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Os Recreios dos Jardins-de-Infância do Concelho de Tarouca

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia

“Os Recreios dos Jardins-de-Infância do Concelho de

Tarouca”

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

MARIA ISABEL CORREIA DE ALBUQUERQUE

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia

Mestrado em “Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança”

Apresentado por:

Maria Isabel Correia de Albuquerque Orientado por:

Profª Maria Gabriel M. Bulas Cruz

Título:

“Os Recreios dos Jardins-de-Infância do Concelho de Tarouca ”

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Dissertação expressamente elaborada para a obtenção do Grau de Mestre em Educação – especialidade em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança – de acordo com o Diário da República II Série, nº 91, de 11 de Maio de 2005

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Às Crianças, com o desejo que cresçam

em segurança, rodeadas de afectos e

oportunidades educativas, para que sejam

cidadãos responsáveis e felizes

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AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Maria Gabriel Bulas Cruz pelos seus conhecimentos, dedicação e amizade, pelos seus conselhos e recomendações e por tudo que me ensinou.

Ao Prof. Doutor Antonino Pereira, pela disponibilidade e pela colaboração prestada para a realização deste trabalho.

Às Educadoras do Agrupamento Vertical de Souselo pela colaboração no preenchimento do questionário testado, pelas suas sugestões e amizade.

Às Educadoras inquiridas que se disponibilizaram a preencher o questionário, sem o qual a realização deste trabalho não teria sido possível.

Ao Professor Doutor José João Pinhanços de Bianchi e a todos os Professores do Mestrado que acrescentaram o meu conhecimento.

À Vice-Presidente do Pré-Escolar do Agrupamento Vertical de Tarouca Celina Lemos Ferreira pela amizade e disponibilidade em colaborar na nossa investigação.

À Educadora Zélia Monteiro Cardoso pela ajuda prestada em pesquisas na Internet.

À Educadora Hermínia Alves Gonçalinho, Mestre em Línguas e Literaturas Estrangeiras.

Às crianças com quem trabalho que são a razão das minhas preocupações.

Aos meus colegas das escolas onde trabalhei.

A todos os colegas que de algum modo contribuíram para a execução deste trabalho.

À minha família pela paciência e apoio durante estes dois anos de formação.

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RESUMO

Este estudo foi realizado para verificar em que medida os recreios dos Jardins-de-Infância do concelho de Tarouca estão de acordo com a legislação em vigor, e se têm condições de possibilitar o desenvolvimento global das crianças, em segurança.

Começámos por consultar toda a legislação, estudos realizados sobre este assunto e a Bibliografia existente, da qual destacamos as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar.

O nosso universo de estudo foi constituído pelos 16 Jardins-de-Infância do concelho de Tarouca, quinze da rede pública e um da Santa Casa da Misericórdia. Os dados foram recolhidos através de observação directa, questionário anónimo e troca de impressões com as colegas. O questionário é composto por vinte e seis questões fechadas e duas abertas.

O questionário inicialmente foi testado e depois de reformulado foi aplicado e recolhido por nós. Todas as educadoras inquiridas responderam.

Pudemos concluir que os recreios carecem da fiscalização e manutenção necessárias ao seu bom funcionamento. Existem Jardins-de-Infância sem espaço exterior de recreio. Vários recreios não oferecem segurança para que as crianças brinquem livremente. Os equipamentos são escassos e muitos encontram-se em mau estado. Os recreios do nosso estudo não estão a ser devidamente valorizados como espaços educativos.

A partir dos resultados obtidos fazemos algumas recomendações, no sentido de melhorar os futuros espaços de recreio e de assegurar as condições de segurança nos existentes.

Ao ser criado o Centro Escolar onde se pretende reunir a maioria das crianças do 1º Ciclo e em idade Pré-Escolar deste Concelho, será necessário criar um espaço exterior bem concebido no que se refere à segurança, à área, aos equipamentos, à variedade de espaços, de acordo com a idade das crianças e às necessidades educativas de cada grupo. Tudo indica que as crianças irão permanecer mais tempo na escola e partilhar o espaço exterior com muitas outras. Um espaço que proporcione segurança, que tenha vigilância e proporcione variedade de oportunidades educativas é o aconselhável.

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ABSTRACT

This study was made to substantiate how the playgrounds, which belong to the kindergartens of the city of Tarouca, are officially authorized and if they have the state of affairs to improve the global development of the children in safety.

We started to observe all laws and studies related to this subject, even the “Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar.”

Our faction of study was sixteen kindergartens which belong to the city of Tarouca. Fifteen were public and one was the “Santa Casa da Misericórdia de Tarouca”.All the information was founded through direct scrutiny, an unidentified enquiry and some dialogues with some professionals. The enquiry was made by twenty-six closed and two open questions.

The enquiry was demonstrated, then tested and obtained by us. All the teachers inquired had answered.

We can conclude that the playgrounds are unlegislated, to aged and they don’t have a good effectiveness. Most of them don’t have the necessary security and children can not play out of harm's way. The equipment is old in a bad condition, and fewer. The playgrounds which we studied are under valorised like educative spaces.

Being in mind the results we suggest some ideas, in order to improve the new playgrounds and to increase the conditions of security in those that we already have.

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ÍNDICE GERAL

Agradecimentos ... v

Resumo ... vi

Abstract ... vii

Índice Geral ... viii

Índice de Figuras e Quadros ... x

Índice de Gráficos ... xiii

INTRODUÇÃO 1 1. Pertinência do Estudo ... 7 2. Objectivos ... 7 3. Variáveis ... 7 4. Hipóteses ... 9 ENQUADRAMENTO TEÓRICO 10 CAPÍTULO 1 11 1. Educação Pré-Escolar 11

1.1. Conceito de Educação Pré-Escolar... 11

1.2. Breve Evolução Histórica... 13

1.3. Objectivos da Educação Pré-Escolar... 17

2. O Recreio no Jardim-de-Infância 18

2.1. Conceitos... 18

2.2. Importância dos Recreios para as Crianças do Pré-Escolar... 21

2.3. Actividades a Desenvolver... 23

2.4. Características dos Recreios... 26

2.4.1. Localização... 27

2.4.2. Dimensionamento... 27

2.4.3. Acessibilidade... 28

2.4.4. Protecção... 28

(10)

x

2.4.6. Manutenção... 31

2.4.7. Materiais e Equipamentos... 32

2.4.8. Mobiliário Urbano e Instalações de Apoio... 35

2.4.9. Piso e Superfície de Impacto... 35

3. Estudos Realizados ... 37 METODOLOGIA 38 CAPÍTULO 2 39 1. 1. Delimitação do Universo... 39 1.1.1. Caracterização do Universo ... 40 1. 2. Técnicas de Pesquisa ... 45 2. Procedimentos Estatísticos ... 48

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 49

CAPÍTULO 3 50 CONCLUSÕES ... 83 RECOMENDAÇÕES ... 87 BIBLIOGRAFIA ... 88 ANEXO ... 94 Anexo I – (Questionário)

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Índice de Figuras e Quadros

Figura nº 1 – Mapa do Concelho de Tarouca ... 40

Figura nº 2 – Número de crianças inscritas por Jardim-de-Infância .... 42

Figura nº 3 – Crianças com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) ... 42

