• Nenhum resultado encontrado

Contributo para o Estabelecimento de Níveis de Referência de Diagnóstico em Equipamentos de TC Multidetectores

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Contributo para o Estabelecimento de Níveis de Referência de Diagnóstico em Equipamentos de TC Multidetectores"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Acta Radiológica Portuguesa, Vol.XXIII, nº 89, pág. 17-24, Jan.-Abr., 2011

Recebido a 23/12/2009 Aceite a 26/05/2010

Contributo para o Estabelecimento de Níveis de Referência

de Diagnóstico em Equipamentos de TC Multidetectores

A Contribution to the Establishment of Diagnostic Reference Levels in

Multidetector CT Equipments

Filipa Isabel Martins Borlinhas1, Marta Sofia Dias Moura2, Nuno Machado3, Luís Lança4,

Paula Madeira5, João Paulo Costa6

1Técnica de Radiologia no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE

2Técnica de Radiologia no Hospital de S. Bernardo (Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E.)

3Prof. Adjunto da Área Científica de Física, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.

4Professor Adjunto da Área Científica de Radiologia, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de

Lisboa

5Professora Adjunta no Curso Superior de Radiologia da Universidade Atlântica; Técnica de Radiologia

no Serviço de Radiologia do Hospital de São José (Centro Hospitalar de Lisboa Central)

6Professor Adjunto da Área Científica de Radiologia, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de

Lisboa; Técnico de Radiologia Hospital dos SAMS

Resumo

Actualmente a Tomografia Computorizada (TC) é um dos métodos de diagnóstico por imagem que tem uma maior contribuição para a dose de radiação X recebida pelos pacientes. Pretende-se com este estudo avaliar as doses praticadas em TC e contribuir para o estabelecimento de Níveis de Referência de Diagnóstico (NRD) na região da Grande Lisboa, Portugal. Foram efectuadas medições de dose em 5 equipamentos de TC multidetectores, considerando o abdómen como área anatómica de interesse. Recorreu-se a uma câmara de ionização e a um fantoma para obter o índice de doRecorreu-se de TC (CTDI) e o produto doRecorreu-se-comprimento (DLP), que permitem determinar os NRD. Estes valores foram comparados com os NRD propostos pela Guideline Europeia e com os estudos desenvolvidos em outros países, como o Reino Unido, Grécia e Taiwan. Os resultados revelaram que os valores de NRD obtidos neste estudo (16,7 mGy para o CTDIvol e 436,5 mGy·cm para o DLP) são discrepantes relativamente à Guideline Europeia (±50%), mas muito próximos relativamente aos NRD estabelecidos nos países considerados. Estes valores podem ser eventualmente explicados pelos equipamentos em análise e pela utilização de protocolos de exame adoptados pelos profissionais de Radiologia nas instituições analisadas.

Palavras-chave

Tomografia Computorizada Multidetectores (MDTC); Níveis de Referência de Diagnóstico (NRD); Dose de Radiação; Índice de Dose de TC (CTDI); Produto Dose-Comprimento (DLP).

Abstract

Nowadays Computed Tomography (CT) is one of the imaging techniques which have a large contribution to radiation dose received by patients. The purpose of this study is to evaluate CT doses and contribute to the establishment of Diagnostic Reference Levels (DRL) in Lisbon, Portugal. Dose measurements on 5 multidetector CT scanners have been performed, considering the abdomen as the anatomic region of interest. All measurements were performed using an ionization chamber and a phantom to obtain the index CT dose (CTDI) and the dose-length product (DLP), which are used to determine DRL. These values were compared not only with European reference dose values but also with DRL studies developed in other countries like United Kingdom, Greece and Taiwan. The results revealed that DRL values obtained in this study (CTDIvol is 16,7 mGy and DLP is 436,5 mGy·cm) have a higher discrepancy to European Guideline (±50%), while the DRL´s of other countries are nearest to values obtained in this study. Those differences may be eventually explained by the type of the evaluated equipments but also by the exam protocols used by the Radiology professionals on the analyzed institutions.

Key-words

Multidetector CT (MDCT); Diagnostic Reference Levels (DRL); Radiation Dose; CT Dose Index (CTDI); Dose Length Product (DLP).

(2)

Introdução

A utilização crescente de exames de diagnóstico realizados por Tomografia Computorizada (TC) tem contribuído para um aumento da dose de radiação X recebida pelos pacientes. Da mesma forma, os avanços tecnológicos que permitiram a substituição dos equipamentos sequenciais por equipamentos de TC multidetectores (TCMD), tendem a aumentar em 35% a dose colectiva [1-6]. Devido a estes factos, tem-se constatado uma maior preocupação referente ao risco das radiações [7-19] surgindo, consequentemente, novas formas de minimizar o problema do excesso de dose nos exames por TC. Os instrumentos mais utilizados em prol deste objectivo assentam na justificação de práticas, o controlo de limites de dose e a optimização da protecção radiológica. Estes regem-se segundo o princípio ALARA, que defende a manutenção da dose de radiação “tão baixa quanto razoavelmente possível”, que permita obter uma imagem com qualidade diagnóstica [10].

