA
DE
DESENVOLVIMENTO
DE
UM
PROJETO
SOCIAL
... ../
4.7O QUE FAZEM
OUTRAS EMPRESAS
.DE
TELEFONIA
... ._ 4.8OUTRAS GRANDES EMPRESAS
TAIVIBÉM
APOSTAM
NA
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
... .. 4.9O
ANO DO
VOLUNTARIADO
... ..5
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... _.ó
ANEXOS
... ..1
1NTRo1›UÇÃo
A
única coisa constantena
vida é amudança.
A
mudança
que costuma
causar desconforto (porque
nos leva ao desconhecido). é amola
propulsorada
sociedade.É
amudança
que
resolve os problemas,que
muda
paradigmas,que
evolui, que melhora,que
adapta,
que
avança.Uma
importante empresado
estado de Santa Catarina recentemente iniciouuma
mudança,
com
certeza a maiorde
toda a- sua existência:A
privatização.A
TELESC
-
Telecomunicações
de
Santa Catarina S.A., agora faz parte deuma
holding, a Brasil Telecom, empresaque
resultou deuma
uniãocom
maisnove
operadoras de telefoniafixa do
antigo sistemaTELEBRAS
e que agora presta serviços de telecomunicaçõesem
dez estadosdo
Brasil. `
Agora
privatizada, a BrasilTelecom
passa ainda porum
gigantesco processode
reestruturação, adaptação e padronização de processos e produtos. Livre
do
controle estatal,responsável, portanto, por sua política orçamentária, a
empresa
pode
agora patrocinar projetossociais, culturais e outros
que não
se relacionam diretamentecom
as telecomunicações.Diante deste contexto,
onde
todas as empresas precisam repensar seu papel social,também
a BrasilTelecom
deve lançar-se nestenovo
desafio, procurando seruma
empresa
reconhecida pela responsabilidade social.
E
é baseado neste contexto que surge então aseguinte pergunta de pesquisa:
É
importante para
uma
grande empresa,
no
casouma
prestadorade
serviçosde
telecomunicações, odesenvolvimento de
projetos sociaisque
levem ao reconhecimento
da empresa
como
socialmente responsável?Procurando responder a esta pergunta de pesquisa,
foram
elaborados os objetivos›¬
1.1
OBJETIVOS
Objetivo Geral
a) Realizar estudos sobre a importância da Responsabilidade Social e o desenvolvimento
de
projetos sociais por grandes empresas,
no
caso a Brasil Telecom.Objetivos Específicos
a) Identifiçar e caracterizar os projetos sociais
da
Brasil Telecom;b) Analisar os projetos sociais
da
Brasil Telecom;c)
Propor novos
projetos sociais para serem desenvolvidos pela Brasil Telecom.1.2
JUSTIFICATIVA
"
O
compromisso
deste trabalho é a identificaçãoda
importânciado
desenvolvimento de projetos sociais por grandes empresas,no
casouma
empresa
prestadora de serviçosde
telecomunicações, não apenas para conseguir vantagens competitivas
com
o fortalecimento desua
imagem,
mas, principalmente, para secomprometer
com
questões sociais ecom
asociedade,
que
éum
doscomponentes do
seu ambiente externo.;¿A proposta e' repensar a.' 1..
responsabilidade da
empresa
com
o que
acontece ao seu redor,uma
grande empresapode
edeve contribuir para a sociedadej
Í
É
importanteque
o trabalho acadêmico inciteuma
organização a se preocuparcom
o
tão sonhado “Balanço Social”,que
maisdo que números
e lucro, trazum
pouco
de alegria,vida e esperança a
quem
mais necessita. Este trabalhoem
particular procura preencher certafalta de referencial bibliográfico, percebido sobre este tema.
1.3
ESTRUTURA
Este trabalho apresenta
um
capítulo introdutóriocom
a contextualizaçãodo tema
edo problema
de pesquisa,bem como
a pergunta de pesquisa, os objetivosdo
trabalho e ajustificativa;
um
capítuloque
trazuma
breve fundamentação teórica;um
capítulo sobre ametodologia utilizada
na
realizaçãodo
trabalho; o desenvolvimentodo
trabalho; asconsiderações finais e a bibliografia.
2
METODOLOGIA
O
principalmétodo
de procedimento utilizado para acomposição
destamonografia
foi
o
método
monogLá.li_‹_s9,ou--o›estudo”‹¶ë caso.Define-se método
como
"ocaminho
para se chegar a determinadofim.
E
método
científico
como
o
conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingiro
conhecimento." (Gil, 1994, p.27).
O_es'tudo-d'e%
método
indicado para estudosem
que se trabalhacom
um
caso específicoque
se considera típicoou
ideal para explicaruma
certa situação, permite tratarum
problema
com
maior profundidade e possibilita maior integração de dados, é útilem
faseinicial de investigação, buscando ampliar
o
conhecimento a respeito deum
certo tema.O
estudo de caso "se fundamenta na idéia de
que
a análise deuma
unidade de determinadouniverso possibilita a
compreensão
da' generalidadedo
mesmo
ou, pelomenos, o
estabelecimento de bases para
uma
investigação posterior, mais sistemática e precisa". (Gil,1994, p.79).
'
Para
o
mesmo
autoro
estudo de caso possui as seguintes potencialidades: a)A
proximidade -que permite entre o pesquisador e osfenômenos
estudados;b)A
possibilidade de aprofundamento das questões levantadas,do
próprioproblema
e
da
obtenção de novas e úteis hipóteses; Àc)
A
investigaçãodo fenômeno
dentro de seu contexto real;d)A
grande capacidade de levantar informações e proposições para serem estudadas ~à luz de
métodos
mais rigorosos de experimentaçao.Complementa
Mattar (1999) que éum
método
muito produtivo para estimular acompreensão
e sugerir hipóteses Ie questões para a pesquisa.O
método do
estudo de casospode
envolverexame
de registros existentes, observaçãoda
ocorrênciado
fato, entrevistasestruturadas, entrevistas não estruturadas, etc.
