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ASPECTOS ECONÔMICOS DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM UMA PROPRIEDADE NO MUNÍCIPIO DE CAMAPUÃ/MS

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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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ASPECTOS ECONÔMICOS DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM UMA PROPRIEDADE NO MUNÍCIPIO DE CAMAPUÃ/MS

ojsabbag@hotmail.com

APRESENTACAO ORAL-Economia e Gestão no Agronegócio

HILDA SILVA ARAUJO; BRUNO TADEU MAROTTA; OMAR JORGE SABBAG. UNESP, DRACENA - SP - BRASIL.

ASPECTOS ECONÔMICOS DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE EM UMA PROPRIEDADE NO MUNÍCIPIO DE CAMAPUÃ/MS

Grupo de Pesquisa: Economia e Gestão do Agronegócio Resumo

A ampliação das fronteiras agrícolas no centro-oeste e no norte do país permitiu um crescimento acentuado do efetivo bovino e, em conseqüência, uma forte descapitalização do setor. O Mato Grosso do Sul tem grande importância quanto à criação de bovinos de corte, possuindo um rebanho de 22 milhões de cabeças. Objetivou-se com esse trabalho analisar a viabilidade econômica na produção de bovinos de corte em uma propriedade do município de Camapuã/MS, para identificar os itens relevantes dos custos na atividade. As estimativas foram baseadas no custo operacional total, do Instituto de Economia Agrícola. Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que a propriedade apresenta uma boa lucratividade, superior a 30%. Verificou-se ainda, com base no fluxo de caixa, uma TIR de 14,13% e o capital inicial investido retorna em aproximadamente 7 anos, mostrando resultados atrativos para o investimento neste segmento agropecuário.

Palavras-Chave: bovinocultura de corte, custos de produção, viabilidade econômica. Economic aspects of beef cattle production in property in the Camapuã, Mato Grosso

do Sul state Abstract

The expansion of agricultural frontiers in the midwest and north country to a marked increase in the effective beef and, consequently, a strong-decapitalization sector. Mato Grosso do Sul state has a great importance on the establishment of beef cattle, having a herd of 22 million head. The objective of this work to analyze the economic viability of the production of beef cattle on a property located in Camapuã/MS to identify relevant items of cost in the activity. The estimates were based on the total operating cost of the Institute of Agricultural Economics. Based on the results, we can conclude that the property has a good profitability, above 30%. It was also based on cash flows, an IRR of 14.13 % and the initial capital returns in about 7 years, showing an attractive investment for agriculture in this segment.

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1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura de corte brasileira passou por profundas modificações nos últimos dez anos, quanto à produção e à produtividade. A ampliação das fronteiras agrícolas no centro-oeste e no norte do país permitiu um crescimento acentuado do efetivo bovino, que foi acompanhado de um considerável aumento nos indicadores de produtividade e de eficiência dos sistemas de produção (BARCELLOS et al., 2004).

Ainda segundo o autor, o crescimento da atividade permitiu que o Brasil avançasse de forma crescente no mercado internacional de carnes, tornando-se um dos maiores exportadores de carne bovina no final de 2003. Todavia a posição vantajosa nos mercados não assegurou as esperadas melhorias nas margens econômicas do segmento, devido aos problemas sanitários do rebanho.

A necessidade da busca pela eficiência produtiva é clara em virtude do aumento do custo dos insumos e pela queda no preço pago ao pecuarista, nos últimos anos. No Mato Grosso do Sul, esse cenário da pecuária tem levado a uma redução na capacidade de investimento e de custeio dos produtores e, em conseqüência, a uma forte descapitalização do setor (ZIMMER et al., 1998).

O Mato Grosso do Sul tem grande importância quanto à criação de bovinos de corte, possuindo um rebanho de 22 milhões de cabeças, destas 591 mil cabeças pertencentes ao município de Camapuã (IBGE, 2006).

Atualmente, a pecuária de corte tem valorizado o planejamento, o controle, a gestão produtiva e empresarial das fazendas (LACORTE, 2002). Segundo Antonialli (1998), administrar uma empresa rural resume-se em exercer as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de pessoas, visando atingir objetivos previamente determinados que possam ser a sobrevivência, crescimento, o lucro, o prestígio ou o prejuízo.

Conforme cita Sabbag et al. (2007), fica evidenciada a necessidade do estabelecimento de um agente responsável pela gerência da cadeia (neste caso, da pecuária bovina de corte), para garantir sua sobrevivência, destacando-se, sobretudo, da gestão de custos como ponto fundamental para a viabilidade do agronegócio em questão.