Níveis de Referência de Diagnóstico

Assim surge o conceito de Níveis de Referência de Diagnóstico (NRD), que alerta os profissionais de Radiologia para as boas práticas a desenvolver no âmbito da redução de dose.

Os NRD em TC são níveis de dose estabelecidos para cada um dos exames mais comuns, no grupo de pacientes de tamanho médio ou em fantomas, permitindo a comparação da performance entre diferentes equipamentos e protocolos de estudo aplicados. O NRD corresponde ao terceiro quartil da distribuição de valores de dose, reflectindo uma interpretação correcta da dose aplicada [10,11]. Quando estes níveis são ultrapassados as entidades responsáveis são sensibilizadas para a necessidade de accionar medidas correctivas de optimização de dose [7,10]. É essencial que os NRD resultem de uma recolha de dados representativa da área geográfica onde são aplicados, assim como é importante serem revistos de forma contínua e periódica, tendo em conta o seu carácter dinâmico e susceptível a alterações [7,11].

Estes valores são referidos em publicações de organizações internacionais, entre as quais se destaca a Guideline proposta pela Comissão Europeia no ano de 2000 [7,11,12]. Embora o desenvolvimento de NRD em TC seja recomendado por várias entidades, como a Comissão Internacional em Protecção Radiológica (ICRP), e exigido aos Estados-Membros pela Directiva 97/43/EURATOM, em Portugal não se evidenciam estudos sobre a sua aplicação nessa valência [10,20-22]. Deste modo, os profissionais não possuem uma referência nacional pela qual possam reger a sua prática.

Para chegar aos valores de NRD definiram-se determinadas grandezas dosimétricas como o Índice de Dose Ponderado

de TC (CTDIw), correspondente a um único corte axial; e

o produto dose-comprimento (DLP), referente à dose de radiação recebida pelo paciente em todo o exame [23]. A par destes parâmetros, e com o aparecimento dos sistemas multidetectores, é introduzido o índice de dose de TC no

volume irradiado (CTDIvol), que se descreve pela razão

entre o CTDIw e o pitch utilizado, considerando as variações

da exposição à radiação, na direcção do z, quando o pitch não é igual a 1. Nestes sistemas o DLP é estimado pelo

produto entre o CTDIvol e o comprimento médio de exame

[5,24]. A dose efectiva (E) é outra grandeza dosimétrica que pode ser considerada para o estabelecer NRD mas com algumas limitações [7]. Segundo a ICRP, esta é uma variável adequada para o efeito pois traduz os riscos da radiação associados a um exame de TC tendo em conta a radiosensibilidade dos órgãos ou tecidos irradiados [9,11,15].

Considerar a importância destas grandezas como base para implementação de NRD, pode contribuir para que os departamentos de Radiologia assegurem a prestação de serviços de melhor qualidade, associada à redução da dose colectiva [11]. Deste modo, torna-se pertinente proceder a medições que permitam estimar o valor de NRD em TC.

Objectivos

O objectivo geral deste estudo consiste em avaliar a dose radiação X detectada num fantoma, na região abdominal, num conjunto de cinco equipamentos de TC seleccionados, de forma a contribuir para o estabelecimento de NRD [11,12,15-17]. O abdómen é uma região examinada com frequência [21] e que implica uma irradiação abrangente de um grande número de órgãos, cujos factores de ponderação tecidular contribuem para um valor de dose efectiva elevado (Segundo o Decreto-lei 222/2008 da República Portuguesa, publicado no Anexo 1, em Diário

da República em 17 Novembro de 2008: Wt do Cólon

-Wt do Estômago - 0,12, Wt do Fígado - 0.05).

Especificamente, pretende-se determinar os valores das grandezas dosimétricas em TC, referidas anteriormente, que permitem obter o NRD para a amostra considerada. Sendo que o NRD traduz as práticas dos serviços de Radiologia em estudo, na região de Lisboa, considera-se e importante analisar os resultados obtidos à luz dos valores estabelecidos noutros países, para que as mesmas sejam avaliadas [12-16,19-20]. Além disso, interpretando a relação entre os factores técnicos utilizados no exame abdominal em cada instituição, e a dose recebida, poder-se-á eventualmente propor a implementação de práticas que podem contribuir para a optimização da dose [7].