O
objetodo
estudopode
serum
indivíduo,um
~ ~
grupo de indivíduos,
uma
orgarrizaçao,um
grupo de organizaçõesou
uma
situaçao.«Comenta Lakatos (1991) que a
monografia
éuma
descriçãoou
tratado especialde
detemrinada parte de
uma
ciência qualquer, dissertaçãoou
trabalho escritoque
trataespecialmente de detenninado ponto
da
ciência,da
arte,da
história etc.ou
“trabalhosistemático e completo sobre
um
assunto particular, usualmente porrnenorizadono
um
tema
específicoou
particular,com
suficiente valor representativo eque obedece
arigorosa metodologia. Investiga determinado assunto
não
sóem
profundidade,mas
também
em
todos os seus ângulos e aspectos,dependendo
dos fins aque
se destina.As
técnicas de coleta de dados utilizadas neste trabalho foram as pesquisasdocumentais, investigação de anotações, relatórios gerenciais, comunicações internas e outros
documentos da
TELESC
Brasil Telecom,bem como
a própria observação participante, poiso
aluno
também
é fimcionárioda
organização. Para a fundamentação teóricado
trabalho foiutilizada a pesquisa secundária.
A
Entrevistacomo
instrumento de pesquisatambém
ajudou acompor
este trabalho.De
acordocom
Lakatos (1991, p. 195) a entrevista éum
encontro entre duas pessoas, afim
eque
uma
delas obtenha informações a respeito de detenninado assunto, medianteuma
conversação de natureza profissional, para a coleta de dados
ou
para ajudarno
diagnósticoou
no
tratamento deum
problema social.É
uma
conversação efetuada face a face,de
maneirametódica.
A
entrevista aplicada neste trabalho foido
tipo padronizadaou
estruturada,seguindo
um
roteiro previamente estabelecido,com
perguntas pré-detemiinadas,em
um
questionário.
Questionário:
É um
instrumento de coletade
dados, constituído poruma
série ordenada de perguntas,que
devem
ser respondidas por escrito esem
a presençado
entrevistador. Junto
com
0
questionário deve existiruma
notaou
carta explicando a natureza ea importância
da
pesquisa. (Lakatos, 1991, p.201).O
anexo 12 traz omodelo do
questionárioaplicado.
Amostra: Atualmente trabalham
no
setor pesquisado 12 pessoas. Participaramda
pesquisa os 12 funcionários, mais
um
ex-funcionário.No
total, 13 pessoas.Pesquisa documental:
A
fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritosou
não, constituindoo que
sedenomina
de fontes primárias. (Lakatos, 1990).São
documentos
conservados
no
interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza,ou
com
pessoas,registros, atas, anais, regulamentos, circulares, oficios,
memorandos,
balancetes,dados
estatísticos, comunicações informais, filmes, fotografias, disquetes, cartas pessoais, etc.
A
TELESC
possuiuma
série de ƒoulders, possui publicações específicasda
áreade
telecomunicações, revista de circulação intema, etc. _
A
observação participante consiste na participação realdo
pesquisadorcom
a ~comunidade ou
grupo. Ele se incorpora ao grupo, confiinde-secom
ele. Fica taopróximo
quanto
um
membro
do
grupoque
está estudando e participa das atividades normais deste.A
~
observaçao participante é
uma
“tentativa de colocaro
observador e o observadodo
mesmo
lado,
tomando-se o
observadorum
membro
do grupo
demodo
a vivenciaro que
elesvivenciam e trabalhar dentro
do
sistema de referência deles”.(Mann
Apud
Lakatos, 1991, p.194).
Segundo
Lakatos (1991),o
observador participantepode
enfrentar grandes dificuldadespara manter a objetividade, pelo fato de exercer influência
no
grupo, ser influenciado porantipatias
ou
simpatias pessoais, e pelochoque do
quadro de referência entre observador eobservado.
A
observação participantepode
ser classificada em:Natural: (que é
o
caso deste trabalho) o observador pertence àmesma
comunidade
ou grupo que
investiga; e Artificial:O
observador integra-se aogrupo
com
a finalidade deobter informações.
Pesquisa de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já
tomada
públicaem
relação aotema
de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,pesquisas,
monografias
e até meios decomunicação
orais: rádio e televisão.Coloca o
pesquisador
em
contato diretocom
tudo toque
foi escrito, ditoou filmado
sobre detemiinadoassunto. (Lakatos, 1990).
A
pesquisa ocorreuna
biblioteca centralda
UFSC
ena
bibliotecada
TELESC.
~3
FUNDAMENTAÇÃQ
TEÓRICA
Os
progressos na teoriada
ciência fisicana
primeirametade do
séculoXX
levaram acriação de
um
novo mundo. Segundo
Mcgregor
(1991), -sealguém
tivesse previsto,em
1900,*como seria nossa vida hoje, teria sido considerado completamente louco. Viagens a 10
ou
12mil *metros acima da terra, à velocidade de 900_quilômetros por hora, veículos espaciais
rodando
em
tomo
da lua, radar , submarino nuclearviajando sob a calota glacialdo
pólonorte, .ar condicionado, televisão, alimentos congelados, reprodução estereofônica, a
domicílio,
da
música de autores mundialmentefamosos
-
essas coisas, e centenasde
outras,eram
quase inconcebíveishá
sessentaou
oitenta anos. 'Seriam ainda inconcebíveis senão
fossem os progressos da teoria científica e
o
gênio inventivodo
homem.
Também
estamosnuma
épocaem
que o
progresso da teoriano
campo
das ciências~
sociais permitirá inovaçoes
que
hojeparecem
inconcebíveis. Entre essas inovações incluem-semudanças
espetaculares na organização ena
administraçãoda
empresa industrial.Mcgregor
(1991) acreditaque
se não destruirmos a vida neste planeta antes de descobrimoscomo
dar aohomem
a possibilidade de utilizar as suas capacidades para criarum
mundo
no
qual se possaviver
em
paz, é possívelque o próximo meio
século tragamudanças
sociais das maisespetaculares da história humana.
