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PPPs e Copa do Mundo: Desenho contratual para estádios

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Revista da AMDE – ANO: 2016 – VOL. 15

PPPs e Copa do Mundo: Desenho contratual para

estádios

Rodrigo Nobre Fernandez

João Arthur Corleta Castro

Claudio Djissey Shikida

1. INTRODUÇÃO

A escolha, em 2007, do Brasil para sede da Copa do Mundo de 2014 representou um potencial incentivo para que o governo cuidasse de seus problemas de

Esta trabalho utiliza modelos de parcerias público-privadas ao problema de construção e reformulação de estádios para a Copa do Mundo de 2014. O objetivo é caracterizar o desenho contratual utilizado para cada estádio, baseado nos modelos de Hart et al. (1997) e Hart (2003), e assim otimizar a eficiência deste tipo de contrato, novo no Brasil. Primeiramente é feita a revisão da literatura dos mais importantes artigos sobre Parcerias Público-Privadas (PPPs). Em seguida é feita uma contextualização da conjuntura atual dos estádios com a discussão sobre processos contratuais, receitas, custos totais e direitos de propriedade. Por último, são discutidos os dois modelos que constituem a base teórica para a avaliação do desenho contratual praticado para cada estádio. É possível notar que estádios ou arenas, construídos sob contratos de PPP estão em melhor estado financeiro e se mostram mais eficientes quanto à utilização do dinheiro público, além de apresentarem perspectiva de sucesso econômico maior que aqueles construídos sob o formato tradicional.

Palavras ‒ Chave: Parceria Público-Privada. Estruturas de propriedade. Desenho contratual.

Resumo

This paper applies models of public-private partnerships for the construction and overhaul of stadiums for the World Cup 2014. The objective of this study is to characterize the contractual design used for each stage, based on the models of Hart et al. (1997) and Hart (2003), and thus optimize the efficiency of this new kind of contract for Brazil. First a literature review of the most important articles on PPPs is made. Soon after, the the current situation of the stadiums is presented, with the discussion about revenues, total costs and property rights. Finally, the two models basis for the monograph are presented, building the theoretical basis for the assessment of the contractual design practiced for each stage. It’s easy to note that stadiums or arenas built under PPP contracts are in better financial condition and are more efficient regarding the use of public money and show a better perspective of economic success when compared to those built in the traditional format. Keywords: Public-Private Partnerships. Ownership structure. Contract design.

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infraestrutura. Para receber o evento, a nação acordou com a entidade máxima do futebol, a FIFA (Federação Internacional de Futebol) uma série de exigências necessárias para realização do evento, dentre elas a conclusão de doze estádios, em doze sedes diferentes. Para tanto, o Governo Federal realizou em grande parte contratos na estrutura de Parcerias Público-Privadas (doravante: PPPs) para a conclusão destes empreendimentos.

No âmbito nacional, apenas no inicio dos anos 1990 ganhou maior força a inserção do agente privado para prestação de serviços tipicamente públicos objetivando a busca por maior eficiência. Esse processo se solidificou principalmente em 1995 com a aprovação da lei nº 8.987, conhecida como lei das concessões. A partir desse texto, o Estado atende a norma 175 da Constituição Federal, que permite ao ente público conceder, de maneira geral, ao agente privado a execução de um serviço prestado pelo ente público, mediante licitação concorrencial, em que demonstre capacidade para execução, e que arque com seus riscos e por um tempo previamente determinado.

Após alguns anos, surgiu um novo tipo especial de concessão. Regularizada pela Lei 11.079 de 30 de dezembro de 2004, o, então novo método, era chamado de Parceria Público-Privada. Conforme visto acima, esse arranjo contratual surgiu para beneficiar ainda mais a sociedade e buscar suprir as deficiências de infraestrutura que o Estado não poderia garantir.

Dentro desse escopo, esse trabalho pretende analisar os contratos de PPPs para a construção dos estádios e arenas da Copa do Mundo de Futebol de 2014, em que o Governo se utilizou dessa modalidade contratual para tornar possível a construção ou reparo dos estádios que foram sede dos jogos do evento. Neste tipo de contrato é definida uma concessionária responsável pela administração e manutenção do local após a Copa. Como resultado, a propriedade dos ativos poderia ser pública ou do clube, no caso de estádios privados.

Dessa forma, visamos compreender como foram modelados os contratos de PPPs para a construção e reestruturação de estádios de futebol. Para tanto, toma-se como base os modelos teóricos de Hart et al (1997) e Hart (2003). De acordo com o último trabalho do autor, contratos onde a qualidade pode ser especificada tendem a ser

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bem sucedidos na modalidade de PPP. No caso de estádios de futebol, o monitoramento no período de construção é mais complicado, quando comparado ao processo de prestação de serviços que ocorre após o empreendimento estar pronto. Essa brecha pode gerar comportamento oportunista por parte da empresa ou do grupo que presta o serviço1.