Metodologia

Este estudo foi efectuado no primeiro semestre do ano de 2008, recorrendo ao levantamento de dados na região da Grande Lisboa em 5 equipamentos de TC de: 6 detectores (2 equipamentos Siemens Somatom Emotion 6), 16 detectores (2 equipamentos GE BrigthSpeed 16) e de 64 detectores (1 equipamento Siemens Somatom Sensation

Cardiac 64). Esta selecção teve em conta o tempo

disponível, a necessidade de representar a maioria dos equipamentos de TCMD utilizados nesta região, bem como a disponibilidade e receptividade dos serviços a analisar [11]. Em cada instituição de saúde realizou-se um levantamento dos parâmetros utilizados no estudo do abdómen por TC, mais especificamente, comprimento médio de exame (scan lenght), pitch, potencial da ampola

(3)

(kV), carga (mA.s), e colimação do feixe (beam width) [5-7,12,13,16-18,25,26]. Os dados foram fornecidos pelo Técnico de Radiologia, aquando das medições no local, sendo registado o protocolo standard do exame abdominal utilizado na instituição. Recorrendo à memória dos equipamentos em estudo, seleccionaram-se exames abdominais para efectuar a média do comprimento do exame, bem como do valor de mA.s utilizados, obtendo assim valores representativos do paciente standard (~70kg) [11]. Especificamente, para os mA.s, considerou-se importante avaliar a dispersão de valores utilizados e o seu desvio-padrão para quantificar a incerteza associada. Estes parâmetros contribuem para os cálculos dosimétricos permitindo comparar instituições relativamente às doses praticadas, e sugerem eventualmente formas de optimização em situações que excedam o valor do terceiro quartil [1,7,12,21,27].

Foram utilizados os dispositivos representados na figura 1 que serão descritos seguidamente com maior detalhe.

Foi utilizado um fantoma1 (Fig. 2), que permitiu obter com

facilidade e reprodutibilidade medidas credíveis no contexto da protecção radiológica [12]. Em contrapartida, a utilização deste recurso não considera as variações das características dos pacientes [11]. Este fantoma, cilíndrico de polimetilmetacrilato (PMMA) com 15 cm de espessura e 32 cm de diâmetro, representa o abdómen de um adulto [6,17,20], e contém vários orifícios com 1cm de diâmetro, que se localizam no centro e à periferia (a 1 cm de profundidade nas posições 3, 6, 9 e 12 horas) [23]. O fantoma possibilita a medição de dose recorrendo à câmara de ionização 10x5-3CT (Fig. 3), com forma alongada de submetido ao protocolo de exame abdominal que vigora em cada instituição.

As medições foram assim efectuadas com o fantoma colocado na mesa de exame, alinhado no isocentro do equipamento, introduzindo inicialmente a câmara de ionização no orifício central para medir a dose. A partir deste valor foi possível determinar o Índice de Dose de

TC no centro (CTDI100,c), que representa a distribuição

sobre o eixo do z da radiação recebida pelos detectores num corte axial (equação a) [6,12,19,21,24].

CTDI100,c dz T N L z D mm mm 50 50 ) ( (mGy) (a)

CTDI100,c – índice de dose de TC para um corte de 100 mm

de espessura, ao centro do fantoma

D(z) – leitura de dose efectuada com a câmara de ionização

para um corte de 100 mm de espessura

L – comprimento da câmara de ionização (100 mm) N – número de cortes produzidos simultaneamente numa

rotação de 360º da ampola

T – espessura de corte nominal (mm)

Seguidamente foi medida a dose no orifício da periferia apenas às 12h, sendo esta a forma normalmente utilizada

para determinar o CTDI à periferia (CTDI100,p) (equação

b) [6,12,19,21,24]. CTDI100,p = dz T N L z D mm mm 50 50 ) ( (mGy) (b)

CTDI100,p – índice de dose de TC para um corte de 100 mm

de espessura, à periferia do fantoma 1 Outra forma de obter automaticamente as grandezas dosimétricas passa

pela utilização de uma aplicação específica criada pela organização Impact [28]. Apesar disto, é de todo o interesse utilizar um fantoma, com o intuito de obter experimentalmente os respectivos valores Fig. 1 – Material utilizado para medição de dose em TC.

Fig. 2 – Pormenor do fantoma utilizado neste estudo que representa o abdómen de um adulto. Nesta figura é possível identificar os locais onde é colocada a câmara de ionização e barras de Perspex.

Fig. 3 – Câmara de ionização de forma alongada com o respectivo adaptador, que permite obter a dose recebida pelo fantoma em determinado local do mesmo.