A
fundamentação teórica deste trabalho irá abordar o perfil históricoda
assistênciasocial, as
mudanças
nos ambientes organizacionais, as firndações e os institutos,o
terceirosetor,
o
instituto Ethos e a responsabilidade, socialcomo
sendoum
dos pilaresdo
desenvolvimento sustentável.
3.1
PERFIL
HISTÓRICO
DA
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Ao
longo da trajetória histórica da humanidade, diferentes formas de ajuda aosnecessitados foram se
configurando
atéque
se desenhasseo
perfilcontemporâneo da
assistência social.
Oliveira (1996)
afinna que o
serviço social,em'sua
criação, preocupou-seem
denunciar os males sociais e dar
um
caráter científico e racional à prestaçãoda
-assistência social.~
Na
antiguidade, cujas sociedades apresentavamuma
organizaçao socialcaracterizada pelo clã, a pobreza
ou
miséria social se evidenciavaem
épocasde
criseeconômica
gerada por invasões, guerrasou
catástrofes naturais. Salvo nesses casos, aprodução
resultante da atividade agropastoril era igualmente distribuída entre todos,o que
determinava
que
pobres fossem tão somente os velhos, os doentes, as viúvas e as criançasórfãs
ou
abandonadas.Assim
sendo, erade
responsabilidadeda
farnília, clãou
sua tribo,assistir a essa categoria de necessitados. Neste contexto,
não
se exaltava a caridadecomo
virtude,
nem
se tinha consciência de seu papel nas relações sociais.Tanto na Grécia quanto
em
Roma,
distribuíam-se gêneros aos necessitados,principalmente pão. Organizavam-se distrações públicas, nas quais destinavam-se lugar aos
pobres.
Aristóteles, pensador grego
que afirmava
a necessária e indissolúvel união entreespírito e matéria, alma e corpo
no
homem,
já sugeriaque
as distribuições não resolviam asituação dos necessitados, a
quem
devia ser prestado auxílio permanente e não eventual.Era
preciso dar-lhes o material indispensável para
que
se tornassem artesãos.De
acordocom
Oliveira (1996) somente a partirdo
Cristianismo éque
a caridaderevestiu-se de sentido e valor
como
forma de
ajuda.O
cristianismo teve sua importânciana
definição de
novos
procedimentos para a assistência social.A
expansão da Igreja, associada à conversãodo
imperadorromano
Constantino,que
em
313 d.C., pelo decreto de Milão,.estabeleceu o Cristianismo
como
religião oficialdo
Império, consolidou a fé cristã e instaurouuma
mudança
decisiva nas relações sociaisda
época,que
prevaleceram por toda a idademédia. Entre os cristãos, que viviam
em
comunidades, socializando os benscomo
forma
de amor, constituía-seem
premissa fundamentalo
amor
aDeus
e aopróximo
(princípio cristãoda
justiça e caridade).A
justiça supunha a vidanova da
conversão que deveria efetuar-se dentrodo
homem, sem
deixar de ter suas manifestaçõesno
social eno
comunitário.Seu
dinarnismomais
profimdo
identificava-secom
o amor,o
qualnão
substituía,mas
incluía a justiça, aomesmo
tempo que
a superava.A
superaçãoda
justiça pela caridade, expressano
Novo
Testamento, sugeria
que o
amor
que
Cristo pedia ia além das fronteiras das relações deamizade, para se estender aos próprios inimigos; e ia
além do
simples compartilhar, exigindo adoação
de simesmo
ao irrnão, até dar a vida por ele.Por
trás das exigências evangélicascomo
o
perdão incansável, a atenção aos enfennos e feridos aexemplo do
Samaritano, encontrava-se sempre o amor.O
amor, ressaltavaSão
João, segundo Oliveira (1996), eracritério da autenticidade dos discípulos, sobretudo
quando
esseamor
se dirigia ao pobre eao
necessitado.
A
ausência deamor
ao pobre negava a presençada
caridade de Cristonos
corações.
O
pobre deixou de ser vistocomo
castigado porDeus
devido aos pecados e passou aser encarado
como
pessoa fiel a Deus, apesar das opressõesque
sofria.Se
foi a injustiçaque
criou a situação dos pobres, seus direitos deveriam ser garantidos pela justiça,
sem
egoísmos
ou
exploração.Sendo
os pobres os primeiros destinatáriosdo Reino
de Deus, na solidariedadecom
estes é que se realizava o critériosupremo
de salvaçãoou da
perdição.~
Em
conseqüência dessanova
visao, padres e pensadoresda época
preocuparam-seem
sistematizar princípiosque
deveriam reger a resposta cristã aos males sociais.Podem
serdestacados:
Quadro 1: Princípios Cristãos de Responsabilidade Social
Crisóstomo, Basilio, Astério, Leão Magno: “Não
somos
donos,mas
administradores dos bens”;Basílio, Lactâncio, Agostinho: “O
homem
temuma
natureza social, échamado
a viverem
comunidade”;
Biílitaz “A participação e bens é
uma
exigência da justiça para cumprir o destino dos bens criados.,Quem
não remedia afome
é homicida";Crisóstomo Ambrósio: “Quando se dá esmola, se devolve ao pobre to que lhe pertence; é, portanto,
obra da justiça”;
Agostinho: “A misericórdia
com
o pobre é justiça”.Fonte: Oliveira, 1996, p. 88
Oliveira (1996)
comenta
que a Igreja então passa a liderar não apenaso
setorreligioso,
mas
também
o
setor social, desenvolvendo, nos mosteiros, ordens e congregações,atividades assistenciais destinadas aos pobres, enfermos, órfãos e viúvas, cumprindo, dessa
fonna, sua missão cristã.
