Sobre o reconhecimento e a valorização da
diversidade e da diferença na Rede SESI-SP
Diante da disseminação de discursos que se contrapõem à valorização da
diversidade e ao reconhecimento das diferenças, a Educação do SESI-SP considera
imprescindível reafirmar seu compromisso com a democracia, a liberdade de expressão,
a criatividade, o pensamento investigativo, plural e crítico, o combate aos preconceitos e
a todo tipo de discriminação.
Para isso, recorre a princípios que orientam os profissionais de todas as áreas de
atuação nas escolas da rede, a saber: igualdade de condições no processo educativo;
autonomia e responsabilidade na construção e na reconstrução de saberes; qualidade no
processo de ensino e aprendizagem; gestão democrática; valorização dos profissionais da
educação; reconhecimento e valorização da diversidade e da diferença; vinculação entre
educação escolar, trabalho e práticas sociais e valorização da experiência extraescolar.
Tais princípios, expressos no Referencial Curricular do Sistema SESI-SP de
Ensino, corroboram a importância do contato dos estudantes com variadas experiências,
valores, teorias, obras etc. para que escolham de forma autônoma suas próprias formas de
marcar presença no mundo. Em vez do silêncio acerca de temas polêmicos ou de uma
pretensa neutralidade no trato dos objetos de conhecimento nas diversas áreas, nossa
concepção pressupõe o estabelecimento de espaços de diálogo em que todos os
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem tenham respeitados seus direitos ao
contraditório, à dúvida, à diferença e à manifestação de suas opiniões e pensamentos.
Importante ressaltar que as diferenças, as características e peculiaridades de cada
sujeito ou de cada grupo, mais do que toleradas, acolhidas ou respeitadas, podem se tornar
elementos de problematização, reflexão e crítica da realidade. Essa abordagem abre
possibilidades para que vozes, por vezes omitidas ou segregadas, ecoem e influenciem a
constituição da subjetividade de estudantes e professores.
Assim, tendo em vista o artigo 3º, inciso I e IV; o artigo 5º, inciso IX da
Constituição da República Federativa do Brasil; o Artigo 3º, incisos II, III, IV, VII, X, XI
e XII, da Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação; o Parecer CNE/CEB
nº 11/2010, item 2; as competências gerais da educação básica de números 6 e 9, definidas
pela Base Nacional Curricular Comum; o SESI-SP concebe a escola como lugar do
debate, da diversidade, das diferenças e da liberdade de expressão, condições
fundamentais para a construção do conhecimento e para o exercício da cidadania no
mundo contemporâneo.
ANEXOS
Da Constituição Federal
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Da LDB
– Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei
9394/96
Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
VII - valorização do profissional da educação escolar; X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
Do Parecer CNE/CEB Nº 11/2010
“(...) Os direitos civis, políticos e sociais focalizam, pois, direta ou indiretamente, o tratamento igualitário, e estão em consonância com a temática da igualdade social. Já o direito à diferença busca garantir que, em nome da igualdade, não se desconsiderem as diferenças culturais, de cor/raça/etnia, gênero, idade, orientação sexual, entre outras. Em decorrência, espera-se que a escola esteja atenta a essas diferenças, a fim de que em torno delas não se construam mecanismos de exclusão que impossibilitem a concretização do direito à educação, que é um direito de todos. Todos esses direitos estão englobados nos direitos humanos, cuja característica é a de serem universais e sem distinção de espécie alguma, uma vez que decorrem da dignidade intrínseca a todo o ser humano. ” (p.4)
“Mas é também durante a etapa da escolarização obrigatória que os alunos entram na puberdade e se tornam adolescentes. Eles passam por grandes transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. Os adolescentes, nesse período da vida, modificam as relações sociais e os laços afetivos, intensificando suas relações com os pares de idade e as aprendizagens referentes à sexualidade e às relações de gênero, acelerando o processo de ruptura com a infância na tentativa de construir valores próprios. Ampliam-se as suas possibilidades intelectuais, o que resulta na capacidade de realização de raciocínios mais abstratos. Os alunos se tornam crescentemente capazes de ver as coisas a partir do ponto de vista dos outros, superando, dessa maneira, o egocentrismo próprio da infância. Essa capacidade de descentração é importante na construção da autonomia e na aquisição de valores morais e éticos. Os professores, atentos a esse processo de desenvolvimento, buscarão formas de trabalho pedagógico e de diálogo com os alunos, compatíveis com suas idades, lembrando sempre que esse processo não é uniforme e nem contínuo. ” (p.9)
“Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular a seus conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas abrangentes e contemporâneos, que afetam a vida humana em escala global, regional e local, bem como na esfera individual. Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, diversidade cultural, devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo. ” (p..14)
“Mais ainda: o conhecimento de valores, crenças, modos de vida de grupos sobre os quais os currículos se calaram durante uma centena de anos sob o manto da igualdade formal, propicia desenvolver empatia e respeito pelo outro, pelo que é diferente de nós, pelos alunos na sua diversidade étnica, regional, social, individual e grupal, e leva a conhecer as razões dos conflitos que se escondem por trás dos preconceitos e discriminações que alimentam as desigualdades
sociais, étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual, das pessoas com deficiência e outras, assim como os processos de dominação que têm, historicamente, reservado a poucos o direto de aprender, que é de todos.” (p.15)
Da BNCC – Base Nacional Comum Curricular – 2018
Das Competências Gerais do Ensino Básico
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Do Referencial Curricular da Rede Sesi-SP de Ensino
Princípios
Igualdade de condições no processo educativo
Traduzida no reconhecimento da diversidade que caracteriza os estudantes (do ponto de vista de seus conhecimentos prévios, do contexto familiar que se origina, da realidade social em que se insere etc.), no respeito às suas necessidades educacionais, na proposição de práticas pedagógicas que propiciem o acesso aos diferentes conteúdos curriculares e, principalmente, que resultem em uma contribuição efetiva para o pleno processo de desenvolvimento e aprendizagem de cada estudante. (p.24)
Reconhecimento e valorização da diversidade e da diferença
Compreendidas como elementos de aprendizagem na constituição de valores estratégicos essenciais para os novos padrões de convivência na sociedade contemporânea. Dentro do princípio da equidade, o direito à diferença torna-se objeto de aprendizagem enquanto princípio básico de cidadania, na perspectiva da coexistência harmoniosa e produtiva entre indivíduos. Utilizamos o termo “direito à diferença”, assim como preconizado no parecer CNE/ CEB Nº 11/2010, item 2 –Fundamentos: […] O direito à diferença busca garantir que, em nome da
igualdade, não se desconsiderem as diferenças culturais, de cor/raça/ etnia, gênero, idade, orientação sexual, entre outras. (p. 24)
Objetivos
Fortalecer o vínculo com a família e a comunidade, valorizando-as como parceiras no processo de formação do estudante. (p.27)
Formar o estudante autônomo, crítico e participativo, potencializando a compreensão do seu papel na sociedade e no mundo do trabalho, o exercício da cidadania e a valorização da diversidade e da diferença. (p. 27)