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X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA

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Academic year: 2021

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X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA

 

 

INFLUÊNCIA DO TIPO DE OCUPAÇÃO DO SOLO SOBRE ALGUMAS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS NO CAMPUS DA UFMG     Alexandre Abreu Lima B. de Vasconcelos¹, Ana Paula Siqueira Mateus¹, Bárbara Lúcia Pinheiro de Oliveira França¹, Cristiano Fernandes Ferreira¹, Eber José de Andrade Pinto3, Fábio da Cunha Garcia2, Fernanda Maria Belotti¹, José Geraldo de

Moraes¹, Lucilene Batista Lopes¹, Maria Augusta Fernandes Emediato¹, Magda L. Abreu¹, Mateus de Rezende Santos¹  

 

1.       Departamento de Geografia ­ Instituto de Geociências da UFMG. 2.       Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. e­mail: magdala@geo.igc.ufmg.br   3.       Escola de Engenharia da UFMG. Email : eber@ehr.ufmg.br  

 

Palavras chave: clima urbano, campo térmico

 

Eixo Temático: 3 ­ Aplicação da Geografia à Pesquisa Sub­eixo: 3.4 – Aplicações Temáticas em Estudos de Caso

 

 

 

  1 ­ INTRODUÇÃO

 

A  diversidade  das  atividades  humanas  faz  com  que  em  uma  cidade  existam regiões  mais  edificadas,  parques  arborizados,  centros  industriais  entre  outras formas  de  uso  do  espaço.  Esses  diferentes  tipos  de  ocupação  influenciam significativamente o clima da região de entorno, fazendo com que o espaço urbano apresente condições climáticas bastante heterogêneas.

O  presente  trabalho  tem  por  objetivo  avaliar  o  comportamento  dos  parâmetros meteorológicos  no  campus  da  UFMG  procurando  analisar  a  influência  do  uso  e ocupação  do  espaço  físico  nas  condições  climáticas.  Além  de  acompanhar  a variação espacial e temporal do campo térmico e hígrico no campus.  

 

2 ­ METODOLOGIA

 

A metodologia adotada neste estudo foi desenvolvida nos trabalhos realizados por Monteiro  e  Sezarino  (1990)  na  cidade  de  Florianópolis  e  mencionada  por  Assis (2001). O experimento foi realizado no dia  10  de  junho de  2003  e  consistindo  das seguintes etapas:

·       Coleta dos dados  de  temperatura  do  ar,  umidade  relativa,  nebulosidade, direção  do  vento  e  velocidade  do  vento  (Escala  Beaufort)  em  sete  pontos diferentes do campus da UFMG (Figura 01). As características desses pontos são

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as seguintes: a) O Instituto de Geociências – IGC está localizado na parte Leste do Campus. O local das medições foi no gramado em frente ao prédio do IGC. É um local  de  arborização  razoável,  mas  que  possivelmente  sofre  a  influência  da irradiação de calor pelo prédio, que é construído em alvenaria e concreto e pintado de  branco.  b)  A  Praça  de  Serviços  é  um  espaço  com  muita  área  construída  e pouca arborização, localiza­se em um ponto central no Campus. c) A  Faculdade de Educação  localiza­se  bem  ao  Leste  no  Campus,  já  quase  próximo  à  avenida Antônio Carlos. É um local com arborização razoável e isolada da avenida por uma faixa  de  árvores.  d)  A  Estação  Ecológica  está  localizada  na  parte  Sudoeste  do Campus,  em  frente  à  Faculdade  de  Odontologia.  É  um  fragmento  de  mata secundária que ocorre no Campus, sendo um dos poucos remanescentes de mata na região da Pampulha.  e) A avenida Antônio Carlos é o limite leste do Campus. O ponto de  medição  ficou  próximo à  guarita  de  entrada  da  UFMG,  é  um  local  com pouca  arborização  e  que  sofre  a  influência  do  trafego  intenso  que  ocorre  na  via durante todo o dia.  f)  A  avenida  Abraão  Caram  é  o  limítrofe  norte  do  Campus.  A estação  foi  colocada  no  gramado  localizado  em  frente  à  Prefeitura  do  Campus, próximo à guarita de acesso  à  avenida.  g)  A  faculdade  de  Educação  Física  está localizada  na  parte  mais  a  Sudoeste  do  Campus  que  limita  com  a  avenida Presidente Carlos Luz (Catalão). É um local com pouca arborização.