Surgiram doutrinadores e reformadores dos preceitos cristãos
da
caridade. Uns,como
São
Francisco,abandonando
todos os bens que possuíam para vivercomo
pobre,davam
seu exemplo. Outros,como
São
Domingos,
pregandoo
cristianismo por toda a parte. Outros,ainda,
como
São
Bento, mestreda
caridade, eSão
Bernardo, reformando laOrdem
dosBeneditinos, exigindo-lhes
o
regresso à austeridade e à práticada
mais sã caridade.São
Tomás
de Aquino
(1225-
1274)pode
ser consideradocomo
um
marco
derevisão dos ideais cristãos. Partind`o~do _princípio de que,
segundo
aordem
natural estabelecidapor Deus, “o ser inferior é para
o
superior”,São
Tomás
retomou o
pensamento dos primeiros padres da Igreja, sustentandoque
os bens destemundo
eram
postos à disposição de todos oshomens, para
que
os utilizassemconforme
suas necessidades eem
buscada
perfeição.Comenta
Oliveira (1996)que
paraSão Tomás,
a propriedade privada só se justificaria se odetentor dos bens os considerasse
comuns
e estivesse disposto a distribui-los aos outros,sempre
que
precisassem.Poucos, entretanto, entre os cristãos, praticaram esta doutrina.
A
própria Igreja,apesar de pregar to término
da
escravidao eda
miséria,acumulou
riquezas,chegando
aconstituir-se
no
mais rico e poderoso proprietário de terras da Idade média.A
liberdade~
deveria ser transportada para
o
além, parauma
vida depoisda
morte,no
céu.A
transfonnaçaosocial não poderia pois, realizar-se neste
mundo
terreno.Durante toda a Idade Média, a Igreja administrou obras de caridade,
como
hospitais,leprosários, orfanatos e escolas. Nesta época, o Estado não se preocupava
com
os pobres, poisdeles cuidava a Igreja.
_. _.
Porém,
a transiçaodo
modo
deproduçao
feudal da IdadeMédia
para omodo
de produção capitalista, imprimiuuma
nova
racionalidade ao sistema de mercado.Com
a afirrnaçãodo
sistema capitalista, foram alteradas asi relações Estado-
sociedade civil,configurando
novas formas de intervençãono
campo
assistencial.Como
forma de se legitimarno
poder, o Estado passou a intervirno
campo
social.E
a caridade,que
deveria ser vistacomo
~
ato de justiça e amor,
começou
a constituir-se cada vez maisem
prática de dominaçao.A
chamada
IdadeModerna
caracterizou essanova
fase na prática da assistência social.V
Durante a idade
média
os trabalhadores artesãoseram donos
das ferramentas eda
matéria-prima.
Porém, no
períodoque
vaido
séculoXVI
ao século XVIII,chamado
de IdadeModema,
estes trabalhadores passaram a ser simplesmente assalariados.O
surgimentoda
classe manufatureira
que
detinha o capital edo
proletariado industrialque
vendiamão-de-
obra, instalou,
confonne
Andrade
(1996),uma
nova
ordem
social,conformando
novo
perfil àquestão assistencial.
Nesse
quadro, a Igreja, tradicionalmente responsável pela administraçãoda caridade, viu seu poder
ameaçado
com
aReforma
Protestante,que
rompeu
a unidadereligiosa e separou os espaços
do
clero edo
Estado.A
reformaprovocou
a anarquia e a desorganizaçãoda
assistência,com
conseqüentedesestruturação das obras de caridade,
em
especial nos países por ela conquistados.Até que
osgovemos
decidissem retomar às atividades mantidas pela Igreja, dando-lhes o caráter de serviços públicos
ou
fortalecendo iniciativas particulares de naturezafilantrópica, os serviços assistenciais
ficaram
prejudicadosnum
quadro de aprofiindamentodos problemas sociais. Alguns filósofos, através de suas obras, pretenderam contribuir
na
reorganização
da
assistência social, oferecendo princípios e regras para atuação eficientenesse
novo
contexto.Por
exemplo, Juan Luiz Vives (1492-
1540),pedagogo
e humanistaespanhol, publicou
o
livro“Da
Assistência aos Pobres”-
era de responsabilidadedo governo
o
esforço para queninguém
fosse oprimidoou
injustiçado; Vicente de Paula (1576-
1660),francês, criou juntamente
com
Luísa de Marillac,uma
entidadeformada
por mulheresda
aristocracia, as
“Damas
da
Caridade”, dedicadas a visitar as familias necessitadas.Outras instituições foram criadas por S. Vicente de Paula e Luísa de Marillac, para minimizar
o
sério problemado abandono
de crianças,que
assumiana
época, grandes proporções etambém
para educar as pessoas paraque
melhorassem sua condição de vida.Confonne
Oliveira (1996), a partir dessas medidas, surgiram as primeiras intervençõesdo
Estadono
dornínio social,mas
revestidas deum
caráter assistencialista erepressivo.
O
Estado passou a se preocuparcom
o bem-estardo
povo, que, descontente diantedo
agravamento de sua situação de miséria,ameaçava
aordem
estabelecida.Também
estimulou as medidas de reorganização
da
assistência,o
desenvolvimento das ciênciasresultantes
do
período da Renascença,que
pennitiuque
ohomem
tomasse consciêncianão
apenas de seu corpo e de seu planeta,
como
também
de suas possibilidades construtivas ecriadoras,
em
virtude de seu pensamento.Em
decorrência desse desenvolvimento, a concepção de pobreza sofi'eu alteração ecomeçou
a ser vistacomo
um
fenômeno
social enão
maiscomo
uma
provação. Cabia àsociedade, portanto, ajudar os pobres através de
uma
nova
concepção de caridade: afilantropia,
ou
seja, a caridade secularizada, separadada
idéia religiosa. Ajudaro
outronão
seria
um
ato de caridade,mas
um
dever natural de solidariedade.Jean Jacques
Rousseau
influenciou acompreensão
destanova
visão de caridade.Sua
política transformou a
compaixão
em
um
dever político plenamente racional e, mais tarde,fundamentou
a construção dos ideais daRevolução
Francesa.A
Inglaterra foio
primeiro país a organizar a assistência social demodo
sistemático.Desde
o
iníciodo
século XVII,uma
série de leis para os pobres regulamentou esta assistência,proibindo a mendicância e determinando
que
cada município cuidasse de seus pobres.Diversas conquistas na área social foram conseguidas gradualmente
em
toda a Europa, especialmente na Inglaterra e na França, de acordocom
Vicente(Apud
Oliveira,1996).