(4)

D(z) – leitura de dose efectuada com a câmara de ionização

para um corte de 100 mm de espessura

L – comprimento da câmara de ionização (100 mm) N – número de cortes produzidos simultaneamente numa

rotação de 360º da ampola

T – espessura de corte nominal (mm)

Em ambas as situações de medição foram inseridas barras cilíndricas de Perspex nas restantes cavidades livres [23]. Considerando que em TC a dose diminui da periferia para o centro, utilizaram-se os respectivos índices de dose anteriormente calculados para determinar a média de

CTDI, que se traduz aproximadamente pelo índice de dose

ponderado (equação c) [6,7,12,17-19,21,23].

CTDIW = CTDI ,c CTDI100,p

3 2 100 3 1 (mGy) (c)

CTDIw – índice de dose de TC ponderado

Este resultado possibilitou obter o volume de CTDIw

(equação d), ou seja, a dose no volume irradiado do fantoma, tendo em conta o pitch (quando difere de 1), fornecido pelo equipamento, e quaisquer sobreposições ou espaçamentos entre os perfis de dose resultantes de rotações consecutivas da ampola [6,7,9,13,14,17-19,21].

CTDIvol =

P

CTDIW

(mGy) (d)

CTDIvol – índice de dose de TC por volume

CTDIw – índice de dose de TC ponderado

P – pitch

Assim, enquanto que o CTDIw representa a média de dose

de radiação absorvida nas direcções x e y, o CTDIvol

corresponde à média de dose de radiação absorvida na direcção x, y e z [6].

Nos equipamentos que não permitiam uma aquisição axial,

mediu-se directamente o CTDIvol, através de uma aquisição

helicoidal de 100 mm de comprimento, sendo necessário ponderar este valor tendo em conta as diferenças de quantidade de radiação à periferia e ao centro do fantoma. Em ambas as situações, quer seja feita uma aquisição axial ou helicoidal, os procedimentos seguintes são idênticos.

Embora o CTDIvol possa estimar a média de dose de

radiação num volume do fantoma, não indica porém, a energia que é depositada num volume irradiado de diferente tamanho, forma ou atenuação. Para isso é introduzida outra grandeza dosimétrica, que se denomina por produto dose-comprimento (equação e) [6,9,12-14,17-19,21].

DLP = CTDIvol SL (mGy ×

DLP – produto dose-comprimento

CTDIvol – índice de dose de TC no volume estudado no

exame

SL – comprimento irradiado (cm)

Por sua vez a dose efectiva foi estimada segundo a equação (equação f) [6,9,12,13,16,19,21].

E= DLP EDLP (mSv) (f)

E – dose efectiva

DLP – produto dose-comprimento

EDLP – coeficiente de dose efectiva normalizada por DLP

da região abdominal (0,015 mSv mGy-1cm-1)

Para o conjunto de valores de CTDIvol e DLP obtidos para

os equipamentos, construíram-se tabelas e respectivos gráficos, que permitiram traçar o terceiro quartil dessa distribuição [11,16]. Este estudo também considerou a dose efectiva, porém não foi representada graficamente devido à sua relação directa com o DLP [7].

Finalmente, compararam-se os valores alcançados com os indicadores apresentados na Guideline Europeia (realizada no ano de 2000) [12], e com alguns estudos realizados no Reino Unido (realizado no ano de 2003) [13], na Grécia (realizado no ano de 2003) [29] e em Taiwan (realizado no ano de 2007) [20].

Resultados

No Quadro I a) estão registados os parâmetros utilizados na aquisição dos valores de índex de dose de TC no fantoma. Os equipamentos A e B correspondem a equipamentos de 16 detectores, C e D representam os de 6 detectores e E o de 64 detectores. A partir do levantamento de dados efectuado verifica-se que o potencial da ampola se encontra entre 120 e 140 kV. Relativamente à carga (mA.s) existe uma variação numa escala de 100 a 200, sendo que apenas um equipamento tem um valor

intermédio de 160 mA.s. A colimação do feixe ( T)

varia consoante o equipamento, uma vez que traduz o produto entre o número de filas de detectores activos e espessura de cada detector [6,13,18,19]. Por exemplo em E, utilizaram-se as 64 filas de detectores de 0,6 mm cada. Nos equipamentos A e B realizou-se um corte axial de equipamentos C, D e E uma aquisição helicoidal de 10 cm. Nas situações referentes a um corte axial apresentam-se

os valores de CTDI100, no caso de aquisição helicoidal os

valores de CTDIvol, medidos no centro e à periferia do

fantoma.