Em suma, esse trabalho está estruturado da seguinte forma: na segunda seção é feita uma breve revisão literária acerca dos principais estudos relacionados as PPPs; na terceira apresentam-se os modelos teóricos utilizados; na quarta estuda-se a conjuntura atual dos estádios construídos ou reformulados para a Copa do Mundo e, na quinta seção, são tecidos comentários sobre esses empreendimentos com base na teoria contratual de PPPs. A sexta seção conclui.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Por mais que seja um assunto relativamente recente, a literatura sobre o tema apresenta muito uma grande quantidade de estudos de casos quando comparado a modelos teóricos (MARTIMORT e IOSSA, 2008). A seguir, mostram-se os principais modelos que focam no estudo teórico dos contratos de PPPs e suas características.

No trabalho de Hart et al. (1997), os autores utilizam um modelo de contratos incompletos, para avaliar em quais situações é preferível o financiamento público ou privado. O modelo se baseia na qualidade do serviço, em que o contratado, seja público ou privado, pode investir tempo para aumentar a qualidade do serviço ou para cortar custos, tendo esse corte um efeito negativo na qualidade. Os autores usam exemplos de escolas, hospitais e prisões, e concluem que, quando a redução de custos tem um efeito nocivo a qualidade e inovações não são importantes, o financiamento público é preferível. Por outro lado, quando se pode controlar o corte de custos via contratos ou

1 É importante destacar que não é objetivo deste artigo discutir o problema importante que diz respeito ao estado financeiro atual de vários destes estádios, embora este seja um problema importante e que, possivelmente, tem relação com o desenho contratual adotado pelo governo para viabilizar a Copa do Mundo. Já em 2015, alguns destes estádios já se encontravam invadidos, como relata Garcia-Navarro (2015). Ver também Douglas (2015). Adicionalmente, note que, em 2017, a FIFA buscou se desvencilhar dos problemas de corrupção envolvendo os estádios da Copa. Ver Panja (2017).

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competição, e inovações são importantes, o financiamento privado é preferível.

No artigo de Hart (2003), um modelo é elaborado com base em Hart et al. (1997). Neste trabalho, são utilizadas ideias da literatura de contratos incompletos e de privatização para descrever um modelo de PPP. Porém, o autor não se detém a especificar a propriedade do ativo, e estabelece também que toda provisão dos serviços será privada.

Nesse trabalho, o ente público então tem duas opções para a construção e operação do projeto: contratar apenas uma firma para ambas as funções ou contratar duas firmas de forma separada. Assume-se que o contrato é incompleto, no sentido de que podem haver modificações no projeto pelas firmas contratadas, sem violar os termos especificados no contrato. No caso de PPP ou bundling, o governo contrata apenas uma firma e especifica apenas as qualidades básicas do serviço a ser prestado. Desse modo, a firma construtora internaliza o custo da provisão do serviço ou subcontrata outra firma. Sendo assim, a firma escolherá a melhor forma de investimento, sendo possíveis dois tipos: um investimento para facilitar a gestão, que beneficia a sociedade e outro para a redução de custos e da qualidade do serviço.

Ao final do trabalho, Hart (2003) avalia o contrato de PPP como preferível no caso de contratos em que o serviço é bem especificado, enquanto a qualidade da construção não pois, neste caso, a firma internalizaria a redução de custos e executaria um investimento mais produtivo. Já quando as construções são bem especificadas e a qualidade do serviço não o é, será preferível o contrato com firmas separadas. Os principais exemplos,são prisões e hospitais.

Em Bennett e Iossa (2006), os autores utilizam um modelo especial de PPP, chamado de Private Finance Initiative, o PFI. Este modelo envolve a junção do design, construção, financiamento e operação do projeto, que é contratado junto a um consórcio de firmas privadas. Esse consórcio é composto por uma construtora e uma empresa para administrar o projeto após sua conclusão enquanto o governo apenas especifica os serviços que quer e define os padrões básicos. O ente público deixa para o consórcio o controle de como entregará o serviço. O objetivo dos autores é estudar a agregação das fases do projeto. Caso existam externalidades, ocontrole dos serviços deve ser entregues

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às firmas privadas. Conclui-se que,, quando há uma externalidade positiva entre as fases do projeto, o consórcio é sempre ótimo e induz a internalização das externalidades. Isto demonstra o objetivo do PFI, a integração das diferentes fases da provisão do serviço público. Porém, quando há uma externalidade negativa, o efeito de valor residual favorece a propriedade da firma um e se há um grande benefício social, a propriedade deve permanecer com o governo.