A
Revolução
Francesa éum
marco
na ampliação dessas conquistas.O
ano de1789
pode
ser consideradocomo
omarco do
fim
da Idade Média, pois foi nele que aRevolução
Francesa deu
o
golpe mortalno
feudalismo.A
luta contra esse sistema,marcado
pelaReforma
Protestante, pela Gloriosa
Revolução na
Inglaterra e pelaRevolução
Francesa, foi bastanteforte para que,
no
fim
do
séculoXVIH,
destruísse a velhaordem
feudal.Em
lugardo
feudalismo,um
sistema social diferente,o
capitalismo, baseadona
livretroca de mercadorias
com
o
objetivo primordial de obter lucro, foi definitivamenteconfirmado
pela burguesia.O
Estado, objeto de interesseda
nobreza, passa a ser instrumentodesta
nova
classe.I
De
um
lado, alguns entendiamque
a instauração deum
controledo
Estado sobre asorganizações de assistência exterminaria a pobreza, de outro, os liberais e defensores
mercantilistas consideravam
que
o
dever social eraum
deverdo
homem em
sociedade enão
da
própria sociedade.O
debateem
tomo
dessas questões,do
fim
do
séculoXVIII
ao iníciodo
séculoXIX,
traduziu as tensões entre a aristocracia rural e a burguesia industrial
em
ascensão.A
primeiravia, nas leis sobre os pobres, a condição para garantir a
ordem
rural tradicional.A
segunda,pelo contrário, necessitando de
uma
força de trabalhomóvel
e disponível,propunha nova
orientação à organização da assistência social.
Em
finsdo
século XVIII, os problemas decorrentesdo
inícioda Revolução
Industrial
aumentaram
significativamente.A
Inglaterra,em
princípiosdo
séculoXIX,
encontrou dificuldades na organização efinanciamento
do
atendimento aos pobres e necessitados.Os
gastoscom
este atendimentoeram
consideradosum
peso para o Estado.Chegou-se
a propor ofim
da prestaçãoda
assistência aos necessitados,
na medida
em
que
esta assistência era considerada obstáculo aolivre jogo
da
oferta eda
procura.Concentração populacional, promiscuidade e péssimas condições de moradia
passaram a
compor
o perfil socialdo novo
mundo
industrial. 1A
pobreza, antes vistacomo
fenômeno
temporáriodo desemprego ou
como
resistência
ao
trabalho dos pobresnão
moralizados,começa
a ser interpretadacomo
“criatura”da
própria sociedade industrial.A
década de 1860,em
Londres,com
seus problemas de miséria crônica,põe
em
questão
o
individualismo, pressuposto básicodo pensamento
liberal. Caipor
terra ainterpretação
da
pobreza indigentecomo
conseqüência de escolha pessoal apoiada pelacaridade dos ricos.
Aumentou
a apreensãodo
Estado diante da possibilidade de revoltas, o surgimentodo movimento
socialista e a penetração das teoriasde
Marx
e Engels entre os intelectuais eacamada
proletária.O
Estadomodemo,
portanto, sentindo-se ameaçado, passou a fazerconcessões significativas na área social.
~
Entretanto, a iniciativa privada
começa
a se destacarna
Inglaterra, atravésda
criaçao~
de
organizações de caridade,em
1869,com
o
objetivo de coordenaro
trabalho das obrasparticulares.
Nos
EstadosUnidos
foi criada a Escola de Filantropiaem
Nova
Iorque, destinada aformar profissionais habilitados a identificar as questões sociais, diagnosticá-las e aborda-las tecnicamente. Surgiu, dessa fonna,
o
Serviço Social,nova
estratégiano
tratamentoda
problemática social.
Rapidamente
essa estratégia ampliou-se por diversos países, onde, aos poucos, foi sendoencampada
pelo Estado,que
nela encontrouum
aliado para reiterar seusmecanismos
de legitimação e poder.Pode-se citar ainda,
como
marco
significativo de finsdo
séculoXIX, no que
dizrespeito à assistência social, a
promulgação da
primeira encíclica social, a“Rerum
Novarum”,
em
1891, peloPapa
Leão
XIII. Tal documento, verdadeiro tratado de justiça social, denunciouas conseqüências
do
capitalismo liberal: populações miseráveis vivendoem
subúrbiossórdidos, condições
desumanas
de trabalho salários defome
carência absoluta de recursosassistenciais, etc.
Leão
XIII percebeuque o
mundo
estavamudando
e procurou redefinir a Igreja deacordo
com
sua época. 'O
séculoXIX,
portanto,no que
se refere à organizaçãoda
assistência social, conjugou tanto iniciativas deordem
públicacomo
deordem
privada.Em
um
questionamento das tradicionais atitudes de repressãoou
de caridade,na
promoção
deuma
solicitudesem
fronteiras,o
Serviço Social, ao lado de outras profissõesque
surgiram
no
finaldo
séculoXIX,
como
orientadores e educadores especializados, buscou,em
suas origens, mais a
compreensão
do que
a sanção judiciária, atravésda
substituiçãoda
consciência da caridade, pela busca de técnicas eficazes.
Afirma
Oliveira (1996)que
o Serviço Social surgiu,como
profissão,com
o objetivode atenuar os efeitos das contradições criadas pela consolidação
do
sistema capitalista mundialem
finsdo
séculoXIX
e iníciodo
séculoXX.