 

Figura 01 – Locais de Coleta de dados  

·         As informações foram registradas entre 8 e 20 horas, com discretização de meia  hora.  A  temperatura  e  a  umidade  relativa  foram  obtidas  através  de  termo­ higrômetro  de  leitura  direta,  composto  por  dois  termômetros  (bulbo  seco  e  bulbo úmido), com tabela  de  conversão direta. A direção dos  ventos  foi  definida  com  o uso de uma fita presa na haste do abrigo termométrico de madeira,  proposto  pelo Professor José Roberto Tarifa do Laboratório de Climatologia da USP, no qual estão marcados  os  pontos  cardeais  para  indicar  a  origem  dos  ventos.  A  Figura  02 apresenta um exemplo do abrigo termométrico utilizado.

 

Figura 02 – Abrigo Meteorológico. Fonte: Assis, 2001.  

·         Coleta dos mesmos parâmetros mencionados nos itens anteriores em seis estações  meteorológicas  externas  ao  campus  e  operadas  sistematicamente, referentes ao período de 04 a 12 de junho de 2003. Algumas informações sobre as estações do campus e a ele externas estão apresentados na Tabela 01.

·       Análise  dos  seguintes  dados  sinóticos:  a)  imagens  de  satélite  GOES (http://www.cptec.inpe.br/satelite/),  canais  3  (Vapor  d’água)  e  4  (infra­vermelho) referente  ao  período  de  04  a  13  de  junho  de  2003  com  intervalo  de  3  horas;  b) cartas  sinóticas  disponibilizadas  pela  Marinha  do  Brasil,  referentes  ao  período  de

04  a  13  de  junho  de  2003,  00  e  12  TMG

(http://www.dhn.mar.mil.br/chm/meteo/prev/cartas/carta.htm);  c)  previsões  globais e regionais para período de 03 a 12 de junho de 2003 disponibilizadas pelo CPTEC (http://www.cptec.inpe.br/prevnum/).

·      Análise  das  informações  coletadas:  Os  dados  foram  tratados estatísticamente  e  espacializados.  A  espacialização  das  temperaturas  médias  foi realizada com um interpolador que utiliza  o  inverso  da  distância  ao  quadrado  com ponderador.

   

Tabela 01 – Pontos de coleta de dados

Local Coordenadas  UTM,23S, SAD 69 Altura(m) Discretizaçãodo dados

Campus UFMG E* N*    

Antônio Carlos 609104,4 7803377 750 ½ hora Abraão Caram 608180,8 7803451 790 ½ hora

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Praça  de Serviços 608436,6 7802871 755 ½ hora IGC 608703 7802796 760 ½ hora FAE 609144,4 7802726 790 ½ hora Educação Física 607193,1 7801914 770 ½ hora Estação Ecológica. 607666,2 7802042 830 ½ hora CDTN  (estação automática) 608105 7802472   1 hora Estações externas  ao

Campus UFMG Longitude Latitude  

  Ceasa – CEMIG 19º 49' 33" 44º  11'04"   15 min. Pampulha  – INFRAERO 19º 51' 43º 57'   1 hora Confins  – INFRAERO 19º 38' 43º 58'   1 hora

Lourdes – INMET 19º 56' 43º 53'   3  horários  (9,15 e 21 hs) Contagem  – INMET 19º 54' 44º 06'   1 hora  

 

3 ­ ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS   3.1 ­ Temperatura do ar A estação do INMET – Belo Horizonte registrou temperaturas do ar variando de 20 e 28 ºC, entre os dias 1 e 15 de junho de 2003. O maior valor registrado, 28 ºC, foi no dia 4 e o menor, 20 ºC, no dia 10. Em Contagem a estação do INMET registrou o mesmo padrão da de Belo Horizonte, variando entre 18 e 28 ºC, no período de 04 a  12  de  junho.  A  temperatura  do  ar  no  CDTN  variou  entre  16  e  26  ºC,  e  também apresentou  padrão  semelhante  ao  registrado  nas  estações  do  INMET.  O  dia  do experimento,  10  de  junho  de  2003,  foi  o  que  apresentou  nas  três  estações  menor gradiente diurno de temperatura entre as 08 e 20 horas.

