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CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO SEXUAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNIÍPIO DE IPORÁ, GOIÁS, BRASIL

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Resumo revisado por: Juliane Pereira de Santana Peres. Projeto de extensão Educação Sexual para a Escola Estadual

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO

DE UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO SEXUAL EM UMA ESCOLA

PÚBLICA DO MUNIÍPIO DE IPORÁ, GOIÁS, BRASIL

RIOS, Alex Batista Moreira1,2; SILVA, Andreia Peixoto da1; SANTOS, Beatriz, A. B.

dos1; MOTA, Gislene Alves1; SILVA, Kálita França1; SOUZA, Lindiheyme Barbosa1;

PEREIRA, Maria José1; FRANCO, Marina Oliveira1; CARVALHO, Rennio César S.1;

NOVATO, Uelida Bueno1; PERES, Juliane Pereira de Santana1

Palavras-chave: Educação Sexual; Adolescentes; Conscientização.

Introdução

Atualmente a discussão sobre a sexualidade ultrapassa fronteiras de idade, gênero e saberes, sendo que direta ou indiretamente a Educação Sexual sempre existiu na escola e seu desenvolvimento no ambiente escolar é imprescindível uma vez que ela parece estar vinculada ao aumento de diagnósticos de DSTs e a uma mudança nos padrões de comportamento sexual, o que requer intervenções a nível indivíduo e população (ALTMANN, 2001).

Ao tratar a Educação Sexual com responsabilidade busca-se:

“Considerar a sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa no ser humano, do nascimento até a morte. Relaciona-se com o direito ao prazer e ao exercício da sexualidade com responsabilidade. Engloba as relações de gênero, o respeito a si mesmo e ao outro e à diversidade de crenças, valores e expressões culturais existentes numa sociedade democrática e pluralista. Inclui a importância da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis/AIDS e da gravidez indesejada na adolescência, entre outras questões polêmicas” (BRASIL, 1998).

Entretanto a sexualidade tornou-se um assunto banalizado, sendo que os adultos que convivem com adolescentes, incluindo pais e professores têm dificuldade para abordar essa temática no dia-a-dia, o que contribui para que os

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Resumo revisado por: Juliane Pereira de Santana Peres. Projeto de extensão Educação Sexual para a Escola Estadual

jovens tenham fontes não confiáveis para esclarecer suas dúvidas (CANO, FERRIANI, GOMES, 2000).

O tratamento da sexualidade ainda carece de iniciativas e metodologias adequadas para que uma Educação Sexual promissora seja disseminada. Na prática, geralmente a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais tem se demonstrado de difícil implementação, aparecendo muito mais como um ideal, como aquilo que deveria ser feito, do que como o que é de fato realizado no dia-a-dia da escola (ALTMANN, 2007).

Como resultado desta má desenvoltura da Educação Sexual, os adolescentes aprendem muito pouco ou, às vezes, nada a respeito da sexualidade, resultando na formulação de conhecimentos errôneos sobre a anatomia e

funcionamento dos órgãos genitais, relação sexual, gravidez, métodos

contraceptivos, DSTs e AIDS, além da manutenção de preconceitos e tabus como os referentes à masturbação (CAMARGO e FERRARI, 2009) e a homossexualidade (CARMO e SAND, 2007).

Esta realidade precisa ser alterada, tendo-se em vista que os adolescentes carecem de uma Educação Sexual adequada e que esta pode ser realizada na escola através de políticas e ações educativas de caráter transversal e integrado como forma de oferecer uma instrução necessária a sua formação humana e social. Este trabalho apresenta os principais resultados obtidos através do desenvolvimento do projeto de extensão Educação Sexual para a Escola Estadual

Israel de Amorim, município de Iporá, Goiás, que teve por objetivo investigar a

importância de se desenvolver atividades que abordassem temas referentes a Educação Sexual com alunos do 8° e 9° anos desta escola pública, tendo em vista possibilitar e facilitar o aprendizado e a vivência da sexualidade de maneira mais saudável pelos estudantes.

Metodologia

As ações extensionistas deste projeto ocorreram durante o segundo semestre do ano de 2011 em duas etapas que ocorreram alternadamente, sob a orientação da coordenadora do projeto. A primeira etapa consistiu em reuniões de planejamento quinzenais na Unidade Universitária de Iporá da Universidade Estadual de Goiás onde um grupo constituído por 10 acadêmicos do curso de

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Resumo revisado por: Juliane Pereira de Santana Peres. Projeto de extensão Educação Sexual para a Escola Estadual

Ciências Biológicas planejavam as atividades que seriam desenvolvidas na escola campo. A segunda etapa ocorreu na Escola Estadual Israel de Amorim, através do desenvolvimento das seguintes atividades estruturadas: Trabalho e dinâmica de grupo para discussão dos temas Corpo, matriz da sexualidade e Comportamento

Sexual e Homossexualismo; Palestras e Demonstrações práticas para o debate dos

temas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), Métodos contraceptivos e

Prevenção contra o abuso sexual. O primeiro tema foi abordado nos dois primeiros

encontros, sendo que os demais foram abordados exclusivamente nos encontros posteriores com alunos do 8° e 9° anos do período matutino e do 8° ano do período vespertino da escola campo.