Formar
profissionais capazes de intervir nos males sociais de maneira controlada efirndamentados
em
conhecimentos técnicos constituiu-se portantono
objetivoda
primeiraEscola de Serviço Social, nos Estados Unidos,
em
1898.O
assistente social, profissionalda
assistência,tomou-se
figura-chavena
prestaçãode serviços sociais aos necessitados. Contrapondo-se às ações apostolares voluntárias, este
profissional procurou diferenciar
o
Serviço Socialda
caridade tradicional. 'Na
evolução históricado
Serviço Socialno
Brasil, Oliveira (1996) distingue quatrofases:
Quadro 2: Evolução histórica do serviço social no Brasil.
Primeira Fase
-
compreendeu o período de 1930 a 1945 e foi caracterizada pela influência européia,idealista;
Segunda Fase
-
de 1945 a 1958, que coincidiucom
o avanço da tecnologiamodema
e sofreuinfluência norte-americana
com
ênfase na questão metodológica;Terceira Fase
-
de 1958 a 1965, que vivenciou ainda a influência norte-americana na perspectiva dacontribuição do Serviço Social para o processo social do desenvolvimento;
Quarta Fase
-
que teve inícioem
tomo
de 1965 e se estende até hoje: caracteriza-se pelosmovimentos de reconceituação, que
buscam
para a profissãoum
referencial teórico-prático coerentecom
a realidade brasileira.Fonte: Oliveira, 1996., p. 108
A
revolução de 1930 é o ponto de partida deuma
nova
fase da história brasileira,em
que
se assiste aum
complexo
desenvolvimento histórico-político cujos traços dominantes sãoas tendências de liquidação
do
Estado oligárquico, alicerçadoem
uma
estrutura social à base da grande propriedade agrária voltada parao
mercado
extemo, e de formaçãode
um
Estado Democrático apoiado principalmente nas massas populares urbanas e nos setores sociaisligados à industrialização.
3.2
AS
MUDANÇAS
NOS AMBIENTES
ORGANIZACIONAIS
Acredita
McGregor
(1992)que
aempresa
industrial sejaum
rnicrocosmoonde
seinventarão, testarão e se aperfeiçoarão algumas das mais fundamentais
mudanças
sociais.Como
disse Peter Drucker,(Apud
McGregor,
1992) a grande empresa industrialmodema
éela
mesma,
uma
invenção social de grande importância histórica. Infelizmente, já estáobsoleta a sua
forma
atual e simplesmentenão
éo meio adequado
para responder àsexigências econômicas futuras da sociedade.
A
dificuldade fundamental éque
aindanão
aprendemos
como
organizar e dirigir os recursoshumanos
da
empresa. Felizmente,um
número
cada vez maior de gerentes reconhece a inadequação dosmétodos
atuais.É
nessereconhecimento que repousa a esperança
no
futuro.A
administração industrial já demonstrou,repetidas vezes,
uma
extraordinária capacidade de inovar,uma
vez convencidada
oportunidade de fazê-lo.
A
administração está seriamente tolhida, hoje, na sua tentativa de inovarem
relaçãoao lado
humano
da
empresaem
virtudeda
inadequação da teoria convencional deorganização.
Baseada
em
pressuposições falsas e limitadas acercado
comportamento
humano,
essa teoria nosimpede
de ver muitas possibilidades de invenção, exatamentecomo
ateoria
da
ciência fisica de hámeio
século impedia até a percepção da possibilidadedo
radarou da
'viagem espacial.É
importante incitar a administração a rever as suas pressuposições e tomá-lasexplícitas.
Ao
fazer isso, ela abriráuma
porta para «o futuro. Disso possivelmente resultariam,nas próximas décadas, progressos,
no
ladohumano
da
empresa, comparáveis aosque
ocorreram na tecnologia,
no
últimomeio
século.E
sepudermos
aprendercomo
realizar o potencial para a colaboraçãoque
estálatente nos recursos
humanos
da industria, ofereceremos para osgovemos
e as naçõesum
modelo que
responde auma
necessidade urgenteda
espécie humana.Menezes
(2000)complementa que
a sociedade atual caracteriza-se pela suacomplexidade, pela crise das instituições, pelo avanço de tecnologia de velocidade nas
comunicações, pela globalização das finanças, etc. Entre outras questões, discute-se
uma
nova
consciência das pessoas, dos usuários dos 'serviços sobre os seus direitos
como
consumidor
ecomo
cidadão.Assim, a cada dia
aumenta
a responsabilidade das organizações pela saúdeda
sociedade. Espera-se
que
as organizaçõesolhem
parao
futuro e antevejam os problemasque
advirão, sabendo
como
solucioná-los, proporcionando bem-estar coletivo. Tal atitude implica,entre outras estratégias, na busca de melhoria de qualidade
em
serviços, revendoo
papel dosprofissionais, exigindo a
adoção
de novas estratégias profissionais.Uma
estratégia,que pode
ser encarada
como
um
novo
desafio, é o engajamentoda empresa no
desenvolvimento deprojetos sociais.
Mantovaneli Júnior (1994) acredita
que
a teoria das organizaçõesvem
sinalizandogradualmente
no
sentido de que, reahnentenão
existem empresas de caráter absolutamenteprivado, já que, de
um
modo
ou
de outro, são influenciadasou
dependentes do ambiente,que
é público
ou
social (mercado,govemo,
leis, ecossistemas, recursos...). Entretanto, muitosproprietários, administradores e consultores ainda não se
deram
conta deste pontofundamental
ao
se registrar e cumprir certas formalidades legais e morais, ao fornecerdetemiinados recursos, a sociedade remete
um
alvará de existência para a organização a qualdeve cumprir certos preceitos, para
que
continue tendoo
direito de participardo
ambiente social.Joelmir Beting é sociólogo e jomalista.
Tem
colunas publicadasem
48
jomaisem
todoo
país, incluindo“O
Estado deSão
Paulo” e dezenas de revistas semanais.É
autorde
diversos livros, e escreve periodicamente para
o
site Aprendiz.Sua
contribuiçãono
artigo“Mutirão Nacional” é muito importante para fundamentar este tema. Este artigo,
que
pode
serlido
no
anexo 1, enfatizaque
muitas ações sociais estão recebendo investimentosdo
setorprivado.