A Figura 3 apresenta a temperatura do ar coletada nos sete pontos do campus da UFMG durante o experimento. A temperatura do ar variou entre 16 e 26 ºC, valores esses próximos aos registrados para o mesmo período nas estações apresentadas anteriormente.  As  maiores  temperaturas  foram  observadas  no  IGC,  e  nos  pontos próximos a vias de intenso tráfego de automóveis, Abraão Caram e Antônio Carlos. A  menores  temperaturas  foram  observadas  na  FAE  e  na  Estação  Ecológica, localidades  com  maior  cobertura  vegetal.  O  período  mais  quente  do  dia  ocorreu entre as 14 e 15 horas e o mais frio após as 19 horas.   Figura 3. Diagrama hora/local para a temperatura do ar (bulbo seco) no Campus da Pampulha da UFMG, em 10/06/03. (PS: Praça de Serviços; IGC: Instituto de Geociências; FAE: Faculdade de Educação; EE: Estação Ecológica; AC: portaria da Antônio Carlos; CL: portaria da Carlos Luz (Educação Física); AbC: portaria da Abraão Caram).  

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registrou  a  maior  média  e  o  da  FAE,  a  menor.  As  maiores  temperaturas  médias para  a  Antônio  Carlos  e  Abraão  Caram  refletem  a  proximidade  com  áreas  mais urbanizadas,  com  menor  cobertura  vegetal.  No  ponto  IGC,  a  proximidade  da estação  com  o  prédio  do  Instituto  pode  ter  influenciado  nas  altas  temperaturas registradas  para  esse  local.  As  menores  temperaturas  registradas  na  FAE  e  na Estação  Ecológica  refletem  a  maior  cobertura  vegetal.  O  coeficiente  de  variação das  séries  de  temperatura  do  ar  indicou  que  as  maiores  variações  foram observadas  na  FAE  e  Educação  Física  e  os  menores  na  Antônio  Carlos  e  na Estação Ecológica (Figura 4).   Figura 4. Coeficiente de variação da temperatura do ar.   3.2 ­ Umidade Relativa Os valores de umidade relativa do ar obtidos no dia do experimento nos diferentes locais do campus da UFMG (Figura 5) variaram entre 50 e 90 %. Estes valores se assemelharam à variação observada nas estações externas ao campus (entre 40 e 90 %) durante o período de 13 dias que compreenderam o dia do experimento. Com relação a esse parâmetro vale destacar os maiores valores registrados na Estação Ecológica,  destoando  fortemente  das  demais.  Tal  observação  reflete  a  maior disponibilidade  de  vapor  d’água  nesta  área  com  intensa  cobertura  vegetal.  Os menores  valores  diurnos  de  umidade  relativa  foram  registrados  entre  as  14  e  15 horas, quando foram observadas as maiores temperaturas. Este resultado confirma o esperado para a relação entre umidade relativa e temperatura do ar.

A  menor  umidade  relativa  média  foi  registrada  na  Antônio  Carlos  (área  de  intensa circulação  de  veículos)  e  os  maiores  na  Estação  Ecológica  (Figura  6).  O  menor coeficiente  de  variação  foi  calculado  para  a  Estação  Ecológica,  refletindo novamente, a cobertura  vegetal  do  local.  A  maior  variação  ocorreu  nos  pontos  da Educação Física, da Praça de Serviços, da Antônio Carlos e da Abraão Caram.           Figura 5. Diagrama hora/local para a umidade relativa do ar no Campus da Pampulha da UFMG, em