De acordo com Reis (1999), o estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de produção a serem adotadas e seguidas, permitindo a empresa dispor e combinar os recursos utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos.

Através da análise econômica, o produtor passa a conhecer os fatores de produção: terra, trabalho e capital. Assim, localiza os pontos de estrangulamento para depois concentrar esforços gerenciais e tecnológicos, para obter sucesso na sua atividade, atingindo os seus objetivos de maximização de lucros ou minimização de custos (LOPES & CARVALHO, 2006).

Dessa forma, analisou-se economicamente a produção de bovinos de corte em uma propriedade em Camapuã/MS, identificando os itens relevantes dos custos na atividade, bem como os parâmetros relacionados à rentabilidade da atividade, fator fundamental para obter sustentabilidade na atividade e competitividade no setor.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1.Gestão de custos para a bovinocultura de corte

A gestão de custos tornou-se essencial para a manutenção de suas atividades e sucesso dos negócios/operações, enquanto noutras, um aspecto que merece relativa atenção. Bornia (1995), diz que: "o efetivo controle das atividades produtivas é condição indispensável para que qualquer empresa possa competir em igualdade de condições com seus concorrentes, hoje em dia. Sem este controle, ou seja, sem a capacidade de avaliar o desempenho de suas atividades e de intervir rapidamente para a correção e melhoria dos processos, a empresa estará em desvantagem frente à competição mais eficiente".

Segundo Hoffmann et al. (1978), o objetivo mais importante dos registros agrícolas em uma empresa agrícola, sob o ponto de vista da administração, é a avaliação financeira e a determinação de seus lucros e prejuízos durante um determinado período, fornecendo subsídios para diagnosticar a situação da empresa e realizar um planejamento eficaz.

Quando refere-se à situação econômica (rentabilidade da empresa agropecuária), conforme cita Sabbag et al. (2007), não devemos analisá-la apenas pelo seu lucro. Significa comparar o lucro com o ativo (bens investidos na propriedade), visto que é o ativo da empresa que gera receita, e conseqüentemente o lucro. No caso específico da bovinocultura de corte, os bens existentes desde o início do sistema de implantação, como por exemplo, troncos de contenção e reforma de pastagens, darão suporte à criação de qualidade e a etapa posterior de venda, constituinte da receita geradora de lucratividade.

Tratando-se do controle de desempenho, cada vez mais as informações de custos assumem importância, exigindo que as estratégias estejam vinculadas às diferentes perspectivas de custos. Ou melhor, de acordo com o posicionamento estratégico, os custos assumem papéis distintivos, permitindo diferentes formas de atuação das administrações (maior ou menor ênfase ao seu controle), independentemente das técnicas a serem utilizadas, pode se transformar em fator diferenciador em relação a concorrentes, pares ou mesmo entre unidades de uma mesma organização (IUDÍCIBUS, 1988).

Para Nogueira (2004), mais importante ainda que estimar e controlar os custos é que o produtor tome decisões fundamentadas nos dados levantados. Para isso não há modelos corretos e incorretos, alguns são mais rigorosos e outros menos, porém devem permitir que o produtor tome decisões gerenciais e operacionais com base nas informações de custos.

Segundo Batalha (2007), no que diz respeito ao agronegócio, com a decorrência da globalização dos mercados de alimentos e fibras, as margens de lucro ficaram cada vez mais estreitas, por causa de uma maior competitividade.

Neste contexto, a maior ferramenta que a pessoa têm é o modelo econômico. Este, por si só, permite que veja rapidamente quanto de capital é necessário, qual o custo da operação sob condições variadas e a produção que pode ser estimada. Assim seria de grande importância a coleta de mais informações e a realização de mais pesquisas para sugerir um modelo permitindo o criador ver se o projeto a ser implantado é economicamente viável, como é o caso da bovinocultura de corte.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado em uma propriedade de bovinos de corte, localizada no município de Camapuã/MS, durante o mês de novembro de 2009.

Na propriedade, os animais são criados exclusivamente a pasto, com suplementação mineral durante todo o ano. O sistema tem como objetivo a produção de novilhos para engorda, novilhas para reposição e engorda, com base em um rebanho nelore.

A fazenda possui área de 919 ha, sendo que a área de pastagem corresponde a 784,5 ha, dos quais: a) 444 ha de Brachiaria brizantha cv. Marandu consorciada com Brachiaria dictioneura cv Lllanero; b) 204 ha de Brachiaria brizantha cv. Marandu consorciada com Stylosanthes sp. Campo Grande; c) 136 ha de Brachiaria decumbens; d) 0,5 ha de capim Elefante (Pennisetum purpureum).