Quadro nº 1 – Ano de construção do Jardim-de-Infância ... 50

Quadro nº 2 – Tipo de edifício ... 52

Quadro nº 3 – O Jardim-de-Infância tem um espaço exterior para recreio? ... 53

Quadro nº 4 – Grau de acessibilidade para as crianças ... 54

Quadro nº 5 – Facilidade de acesso a crianças portadoras de deficiência ... 55

Quadro nº 6 – Facilidade de acesso a viaturas de socorro e salvamento ... 56

Quadro nº 7 – Enquadramento ... 57

Quadro nº 8 – Área do recreio ... 58

Quadro nº 9 – Variedade de elementos da paisagem ... 59

Quadro nº 10 – Tipo de piso do recreio ... 60

Quadro nº 11 – Material didáctico para exterior ... 61

Quadro nº 12 – Tipo de equipamentos ... 62

Quadro nº 13 – Estado de conservação do equipamento ... 63

Quadro nº 14 – Material usado na confecção dos equipamentos ... 64

Quadro nº 15 – Tipo de superfícies de impacto na zona dos equipamentos ... 65

Quadro nº 16 – Existência de vedação no recreio ... 67

Quadro nº 17 – Material usado na vedação ... 68

Quadro nº 18 – A vedação garante a segurança do recreio ... 69

Quadro nº 19 – Mobiliário de apoio ... 70

Quadro nº 20 – Utilizadores do recreio ... 71

Quadro nº 21 – Quem faz recreio simultaneamente com o Jardim-de-Infância ... 72

(12)

xii Quadro nº 22 – Frequência com que as

crianças vão ao recreio ... 73

Quadro nº 23 – Actividades livres desenvolvidas no recreio ... 74

Quadro nº 24 – Actividades orientadas pelo educador ... 75

Quadro nº 25 – Entidade proprietária do recreio ... 76

Quadro nº 26 – Quem faz a gestão do recreio ... 77

Quadro nº 27 – Quem faz a conservação do recreio ... 79

Quadro nº 28 – Fiscalização ... 80

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Índice de Gráficos

Gráfico nº 1 – Ano de construção do Jardim-de-Infância ... 50

Gráfico nº 2 – Tipo de edifício ... 52

Gráfico nº 3 – O Jardim-de-Infância tem um espaço exterior para recreio? ... 53

Gráfico nº 4 – Grau de acessibilidade para as crianças ... 54

Gráfico nº 5 – Facilidade de acesso a crianças portadoras de deficiência ... 55

Gráfico nº 6 – Facilidade de acesso a viaturas de socorro e salvamento ... 56

Gráfico nº 7 – Enquadramento ... 57

Gráfico nº 8 – Área do recreio ... 58

Gráfico nº 9 – Variedade de elementos da paisagem ... 59

Gráfico nº 10 – Tipo de piso do recreio ... 60

Gráfico nº 11 – Material didáctico para exterior ... 61

Gráfico nº 12 – Tipo de equipamentos ... 62

Gráfico nº 13 – Estado de conservação do equipamento ... 63

Gráfico nº 14 – Material usado na confecção dos equipamentos ... 64

Gráfico nº 15 – Tipo de superfícies de impacto na zona dos equipamentos ... 65

Gráfico nº 16 – Existência de vedação no recreio ... 67

Gráfico nº 17 – Material usado na vedação ... 68

Gráfico nº 18 – A vedação garante a segurança do recreio ... 69

Gráfico nº 19 – Mobiliário de apoio ... 70

Gráfico nº 20 – Utilizadores do recreio ... 71

Gráfico nº 21 – Quem faz recreio simultaneamente com o Jardim-de-Infância ... 72

Gráfico nº 22 – Frequência com que as crianças vão ao recreio ... 74

Gráfico nº 23 – Actividades livres desenvolvidas no recreio ... 74

Gráfico nº 24 – Actividades orientadas pelo educador ... 75

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Gráfico nº 26 – Quem faz a gestão do recreio ... 77

Gráfico nº 27 – Quem faz a conservação do recreio ... 79

Gráfico nº 28 – Fiscalização ... 80

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 1

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 2

As transformações sociais, culturais e económicas ocorridas nas últimas décadas, promoveram a Educação Pré-Escolar nas sociedades contemporâneas a serviço social básico prestado às famílias.

Devido às alterações sofridas na forma de organização da família (pai e mãe a trabalharem fora de casa, muitas vezes com horários de trabalho longos) a educação pré-escolar ganhou maior importância nas sociedades actuais.

Sendo a permanência no espaço escolar cada vez mais prolongada, o desenvolvimento afectivo, social, intelectual e físico das crianças fica em grande medida, à responsabilidade das instituições educativas.

A Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar (Lei nº 5/97, de 10 de Fevereiro), estabelece como principio geral que “a educação pré-escolar é a

primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida”. Outro dos princípios gerais da educação pré-escolar mencionado nas

Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997, p.18) referente à Lei-Quadro é “favorecer a formação e o desenvolvimento equilibrado da

criança”. Este princípio tem como objectivo fomentar o desenvolvimento da

criança, no respeitante às suas características individuais, e ainda, o desenvolvimento que implica favorecer aprendizagens significativas e diferenciadas.

A educação Pré-Escolar abrange crianças dos 3 aos 6 anos de idade. A actividade motora nesta fase é de extrema importância uma vez que ela comporta o desenvolvimento corporal, mental e emocional da criança.

Segundo Flinchum (1986, p.2), “a criança em idade pré-escolar é um ser

dinâmico, cheio de indagações espontâneas e com múltiplas capacidades físicas. Sua capacidade motora é utilizada para expansão de seu desenvolvimento”.

A criança até aos 3 anos de idade adquiriu múltiplas formas de movimento, a partir desta idade o seu desenvolvimento consiste no aperfeiçoamento destas formas de movimento, e na aquisição dos movimentos fundamentais.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 3

Como refere Neto (1987), estes movimentos considerados fundamentais como correr, andar, puxar, empurrar, escorregar, agarrar, lançar, saltar, trepar, etc., são a base de um posterior desenvolvimento motor.

O desenvolvimento da criança, quer cognitivo quer motor, processa-se na dialéctica corpo/espaço.

Neste sentido Neto (1984) considera que o desenvolvimento da criança se processa através do movimento, sendo esta a primeira relação com o meio, assim como, a primeira forma de expressão emocional e de comportamento.

As crianças necessitam fundamentalmente de dispor de espaços para experimentar, para se apropriar, para modificar, poder jogar o jogo que constitui uma prática essencial ao seu desenvolvimento físico, intelectual e afectivo.

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar referem o recreio como um espaço privilegiado onde as crianças têm possibilidade de explorar e recriar o espaço e os materiais disponíveis. Acrescenta ainda, que o espaço exterior possibilita uma diversificação de oportunidades educativas, pela utilização de uma área com outras características e potencialidades.

No entanto, o espaço exterior, ao possibilitar a vivência de situações educativas intencionalmente planeadas e a realização de outras informais, exige que a sua organização seja cuidadosamente pensada. Os equipamentos e materiais aí usados devem corresponder a critérios de qualidade, dando-se particular atenção às condições de segurança.

Segundo Cordeiro (1996), a segurança pressupõe antes de mais a redução e anulação de todo e qualquer perigo, que ponha em causa a integridade física e humana, bem como da infra-estrutura propriamente dita.

Consagrada até então por uma Lei bastante imprecisa e vazia, a questão da segurança nos espaços de jogo e recreio rege-se actualmente pelo Decreto-Lei 379/97, publicado em 27 de Dezembro. É com base neste documento (art.º 1.º) que são estabelecidas, "...as condições de segurança a

observar na localização, implantação e concepção organizacional dos espaços lúdicos, do equipamento e superfícies de impacte que se devem observar, para garantir a diminuição de riscos de acidente, de lesões e suas consequências".

Este Decreto-Lei veio regulamentar os espaços de jogo e recreio, de modo, que estes sejam seguros, criando para tal um sistema de inspecções e

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 4

sanções adequadas. De salientar ainda que, entre outras questões de relevo, o presente diploma determina no capítulo V, artigo 31º, a obrigatoriedade por parte da entidade responsável da celebração de um seguro de responsabilidade civil.