Diferente dos modelos expostos acima, Martimort e Pouyet (2008) usam um ambiente multitarefa. Neste ambiente, a delegação de tarefas no setor privado vem com problemas de agência. Os esforços na construção e na administração não são verificáveis e vêm com problemas de risco moral. O modelo considera duas tarefas: construir e administrar. As firmas são caracterizadas por funções de aversão ao risco idênticas, e sujeitas ao risco moral. É notado que o caso de PPP permite uma melhor internalização das externalidades e aumenta os incentivos para uma externalidade positiva, aumentando o benefício, isto é, deixar com a construtora pode ser uma maneira viável para uma eficiente construção e desenho contratual. Em contraste, quando a externalidade é negativa, promover unbundling diminui os custos de agência e é socialmente preferível.

Em um artigo mais recente, Balduzzi (2011) estende o modelo de Hart (2003) ao incluir aforça de trabalho e o govrno como provedor alternativo de ativos. Permite-se um investimento após a conclusão do projeto, e a presença de trabalhadores, podendo influenciar nos níveis de benefício, sendo os próprios trabalhadores consumidores deste benefício. O autor aborda também uma possibilidade de o governante deixar de beneficiar a sociedade em buscar de um benefício privado, como uma reeleição, por exemplo.

Na literatura brasileira sobre PPPs temos um enfoque no tema baseado na Análise Econômica do Direito. Alguns autores como Nóbrega (2009) e Fernandez et al (2014) buscam compreender como o processo de concessões e PPPs no Brasil pode ser utilizado para a superação dos gargalos de infraestrutura do país sem prejudicar as contas públicas. Os autores chamam a atenção para o fato de que, mesmo utilizando as PPPs, podem haver problemas de risco moral e assimetria de informação.

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3. MODELOS TEÓRICOS DE PPPS

Mesmo ao considerar-se que as PPPs são um arranjo contratual relativamente novo, a literatura sobre estudos de casos e experiências é bastante extensa. Em contrapartida, a literatura sobre os modelos teóricos é relativamente nova, bem como, o uso de técnicas de simulação para avaliação destes modelos. A seguir, são apresentados os modelos de Hart et al. (1997) e Hart (2003) os quais são considerados canônicos na teoria dos contratos das PPPs.

3.1 Modelo Hart et al. (1997)

Neste modelo desenvolvido por Hart, Shleifer e Vishny em 1997, os autores propõem a seguinte situação: o governo pretende ofertar um bem ou serviço à sociedade, e tem duas possibilidades: ofertar por si só ou utilizar o setor privado. O modelo se baseia em contratos incompletos e em quem (o governo ou o ente privado) detém os direitos de controle residual. Esse direito dá ao seu detentor, a autoridade de aprovar mudanças seja na prestação do serviço, bem como na sua qualidade ou inovações.

Supõe-se que a administração do bem ou serviço seja feita pelo agente, M. O agente governamental é representado por G e o responsável pela provisão do bem ou serviço é F. A princípio, é considerado que G representa todos os interesses da sociedade. Então, G e M são capazes de escrever um contrato de longo prazo, especificando alguns aspectos do bem ou serviço. Neste contrato, se F for privado, terá um Po (preço) pago a M pelo serviço contratado, caso contrário, Po representa o salário de M.

Como é impossível prever ex ante todas possíveis modificações relevantes ao projeto, o contrato é revisado ex post, e os rendimentos dessas mudanças é representado por B, um benefício a sociedade, e C são os custos de operação. Assume-se que um aumento de B está positivamente correlacionado com o de C, e vice-versa. Assim temos:

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Em que:

e, i são os esforços para uma inovação nos custos e uma inovação na qualidade,

respectivamente;

c(e) ≥ 0 é a redução de custo correspondente a uma inovação de custos;

b(e) ≥ 0 é a redução na qualidade correspondente a uma inovação de custos;

β(i) ≥ 0 é o aumento qualitativo dos custos líquidos de uma inovação na qualidade.

A função b é a variável chave do modelo: ela mensura o quanto a qualidade do serviço cai, dado um corte nos custos.

São feitas algumas premissas básicas sobre a convexidade, concavidade e monotonicidade de b, c e β: b(0) = 0, b’ ≥ 0, b’’ ≥ 0; c(0) = 0, c’(0) = ∞, c’>0, c’’<0,

c’(∞) = 0; β(0) = 0, β’(0) = ∞, β’>0, β’’<0, β’(∞) = 0; c’ – b’ ≥ 0. A premissa de c’ – b’

≥ 0, β’> 0, nos diz que a redução na qualidade, advinda de uma inovação nos custos, não compensa a redução nos mesmos; e que o aumento nos custos advindos de uma inovação na qualidade, não compensa o aumento na mesma.