A propriedade possui 1 sede, 2 casas para funcionário, 2 galpões, 1 centro de manejo (apartação, seringa, brete, tronco de contenção, balança mecânica e embarcadouro), a área de instalações e benfeitorias corresponde a 3 ha.

O rebanho bovino é composto por 491 cabeças, dos quais: a) 220 vacas, sendo 91 paridas e 129 solteiras; b) 51 bezerros e 40 bezerras até 7 meses; c) 70 novilhos e 50 novilhas até 18 meses; d) 52 novilhos em terminação; e) 8 touros.

Dessa forma, o levantamento de custos se constitui em um método de avaliação de desempenho econômico e técnico da atividade produtiva em questão (SIMÕES et al., 2006).

Os custos fixos são aqueles que estão relacionados a fatores de produção que não podem ser modificados em termos de quantidade utilizada em um curto período de tempo ou ciclo produtivo. Esses custos estão presentes na atividade mesmo que a produção seja zero. Fazem parte dos custos fixos: depreciações, custo de oportunidade do capital, taxas etc. (VARIAN, 2000).

Os custos variáveis referem-se aquelas despesas relacionadas à utilização de insumos que podem ter suas quantidades variando em curto espaço de tempo, ou em um mesmo ciclo produtivo. Assim, o custo variável está relacionado com a quantidade produzida. São exemplos de custos variáveis as despesas com ração, medicamentos, mão-de-obra, fertilizantes etc. (VARIAN, 2000).

A classificação dos custos foi feita conforme a proposta do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA-SP), proposta por Matsunaga et al. (1976). O custo operacional compõe-se dos seguintes itens: operações mecanizadas, operações manuais, materiais, depreciações e encargos financeiros. Nas operações que refletem o sistema de cultivo, foram computados os materiais consumidos e o tempo necessário de máquinas e mão-de-obra para a realização de cada operação, definindo nestes dois casos, os coeficientes técnicos em termos de hora/máquina e homem/dia. Os preços médios foram coletados na região em Real (R$), referentes à Novembro/2009.

As despesas foram calculadas com base nos seguintes itens:

A) Operações mecanizadas

Foram considerados os seguintes itens:

– Quantidade de combustível (óleo diesel) consumido pelo trator multiplicado pelo valor (em litros);

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5 – Reparos e manutenção: 8% a.a. do valor inicial da máquina dividido

pelo número de horas que a máquina trabalha em um ano; – Tratorista: custo hora em Reais (R$);

– Abrigo: 1% a.a. do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano; e

– Seguro: 0,75% a.a. do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano.

A soma de todos estes gastos resultou no custo horário das operações mecanizadas.

B) Operações manuais

Foi realizado um levantamento das necessidades de mão-de-obra nas diversas fases da produção, relacionando-se para cada operação realizada, o número de homens/dia (HD) para executá-la. Em seguida multiplicou-se os coeficientes técnicos de mão-de-obra pelo valor médio da região (R$ 30,00/dia para mão-de-obra comum).

C) Materiais

Os gastos com materiais referiram-se às despesas com concentrados, sal mineral, medicamentos, vacinas, etc. Esses gastos foram obtidos mediante o produto entre a quantidade dos materiais usados e os seus respectivos preços unitários.

D) Outras despesas

Considerou uma taxa de 5% do total das despesas com operações mecanizadas, manuais e insumos.

E) Juros de custeio

São os juros sobre as despesas de custeio, e foram calculadas sobre 50% do custo operacional efetivo (COE), a uma taxa de 6% ao ano.

F) Depreciação de máquinas e benfeitorias

As depreciações foram calculadas pelo método linear.

Os indicadores de lucratividade utilizados no trabalho foram os considerados por Martin (1997):

A. Receita Bruta (RB): foi obtida multiplicando-se a produção pelo preço médio pago aos produtores;

B. Lucro Operacional (LO): obteve através da diferença entre a receita bruta e os custos totais, ao qual este indicador mede a lucratividade da atividade no curto prazo, mostrando as condições financeiras e operacionais da atividade agropecuária;

C. Índice de Lucratividade (IL): mostrou a proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis, após a cobertura do COT, através da expressão:

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6 Para a análise da viabilidade econômica do investimento, foi montado um fluxo de caixa, refletindo os valores das entradas e saídas dos recursos e produtos. A partir dos fluxos de caixa, foi determinada a Taxa Interna de Retorno (TIR) que, por definição, é aquela que torna o valor presente do fluxo líquido igual a zero, e é calculada da seguinte forma: n ∑ Lt (1+ ρ)-t = 0 t=0 sendo que:

ρρρρ é a Taxa Interna de Retorno (TIR)

Lt são os fluxos líquidos de caixa e

t são os períodos de produção da cultura que variam de zero até n (NORONHA, 1981).