Equipamentos (filas de detectores) Factores Técnicos

A (16) B(16) C (6) D (6) E (64) kV 120 120 130 130 140 mA.s/rot 100 200 200 100 160

Pitch Axial Axial 1 1 1,4

NxT (mm) 8x1,25 1x10 6x3 6x2 64x0,6 Scan Lenght (cm) 1,0 1,0 10 10 10 CTDI 100,c 10,68 8,61 - - - CTDI 100,p 22,34 17,64 - - - CTDI vol, c - - 10,78 5,27 8,06 CTDI vol, p - - 18,86 9,37 12,97

Quadro I a) – Factores técnicos de aquisição utilizados na exposição do fantoma em cada instituição.

No Quadro I b) estão descritos os parâmetros técnicos utilizados no estudo do abdómen por TC em cada instituição, sendo que o potencial da ampola (kV) e a colimação se mantêm e a carga (mA.s) representa a média

(5)

de valores numa amostra de pacientes. A Figura 4 é uma representação gráfica da dispersão de valores de mA.s recolhidos para uma amostra de pacientes em três equipamentos. Verifica-se que nos equipamentos D (

dados é mais reduzido, o que não acontece com o equipamento A, em que a amplitude de resultados é maior (

enquanto que o valor mínimo é 60 mA.s que corresponde ao equipamento D. Neste estudo o equipamento A é o único que recorre a um pitch inferior a 1, como se pode constatar no Quadro I b). O scan lenght ou comprimento de exame varia entre 24,5 a 33,4 cm.

Submetendo o fantoma aos protocolos de exame das respectivas instituições obtiveram-se as grandezas

dosimétricas expressas no Quadro II. O valor de CTDIw

não é apresentado para os equipamentos C, D e E, uma vez que, sendo realizada uma aquisição helicoidal, se

obteve directamente o CTDIvol. Pode constatar-se que os

equipamentos A e C traduzem valores mais elevados de

CTDIvol, DLP e Dose efectiva, enquanto que o equipamento

D apresenta os valores mínimos.

Segundo esta listagem, e relativamente ao CTDIvol, os NRD

que constam nos estudos de referência para a Grécia, Taiwan e Guideline Europeia, são respectivamente 22, 23 e 35 mGy, ou seja, superiores ao valor de NRD obtido neste estudo, 16,17 mGy. Este valor é aproximadamente 50% (47,7%) do valor de referência europeu. Apenas no Reino Unido (UK) o NRD (14 mGy) é inferior ao que foi obtido neste estudo.

No que diz respeito aos NRD para o DLP, verifica-se que há um intervalo mais abrangente de valores nos estudos de

Equipamentos Factores Técnicos A B C D E kV 120 120 130 130 140 mA.s/rot 178 230 160 82 107 Pitch 0,562 1,35 1 1 1,4 NxT (mm) 8x1,25 1x10 6x3 6x2 64x0,6 Scan Lenght (cm) 25 24,5 27 30 33,4

Quadro I b) – Factores técnicos utilizados no estudo do abdómen por TC em cada instituição.

Fig. 4 – Dispersão de valores de mA.s recolhidos para vários pacientes em três das instituições em estudo

Fig. 5 – Níveis de Referência de Diagnóstico para o CTDIvol de

Fig. 6 – Níveis de Referência de Diagnóstico para o DLP (assinalado pela linha a cheio).

NRD por: Estudos de referência

CTDIvol (mGy) DLP (mGy·cm) Guideline Europeia 35 780

Grécia 22 493

Taiwan 23 500

Reino Unido (UK) 14 472

Estudo actual 16,17 436,5

Nas Figura 5 e 6 é feita uma representação destas grandezas em função dos equipamentos analisados. Em ambos os gráficos a linha horizontal desenhada a cheio corresponde ao 3º quartil da distribuição de valores que indica o Nível de Referência de Diagnóstico. Na Figura 5 o NRD para o

CTDIvol é de 16,17 mGy, enquanto que na Figura 6 o NRD

para o DLP é de 436,5 mGy·cm.

Com os respectivos NRD obtidos no estudo efectuado, é possível estabelecer um termo de comparação com estudos anteriores, cujos valores são apresentados no Quadro III.

Quadro II – Grandezas Dosimétricas de TC obtidas para os cinco equipamentos em análise.

Quadro III – Valores de NRD dos estudos de referência e do presente estudo

Equipamentos Grandezas Dosi métricas de TC

A B C D E

CTDIw (mGy) 18,45 14,56 - - -

CTDIvol (mGy) 32,83 10,79 16,17 7,99 11,34

DLP (mGy·cm) 820,9 264,2 436,5 239,6 378,8

(6)

referência, UK-472 mGy.cm, Grécia-493 mGy.cm, sendo que no presente estudo o valor de NRD é inferior aos anteriores (436,5 mGy.cm).