O esforço do gestor ex ante deve ser adicionado a C para obtermos os custos totais de M. O custo total é escrito por (e + i). Consequentemente, os custos totais de M são:

Uma premissa importante é que os dois tipos de inovações podem ser feitos sem violar os termos contratuais. Isto é, essas mudanças podem ocorrer e modificar a qualidade, pois o contrato inicial é incompleto, e não acarretam emo descumprimento dos termos contratuais. Também se supõe que i, e, b e c são observáveis para G e M. Similarmente, os benefícios de G e os custos de M são observáveis, porém não verificáveis ou transferíveis, o que significa que a receita e a divisão de custos são impraticáveis.

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Além disso, admite-se que G e M estão relacionados, isto é, não há outro empreendimento além de F que pode ofertar o serviço a sociedade, e não há outro consumidor em potencial. Assim, na data zero, M e G escrevem o contrato e escolhem a estrutura de propriedade, entre zero e um. Por sua vez, M escolhe i e e, e, na data um, ocorre a renegociação.

Como as partes querem a renegociação, assumimos que G e M dividem os ganhos desta. No ponto de vista de que qualquer mudança na qualidade ou custo requer a aprovação do proprietário do empreendimento, neste caso, caso G seja o proprietário, as mudanças precisarão de sua aprovação. Caso o empreendimento seja privado, M poderá empregar quaisquer inovações sem o consentimento de G. Note que, se o empreendimento for privado, não é interessante para M aumentar a qualidade do serviço sem a aprovação de G, pois não virá nenhum novo pagamento por uma qualidade que não foi contratada (e, portanto, um novo contrato será escrito).

Ainda pode ser discutido o quanto os frutos do esforço de M, e e i são devido ao seu capital humano. Suponha que M tenha uma ideia de inovação para reduzir custo ou aumentar a qualidade, mas que a participação de M seja necessária apenas para uma parte desta ideia, enquanto o resto é de conhecimento público. Em particular, no caso de F ser público, G poderá realizar uma fração 0 ≤ (1-λ) ≤ 1 dos ganhos sociais líquidos da inovação sem M, apenas contratando outro gestor e

pagando-lhe o custo da inovação.

Se F for privado, M terá o controle residual, e pode negar qualquer inovação ou se recusar a ser trocado. Note que o parâmetro λ é muito importante pois mede os incentivos dos funcionários públicos. No caso de λ = 1, o funcionário público é insubstituível, e consequentemente tem poder de negociação com G, igual ao do gestor privado. Em resumo:

Se F é propriedade privada, então, com ausência de renegociação, uma inovação nos custos é feita, já que M tem o controle, e uma inovação na qualidade não o é, pois não há incentivos a M para fazê-lo.

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Assim, o payoff de G é e o payoff de M é

A) Se F é propriedade pública, então, com ausência de renegociação, ambas inovações são implementadas. Porém, G deve substituir M e consequentemente terá apenas uma parte dos ganhos dessas inovações. Assim, o payoff de

G é , e o payoff de M é

Considere como referência uma situação de first-best, onde contratos de longo prazo podem ser escritos descrevendo as mudanças. Neste caso, G e M escolhe e e i para maximizar seus ganhos totais vindo de suas relações, e dividem esses ganhos usando transferências lump-sum. Assim, G e M resolvem:

Dadas as premissas, haverá uma solução única (e*,i*), caracterizada pelas condições de primeira-ordem

No ponto ótimo, o benefício marginal de um esforço maior para reduzir custos, deve igualar o custo marginal deste esforço extra, que é igual a um. Da mesma forma, o benefício marginal de um esforço maior para aumentar a qualidade deve ser igual ao custo marginal deste esforço, que é igual a um.

3.1.1 Equilíbrio sob propriedade privada

Agora, suponha que M seja proprietário de F. Neste caso, a renegociação se dá sobre uma inovação de qualidade. Os ganhos da mesma, são β(i), que é dividido 50:50. Os payoffs são:

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Como M pode cortar custos sem a aprovação de G, este arca com todo o ônus da redução na qualidade, resultante deste corte. Uma vez que as partes têm expectativas racionais, M escolhe e e i para maximizar , resolve-se:

A solução única é notada por . As condições de primeira-ordem são:

Existem duas diferenças desta solução para a solução first-best. Primeiro, M ignora a redução na qualidade resultante do corte de custos, e consequentemente, extrapola o benefício social deste corte. Segundo, como M deve ter a aprovação de G para aumentar a qualidade, na margem, ele recebe apenas metade dos benefícios, o que diminui seus incentivos para aumentar a qualidade.