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10/06/03. (PS: Praça de Serviços; IGC: Instituto de Geociências; FAE: Faculdade de Educação; EE: Estação Ecológica; AC: portaria da Antônio Carlos; CL: portaria da Carlos Luz (Educação Física); AbC: portaria da Abraão Caram).   Figura 6 ­ Coeficiente de Variação da Umidade Relativa   3.3 ­ Nebulosidade A nebulosidade na estação do INMET de Belo Horizonte no período de 01 a 15 de junho  variou  entre  0  e  8  décimos  e  as  maiores  nebulosidades  foram  registradas entre  os  dias  1  e  4  e  também  no  dia  10,  quando  os  valores  atingiram  8  décimos. Nos  demais  períodos  os  valores  permaneceram  abaixo  de  5  décimos.  No  dia  do experimento a  cobertura de nuvens no campus variou de totalmente  coberto  pela manhã, a céu limpo no restante do período.

 

3.4 ­ Velocidade dos Ventos

As  velocidades  dos  ventos  nas  estações  meteorológicas  de  controle  foram registradas  por  anemômetros  em  m/s  enquanto  que  nos  pontos  do  campus  esta variável  foi  avaliada  utilizando­se  a  escala  Beaufort.  A  velocidade  dos  ventos  no campus  da  Pampulha  alcançou  seu  valor  máximo  na  Educação  Física  e  na Estação Ecológica estimado em grau 4 na escala de Beaufort, que corresponde a uma velocidade entre 5,3 e 7,2 m/s.

 

3.5 ­ Direção dos Ventos

A  freqüência  de  direção  dos  ventos  foi  calculada  para  os  dados  das  estações externas  ao  campus  e  para  os  sete  pontos  de  coleta  durante  o  experimento.  No caso  das  estações  meteorológicas  externas,  a  freqüência  foi  estimada  para  o período de 04 a 12 de junho e considerando­se apenas o dia de coleta de dados no campus.

Os ventos predominantes durante todo o período de estudo foram de Sudeste (SE). Somente  a  estação  de  Belo  Horizonte  apresentou  predominância  de  Leste  (E).  É importante  ressaltar  que  as  informações  da  estação  de  Belo  Horizonte disponibilizadas  pelo  INMET  correspondem  a  três  observações  diárias  enquanto que nas outras os dados são pelo menos horários. No dia do experimento (Tabela 2)    verifica­se  que  as  direções  predominantes  dos  ventos  nas  estações meteorológicas externas ao campus foram de Nordeste (NE) e de Sudeste (SE). A estação do CDTN, localizada dentro do campus, apresentou ventos predominantes de Nordeste e de Sudeste.

 

Tabela  2  ­  Freqüência  de  direção  dos  ventos  nas  estações  meteorológicas  em  10 de junho de 2003, no período de 8 às 20 horas.

Direção Confins Pampulha Contagem Cemig CDTN

Calm. 0,0 23,1 0,0 0,0 0,0 N 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 NE 53,8 30,8 7,7 71,4 38,5 E 0,0 7,7 7,7 2,0 23,1 SE 46,2 38,5 84,6 26,5 38,5 S 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 SW 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 W 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 NW 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Direção NE SE SE NE NE  e

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Predominante SE  

As  freqüências  de  direção  dos  ventos  no  campus  da  UFMG  (Tabela  3)  mostram que predominaram  também  os  ventos  de  nordeste,  leste  e  sudeste.  Na  Educação Física e na Estação Ecológica predominou calmaria. As análises  das  imagens  do satélite meteorológico e das cartas sinóticos indicaram que o predomínio do vento se  referia  à  ação  de  larga  escala  do  Anticiclone  Subtropical  do  Atlântico  Sul (ASAS).

 

Tabela  3  ­  Freqüência  de  direção  dos  ventos  nos  pontos  de  coleta  dentro  do campus da UFMG em 10 de junho de 2003, no período de 8 às 20 horas.