As Figuras 7 e 8 permitem estabelecer a comparação entre resultados dando a informação visual das diferenças e semelhanças encontradas entre os estudos. Deste modo, observa-se que os valores de NRD obtidos são inferiores aos dos estudos padrão realizados, excepto o do Reino Unido, cujos valores se aproximam mais dos que foram estabelecidos neste estudo.

ao facto de se aplicar em C aproximadamente o dobro de mA.s, o que confirma a existência de uma relação linear entre este factor e a dose [6,7,17,18,25]. Pela análise da padrão de mA.s é mais reduzido do que no equipamento A, onde a amplitude de dados é maior devido possivelmente ao facto de se ter recolhido uma amostra de menores dimensões nesta última instituição. Ainda relativamente ao equipamento A, verifica-se o valor máximo de mA.s que se pode explicar pela eventual valorização de imagens de melhor qualidade em detrimento de imagens de menor qualidade mas que asseguram um correcto diagnóstico [5-7,25].

Admite-se também que a dose é aproximadamente proporcional à variação do quadrado da tensão (kV). Apesar disto, no presente estudo não foi possível avaliar esta influência, sendo a sua importância mascarada por outros parâmetros que não são constantes [7,18,25]. O mesmo acontece com o scan lenght, não se podendo justificar as diferenças encontradas nos valores de DLP com base neste parâmetro por não existirem muitas discrepâncias entre os valores recolhidos [7].

No que diz respeito ao factor colimação, por comparação entre o equipamento E com maior espessura de colimação e os restantes, não se pode inferir que este tenha um efeito preponderante sobre os outros factores. Segundo a teoria de que nos equipamentos multidetectores um maior valor de colimação do feixe (maior beam width) resulta numa maior eficiência de redução de dose, todos os equipamentos deveriam ter apresentado maior CTDI que E, o que não se verificou em alguns deles [5,6,18,25].

Relativamente à dispersão dos valores de CTDIvol,

obteve-se 11% de dispersão para a instituição E, 20% para a instituição D e 45% para A. O elevado valor de A pode estar associado à utilização de uma amostra de pacientes de menores dimensões, pois quanto menor a amplitude de dados maior a dispersão dos resultados obtidos.

Face ao exposto é possível estabelecer uma comparação entre os estudos de referência realizados no Reino Unido, Grécia, Taiwan e o estudo da Guideline Europeia, e o presente estudo, podendo relacionar-se os valores obtidos e tirar algumas ilações. A Guideline Europeia foi estabelecida há já algum tempo (ano de 2000) com base em cálculos e medições efectuadas em equipamentos em desuso actualmente, o que pode justificar um maior valor de NRD obtido [5]. Posteriormente, foi possível a aplicação de medidas correctivas de dose, devido aos avanços tecnológicos e consciencialização para o risco biológico, como se verifica nos estudos mais recentes em que os NRD assumem valores menores [20]. Nestes estudos nomeadamente os realizados no Reino Unido, Grécia e Taiwan, constata-se que o valor de NRD é muito próximo do obtido neste estudo, presumivelmente pela similaridade de equipamentos utilizados, mas também pela aproximação de práticas dos profissionais.

Considerações finais

Este trabalho de investigação é um contributo para o estabelecimento de NRD de TC em Portugal, tendo sido avaliado um conjunto de 5 equipamentos da região de

Fig. 7 – Comparação de Níveis de Referência de Diagnóstico referentes ao CTDIvol.

Fig. 8 – Comparação de Níveis de Referência de Diagnóstico referentes ao DLP.

Discussão dos Resultados

Existem vários parâmetros técnicos que influenciam a dose de radiação X absorvida pelo paciente, dos quais se destacam: o pitch, produto corrente da ampola e tempo de exposição (mA.s), tensão (kV), comprimento de exame (scan lenght) e colimação do feixe (beam width) [6,7,17,18,25]. A influência de cada factor na dose é exemplificada seguidamente por análise de instituições entre si.

Estabelecendo a comparação entre as instituições A e B pode constatar-se que em A, onde se aplica menor valor de mA.s, o paciente recebe maior quantidade de radiação. Este facto pode estar associado a um pitch menor que implica uma maior duração da exposição e consequente aumento de dose de radiação recebida pelo paciente [4,6,7,18,25].

Verifica-se também que na instituição C se obteve o dobro da dose que na instituição D, o que pode estar associado

(7)

Lisboa, considerando como área anatómica de interesse o abdómen.

Neste estudo não foi possível estabelecer uma comparação

entre os valores de CTDIvol fornecidos pelo equipamento

com o CTDIvol medido experimentalmente no fantoma, o

que poderia ter sido importante para avaliar a validade da estimativa de dose apresentada pelos equipamentos. A amostra analisada de equipamentos de TC foi reduzida sendo que este estudo constitui, um ponto de partida para investigações futuras nesta área da dosimetria. O facto da amostra não ter sido mais abrangente, pode também ter contribuído para a diferença entre os valores de NRD por

CTDI e DLP encontrada entre este estudo e os estudos de

referência, sendo que os resultados obtidos foram inferiores aos estudos anteriores. Isto não significa que o estudo seja inválido, mas sim que existe uma dispersão de valores associada aos resultados obtidos.