O excedente total sob a propriedade de M é dado por

O preço é escolhido para alocar o excedente entre as partes, de acordo com

seu poder de barganha na data zero. Essa equação reflete que as partes negociam eficientemente ex post, porém há uma distorção nos investimentos i e e.

3.1.2 Equilíbrio sob propriedade pública

Supondo que G seja o proprietário de F, então a renegociação se dá sobre a fração de λ de ambos, a inovação de custo e de qualidade que G não pode se apropriar:

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Os ganhos são divididos 50:50, e os payoffs são:

No caso de λ=1, onde o gesto é insubstituível, as partes dividem os ganhos 50:50. M então escolhe e e i para resolver:

A solução única é notada por . As condições de primeira-ordem são

Neste caso há um contraste com o equilíbrio sob propriedade privada, porque o funcionário público M tem que negociar uma redução de custo com G. Este, por sua vez, considera a redução de qualidade que estes cortes acarretam. Porém, há novas distorções. Primeiro, para os dois tipos de inovação, o gestor precisa de aprovação de G, e consequentemente perde metade dos ganhos. Segundo, se λ < 1, o gestor pode ser substituído, e não tem incentivos para inovar. Ambos os fatores freiam os incentivos de um gestor público.

O excedente sob a propriedade de G é dado por:

Novamente, o preço é escolhido para alocar o excedente no tempo zero, de

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3.1.3 A escolha da estrutura de propriedade

A estrutura ótima, é a que produz o maior excedente. Isto é, a propriedade com G é superior a com M.

Renegociação sob informação simétrica assegura que todas as estruturas de propriedade sejam eficientes ex post.

3.1.4 Resultados relevantes

Sob propriedade privada, os custos são sempre menores, e a

qualidade pode ser maior ou menor, quando comparada com a

pública.O modelo mostra que o investimento e (nesse caso i acompanha o

comportamento dessa variável ) é maior sob a propriedade privada, isto é, são feitas

maiores inovações para redução de custo neste caso, e consequentemente os custos serão menores.. Caso a propriedade privada apresente qualidade maior, então b’(e) é pequeno e é substituído por Өb(e), com Ө → 0. Neste caso, a qualidade é determinada por diferenças em i e não em e.

Este resultado mostra uma premissa básica sobre contratos privados, isto é, apresentam maior eficiência nos custos embora possam gerar resultados ambíguos em relação à qualidade do projeto.

3.2 Modelo Hart (2003)

Neste artigo – baseado em Hart et al. (1997) - o autor desenvolve o modelo baseado na literatura de contratos incompletos e de privatização para descrever um modelo de PPP. O artigo não foca em quem deve deter a propriedade do ativo, mas determina que o governo será o proprietário e a provisão dos serviços, por sua vez, será privada. et al

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duas opções: bundling (ou seja, um contrato agregado por meio de consórcio) ou

unbundling (no qual os contratos são separados). Assume-se que o contrato é

incompleto, isto é, poderão ser modificadas natureza da construção ou dos serviços, sem violar os termos previamente especificados.

Existem três datas: 0, 1 e 2. A construção é realizada entre 0 e 1, e o serviço é prestado entre 1 e 2. Além disso, cabe ao investidor decidir entre dois investimentos: i e

e que afetam o custo e o benefício da seguinte forma:

   

i b e B B B0 

   

i ce C C 0  Com: B,b,,c0,B'0,b'0,'0,c'0 e B''0,b''0,''0,c''0.

Os investimentos são descritos como “i”- o investimento produtivo que procura aumentar a qualidade e facilitar a operação do empreendimento - e “e” - investimento improdutivo que reduz custos totais, mas também a qualidade geral do projeto.

No caso de unbundling, o governo contrata uma empresa na data zero, para a construção do ativo por um preço P. Na data um, o governo leiloa o contrato para a empresa que queira operar o ativo e prestar o serviço. Se houver uma competição entre empresas, o governo pagará ao gestor igual aos seus custos de operação: C = C0 – y(î) – c(ê), onde î, ê, são as opções de equilíbrio do construtor. Na data zero, o construtor escolhe i, e, para resolver:

Temos como solução simples que, î = ê = 0. Isto é, a

empresa responsável pela construção faz a prisão da forma mais barata possível. Neste caso, o construtor não internaliza as externalidades de i, e e. No caso de um mercado competitivo de construtores, Po = î + ê = 0, e o retorno liquido do governo é:

No caso de bundling ou PPP, o governo oferece um contrato na data zero, faz as especificações do serviço e da construção a ser provido entre as datas um e dois e

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paga um preço P. Neste caso, agora o construtor agora internaliza os custos de operação do serviço ou subcontrata alguém.