Uma análise cuidada e consciente dos espaços lúdicos das crianças deve ser feita, já que nos últimos anos e segundo as entidades competentes, se têm registado um número significativo de acidentes em áreas de recreio. Dados fornecidos pelo sistema europeu de vigilância de acidentes domésticos e de lazer, revelam que anualmente em Portugal ocorrem cerca de quatro mil acidentes. Este valor notifica apenas os acidentes que necessitaram de tratamento hospitalar e que foram, assim, registados oficialmente. No entanto, estimativas apontam para um número mais elevado de acidentes ocorridos (Decreto-Lei 379/97).

Os espaços de recreio dos Jardins-de-Infância enquadram-se na definição do artº 3 do Decreto-Lei nº379/97 “área destinada à actividade lúdica

das crianças, delimitada física ou funcionalmente, em que a actividade motora assume especial relevância”.

A Convenção Internacional dos Direitos da Criança refere expressamente, no seu artigo 31º, o direito que a criança tem de brincar em segurança.

Segundo Pereira (2004), os espaços de lazer embora assumam uma grande importância no desenvolvimento integral das crianças encerram uma complexidade de perigos que justificam estudos aprofundados, no sentido de garantir o direito de brincar e, mais concretamente, o direito de brincar em segurança, contribuindo para a promoção de uma verdadeira cultura de valorização da Infância.

Através desta investigação, pretendíamos saber em que medida os recreios dos Jardins-de-Infância do concelho de Tarouca estão em conformidade com a legislação em vigor, se têm as características pretendidas e se têm condições de proporcionar o desenvolvimento global das crianças.

Para a prossecução da investigação, numa fase inicial, foi efectuada revisão da literatura específica sobre recreios, nomeadamente, toda a legislação existente sobre espaços de jogo e recreio, concepções sobre

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 5

espaços exteriores de autores conceituados e estudos realizados, para obter uma recolha de informação/conhecimentos científicos sobre os conteúdos pretendidos.

Pretendíamos fazer a recolha de dados através de um questionário, o qual, foi testado inicialmente por Educadores do Agrupamento onde leccionamos (Agrupamento Vertical de Souselo) que depois de reformulado resultou no questionário que foi aplicado.

Contactamos pessoalmente o Agrupamento Vertical de Tarouca no sentido de informar e pedir autorização para realizar visitas aos Jardins-de-Infância e aplicar o questionário. Junto à Vice-Presidente do Agrupamento tivemos a informação do número de Jardins-de-Infância e de crianças que o constitui.

Posteriormente, aplicamos o questionário, que foi entregue e recolhido pessoalmente, e feita observação directa. No contacto pessoal estabelecido com os Profissionais de Educação houve troca de impressões que vieram a aumentar a informação da nossa investigação.

Depois de explicitarmos a relevância do Tema, os objectivos, as variáveis e as hipóteses, estruturamos o trabalho em três capítulos.

O primeiro capítulo visa a fundamentação teórica de toda a investigação a que nos propusemos e é constituído por dois pontos, subdivididos em sub-pontos.

O ponto número um, refere-se à Educação Pré-Escolar. Definimos os conceitos e os objectivos fundamentais no âmbito deste nível de ensino, e fazemos um apanhado geral sobre a Evolução Histórica da Educação Pré-Escolar em Portugal.

O ponto número dois, refere-se aos recreios no Jardim-de-Infância. Definimos os conceitos; referimos a importância que eles têm para o desenvolvimento das crianças; as actividades a desenvolver; as características dos recreios, nomeadamente, a localização, acessibilidade, segurança, materiais e equipamentos, piso e superfície de impacto, entre outros.

No capítulo número dois, descrevemos os procedimentos metodológicos utilizados no processo de investigação.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 6

Depois de delimitamos e caracterizar o universo, explicitamos as técnicas de pesquisa, a forma como procedemos para a recolha de dados e a análise estatística.

No terceiro capítulo, apresentamos os resultados estatísticos e a análise dos mesmos.

Nos resultados obtidos procuramos confronta-los com a legislação, bibliografia consultada e estudos realizados, de modo, a estabelecermos comparações.

Finalmente, apresentamos as conclusões que conseguimos tirar deste estudo e fazemos algumas recomendações.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 7 1. Pertinência do Estudo

Uma análise cuidada ao Decreto -Lei nº 379/97 de 27 de Dezembro, leva-nos a reflectir sobre o que foi feito desde 1997 até 2007 no sentido de melhorar os espaços de recreio dos Jardins-de-Infância do Concelho de Tarouca, no sentido de os conformar com os requisitos legais.

Levantamos portanto a seguinte questão:

- Em que medida os recreios dos Jardins-de-Infância do Concelho de Tarouca estão de acordo com a legislação, possibilitando o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças em segurança?

2. Objectivos

- Identificar os requisitos legais previstos no Decreto-Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro de 1997, para a implementação de espaços de jogo e recreio.

- Caracterizar os recreios dos Jardins-de-Infância do concelho de Tarouca.

- Confrontar a realidade dos recreios dos Jardins-de-Infância do concelho de Tarouca com os requisitos legais previstos.

- Perceber, pelo recurso à revisão bibliográfica, que características devem ter os espaços de jogo e recreio para possibilitarem o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.

3. Variáveis

Tendo como objectivo primordial satisfazer as necessidades de movimento das crianças, favorecer o seu desenvolvimento e aprendizagem, os espaços de recreio deverão estar regulamentados de acordo com o Decreto-Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro, que estabelece as condições de segurança a observar na localização, implantação, concepção e organização funcional dos espaços de jogo e recreio, respectivo equipamento e superfícies de impacte.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 8

De acordo com a legislação, propomo-nos investigar no nosso estudo sobre “os recreios dos Jardins -de-Infância do concelho de Tarouca”, as seguintes variáveis:

- Localização do recreio - Enquadramento - Dimensionamento

Qual é a área do recreio?

- Grau de acessibilidade para as crianças

Facilidade de acesso a crianças portadoras de deficiência Facilidade de acesso a viaturas de socorro e salvamento - Protecção e segurança

O recreio tem vedação? Material usado na vedação O recreio tem portão?

- Quem faz a manutenção do recreio? - Materiais e Equipamentos

Tipo de equipamento

???Material usado na confecção dos equipamentos Material didáctico

- Mobiliário Urbano e Instalações de Apoio Que mobiliário de apoio possui?

- Piso e Superfície de Impacto

Tipo de piso do recreio

Tipo de superfície de impacto nas zonas de queda - Propriedade do recreio

- Quem utiliza o recreio - Horário de funcionamento - Quem faz a gestão do recreio - Estado de conservação do recreio - Actividades desenvolvidas no recreio - Frequência com que é utilizado

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 9 4. Hipóteses

Segundo Fachin, “as formulações das hipóteses de pesquisa devem

sempre ser extraídas do problema escolhido do assunto em estudo”. A mesma

autora refere que “a redacção do seu enunciado deve ser na forma de

sentença declarativa” (2002, p.65).

Para a resolução do nosso problema formulamos as seguintes hipóteses:

- As oportunidades educativas que os recreios proporcionam dependem da segurança que estes oferecem.

- As oportunidades educativas que os recreios proporcionam dependem da frequência com que são utilizados pelas crianças.

- As oportunidades educativas que os recreios proporcionam dependem das actividades aí desenvolvidas e da qualidade dos materiais e equipamentos existentes.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 10

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 11

CAPÍTULO 1

1. Educação Pré-Escolar

1.1. Conceito de Educação Pré-escolar

A Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar (Lei nº 5/97, de 10 de Fevereiro) estabelece como princípio geral que “a educação pré-escolar é a primeira etapa

da educação básica sendo complementar da acção educativa da família, com a qual deve estabelecer estreita cooperação, favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança e tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário” (Ministério da Educação, 1997a,

p.15).

Destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos de idade e o momento de ingresso no Ensino básico, sendo ministrada em estabelecimentos de Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997b).

De acordo com o artigo 8º, capítulo 3º do Decreto-Lei nº 147/97, de 11 de Junho, que estabelece o regime jurídico do desenvolvimento e expansão da Educação Pré-escolar, “entende-se por estabelecimento de educação pré-escolar

a estrutura que presta serviços vocacionados para o atendimento à criança, proporcionando actividades educativas e apoio à família, designadamente no âmbito de actividades de animação sócio-educativa”. Refere, ainda o mesmo

artigo, que estes estabelecimentos de educação podem funcionar autonomamente ou estarem associados a estabelecimentos de ensino básico (Ministério da Educação, 1997b, p.53).

A Educação Pré-Escolar ou infantil visa o desenvolvimento integral da criança e tem características próprias que a distinguem dos outros níveis de ensino. Enquanto acto educativo, baseia-se em experiências significativas, as quais se desenvolvem num ambiente estimulante, acolhedor e favorecedor das aprendizagens.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 12

Dada a idade das crianças que frequentam os Jardins-de-Infância e constituindo o jardim muitas vezes o seu primeiro contacto com o mundo real mais alargado que o ambiente familiar, a Educação Pré-Escolar tem características gerais que a distinguem dos outros níveis de escolaridade. Ela privilegia a aprendizagem em relação ao ensino; não existe um programa ministerial, mas sim orientações curriculares; não existe uma avaliação quantitativa mas pode existir uma avaliação qualitativa e a aprendizagem deve ser activa.

Estas características traduzem-se numa terminologia própria: não se usa o termo ensino, mas educação; não há professores mas sim educadores que não dão aulas mas organizam actividades; não existe uma classe ou uma turma de alunos mas um grupo de crianças e não funciona numa sala de aulas mas numa sala de actividades.

A aprendizagem da criança processa-se a um ritmo diferente segundo as capacidades individuais de cada uma. É necessário, portanto, organizar o ambiente educativo que deverá ser motivador e facilitador das experiências que permitem a aprendizagem. O papel do educador revela-se, assim, de extrema importância por ser um orientador que facilita as experiências educativas e de comunicação.

Segundo o Ministério da Educação (1996): “cada Educador desenvolve em

plena autonomia o seu projecto pedagógico, sendo responsável pela planificação anual de actividades e pela sua avaliação, através do relatório que apresenta no final do ano”. Acrescenta ainda que “ao educador é reconhecida inteira liberdade de acção, podendo adoptar a metodologia que considere mais ajustada à sua realidade de trabalho, de acordo com o seu projecto pedagógico e os objectivos que se propõe atingir” (p.38)

No entanto, após a promulgação da Lei nº5/97, de 10 de Fevereiro, que consagra o ordenamento jurídico da educação pré-escolar, na sequência dos princípios definidos na Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86, de 14 de Outubro), são definidas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar que “constituem uma referência comum para todos os educadores da rede

nacional de educação pré-escolar e destinam -se à organização da componente educativa” (Ministério da Educação, 1997a, p.13).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 13

Com estas Orientações Curriculares o Ministério da Educação fornece aos educadores um conjunto de princípios que os apoiam nas decisões da sua prática educativa, ou seja, no modo como conduzem o processo educativo a desenvolver com as crianças.

1.2. Breve Evolução Histórica

Desde que há homens, que existe a preocupação de educar os filhos. Filósofos e pedagogos chamaram, em tempos recuados, à atenção para a importância da educação das crianças.

Ao longo dos séculos certas instituições de cariz solidário e religioso acolheram crianças abandonadas, na “roda”, em “refúgios”, hospícios e asilos educando-as desde a mais tenra idade (Universidade de Lisboa, 2002).

No entanto, os programas para as crianças de idade Pré-escolar em instituições, só começaram a ser estabelecidos no séc. XIX. Com a Revolução Industrial surgem vários factores que levam à expansão de programas pré-escolares. O desenvolvimento da classe média (burguesia) e do conceito de que a socialização das crianças em idade Pré-Escolar era importante, a industrialização e urbanização, as mudanças na estrutura da família tradicional, e também o acréscimo de mães empregadas, valorizam a educação sistemática de crianças em idade pré-escolar (Universidade de Lisboa, 2002).

A história da Educação Pré-Escolar em Portugal é semelhante à de outros países da Europa embora com um atraso sistemático particularmente no que se refere ao número de instituições de educação Infantil e ao número de crianças atendidas, devido ao lento e progressivo implante da industrialização.

Durante a Monarquia Constitucional surgem os primeiros jardins-de-infância que datam de 1834, ano da expulsão das Congregações Religiosas. Foi nesse ano que, sob ordens de D. Pedro IV, foi construída a Sociedade das Casas de

Asilo da Infância Desvalida de Lisboa, com o objectivo de acolher e dar instrução

às crianças pobres sobretudo para que os pais e mães se pudessem ocupar da sua lida diária, sem o inconveniente de deixarem os seus filhos ao abandono (Universidade de Lisboa, 2002).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 14

É, contudo, na primeira década do século XX, depois da implantação da República, em 1910, que a história da educação pré-escolar adquire um estatuto especial no sistema oficial de ensino, assinalado por um facto muito relevante: a criação dos Jardins-escola João de Deus, segundo o método da Cartilha Maternal (Universidade de Lisboa, 2002).

O grande mérito dos governos da 1ª República (1910 a 1926) consistiu em terem reconhecido a função educativa do ensino infantil institucionalizando a sua integração no sistema oficial de educação. No entanto em termos práticos pouco ou nada foi feito (Universidade de Lisboa, 2002).

Durante o Estado Novo, período que se seguiu ao 28 de Maio de 1926 até 1974, o problema da educação infantil pôs-se fundamentalmente nos mesmos termos em que se havia posto durante a 1ª República: reconhecimento das suas vantagens, uma certa inflação legislativa e muito poucas realizações concretas.

Com a entrada para o Governo de Carneiro Pacheco, que foi ministro da então pasta da Educação Nacional, verificou-se uma mudança de rumo na importância atribuída à educação pré-escolar pelo estado (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, 1945-1960), resultando de uma certa filosofia, segundo a qual a educação da Infância era missão da família, considerava que o ensino infantil não se encontrava organizado de forma que os frutos correspondessem aos encargos, devendo-se procurar formas mais adequadas de actividade educativa, como a Obra das Mães pela Educação Nacional (Universidade de Lisboa, 2002).

Em comentários à Lei nº 5/97 de 10 de Fevereiro – Lei-quadro da Educação Pré-escolar, João Formosinho (In Ministério da Educação, 1997b) refere que foi a reforma de Veiga Simão (1973) que veio reintegrar a educação de Infância no sistema Educativo, após a sua extinção como ensino oficial no Estado Novo. Durante o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, multiplicaram-se as iniciativas populares de criação de suportes de atendimento às crianças, mas só em 1977 é definida a criação de uma rede oficial de educação pré-escolar. Em Dezembro de 1978 são criados os primeiros Jardins-de-Infância estatais e em 1979 é publicado o Estatuto dos Jardins-de-Infância (Decreto-Lei nº 542/79 de 31 de Dezembro).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 15

Contudo, o mesmo autor acrescenta que a par desta rede dependente do Ministério da educação, tinha vindo a desenvolver-se, desde a década de 60, uma outra dependente do Ministério dos assuntos Sociais. A partir de 1974 esta rede desenvolveu-se bastante, principalmente através de iniciativas das Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPPS’s), que incorporam as organizações de educação de Infância sem fins lucrativos.

A publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46/86, de 14 de Outubro), em 1986, não trouxe alterações a esta situação. A criação do “Programa Interministerial de Promoção do Sucesso Educativo” (PIPSE), em 1988, veio abrir novas perspectivas à educação pré-escolar fomentando a criação de novas salas. Mas a partir de 1989 (até 1996) não foram criados mais jardins -de-infância da rede pública. Uma das razões invocadas era o facto de os horários reduzidos do seu funcionamento não servirem os interesses das famílias.

A Reforma Educativa de 1986 confirmou a integração da educação pré-escolar no sistema educativo. Contudo, esta reforma, na prática, cedeu grande parte da responsabilidade pelo seu desenvolvimento à iniciativa privada (Ministério da Educação, 1997b).

Embora a educação de infância fosse considerada, desde 1973, como um nível do sistema educativo e como serviço educativo de interesse público, a ambiguidade sobre o seu papel no sistema educativo mantinha-se.

Em 1997, ao ser publicada a Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar, definiu-se este nível de ensino como a primeira etapa da educação básica, e ao mesmo tempo, como um serviço social básico.

Segundo Formosinho (In Ministério da Educação, 1997b, p.p.30, 31), “a

educação pré-escolar é essencialmente um serviço educativo com uma indispensável componente social. Essa essencialidade pedagógica significa que as características definidoras do serviço, as que o individualizam face a outros serviços de atendimento à criança, são as características pedagógicas”.

No sentido de fundamentar a prática pedagógica dos educadores de infância são aprovadas as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Despacho nº5220/97, de 10 de Julho).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 16

“As Orientações Curriculares constituem uma referência comum para todos os educadores da Rede Nacional de Educação Pré-Escolar e destinam-se à organização da componente educativa.” (Ministério da Educação, 1997a, p.13).

A grande aposta que o governo de então fez na educação pré-escolar, por lhe reconhecer extrema importância no processo educativo e na componente social, resultou no Decreto-Lei nº 147/97, de 11 de Junho, que estabelece o regime jurídico do desenvolvimento da educação pré-escolar.

Segundo comentários de Jorge Lemos (In Ministério da Educação, 1997b, p.68), “o diploma estabelece o ordenamento jurídico do desenvolvimento e

expansão da educação pré-escolar”. Tendo como objectivo central o

desenvolvimento de uma educação pré-escolar de qualidade, define o respectivo sistema de organizações e financiamentos e determina a sua aplicação às redes de educação pré-escolar, pública e privada.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 17

1.3. Objectivos da Educação Pré-Escolar

Sendo a primeira etapa no processo de educação ao longo da vida a Educação Pré-Escolar tem como princípio geral ser complementar à acção educativa da família favorecendo a formação e o desenvolvimento equilibrado da criança tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, solidário e livre. Este princípio fundamenta todo o articulado da Lei-Quadro nº5/97, de 10 de Fevereiro e dele decorrem os seguintes objectivos gerais pedagógicos:

“? Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em

experiências de vida democrática numa perspectiva de educação para a cidadania;

? Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito

pela pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência como membro da sociedade;

? Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o

sucesso da aprendizagem;

? Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas

características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam actividades significativas e diferenciadas;

? Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens

múltiplas como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do mundo;

? Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;

? Proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança,

nomeadamente no âmbito da saúde individual e colectiva;

? Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades,

e promover a melhor orientação e encaminhamento da criança;

? Incentivar a participação das famílias no processo educativo e

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 18 2. O Recreio no Jardim-de-infância

2.1. Conceitos

O espaço exterior do Jardim-de-Infância ou espaço de recreio, também aparece designado por alguns autores como espaço de jogo.

O Decreto-Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro, que veio regulamentar todos os espaços lúdicos para crianças, refere-se a eles com a designação de espaços de jogo e recreio. Portanto, todos estes termos são usados para nomear estes espaços.

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997a, p.39) definem recreio como um espaço privilegiado onde as crianças têm possibilidade de explorar e recriar o espaço e os materiais disponíveis. Acrescenta ainda, que o espaço exterior possibilita uma diversificação de oportunidades educativas, pela utilização de um espaço com outras características e potencialidades.

O espaço exterior é um local que pode proporcionar momentos educativos intencionais, planeados pelo educador e pelas crianças (Ministério da Educação, 1997a). Este possibilita a vivência de situações educativas intencionalmente planeadas e a realização de actividades informais.

Os espaços de recreio dos Jardins-de-Infância enquadram-se na definição do artº 3 do Decreto-Lei nº379/97: “área destinada à actividade lúdica das

crianças, delimitada física ou funcionalmente, em que a actividade motora assume especial relevância”.

Segundo Correia (1989, p.3) “espaço de Jogo é um espaço onde se

aprende proporcionando-se às crianças um desenvolvimento total – motor, social, emocional, cognitivo e estético”.

De acordo com o Despacho Conjunto nº268/97, de 25 de Agosto, espaço exterior é o “espaço que inclui área coberta, organizado de forma a oferecer

ambientes diversificados que permitam a realização de actividades lúdicas e educativas” (Ministério da Educação, 1997b, p.104).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 19

O espaço de Jogo começa nos nossos dias a ser tido não como algo de inútil ou inapropriado, para ser considerado uma fonte de conhecimentos quer cognitivos, sociais ou emocionais, bem como gerador de um desenvolvimento físico (Fernandes, 1988). O autor acrescenta ainda que, a denominação – espaços de jogo infantil – é tida na actualidade como uma área com características específicas, que visam proporcionar estímulos efectivos e igualmente responder às necessidades e aspirações das crianças.

De acordo com Taylor e Brickman (1996, p.47), “na concepção de um

espaço de recreio ou na redecoração de um já existente, todos os elementos do ambiente natural devem ser considerados”. Estes autores consideram que o ideal

seria que a área exterior, onde as crianças brincam, permitisse às mesmas explorar e apreciar uma rica variedade de elementos paisagísticos (montanha, vales, áreas ensolaradas, áreas de sombra, relva, rochas, areia e água) e vida vegetal.

Na perspectiva de Leandro (2003, p.6) o espaço exterior para estimular a aprendizagem da criança, deverá ter ainda “ árvores, canteiros cultivados e, se

possível, alguns animais que deverão ser tratados pelas crianças”. Para o autor,

estas actividades desenvolvem o contacto com a natureza e sensibilizam as crianças a ganhar respeito pelos seres vivos.

Para Fernandes (1988, p.5-6) os espaços de jogo infantil serão lugares onde as crianças possam realizar actividades livres, sem condicionalismos de qualquer espécie, que não os seus próprios interesses e vontades. Por outro lado, os espaços de jogo infantil devem, numa perspectiva global, satisfazer o maior nú-mero de crianças possível, bem como, proporcionar-lhes divertimento, bem-estar, e contribuir para o seu desenvolvimento atendendo sempre à segurança dessas mesmas crianças.

“…Jogar e brincar permitem crescer, integrar-se e desenvolver-se” (Solé, 1992, p. 17)

O jogo assume um papel preponderante no desenvolvimento harmonioso do corpo, da inteligência e da afectividade.

Através do jogo, a criança descobre o mundo que a rodeia, integra-se na sociedade, relaciona-se com ela e, principalmente, realiza a suas experiências.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 20

“A criança dos 3 aos 6 anos expressa-se com o jogo e é através dele que

começa a afirmar as suas atitudes, as suas capacidades motrizes e os seus pequenos estados de socialização” (Ros & Alins, 2002, p.4)

A actividade lúdica é uma forma de abordar o mundo. Ao jogar, a criança sente-se autónoma relativamente a determinadas regras sociais e interioriza os conceitos do mundo real (Vayer, 1992).