Ao se analisar um projeto pelo método acima, o critério adotado é de que sua taxa interna de retorno seja igual ou superior ao custo de oportunidade do capital para a empresa.

Outro indicador usado para analisar a viabilidade econômica da produção de carne foi o Período de Recuperação do Capital (Pay Back Period), que estabelece o tempo necessário para a recuperação do investimento.

Neste trabalho utilizou-se a metodologia de estudo de caso. A propriedade estudada foi escolhida pelo seu perfil tecnológico e padrão de controle zootécnico e gerencial, de modo que elas se aproximassem ao máximo da realidade encontrada na região, permitindo que os resultados encontrados tivessem parâmetros comparativos para a referida região.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O investimento total necessário para a produção de bovinos de corte em uma área de 784,5 hectares encontra-se na Tabela 01.

Tabela 01. Estimativa de custo de implantação de produção de bovinos de corte em Camapuã/MS, Novembro/2009. Item 784,5 hectares % Projeto de Georreferenciamento R$ 14.000,00 6,5 Veiculo* R$ 25.000,00 11,5 Galpão 40 m2 R$ 15.000,00 6,9 Trator* R$ 20.000,00 9,2 Implementos trator** R$ 4.650,00 2,1 Tronco de contenção*** R$ 5.000,00 2,3 Balança** R$ 3.000,00 1,4 Casa de funcionário 120 m2 R$ 52.500,00 24,2 Sede 160 m2 R$ 70.000,00 32,2 Reforma de 48 ha de pasto R$ 8.000,00 3,7

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TOTAL R$ 217.150,00 100

*Itens depreciativos (considerou-se a vida útil de 10 anos); ** Itens depreciativos (considerou-se a vida útil de 7 anos); *** Itens depreciativos (considerou-se a vida útil de 20 anos). Fonte: dados da pesquisa.

O valor total é da ordem de R$ 217.150,00 para o sistema de produção de bovinos de corte em 784,5 hectares, ao qual devem-se destacar as despesas com a construção da sede e da casa de funcionário, que perfizeram 56,4% do investimento na atividade.

A estimativa de custo operacional efetivo e total de produção de bovinos de corte encontra-se na Tabela 02. O custo operacional efetivo (COE) foi de R$ 55.715,28. Vale destacar que os coeficientes técnicos de produção relacionados à mão-de-obra referiram-se às principais atividades desempenhadas no sistema de produção em campo (reforma e manutenção de pastagens, alimentação, manutenção do rebanho, etc), bem como os insumos (materiais) utilizados no ciclo produtivo (pastagem, vacinas, vermífugos, ração, dentre outros). Os coeficientes foram extraídos por fase de criação no sistema a pasto, sendo especificado o número de pessoas/tarefa e a freqüência de operações/período (considerando o ciclo anual de produção).

Neste sentido, as despesas com mão-de-obra absorveram significativamente a atividade pecuária, representado aproximadamente 50% do COE, bem como os insumos refletiram diretamente em 39,8%, reforçando que os maiores gastos foram atribuídos à alimentação animal.

Já o custo operacional total (COT) foi de R$ 81.637,07. Destaca-se a depreciação, referindo-se ao valor dos equipamentos exclusivamente depreciativos do sistema produtivo, conforme Tabela 01 (Valor Inicial de R$ 57.650,00, com um valor residual de 20%) sobre o tempo de vida útil específico para cada item.

Os demais itens agregados ao COE (encargos sociais, CESSR, assistência técnica/despesas e encargos financeiros) são destacados a seguir, para melhor explicitar os valores obtidos para o COT, bem como a remuneração do investimento, para caracterizar o Custo Total de Produção (CTP).

O custo total de produção (CTP) foi de R$ 84.166,11, resultante de um acréscimo significativo de 12%, representado pela remuneração ao capital fixo. O custo operacional total (COT) foi de R$ 77.480,27, sendo composto por R$ 4.674,29 com depreciação, R$ 8.969,40 com MDO, R$ 2.898,00 em encargos trabalhistas, R$ 2.785,76 com despesas gerais e R$ 2.437,54 com encargos financeiros, acrescidos ao COE.

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8 Tabela 2. Estimativa anual do Custo Operacional da produção de bovinos

de corte, em Camapuã/MS.