Assim, na data zero, o construtor escolhe entre i e e visando solucionar:

O construtor maximiza a função:

Temos:

A maximização se dá em:

Caso a oferta dos construtores seja competitiva,

e i C

P   e o pay-off líquido do governo é BPBCie.

Nota-se que existem diferença entre os contratos de bundling e unbundling. No primeiro, o construtor não internaliza nenhum dos custos e acaba sem realizar investimento algum, isto é, i=e=0. Porém, na PPP, o construtor apesar de não internalizar B, acaba por internalizar C e, então realizar um investimento mais produtivo, enquanto faz um pocuo de investimento improdutivo também.

Assim, Hart (2003) identifica que PPP são melhores para contratos em que a qualidade do serviço possa ser especificada no contrato inicial, enquanto a qualidade da construção não pode ser. Posto isto, vejamos o caso dos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014.

4. CONJUNTURA DOS ESTÁDIOS PÓS-COPA DO MUNDO DE 2014

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ano do término do mundial, não é das melhores. Clubes, governos estaduais e concessionárias lidam com altos custos de operação e com a falta de público, principalmente nos estados que não possuem clubes de expressão no cenário nacional.

A maioria desses empreendimentos foi construída (ou reformada) em formato de PPP, tendo em vista como o formato contratual tem sido cada vez mais utilizado por agentes públicos no Brasil. Houve, porém, algumas exceções: a Arena Pantanal, o Mané Garrincha e Arena da Amazônia, foram construídos/reformados em modelo de

unbundling, isto é, a parte de construção foi licitada. Contudo, após essa fase, o estado

manteve o poder de gestão de cada uma das arenas. Para maior detalhamento comentaremos a situação presente de cada estádio2.

4.1 Beira-Rio

Um dos três estádios privados da Copa do Mundo, o Beira-Rio foi reformado por um valor estimado de R$330 milhões, valor partilhado entre investimentos federais e privados. O clube detentor do estádio, em parceria com a construtora Andrade Gutierrez constituíram uma empresa chamada Brio, que foi responsável pela construção e exploração de alguns pontos comerciais no estádio.

Por abrigar um clube de expressão no futebol nacional, o estádio se manteve lucrativo após o ano de 2014, e apresenta um dos menores percentuais de gasto/receita, com 23,60%, ajudado também pelo não pagamento de aluguel para a realização das partidas.

4.2 Arena da Baixada

A Arena da Baixada é outro dos estádios privados, que foi reformado para o Mundial. A arena pertence ao clube Atlético-PR e foi reformada por R$360 milhões. O clube, juntamente com prefeitura de Curitiba e com o apoio do Estado do Paraná tomou um financiamento via BNDES e realizou a obra por conta própria sem a contratação de

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uma empreiteira ou gestora.

4.3 Arena Corinthians

O último estádio privado foi construído para ser a sede do estado de São Paulo no Mundial de 2014. Pertence ao Corinthians e foram gastos quase R$1,2 bilhão de reais para sua construção. A obra se deu em formato de PPP, em que o clube proprietário juntamente com a empreiteira Odebrecht, firmaram acordo com o governo federal para a construção e administração do estádio.

O clube opera o estádio sozinho, enquanto não existirem atrasos no pagamento da dívida junto ao BNDES. A Arena Corinthians, apresenta grande fluxo de caixa, incentivado principalmente pelo momento atual do clube, e operou com lucros no primeiro ano do estádio, porém sem ainda começar o pagamento da dívida do clube com o BNDES.

4.4 Maracanã

O estádio mais famoso do mundo passou por sua terceira reforma para a Copa do Mundo de 2014. Foram gastos R$1,2 bilhão somente na última reforma, com recursos do BNDES. A reforma do estádio se deu em formato de PPP, onde um consórcio entre Odebrecht, IMX e AEG, foi o vencedor e tem o direito de explorar comercialmente o estádio até 2048.

Estima-se que o prejuízo do Maracanã no primeiro ano após o mundial foi de R$77,2 milhões, tendo como principal causa o alto custo de operação. Atualmente, não é vantajoso para as equipes realizar jogos no Maracanã. Isso se dá devido ao alto custo de aluguel e pelas elevadas taxas cobradas pela federação do RJ. Desse modo geral, as receitas obtidas pelos clubes com a bilheteria não são suficientes para arcar com esse ônus.

4.5 Mineirão

O estádio pertencente ao governo de Minas Gerais, custou aproximadamente R$700 milhões para se reformado, em uma parceria entre governo de MG e um

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consórcio de empresas, que constituiu a Minas Arena. O contrato firmado foi motivo de investigação, dado que o Governo de MG garantiu lucro mínimo a Minas Arena, pago pelo próprio governo estadual, sem contrapartida da concessionária.