Segundo Gilda Rizzo (1988, p.232) “os termos recreação ou recreação e

jogos utilizados no jardim representam, especificamente, as actividades relacionadas à educação física, preferencialmente àquelas que se realizam na área exterior da escola, fora da sala ambiente, embora todas as actividades do currículo pré-escolar sejam em última análise, formas de recreação, já que têm por elemento propulsor a actividade lúdica, ou seja, o brinquedo (brincadeiras ou jogos) ”.

Para Hohmann e Weikart (1997, p.212) “o recreio é uma área maravilhosa

para as crianças”. Neste espaço elas encontram toda a liberdade que dentro da

sala de actividades não têm. No exterior as crianças têm mais possibilidades de se exprimirem. Aqui são livres de correr e saltar, atirar bolas, realizar exercícios de equilíbrio, etc. Este espaço também é um lugar propício para a criança observar, interagir, explorar e experimentar.

As crianças tanto aprendem dentro como fora da sala. As actividades no exterior não se limitam apenas a exercitar os músculos, elas aprendem a observar, interagir, explorar e experimentar.

É no exterior (recreio), que as crianças podem correr, saltar, realizar exercícios de equilíbrio, descobrir a natureza, fazer jogos de aventura.

O pátio de recreio deve estar equipado de forma a proporcionar todas as actividades pretendidas (Brickman e Taylor, 1996).

As actividades de movimento e de desenvolvimento físico-motor quase sempre são realizadas no recinto externo, pois é aqui que se encontram localizadas as estruturas que permitem que a criança realize experiências de actividade física (Zabalza, 1998, p.192).

As actividades de recreio estão geralmente relacionadas com os movimentos do corpo e com o movimento físico.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 21

Como diz Ramalho (1995, citado por Neto, 1997), “o recreio pode significar

ao mesmo tempo um espaço físico e vivencial, enquanto possibilidades de realização de actividades construtivas” (p.259).

Para Neto (1995, p.103), o recreio ou os espaços livres onde a criança se movimenta deve possibilitar “que cada criança possa ser ela própria num trajecto

permanente de liberdade e responsabilidade, de modo a permitir: - a sua criatividade;

- a sua liberdade de expressão corporal;

- a sua liberdade de expressão e comunicação;

- a sua capacidade de crítica e reflexão sobre o que se vive”.

O desenvolvimento e aquisição de habilidades motoras são um dos principais objectivos do ensino das actividades lúdicas e motoras, sendo o recreio um espaço privilegiado para a sua realização.

2.2. A Importância dos Recreios para as Crianças do Pré-Escolar

O recreio é um espaço privilegiado onde as crianças têm possibilidade de explorar e recriar o espaço e os materiais disponíveis.

Neste sentido “o espaço exterior do estabelecimento de educação

pré-escolar é igualmente um espaço educativo” (Ministério da Educação, 1997a,

p.p.38-39). Pelas suas potencialidades e pelas oportunidades educativas que pode oferecer, merece a mesma atenção do educador que o espaço interior.

O receio possibilita uma diversificação de oportunidades educativas, pela utilização de um espaço com outras características e potencialidades.

Este espaço permite a vivência de situações educativas intencionalmente planeada (pelo educador e pelas crianças) e a realização de actividades informais. Nesta situação, o educador pode manter-se como observador ou interagir com as crianças, apoiando e enriquecendo as suas iniciativas.

Esta dupla função exige que a sua organização seja cuidadosamente pensada, devendo os equipamentos e os materiais corresponderem a critérios de qualidade, dando particular atenção às condições de segurança.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 22

Nas Orientações Curriculares para a educação Pré-Escolar considera-se que “os espaços de educação pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de

equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender”

(Ministério da Educação, 1997a, p.37). Sendo o recreio considerado como um espaço educativo, pretende-se que esteja organizado e equipado de modo a proporcionar aprendizagens diversificadas e significativas para que o desenvolvimento global e harmonioso das crianças se processe.

Para Correia (1989, p.3) “espaço de jogo é um espaço onde se joga e se

aprende proporcionando-se às crianças um desenvolvimento total – motor, social, emocional, cognitivo e estético”. O mesmo autor considera importante que se

concilie dois aspectos: por um lado o direito da criança brincar, de explorar livremente o espaço, experimentando e imaginando, onde lhe seja possível optar; por outro lado, o desenvolvimento de um projecto educativo protagonizado pelo adulto. Deste modo, o espaço deverá reunir condições funcionais e estruturais que permitam atingir os objectivos propostos. Assim, o espaço de recreio é constituído como algo que visa um fim: o desenvolvimento harmonioso da criança.

No que se refere à organização do espaço as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar referem que “a organização e a utilização do espaço

são expressão das intenções educativas e da dinâmica do grupo” (Ministério da

Educação, 1997a, p.37). Nomeadamente, será indispensável que o educador se interrogue sobre a função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização.

O conhecimento do modo como o espaço está organizado, dos materiais e das actividades possíveis confere autonomia à criança. Por outro lado, a possibilidade de fazer escolhas e de utilizar o material de diferentes maneiras, que incluem formas imprevistas e criativas, supõe uma responsabilização pelo que é partilhado por todos. Neste sentido, o recreio contribui para o desenvolvimento pessoal e social da criança.

Do mesmo modo Correia (1989, p.3), diz: “o espaço a ser concebido nunca

poderá ser apresentado à criança como um espaço acabado”. A criança deverá

ter a possibilidade de o recriar a cada passo, para que conserve, o interesse e a curiosidade pelo Espaço que, a cada passo, se deverá apresentar à altura das

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 23

suas exigências adaptativas. Acrescenta ainda que o espaço deverá constituir um veículo de referências sociais que sejam significativas para o desenvolvimento da criança. Deste modo, procura chamar à atenção para a necessidade de conjugar duas vertentes aparentemente contraditórias: A Criança e a Sociedade.

O recreio como factor de desenvolvimento social também está expresso nas Orientações Curriculares da Educação Pré-escolar: “o espaço educativo não

se limita ao espaço imediato partilhado pelo grupo; situa-se num espaço mais alargado – o estabelecimento educativo ” (Ministério da Educação, 1997a, p.39).

Neste espaço a criança relaciona-se com outras crianças e adultos, inserindo-se num meio social mais vasto.

Analisando as opiniões dos diversos autores referidos neste texto, podemos concluir que o recreio é importante para o desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar porque é um espaço educativo, na medida em que permite:

?desenvolvimento pessoal ?confere autonomia à criança ?desenvolvimento da criatividade ? desenvolvimento físico/motor ?desenvolvimento da linguagem ? espírito de observação ?desenvolvimento emocional/afectivo ?desenvolvimento estético ?desenvolvimento social

? interacção com outras crianças e adultos ? responsabilidade pelo que é partilhado ? interiorizar regras

2.3. Actividades a Desenvolver

O espaço exterior, sendo um prolongamento do espaço interior, permite a vivência de situações educativas intencionalmente planeadas e a realização de outras informais, que têm lugar ao “ar livre” (Ministério da Educação1997a, p.39).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 24

Da mesma opinião partilha o autor Zabalza (1992, p.155) “Nesta área

misturam-se actividades não estruturadas e abertas com outras reguladas e fixas”.

No que se refere às actividades livres Rizzo (1988, p.234) considera que estas ocorrem de forma espontânea em espaços amplos, e são actividades como correr, trepar, saltar, escorregar, etc. Para o mesmo autor as actividades orientadas têm como principal objectivo “o desenvolvimento motor aliado ao

desenvolvimento intelectual e social adequados” (Rizzo, 1988, p.237).