Descrição Valor

Mão-de-obra R$ 27.180,00

Insumos R$ 22.175,28

Energia/Combustível R$ 6.360,00

Custo Operacional Efetivo (COE) R$ 55.715,28

Depreciação de máquinas e equipamentos R$ 4.674,29

Encargos Sociais1 R$ 8.969,40

CESSR2 R$ 2.898,00

Despesas Gerais/Administrativas3 R$ 2.785,76

Encargos Financeiros4 R$ 2.437,54

Custo Operacional Total (COT) R$ 77.480,27

Remuneração ao investimento5 R$ 6.685,84

Custo Total de Produção (CTP) R$ 84.166,11

1

Refere-se a mão-de-obra (33%)

2 Refere-se a contribuição social rural (2,3% sobre a receita bruta) 3 Refere-se a 5% COE

4

Refere-se à taxa de juros de 8,75% a.a. sobre 50% do COE durante o ciclo produtivo

5 Refere-se a taxa de 12% a.a. sobre o COE

Fonte: dados da pesquisa.

Analisando a Tabela 3, a receita bruta foi obtida através da venda de bovinos foi de R$ 126.000,00 (este valor representa diretamente a produtividade obtida em relação ao preço médio alcançado pelo pecuarista – R$ 70,00/arroba), sendo caracterizada a venda de bovinos de forma anual.

A receita líquida (ou margem líquida), obtida pela diferença entre a receita bruta e os custos totais, foi de R$ 41.833,89. Não existe retirada de pró-labore da propriedade, dessa forma o lucro operacional possui o mesmo valor da renda líquida. O índice de lucratividade, que indica a proporção de receita bruta que se constitui em lucro após a cobertura dos custos, resultou em 33,2%, demonstrando que o sistema é lucrativo e viável, todavia podendo melhorar.

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9 Tabela 3. Rentabilidade Anual do Custo Operacional da

Produção de Bovinos de Corte, Camapuã/RS.

Discriminação Resultados Receita Bruta R$ 126.000,00 Custo Total R$ 84.166,11 Margem Líquida R$ 41.833,89 Preço Médio da @ R$ 70,00 Produção Total 1800 @ Índice de Lucratividade 33,20% Produção de Equilíbrio 1202 @ Preço de Custo R$ 46,56

Fonte: dados da pesquisa.

Da mesma forma, para equilibrar os custos totais de produção, a propriedade precisa vender no mínimo 1202 arrobas/ano, assim como vender a arroba ao valor mínimo de R$ 46,56 para cobrir os custos totais de produção.

Para a análise de investimento, conforme Tabela 4, durante os ciclos anuais de produção, verificaram-se resultados positivos para a produção, haja vista que o VPL é positivo (considerando o 10º ano de produção), com uma TIR de 14,13%, e o capital inicial investido retorna em aproximadamente 7 anos de produção; e na relação benefício/custo verifica-se que há um retorno de 93% para os produtores em sua atividade.

Tabela 4. Fluxo de Caixa, Valor Presente Líquido, TIR, relação B/C e Pay Back Period para a produção de bovinos de corte, Camapuã/MS.

ITENS ANOS 7 10 1- Investimentos Sub total 217150,00 2- Custo operacional Bovinocultura de corte 84166,11 3- Receita bruta 126000,00 VPL 16382,73 90751,07 TIR 8,09% 14,13%

Pay Back Period 7

B/C 1,35 1,93

Fonte: dados da pesquisa.

Este trabalho ofereceu um parâmetro de custo para o produtor pecuarista, podendo de certa forma, contribuir para um melhor planejamento de atividades, onde apesar dos altos investimentos iniciais, possivelmente poderão reduzir seus custos com o manejo racional no sistema produtivo, o que seria mais atrativo para o mercado, tornando mais viável as suas atividades de produção e comercialização do produto.

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5. CONCLUSÕES

Como direcionador dos custos variáveis no custo operacional efetivo, o concentrado fornecido aos animais e a mão-de-obra, tornaram-se relevantes para a gestão do sistema de produção, representando cerca de 90% do COE.

Na análise dos parâmetros relacionados à rentabilidade, observou-se um índice de lucratividade de 33,2% (o que representa o valor agregado após a cobertura dos custos totais), bem como uma produção final de 1800@/ano, representando uma margem superior de 53,3% em relação à produção mínima (de equilíbrio).

Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que a propriedade apresenta uma boa rentabilidade na produção de bovinos de corte a pasto, bem como um bom retorno do capital investido na atividade.

Em síntese, fica evidenciada a necessidade do produtor (empresário rural) gerenciar sua propriedade rural, para garantir sua sobrevivência e competitividade setorial, destacando-se o gerenciamento de custos de produção como ponto essencial à viabilidade da pecuária em questão.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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