Ao final de 2014, o estádio apresentou lucros e se mantém rentável, com shows e eventos esportivos. No caso do futebol, dos dois clubes mineiros disputantes da série A, apenas o Cruzeiro utiliza frequentemente o estádio enquanto que o Atlético-MG, faz apenas partidas de grande porte no estádio.

4.6 Arena Pantanal

A arena construída para o mundial, apresenta o mesmo problema que outros estádios, como Arena Amazônia, Mané Garrincha, apresentam: não tem time de expressão para utilizá-la. Sendo utilizada apenas para jogos esporádicos, a arena pode ser chamada de mais um “elefante branco” da Copa.

Sem uso frequente para eventos ou partidas de futebol, a arena construída por R$620 milhões, e bancada em grande parte pelo BNDES, é gerencia pelo próprio governo do Mato Grosso. Com custos altos, e sem muitos eventos, o governo estadual estuda a concessão da arena para a iniciativa privada.

4.7 Mané Garrincha

O estádio mais caro da Copa, sofre com o mesmo problema de outros estádios, Arena Pantanal e Arena Amazônia, não possui um clube que possa utilizá-lo com frequência. Com custos estimados em mais de R$2 bilhões de reais, o estádio foi construído por uma empresa autônoma do próprio governo estadual, a Terracap, e é administrado pela mesma.

Atualmente, é sede de duas secretárias do Distrito Federal e já foi até estacionamento de ônibus, fechou 2014 com um prejuízo de R$13,6 milhões e sofre com custos altíssimos, principalmente pela enorme capacidade que não se justificou após o mundial.

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Revista da AMDE – ANO: 2016 – VOL. 15 4.8 Arena Pernambuco

A arena construída longe do centro de Recife possui muitos problemas atualmente. Com custos estimados em quase R$600 milhões, a arena foi construída e é gerida, por uma Parceria Público-Privada (PPP) entre Odebrecht e o governo de Pernambuco. A empresa formada pelo consórcio, chamada Arena Pernambuco Negócios e Investimentos, é garantida um lucro mínimo pago diretamente pelo governo pernambucano.

Das três equipes da capital pernambucana, apenas o Naútico se comprometeu a jogar na arena, tendo Santa Cruz e Sport firmado contrato apenas para jogar no mínimo duas partidas por ano nela. Mesmo com o comprometimento do Naútico, a arena tem problemas para lotar, localizada na região metropolitana do Recife, esbarra também num alto custo operacional e dos ingressos, para ter lucros.

4.9 Fonte Nova

A reforma da Fonte Nova foi realizada por um contrato de PPP entre Odebrecht, OAS e o governo da Bahia. Com um custo inicial de R$690 milhões, ainda custará cerca de R$108 milhões anuais, por 15 anos, para o governo baiano.

A concessão envolve a exploração econômica dos bens que integram a Arena Fonte Nova, por 34 anos. O Bahia, clube da cidade, já atua na arena e garantirá o uso do estádio. Mesmo assim, a empresa que administra a arena, concluiu 2014 com um prejuízo de mais de R$15 milhões de reais.

4.10 Castelão

Em contrato idêntico ao da Fonte Nova, o Castelão foi reformado para a Copa e surpreendentemente, custou menos do que o previsto, num total de R$ 518 milhões, além de R$407 mil mensais, por oito anos, a administração do estádio. A parceria firmada inicialmente com a Galvão Engenharia S.A, acabou ainda antes da Copa e a Luarenas assumiu este contrato.

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que haviam firmado contratos de parceria com a antiga. Recentemente, os clubes voltaram a atuar no estádio. Como todos os estádios reformados para a Copa, apresentava custos altíssimos, cerca de R$1,1 milhão por mês, e fechou 2014 com prejuízo.

4.11 Arena Amazônia

O maior “elefante branco” construído para a Copa do Mundo, a Arena Amazônia custou R$ 669 milhões aos cofres públicos e não emplacou. Localizada num estado sem tradição no futebol, a arena viveu seu primeiro ano de pequenos campeonatos e partidas esporádicas de equipes tradicionais do Brasil. Administrada pela Fundação Vila Olímpica (FVO), órgão público, a arena não tem suas contas fechadas. Com previsão de custos de R$500 mil mensais, R$6 milhões anuais, a arena no primeiro ano arrecadou apenas R$2,5 milhões.

As propostas para desenvolver o estádio estão entre a terceirização da administração, o governo explorar comercialmente ou em último caso, alocar secretárias do estado para a arena, e utilizar o custo dos aluguéis para a manutenção da arena.

4.12 Arena das Dunas

A arena construída especialmente para o mundial foi realizada em formato de PPP entre a OAS, e o governo do RN. Com um custo inicial de R$423 milhões, mais o adicional de custos que o governo deverá pagar a empresa que administra a arena. O contrato foi firmado em 20 anos, e o governo ainda terá participação em futuros lucros da parceria.