Desta forma torna-se importante aplicar este estudo a uma maior área geográfica para avaliar efectivamente as práticas de TC em Portugal, analisando um maior número de equipamentos e as principais áreas anatómicas. Para isso considera-se que é pertinente realizar um esforço conjunto, responsabilizando cada sub-região de saúde em Portugal para a entrega de dados relativos a dose praticada de forma periódica, sistemática e organizada [11]. Através desta recolha de informação poder-se-á avaliar se as práticas/ protocolos utilizados são os mais adequados, com a possível optimização de dose de radiação atribuída ao paciente [30].

Através da análise dos dados, constata-se que para essa optimização o profissional de Radiologia deve recorrer a estratégias que ajustem principalmente o pitch e os mA.s ao estudo a efectuar, mas sem desvalorizar os restantes parâmetros técnicos que influenciam a dose [7,25,30]. Apesar disso, é necessário ter em conta que a redução de dose afecta a qualidade da imagem ao aumentar o seu ruído, o que pode ser prejudicial principalmente no diagnóstico em estudos abdominais em que existem áreas de baixo contraste [7,18]. Assim, a optimização de dose deve ser consistente com o nível de qualidade da imagem que se pretende obter [6,25].

Agradecimentos

As autoras agradecem aos orientadores a sua disponibilidade e interesse demonstrado, mas também pela transmissão de conhecimentos que se revelou essencial para este trabalho de investigação. Agradece-se a todos os profissionais e instituições que possibilitaram e contribuíram para a realização das medições e recolha de dados. Distingue-se a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa onde este projecto foi criado e desenvolvido no âmbito do Unidade Curricular de Investigação, do 4º ano da Licenciatura do Curso Superior de Radiologia.

Referências Bibliográficas

1. Yates, S.; Pike, L.; Goldstone, K. - Effect of Multislice Scanners on Patient Dose from Routine CT Examinations in East Anglia. The British Journal of Radiology, 2004, 77:472-8.

2. Dawson, P. - Patient Dose in Multislice Ct: Why is it Increasing and Does it Matter?. BJR, 2004, 77:10-3.

3. Lewis, M. A.; Edyvean, S. - Patient Dose Reduction in CT. BJR, 2005, 78:880-3.

4. Lewis, M. - Radiation Dose Issues in MTCT Scanning- ImPACT techonology update no.3. Impactscan.org [Internet], 2005 Jan [cited 2008 Jul 3]. Available from: http://www.impactscan.org/download/ msctdose.pdf.

5. Tsapaki, V.; Aldrich, J.; Sharma, R.; Staniszewska, M.; Krisanachinda, A.; Rehani, M. et al. - Dose Reduction in CT While Maintaining Diagnostic Confidence: Diagnostic Reference Levels at Routine Head, Chest, and Abdominal CT – IAEA – coordinated research Project, 2006, 240(3):829-34.

6. Rehani, M.; Kalra, M.; McCollough, C.; Nagel, H. - Managing Patient Dose in Multi-Detector Computed Tomography (MDCT). ICRP [Internet]. 2006 Dec [cited 2008 Jul 3]. Available from: http:// www.icrp.org/docs/ICRP-MDCT-for_web_cons_32_219_06.pdf. 7. Tsapaki, V.; Rehani, M. - Dose Management in CT Facility. Biomedical Imaging and Interventional Journal, 2007;3(2):43. 8. McCollough, C.; Bruesewitz, M.; Kofler, J. - CT Dose Reduction and Dose Management Tools: Overview of Available Options. Radiographics, 2006, 26:503–12.

9. Huda, W. - Radiation Doses and Risks in Chest Computed Tomography Examinations. Proc Am Thorac Soc, 2007, 4:316–20. 10. Protecção Contra as Radiações 109 – Orientações Relativas aos Níveis de Referência de Diagnóstico (NRD) para Exposições Médicas. Direcção-Geral Ambiente, Segurança Nuclear e Protecção Civil, 1999. 11. Seeram, E.; Brennan, P. - Diagnostic Reference Levels in Radiology. Radiologic Technology, 2006, 77(5):373-84.

12. European Guidelines on Quality Criteria for Computed Tomography. European Commission. EUR 16262. Office for Official Publications of European Communities. Luxembourg, 2000. 13. Shrimpton, P.; Hillier, M.; Lewis, M.; Dunn, M. - National Survey of Doses from CT in the UK: 2003. The British Journal of Radiology, 2006, 79:968–980.

