Garantidores de depósitos e o
debate sobre Recuperação e
Resolução
André Loes
Garantidores de depósitos
• Parte relevante da rede de proteção do sistema financeiro; em 2013 estavam presentes em 112 países*
― Indutores de eficiência no sistema, por redução do risco sistêmico de liquidez ― Proteção exagerada estimula o moral hazard e produz seleção adversa
• Grande maioria dos GDs têm gestão pública ou quase pública, em geral separados da supervisão; privados são minoria
• GDs são total ou parcialmente financiados por contribuições das instituições que têm seus depósitos cobertos
• Atuação dos GDs em 2008/09 vista como positiva; sua importância cresceu desde então — Em atuação combinada com BCs, foram evitadas corridas bancárias na parcela dos
depósitos cobertos
— A extensão de cobertura a depósitos normalmente não cobertos, valores mais altos de cobertura e garantia governamental levantam questões relevantes sobre:
Diferentes jurisdições, diferentes missões
• A diferença mais importante entre os GDs refere-se a sua missão e escopo de atuação — Paybox: o GD é responsável somente pelo pagamento dos depósitos garantidos em
evento de intervenção ou liquidação
— Paybox plus: o GD tem responsabilidades adicionais, incluindo algumas com
características similares à resolução, tais como suporte de capital e liquidez às IFs associadas
— Loss minimizer: o GD se engaja ativamente na seleção da melhor solução para a entidade com problemas, do ponto de vista da minimização do custo de resolução — Risk minimizer: o GD possui mandato claro de minimização de risco para o sistema,
incluindo avaliação e administração de risco, uma gama de poderes de intervenção prévia à resolução, e em alguns casos responsabilidades de fiscalização prudencial • Em 2013, 43% dos GDs apresentavam missão de um paybox simples, e os demais
FGC: de paybox simples a paybox plus
• O FGC nasceu em 1995, durante um difícil período para o SFN, quando a drástica redução da inflação inviabilizou o modelo de negócios de uma parte dos bancos brasileiros
— No mesmo período, foram implantados os programas governamentais de bail-out de bancos privados (PROER) e de bancos públicos (PROES)
• Até 2008 o FGC teve um formato “paybox simples”, tendo atuado no pagamento de garantias de depósitos na liquidação de 25 instituições financeiras entre 1995 e 2008 • A partir de 2008, no bojo da crise financeira global, o escopo de atuação do FGC foi
ampliado, alçando-o à condição de “paybox plus¨, podendo: ― Contratar operações de assistência de liquidez temporária
― Contratar operações de assistência financeira, especialmente em situações de mudança societária (fusões, aquisições e mudança de controle acionário) ou saída organizada do mercado
Mais previsibilidade facilita a ação do FGC
• Com as funções adquiridas em 2008, mais previsibilidade sobre possíveis situações de
recuperação significa mais capacidade do FGC contribuir para a estabilidade/higidez do SFN • A existência de planos de recuperação, por exemplo, identificaria indicadores de
monitoramento e seus níveis críticos, permitindo aquilatar os riscos de sua adoção • A efetividade de planos de recuperação para manutenção da normalidade do SFN será
tanto maior quanto mais largo o espectro das IFs que estão obrigadas a apresentá-lo • Para além do aspecto prudencial mais óbvio, o exercício de elaboração de um plano de
recuperação explicita, para a IF e reguladores, os pontos vulneráveis de cada instituição, tornando a ação mais rápida e eficaz, se necessária
Estar pronto para agir
• Se franqueado ao FGC o conhecimento prévio de planos de recuperação, estaremos melhor preparados para agir com rapidez e precisão em caso da adoção de um desses planos
• Planos de recuperação, quando adotados, tipicamente contemplam ações conforme abaixo — Reforço de capital ou liquidez
— Suporte financeiro de outras entidades do mesmo grupo econômico, se houver — Venda de ativos e reestruturação de passivos
— Mudanças nas estruturas societária e organizacional — Mudanças no modelo de negócio
• Informações contidas nos planos de recuperação, permitiriam melhor dimensionamento de: ― Tamanho de possível assistência, de acordo com regras estatutárias do FGC
― Estruturas adequadas em caso de necessidade de assistência financeira ou de liquidez ― Análise prévia de garantias envolvidas em possível operação
― Previsão de disponibilidades, a partir das aplicações do FGC, que contemple montante esperado da operação
• Se legislação franquear ao FGC informações sobre depósitos garantidos durante execução da recuperação, pagamento seria mais rápido na hipótese de evento de garantias
— Informações estariam disponíveis e no formato necessário no momento em que IF fosse eventualmente resolvida
Pagamento mais rápido na resolução
Fonte: Bancos centrais, garantidores de depósitos e reguladores. Compilado pela Oliver Wyman
Possíveis impactos de uma nova lei de Resolução
• Discussões preliminares sobre nova lei de Resolução havidas em seminários públicossugerem que avanços importantes poderiam ocorrer do ponto de vista da atuação do FGC • No geral, novas disposições ou consolidação em lei de aspectos da atuação do FGC que
estão até o momento regulados por normas executivas, poderiam incluir: — Equiparação dos GDs a instituições financeiras para determinados fins — Acesso a certas informações sobre IFs franqueadas pela autoridade
— Previsão explícita de sub-rogação aos direitos creditórios garantidos pelo Fundo — Possibilidade de que a capitalização dos GDs possa ser feita não somente pelas