Esta arena foi muito questionada e é uma das mais utilizadas em comparação a outros possíveis “elefantes brancos”, recebendo jogos do America-RN, e gerando lucros ao final do ano de 2014. Recentemente, com a operação Lava-Jato, a OAS que é investigada por fraudes, pôs seus ativos da arena a venda.

Em termos gerais, os estádios que foram construídos ou restaurados na modalidade de PPP demostram uma maior perspectiva de crescimento, do que estádios construídos ou restaurados de forma convencional.

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5. COMENTÁRIOS À LUZ DA TEORIA CONTRATUAL DAS PPPS

Nos modelos apresentados em conjunto com o contexto criado a partir da construção e reformulação dos estádios para a Copa do Mundo de 2014, é possível notar algumas similaridades.

No caso de estádios construídos a partir de PPP, como a Arena Corinthians, o clube que viria a ser o proprietário do estádio juntamente com uma empreiteira formaram um consórcio, e firmaram acordo com o governo federal, numa espécie de

bundling. Isto é, o governo financia o consórcio e o mesmo é responsável por construir e

operar a instalação, como aconteceu no Beira-Rio e na Arena da Baixada, com a diferença que por serem propriedade privada, estes acabam tendo que pagar ao governo o dinheiro financiado, ao longo do tempo.

Em arenas onde o proprietário é público, há similaridades com o previsto pelos modelos de Hart et al (1997) e Hart(2003). Já nos estádios do Mineirão, Maracanã, Castelão, Arena das Dunas e Fonte Nova, são os casos mais “clássicos” de PPPs: o governo licitou os contratos e consórcios foram escolhidos para construir e operar os estádios, recebendo um valor mensal , de acordo com os custos e lucros garantidos

nos contratos previamente firmados.

Contudo, vale a pena fazer algumas observações. Primeiramente, no caso da Arena Pantanal, o orçamento previa um custo de R$342 milhões e teve que ser renegociado para R$620 milhões. Pode-se supor que o elevado poder de barganha do consórcio e a falta de planejamento do governo tenham sido motivos importantes na aprovação do contrato.

Por sua vez, no caso da Arena Castelão, temos um estádio como propriedade pública gerido por uma empresa privada que, não teve condições de oferecer o serviço contratado. Pode-se recorrer a Hart et al. (1997), em que , o governo pode aplicar uma fração da ideia sem o gestor privado, ele poderá contratar outro gestor e lhe pagar os custos.

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Por último, é possível observar que alguns estádios foram construídos em formato de unbundling, como o Mané Garrincha, a Arena Amazônia e a Arena Pantanal. Estes são os projetos que foram licitadas apenas para sua construção, em um primeiro momento, e agora são geridas por órgãos públicos, governos estaduais, e apresentam os piores resultados. Sob unbundling, é possível notar que, sob a gestão pública, os gastos são pouco valorizados e que os benefícios são supervalorizados, sendo assim, estes estádios apresentam pouca lucratividade, um baixo desempenho na relação custo/benefício, e oneram o serviço público.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a escolha do Brasil para a sede da Copa do Mundo de 2014 iniciou-se no país uma série de obras, incluindo a construção e reformulação dos estádios e arenas. A maioria desses empreendimentos foram executados em formato de PPP tendo em vista a incapacidade do governo de realiza-las por si só, e também a eficiência que estes contratos podem prover, principalmente em relação a gastos menores.

Dentro deste contexto, esse trabalho teve como objetivo avaliar os contratos realizados para a construção dos estádios para o mundial e a situação atual dos mesmos com os resultados apresentados pela teoria contratual de PPPs. Por conseguinte, demonstrar a eficiência destes quando comparados a outros formatos, como unbundling.

A partir do modelo de Hart et al. (1997), foi possível analisar as condições de renegociação, de barganha, e dos incentivos maiores que o gestor privado tem para a realização de cortes nos custos, enquanto o gestor público extrapola os benefícios de um aumento na qualidade, criando custos altos e ineficientes.

Utilizando a abordagem proposta por Hart (2003), conclui-se que para a construção e reformulação de estádios, o contrato de PPP se mostra mais adequado que a concessão convencional. Visto que o autor conclui que quando em um projeto, a construção não pode ser especificada enquanto que o serviço pode, exatamente o caso dos estádios, é melhor a contratação de um consórcio que construa e opere o empreendimento.

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modelos, adicionando novas variáveis, bem como, a mão de obra, além de buscar um aprofundamento no estudo dos contratos e suas renovações posteriores e a na possibilidade um contrato ter um tempo de duração ótimo.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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