14. Veith, R.; Bauer, B. - Introduction of Diagnostic Reference Levels into Diagnostic Radiology in Germany. Federal Office for Radiation Protection, 2002, 211-7.

15. Tsapaki, V.; Kottou, S.; Papadimitriou, D. - Application of European Commission Reference Dose Levels in CT Examinations in Crete, Greece. The British Journal of Radiology.

16. Hatziioannou, K.; Papanastassiou, E.; Delichas, M.; Bousbouras, P. - A Contribution to the Establishment of Diagnostic Reference Levels in CT. The British Journal of Radiology, 2003, 76:541-45.

17. Goldman, L. - Principles of CT: Radiation Dose and Image Quality. Journal of Nuclear Medicine Technology, 2007, 35:213-25.

18. McNitt-Gray, M. - AAPM/RSNA Physics Tutorial for Residents: Topics in CT – Radiation Dose in CT. Radiographics, 2002, 22:1541-53.

19. MSCT: 2004 CT Quality Criteria. Results from a European concerted action on CT. [cited 2008 Jul 3]. Available from: http://www.msct.info/ ct_quality_criteria.htm.

20. Tsai, H.; Tung, C.; Yu, C.; Tyan, Y. - Survey of Computed Tomography Scanners in Taiwan: Dose Descriptors, Dose Guidance Levels, and Effective Doses. Medical Physics. 2007, 34(4):1234-43.

(8)

21. Bruening, R. - Protocols for Multislice CT. USA, Springer, 2006, pp.34-5.

22. Directiva 97/43/Euratom do Conselho de 30 de Junho de 1997, relativa à protecção da saúde das pessoas contra os perigos resultantes de radiações ionizantes em exposições radiológicas médicas e que revoga a directiva 84/466/Euratom.

23. ImPACT Information Leaflet 1: CT Scanner Acceptance Testing Version 1.02, 18/05/01 Impactscan.org [Internet]. [cited 2008 Jul 3]. Available from: http://ocw.kfupm.edu.sa/user%5CMEPH58501%5CCT/ ImPACT.pdf.

24. “Impact Course: CT Technology, Dose and Performance”, York, Outubro de 2005.

25. Kalra, M.; Maher, M.; Toth, T.; Hamberg, L.; Blake, M.; Shepard, J. et al. - Strategies for CT Radiation Dose Optimization. Radiology, 2004, 230:619-28.

26. Aldrich, J.; Bilawich, A.; Mayo, J. - Radiation Doses to Patients Receiving Computed Tomography Examinations in British Columbia. Canadian Association of Radiologists, 2005, 57(2):79-85.

27. Gray, J.; Archer, B.; Butler, P.; Hobbs, B.; Mettler, F.; Pizzutiello, R. et al. - Reference Values for Diagnostic Radiology: Application and Impact. Radiology, 2005, 235:354-8.

28. ImPACT Dosimetry Calculator Version 0.99x 20/01/06. Impactscan.org [Internet]. Available from: http://www.impactscan.org/ ctdosimetry.htm.

29. Papadimitriou, D.; Perris, A.; Manetou, A.; Molfetas, M.; Panagiotakis, N.; Lyra.-Georgosopoulou, M. et al. - Survey of 14 computed Tomography scanners in Greece and 32 scanners in Italy. Examination frequencies, dose reference values, effective doses and doses to organs, Radiation Protection Dosimetry, 2003, 104:47-53. 30. Golding, S. - Multi-Slice Computed Tomography (MSCT): the dose challenge of the new revolution; Radiation Protection Dosimetry, 2005, 114:303-7.

Correspondência

Filipa Isabel Martins Borlinhas Rua Ernesto da Silva Nº11 1ºesq. 1500-266 Lisboa

Referências

Documentos relacionados

Neste estudo utilizaram-se como variáveis independentes apenas o facto da classificação da EF contar ou não para a média, sendo pertinente conduzirem-se mais

Se, mesmo deste modo, alguém concedesse que, por um lado, o-que-não-é fosse, e, por outro, que o-que-é não fosse, no entanto, nada menos seria algo, pois, de acordo com o

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Não houve diferenças estatísticas no tipo de bactéria isolada segundo os grupos definidos (Streptococcus sp, outros aeróbios e anaeróbios) com relação ao uso ou não

Fugiu – forma verbal do verbo “fugir”, no Pretérito Perfeito do Indicativo, na 3.ª pessoa do singular. Forma afirmativa: Eu

Combinaram encontrar-se às 21h

À vista de tudo quanto foi dito, a forma mais adequada para compreender a questão parece ser a seguinte: (i) os direitos fundamentais são, em princípio,