Outro
artigo deste autor,“Ação
Social S.A.”, constituio
anexo 2 deste trabalho econtribui muito para
o
tema, enfatizandotambém
a preocupação das empresascom
a açãosocial. Diversos outros artigos de Joelmir Beting foram incluídos
como
anexos, poisfazem
um
resgate muito abrangente de informações e considerações sobre a responsabilidade social.O
anexo 6,com
o artigo“Empresas
Cidadãs, traz diversos dados de pesquisas e estudos feitosem
empresas,comprovando
que otema
jácomeça
a fazer partedo
planejamento estratégicodas organizações.
Os
anexos 7 (“Troca de marcha”) e 8 (“Ensino turbiriado”) falam,respectivamente, sobre a preocupação da
Volkswagen
em
implementaruma
políticade
proteção ambiental e sobre a Telefônica,
empresa
de telecomunicações que atuaem
São
Paulo,
que
em
parceriacom
oGovemo
Federal, vai implantarum
programa de
acesso àIntemet nas escolas públicas.
Não
só a “pessoa jurídica” precisamudar
sua mentalidade,mas
principalmente a mentalidadehumana
deve estar voltada para a solidariedade,conforme comenta
GabrielaAthias, repórter da “Folha de
São
Paulo”,em
seu artigo “Brava Gente”, para a revistaAprendiz,
que
pode
ser lidono
anexo 3.O
anexo
4, trazuma
importante reportagem informandoque o
MEC
quer ensinosuperior engajado na ação social, assim
como
o anexo 5,que
trazuma
matéria informandoque
os cursos de terceiro setorcomeçam
a setomar
comuns.As
empresas, cada vez mais preocupadasem
serem responsáveis socialmente,devem
incentivaro
trabalho voluntário etambém
valorizar o profissional que demonstra taldesprendimento.
Dentro das empresas, é cada vez mais forte a tendência de valorizar os funcionários
que têm
interesseno
trabalho voluntário. Esse interesse revelauma
capacidade .de servir euma
vontade de conhecer omundo
além dos limitesda
vida cotidiana por partedo
profissional.
Para Stephen Kanitz, as empresas
devem
adotaro que
chama
de “FilantropiaEstratégica”. Ele escreve para
o
site Filantropia.Org,o
qualpode
ser acessado atravésdo
endereço http://wWw.filantropia.org/Filantropiaestrategica.htm.
A
maioria das empresasbrasileiras possui
uma
política filantrópica de destinarno
orçamentoum
pequeno
recurso paraas obras sociais.
O
dinheiro acaba sendo gastoem
muitos projetos diferentes,mas
boa
partedele
não
chega ao destino previsto.Apesar da
filantropia feita,ninguém
se orgulha dessesgastos e os consumidores
não
ficam
sabendodo
empenho
investido.É
como
jogar forauma
gota d°água
no
oceano.O
presidente e ou acionistada
empresa doadoraacabam
achando, corretamente,que
no
fundo, as doações sãoum
desperdício eque não
acrescentamnada
às soluções dos problemas sociais.A
filantropia estratégica éuma
práticaque
vem
crescendocom
sucesso. StephenKanitz acredita que
no
caso brasileiro _é a melhor alternativa para as empresasque querem
causar
o
máximo
de impacto junto à comunidade.Ao
invés de dispersar seus recursos filantrópicos entreuma
dezena de entidades a empresa deve abraçaruma
única causa e ficar conhecida por ela.O
Boticário, por exemplo,tem
aimagem
associada à proteção aomeio
ambiente e a
C&A,
à educação infantil.O
primeiro passo é conhecero enorme
leque de necessidades sociais, ao qual carência e socorro foram simplesmente relegados. Depois é necessário definir quais os tiposde competências, interesses e desejos dos funcionários
da
empresaque
podem
ser canalizados-e usados eficientemente.
Com um
pouco
de análise encontra-sealguma
sintonia entre as entidades, suascausas, competências e motivação de
uma
empresa.Como
aC&A,
por exemplo,que
abraçoua educação infantil, já
que
a maior parte dosfiincionáriostem
filhos e gostariade
«entender de educaçãoem
geral.A
filantropia estratégica faz o funcionários sentirem orgulho de trabalharna
empresa.
Os
consumidoresficam
felizes por serem clientes.Queiram ou
não, cada vez mais afilantropia
começará
a fazer parteda
estratégia global das empresas brasileiras.Há
um
artigodo
Jornaldo
Conselho Federal de Contabilidade, cuja importância paraeste trabalho repousa
no
fato de fazeruma
crítica, aindaque
suave, àonda
de matérias sobreresponsabilidade social,
que esquecem
deum
importante detalhe. Valdir Massucati (2001), contador,advogado
e professor de ciências contábeis, escreveque
as empresas passaram portrês fases de gestão: a primeira tinha
uma
visão “monossocial”,onde o pensamento
visavasomente a interesses
do
investidor;num
segundomomento,
veio a fase “bissocial”,onde
avisão era para
o
investidor e paraos
empregados,ambas
de caráter interno. Atualmente, avisão é “multissocial”,
ou
seja, as empresas estão preocupadascom
o
investidor,com
osempregados
ecom
a sociedadeem
que
está inserida. Valdir Massucati (2001) dizque
estavisão estratégica será
ou
éum
diferencial nos negócios,mas
acredita que as ações sociais e balanço socialnão
podem
enão
devem
ser usadoscomo
instrumentos de Marketing.q
É
levantadauma
questão: a empresa socialmente responsável é aquelaque cumpre
seu principal papel, que é
o
de prestarbons
serviçosou fomecer
produtos de qualidade,atendendo à legislação,
sem
gerar desperdício esem
prejudicaro meio
ambienteou
seriasocialmente responsável
uma
empresaque
apóia projetos comunitários e/ou ações sociais,culturais e esportivas,
sem
fomecer
produtos de qualidade,sem
pagar seus impostos,atrasando
pagamento dos
fomecedores, agredindoo meio
ambiente? Entende ValdirMassucati (2001)
que
não. Ele fazum
paralelo, citandoo exemplo
deum
contabilista,profissional cuja responsabilidadeié desenvolver
uma
atividadeque
gere infonnações paratomada
de decisões,com
competência, ética e atendimento àsnormas
legais, agregando desta fonna, valor à sociedade, cumprindo portanto seu papel social.Não
adianta prestar serviços àcomunidade
sem
pagar impostosou
executar corretamente suas atribuições principais.“Quero
dizerque
uma
empresanão
é socialmente responsável porque faz açõessociais, desenvolve projetos
de
apoio à criança e à juventude e divulga essas ações para tereste reconhecimento pela sociedade, e
não
faz o dever de casa” (Massucati, 2001, p.8.).O
autor enfatiza
que
as empresaspodem
edevem
investirno
social,mas
nunca deverão esquecersua maior responsabilidade, que é prestar bons serviços
ou fomecer
produtosde
qualidade,atendendo à legislação,
sem
gerar desperdícioou
prejudicaro meio
ambiente, evitando assimrupturas e situações falimentares, danosas a toda a sociedade.