As actividades orientadas requerem um maior respeito de regras, sendo o professor responsável pelo seu desenvolvimento, de acordo com os objectivos pretendidos.

O recreio permite toda a variedade de actividades de movimento que favorecem o desenvolvimento da motricidade global.

Por seu lado, actividades de recreio permitem uma maior diversidade de formas de utilizar e sentir o corpo, tais como: trepar, correr, e outras formas de locomoção, bem como deslizar, baloiçar, rodopiar, saltar a pé juntos ou num só pé, dependendo dos materiais e equipamentos existentes neste espaço, das actividades planeadas pelo educador e dos objectivos a atingir (Ministério da Educação, 1997 a, p.58).

A criança ao explorar diferentes formas de movimento vai tomando consciência dos diferentes segmentos do corpo, das suas possibilidades e limitações, “facilitando a progressiva interiorização do esquema corporal em

relação ao exterior – esquerda, direita, em cima, em baixo, etc.” (Ministério da

Educação, 1997a, p.p.57-58). Ao inter-agir com o espaço e com os materiais ai existentes, a criança vai situar o seu corpo no espaço e adquirir noções matemáticas.

No recreio poderão desenvolver-se actividades que favorecem o desenvolvimento da motricidade fina, tais como: jogos onde as crianças têm oportunidade de receber e projectar objectos, como por exemplo atirarem e apanharem bolas ou outros materiais de arremesso, utilizando as mãos ou os pés. Manipular diversos objectos como materiais de jardinagem (carros de mão, pás, baldes, arcos, etc.) também favorecem o desenvolvimento da motricidade fina e o jogo simbólico.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 25

Segundo Siraj-Blatchford (2004, p.p.88-89), “os educadores devem

encorajar a continuação do «aprender fazendo» que as crianças utilizam a partir do momento que nascem”. Considera ainda, que devem aproveitar ao máximo as

suas competências motoras: capacidade de motricidade grossa e locomoção; e, capacidades de motricidade fina.

O jogo simbólico consiste na actividade espontânea da criança ao comunicar e expressar-se através do próprio corpo, em interacção com os outros e apoiada pelos recursos existentes (Ministério da Educação, 1997a, p.60).

Se o espaço, os materiais e equipamentos forem adequados irão, favorecer diferentes possibilidades de “fazer de conta”, permitindo à criança recrear experiências da vida quotidiana, situações imaginárias e utilizar os objectos livremente, atribuindo-lhes significados múltiplos.

“Na interacção com outras crianças, em actividades de jogo simbólico, os diferentes parceiros tomam consciência das suas reacções, do seu poder sobre a realidade, criando situações de comunicação verbal e não verbal” (Ministério da

Educação, 1997a, p.59).

A par das actividades livres, o recreio permite a realização de jogos de movimento com regras, que são ocasião de controlo motor e socialização, de compreensão e aceitação das regras e de alargamento da linguagem (Ministério da Educação, 1997a).

No âmbito dos jogos com regras, os jogos tradicionais são os que mais se praticam nos recreios. Deste modo, vão passando de geração em geração, permitindo às crianças vivências culturais pelo contacto com tradições e costumes antigos.

As danças de roda são outra actividade possível de realizar no recreio que alia a expressão musical (ritmo, sons e música), à expressão motora e à dança, à expressão dramática.

Todas estas situações possibilitam que a criança aprenda a utilizar melhor o seu corpo e vá progressivamente interiorizando a sua imagem. Permitem igualmente que vá tomando consciência de condições essenciais para uma vida saudável, o que se relaciona com a educação para a saúde.

Segundo Bassedas, Huguet e Solé (1999, p.109), no espaço exterior devem-se realizar actividades diversas, entre as quais, “fazer jogos de motricidade

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 26

ao ar livre; bincar com água; experimentar e sentir o vento, a chuva, o frio, o calor; jogar e brincar com outros grupos de crianças”.

Muitas das actividades realizadas na sala de actividades também podem ser efectuadas no exterior. Nomeadamente actividades de expressão plástica, como pintura, digitinta, colagens com materiais existentes no recreio (areia, paus, folhas de árvore, etc.), permitindo que estas actividades decorram noutro espaço, de modo a favorecer a imaginação e a criatividade das crianças.

Paralelamente às actividades possíveis de realizar no recreio, os hábitos de higiene também são favorecidos, quando as crianças regressam à sala de actividades, após o período de recreio terminar e lavam as mãos.

2.4. Características dos recreios

As instituições pedagógicas deveriam ter a preocupação de planear e organizar o espaço de recreio, se possível provido de equipamento e material suficiente de transformação, e o mais seguro possível, onde em momento algum a integridade física das crianças seja posta em causa.

Nesta perspectiva, Neto (1997, p.71) acrescenta que “a organização destes

espaços deve ser pensada de acordo com as características da idade que favorecerão o desenvolvimento da função simbólica, permitindo uma aprendizagem motora reflectida e inteligente”.

O espaço exterior é considerado uma área livre, onde se proporcionam actividades ao ar livre.

Tendo como objectivo primordial satisfazer as necessidades de movimento das crianças, os espaços de recreio deverão estar de acordo com o Decreto -Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro, que estabelece as condições de segurança a observar na localização, implantação, concepção e organização funcional dos espaços de jogo e recreio, respectivo equipamento e superfícies de impacte.

Este Regulamento ao estabelecer condições de segurança para os espaços de jogo e recreio tem como finalidade garantir as condições necessárias à diminuição dos riscos de acidente, de traumatismos e lesões acidentais e das suas consequências.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 27

As áreas exteriores nos estabelecimentos de Educação Pré-Escolar são, por excelência espaços de brincadeira onde as crianças soltam toda a sua energia armazenada durante as actividades na sala.

Os espaços exteriores devem atender ao espaço envolvente, aos objectivos, ao uso e à aptidão lúdica. Nomeadamente, estar organizado de modo adequado às necessidades motoras, lúdicas e estéticas, com o equipamento distribuído adequadamente e ser composto por áreas, designadamente, por hierarquização dos graus de dificuldade e pela previsão de zonas de transição, de modo a permitir a separação natural de actividades e evitar possíveis colisões.

2.4.1. Localização

Na implementação de um espaço de jogo e recreio deve-se escolher um local adequado, quer a nível ambiental, quer a nível da segurança.

De acordo com a legislação (Decreto-Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro), os espaços de jogo e recreio não devem estar localizados junto de zonas ambientalmente degradas, de zonas exteriores utilizadas para carga, descarga e depósito de materiais e produtos ou de outras zonas potencialmente perigosas, nem de locais onde o ruído dificulte a comunicação e constitua uma fonte de mal-estar.

O espaço exterior dos Jardins-de-Infância deve estar localizado junto ou em volta do edifício, com acesso fácil à sala de actividades (Despacho Conjunto nº 268/97, de 25 de Agosto).

2.4.2. Dimensionamento

O espaço exterior do jardim de Infância não deve ser inferior ao dobro da área da(s) sala(s) de actividade (40 a 50m2), incluindo o espaço de zona coberta.

De acordo com o Despacho Conjunto nº 268/97, de 25 de Agosto, o espaço exterior deve quanto possível incluir uma área coberta, fonte de água e uma pequena arrecadação de material de exterior (jardinagem, lenha, etc.).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 28 2.4.3. Acessibilidade

No que se refere a acessibilidade a legislação (Decreto -Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro) determina que os espaços de jogo e recreio devem observar as seguintes condições:

a) Acessibilidade a todos os utentes, designadamente aqueles que apresentem uma mobilidade condicionada, e que facilitem a intervenção dos meios de socorro e salvamento;

b) Estar inserido na rede de circulação de peões da respectiva área urbanizada, devendo os seus acessos estar bem sinalizados e equipados, designadamente com passadeiras pedonais e iluminação artificial.