A Escola Estadual Israel de Amorim é uma escola inclusiva que está situada na região central da cidade de Iporá-GO, a qual dista cerca de 216 km da capital estadual. No ano letivo de 2011 atendia mais de 500 alunos na 1° e 2° fase do Ensino Fundamental cuja maioria possui pouco poder aquisitivo e apresentam histórico de desestrutura familiar.

A contribuição das atividades desenvolvidas para uma melhor aprendizagem a respeito dos temas abordados deu-se através da análise dos dados obtidos através de um questionário com questões abertas e fechadas a respeito de conhecimentos e atitudes relacionados à sexualidade, comportamento sexual, homossexualismo, DSTs, contracepção e abuso sexual dos estudantes que participaram do projeto. O questionário foi aplicado antes e após o desenvolvimento das atividades. As respostas foram interpretadas por meio da análise de conteúdo (BARDIN, 1977).

Resultados e Discussões

Ao todo, 98 alunos da Escola Estadual Israel de Amorim participaram do projeto, dos quais 50% pertencem ao sexo feminino e 50% ao sexo masculino. A idade média dos estudantes foi 14 anos, sendo que a faixa etária dos mesmos variou de 11 a 18 anos.

Em relação ao tema Corpo, matriz da sexualidade houve um pequeno aumento do número de estudantes que atribuíram aos aspectos biológicos, comportamentais e psicológicos características que distinguem indivíduos do sexo masculino do sexo feminino (3% para 6%), embora tenha predominado a concepção

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estritamente biológica de distinção dos sexos (97% para 94%). A pouca mudança de significados em relação ao tema abordado tem haver com a alienação do mundo social que perpassa a condição individual dos discentes (JEOLÁS e FERRARI, 2003) dificultando a mudanças de ideologias e comportamentos.

Através da abordagem dos temas Comportamento sexual e

Homossexualismo, verificou-se a confirmação das idéias dos estudantes em relação

ao primeiro tema, prevalecendo a concepção de que os meios de comunicação influenciam negativamente no desenvolvimento sexual de crianças e adolescentes. Em relação à homossexualidade, houve uma mudança significativa de opiniões após a intervenção do projeto, sendo que uma visão de tolerância e respeito prevaleceu nas respostas do questionário final (60%). Esta alteração de comportamento frente a homossexualidade ratifica a importância do desenvolvimento de intervenções pedagógicas que contribuam para a superação de posições intolerantes e para que ocorra uma convivência harmoniosa com a diversidade (CARMO e SAND, 2007).

Também houve um acréscimo do número de DSTs citadas pelos discentes, de 6 para 11 (aumento de 83%). A AIDs foi a doença sexualmente transmissível mais citada e o preservativo masculino foi indicado como método contraceptivo para uso (83% das respostas). A diversificação do conhecimento referente às DSTs como confirmado nas respostas analisadas vem de encontro com a necessidade de assegurar aos adolescentes informações válidas sobre prevenção contra estas doenças e saúde reprodutiva (ARAÚJO e COSTA, 2009).

A respeito do tema Prevenção contra o abuso sexual os conceitos prévios dos entrevistados sobre o tema apresentaram-se bem mais elaborados no questionário final. Em relação a eventual tomada de decisão frente ao conhecimento de um caso de abuso sexual, 60% dos alunos declararam que registrariam denúncia aos órgãos competentes e 32% afirmaram que contariam para os pais da vítima. Estes resultados revelam o quanto é imperativo a escola garantir espaço para abordagem de temas difíceis como o abuso sexual (BRINO e WILLIAMS, 2003).

Conclusões

As ações de Educação Sexual desenvolvidas possibilitaram alterações nas concepções dos estudantes da Escola Estadual Israel de Amorim frente aos temas

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abordados, sob uma perspectiva positiva. Da mesma forma, espera-se ter contribuído para mudanças de comportamento e no exercício da sexualidade dos mesmos.

Referências Bibliográficas

ALLTMAN, H. Orientação Sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Estudos

Feministas, Florianópolis, vol. 9, n. 2, p. 575-585, jul./dez. 2001.

ALTMANN, H. A sexualidade adolescente como foco de investimento político-social.

Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 46, p. 287-310, dez. 2007.

ARAÚJO, M. S. P.; COSTA, L. O. B. F. Comportamento sexual e contracepção de emergência entre adolescentes de escolas públicas de Pernambuco, Brasil.

Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 551-562, mar. 2009.

Bardin, L. L’analyse de contenu. Press Universitaires de France, Paris, 1977.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília:

MECSEF, 1998.

BRINO, R. F.; WILLIAMS, L. C. A. Concepções da professora acerca do abuso sexual infantil. Cadernos de Pesquisa, n. 119, p. 113-128, jul. 2003.

CAMARGO, E. A. I.; FERRARI, R. A. P. Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção. Ciência &

Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 937-946, May/June. 2009.

CANO, M. A. T.; FERRIANI, M. G. C.; GOMES, R. Sexualidade na adolescência: um estudo bibliográfico. Revista Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 2, p. 18-24, abr. 2000.

CARMO, R.; SAND, I. C. P. V. O discurso dos adolescentes sobre vida sexual na adolescência. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 417-431. 2007.

JEOLÁS, L. S.; FERRARI, R. A. P. Oficinas de prevenção em um serviço de saúde para adolescentes: espaço de reflexão e de conhecimento compartilhado. Ciência &

Referências

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