3.3
AS
FUNDAÇÕES
E OS
INSTITUTOS
Parte de
um
grande projeto social é a constituiçãoou o
auxílio auma
fundação.Constituir
uma
fundação abreum
grande leque para atuarna
área social. Para o administrador,é a chance de demonstrar
na
prática o seu verdadeiro lado empreendedor, criativo e inovador,em
consonânciacom
seu caráterhumano.
Segundo
Baldança (1999), é necessário unir osdiversos conhecimentos da área administrativa, assim
como uma
grande capacidade parasaber lidar
com
as pessoas dascamadas
mais baixas da sociedade, envolvidasem
projetospropostos
na
área de atuação social.É
necessárioque
os administradores sepreocupem
com
o impacto socialde
suaorganização, planejando ações que preservem e
mantenham
a sociedade ao seu redor eque
tenham
em
sua organização pessoas participantes e integrantes deum
meio
social digno.As
fundações são
o caminho
para que as atividades socialmente responsáveis sejam promovidas,com
avantagem
dos incentivos fiscais por partedo govemo.
Algumas
empresas atentaram parao
seu papel na sociedade preocupando-seem
amenizar os problemas sociais existentesno
Brasil e para isso constituíram fundações pararealizar este papel. Muitas vezes, esta iniciativa
não
representa custo algum, basta- apenas ainiciativa de oferecer
alguma
estrutura e utilizar-seda
renúncia fiscal.Ainda são poucas, mas, o
mercado
já dispõe de pessoas qualificadas para atuaremna
área social que são verdadeiros profissionais
que
se utilizam das habilidades administrativas,como:
planejamento, organização, controle, marketing, etc., para desenvolverum
trabalhoimportante e necessário
no
Brasil.3 .3 .1
Fundação
BradescoDe
acordocom
o site http://Wwwfimdacaobradesco.org.br/Íbradesco/index.asp , aFundação
Bradesco foi criadaem
1956, porAmador
Aguiar,com
o objetivo de proporcionar educação e profissionalização às crianças, jovens e adultos. Inaugurou sua primeira escolaem
29.06.62,na
CidadeDeus
-Osasco
- SP,com
300
alunos e 7 professores.Hoje
são38
escolas,com
previsão de atendimento para 2.001 de 101.465 alunos,em
praticamente todos os estadosbrasileiros e
no
Distrito Federal, atendendo a filhos de fimcionários, comunidades de baixopoder aquisitivo e adultos por
meio
da Tele-educação.Nos
locaisonde
as escolas foram implantadas,há
intensa procura pela comunidade,em
busca deum
ensino de qualidade, desfrutando das boas condições de infra-estrutura.As
Unidades Escolarestêm
por meta, formar cidadãos capacitados parao
trabalho epara o exercício
da
cidadania.A
Fundação
acreditaque
a escola deve terum
caráter de educação pública,de
prestação de serviço para a sociedade, sendo capaz
de
ser democrática e de permitiro
acessoao saber amplo, tratando a questão profissional nas suas relações
com
o conhecimentocientífico.
O
trabalhoda Fundação
Bradesco se destaca nos seguintes cursos: educação infantil,ensino filndamental, ensino médio, educação de jovens e adultos, capacitação profissional e
inseminação artificial.
Em
Santa Catarina,também
existeuma
unidade escolar mantida pelaFundação
Bradesco.
A
Escola deEducação
Básica e Profissional Professora Adélia Cabral Varejão,em
Laguna, foi inaugurada
no
dia O1 demarço
de 1974.A
Escola atende aos alunos nos cursos de educação infantil, ensinofimdamental,
ensino médio, 2°
Grau
técnicoem
administração de empresas e educação para jovens eadultos.
Há
ainda os cursos de capacitação profissional voltados para informática, cortede
cabelo, manicure e pedicure, corte e costura, turismo,
garçom
e recepcionista.Nos
currículosdo
Ensino Fundamental, os alunosestudam
também
uma
disciplinade grande importância para a
economia
local, a pesca. Elesaprendem
sobre espécimes marinhos eo
significado da preservaçãodo meio
ambiente.É
um
curso dos mais oportunos.Laguna, situada na Serra
do
Mar, àmargem
do enorme
lagoque
se desdobraem
Lagoa
Santo Antônio dos Anjos daLaguna
eLagoa
Mirim, é consideradaum
museu
ecológico,com
praias euma
natureza extremamente privilegiada.O
turismo e a pesca estãona
base daeconomia da
cidade.
Como
que para simbolizar a sintoniada Fundação
Bradescocom
o mercado de
trabalho, a escola,
no
,Bairro de Magalhães,numa
casa de estilo açoriano,fica próxima
aoporto pesqueiro de Laguna.
3.3.2 Instituto Ayrton
Senna
Outra entidade que
merece
destaque neste capítulo é o Instituto Ayrton Senna,que
lembra
um
importante cidadão brasileiro, piloto deFórmula
1.Além
de
um
esportistafenomenal,