O mesmo Decreto refere, que os acessos aos espaços de jogo e recreio devem:

a) Ser afastados das zonas de circulação e estacionamento de veículos e, designadamente, daquelas com trânsito mais intenso e rápido;

b) Ter soluções de pormenor que evitem o acesso intempestivo das crianças às zonas de circulação e estacionamento de veículos.

2.4.4. Protecção

Os espaços de jogo e recreio devem ser protegidos de modo a: ? impedir a entrada de animais;

? dificultar os actos de vandalismo;

? impedir acessos directos e intempestivos de crianças às vias de circulação e às zonas de estacionamento de veículos.

Os espaços de jogo e recreio devem oferecer abrigo das intempéries, quando se situem em zonas não adjacentes à habitação (Decreto -Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro).

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 29 2.4.5. Segurança

As áreas exteriores nos estabelecimentos da educação pré-escolar são, por excelência espaços de brincadeira onde as crianças soltam toda a sua energia armazenada durante as actividades na sala.

A organização e apetrechamento do espaço exterior devem assegurar condições de segurança para a realização de actividades diversificadas.

O espaço deverá ser delimitado de forma não agressiva, mas que garanta condições de segurança, por exemplo com vedações ou sebe natural. Deste modo, evita -se que as crianças possam sair do recinto escolar, ficando expostas aos perigos que existem no exterior, como no caso das estradas com muito trânsito.

O espaço deve estar sob vigilância para que, caso ocorra algum acidente o socorro possa ser rápido.

O espaço exterior deverá contemplar as seguintes áreas: a) Caixa de areia.

b) Estruturas fixas para subir, trepar, suspender e escorregar, ou seja, um pequeno parque infantil.

c) Uma área de espaço livre.

É necessário que estas áreas, estejam organizadas de maneira a que a criança aceda a cada uma sem perturbar as outras crianças e evitando os acidentes.

? Caixa de areia

A caixa de areia para manipulação e para outras actividades criativas é sempre bem acolhida pelas crianças. Deverá ser drenada, sem rebarbas agressivas, com capacidade para, pelo menos 30 cm de areia. Deverá ser feita diariamente uma limpeza superficial da areia, e limpá-la periodicamente, a fim de evitar contaminações; poderá ser conveniente cobrir a caixa durante os períodos de não utilização. A areia terá de ser renovada uma vez por ano.

Os brinquedos aqui utilizados (pás, baldes, ancinhos, carros de mão, etc.) deverão ser de material sintético e obedecer às normas de segurança.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 30

? Parque Infantil

O parque infantil como espaço organizado, de acordo com a implantação prévia de materiais fixos e móveis, pode ser um meio de conquista motora importante.

Todas as crianças apreciam brincar num parque infantil. No entanto, carece que se cumpram as normas de seguranças estabelecidas na legislação em vigor.

Segundo Pereira (2004), os espaços de lazer embora assumam uma grande importância no desenvolvimento integral das crianças, os mesmos encerram uma complexidade de perigos que justificam estudos aprofundados, no sentido de garantir o direito de brincar e, mais concretamente, o direito de brincar em segurança, contribuindo para a promoção de uma verdadeira cultura de valorização da Infância.

A legislação obriga a que se fiscalizem, pelo menos uma vez por ano, os parques infantis. Compete às Câmaras Municipais fiscalizar os parques infantis privados e ao Instituto Nacional do Desporto os espaços de jogo e recreio pertencentes às câmaras municipais.

Serão aplicadas coimas pelo não cumprimento da lei, pelas entidades competentes: aos Presidentes das Câmaras e ao Presidente do Instituto Nacional dos Desportos.

O montante das coimas reverte para as seguintes entidades:

60% para o Estado e 40% para a entidade instrutoras do processo por contra ordenação.

O Decreto-Lei nº 379/97, de 27 Dezembro, veio regulamentar a segurança nos espaços de jogo e recreio. As instituições que acolhem crianças em idade pré-escolar têm agora a responsabilidade de assegurar uma manutenção mais cuidada dos espaços exteriores. Não só pelo cumprimento das disposições legais, mas também por uma questão de respeito pelos Direitos da Criança.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 31 2.4.6. Manutenção

A manutenção e transformação do espaço devem ser efectuadas periodicamente pelas pessoas responsáveis previamente estabelecidas segundo as necessidades que se apresentam. As tarefas a realizar deveriam ser planeadas com antecedência.

Relativamente à natureza, a manutenção deve ser feita de acordo com as épocas.

A manutenção consiste em verificar se o material está completo, bem pintado e sem ferrugem; é ainda necessário que:

? As fundações (fixação ao pavimento) não estejam expostas. ? A estrutura seja estável.

? Não faltem parafusos.

? As madeiras e as partes metálicas estejam bem conservadas.

Dando cumprimento à legislação (Decreto -Lei nº 379/97, de 27 de Dezembro) em vigor para a concepção e implementação de espaços de jogo e recreio, cabe às entidades responsáveis actuarem, no sentido de cuidarem da manutenção, higiene e segurança dos recintos da sua tutela. Neste sentido, compete-lhes verificar se estes espaços estão limpos, em boas condições e de acordo com as normas de segurança, nomeadamente através da substituição do equipamento que esteja mal concebido e da manutenção do que está degradado.

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Mestrado em Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança 32 2.4. 7. Materiais e Equipamentos

Um aspecto importante a ter em conta na concepção das zonas de recreio é os materiais e os equipamentos.

O material que geralmente se encontra no recreio tem “por finalidade

proporcionar o desenvolvimento físico da criança aliado aos aspectos social e intelectual” (Rizzo,1988, p.235).

Um recreio para ser estimulante tem de ter mais do que os baloiços, escorregas, estruturas com escadas. As crianças sentem necessidade de ter em suas mãos materiais soltos/móveis que convidem a construir, imitar, explorar e experimentar (Taylor e Brickman, 1996, p.168).

Entende-se por material de exterior o conjunto de equipamentos colocados no espaço exterior do estabelecimento que deve proporcionar resposta às necessidades de movimento, descoberta, exploração e descontracção (Despacho Conjunto nº258/97, de 21 de Agosto).

O equipamento utilizado nos estabelecimentos de educação pré-escolar constitui um meio de intervenção indirecta do educador de infância na sua acção pedagógica e didáctica.

De acordo com o Despacho Conjunto nº 258/97, de 21 de Agosto, as características dos equipamentos utilizados na educação pré-escolar “...deverão

compatibilizar-se com o contexto social, cultural e geográfico do estabelecimento de educação pré-escolar, com a metodologia utilizada pelo educador e com as orientações curriculares para este nível educativo”.

As características dos materiais e equipamentos necessários ao funcionamento dos estabelecimentos de Educação Pré-Escolar devem incidir sobre requisitos estéticos, funcionais e ergonómicos, especificações técnicas que evidenciam nomeadamente as características de concepção, as condições de execução, dimensionamento, os materiais e componentes, tendo em conta a especificidade da Educação Pré-Escolar e o escalão etário dos utilizadores, visando obter níveis de qualidade adequados ao sucesso educativo e à optimização dos investimentos.

As prioridades de aquisição de equipamento, tomando em consideração as necessidades e os interesses do grupo de crianças, deverão satisfazer um

Imagem

Figura nº 1 – Mapa do Concelho de Tarouca
Figura nº 2 – Número de crianças inscritas por Jardim-de-Infância
Gráfico nº 3
Gráfico nº 7
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Referências

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