Direção Praçade

Serv. IGC FAE EE

Antônio

Carlos EducaçãoFísica AbraãoCaram

Calm. 17,4 8,0 4,0 45,5 0,0 41,7 21,7 N 8,7 4,0 0,0 0,0 17,4 16,7 0,0 NE 56,5 88,0 16,0 40,9 56,5 20,8 0,0 E 17,4 0,0 60,0 0,0 0,0 16,7 0,0 SE 0,0 0,0 20,0 9,1 21,7 0,0 65,2 S 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 SW 0,0 0,0 0,0 4,5 4,3 0,0 4,3 W 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 NW 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,2 8,7 Direção

Predominante NE NE E Calm. NE Calm. SE

 

Um  fato  interessante  em  relação  ao  campus  da  UFMG  é  que  sua  orientação  na direção nordeste­sudoeste (NE­SW) facilita a circulação de larga escala associada ao ASAS. A análise apresentada a seguir mostra diagramas contendo as direções predominantes dos ventos em alguns horários selecionados no dia do experimento. Estes horários foram escolhidos coincidindo com a disponibilidade das informações das imagens de satélite e da carta sinótica.   3.6 – Dados sinóticos   a) 9 horas

Neste  horário  a  carta  sinótica  (Figura  7.a)  apresenta  a  Zona  de  Convergência Intertropical influenciando  parte  do  litoral  norte  do  Nordeste  brasileiro,  uma  frente fria  em  dissipação  sobre  o  oceano  Atlântico  cavados  a  ela  associados  sobre  a região  Sudeste  do  Brasil.  A  imagen  do  satélite  GOES  (Figura  7.b)  apresenta nebulosidade baixa na região do Estado de Minas Gerais, justificando os valores de nebulosidade observados no campus e que variaram entre 3 e 8 décimos.   a)      b)

 

         Figura 7: a) Carta sinótica e b) Imagem do satélite GOES, canal infravermelho do dia 10/06/2003 às 09 horas (Brasília)  

A  figura  8.a  apresentando  a  direção  dos  ventos  nos  pontos  externos  a  UFMG mostra  que  há  uma  predominância  dos  ventos  de  sudeste  (SE)  em  todas  as estações,  exceto  a  da  CEMIG  que  apresentou  ventos  de  nordeste  (NE).  Ao comparar esta análise com a do Campus (Figura 8.b) observa­se que neste horário a  Abraão  Caram  apresenta  ventos de sudoeste (SW),  enquanto  os  outros  pontos apresentaram  calmaria  e  ventos  de  nordeste  (NE)  e  leste  (E).  Esses  resultados mostram que o campus  refletiu  a  larga  escala,  com  predominância  de  ventos  de nordeste  e  leste.  Isto  ocorre  provavelmente  devido  à  orientação  NE­SW  do campus.  O  comportamento  muito  diferenciado  da  Abraão  Caram  pode  estar relacionado a uma circulação local proveniente da região da Lagoa da Pampulha e

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se que sobrepõe à circulação de larga escala    a)

 

b) Figura 8 ­ Diagrama da direção dos ventos no dia 10/06/2003 às 09 horas local: a) estações meteorológicas externas ao campus da UFMG; b) pontos de coleta no Campus da UFMG.   b) Período entre 12 e 18 horas As imagens de satélite indicam a diminuição da nebulosidade sobre o Sudeste do Brasil,  o  que  foi  observado no campus  da  UFMG.  Nos  pontos  externos  à  UFMG continuou a predominância  dos ventos de nordeste,  sudeste e leste, indicando a ação  do  ASAS  sobre  a  região.  No  campus  observou­se  também  o  predomínio destes ventos, significando que a circulação de larga escala continuou a prevalecer no campus, exceto na Praça  de  Serviços onde predominaram ventos  de  norte  às 12  horas.  Ressalta­se  mais  uma  vez  que  a  orientação  nordeste­sudoeste  do Campus facilita a atuação da larga escala sobre a região. Às 18 horas foi registrada calmaria  na  Educação  Física,  na  Estação  Ecológica  e  na  Abraão  Caram.  Nos demais pontos os ventos foram de nordeste e no CDTN, de leste.

 

c) 20 horas

No último horário de coleta dos dados, às 20 horas, não foi verificada nebulosidade sobre  o  campus,  o  que  foi  constatado  também  nas  imagens  de  satélite  das  21 horas. O fato de  não  haver  cobertura  de  nuvens  torna  a  janela  atmosférica  mais eficiente,  possibilitando  a  perda  rápida  de  energia  infravermelha  e  a  queda acentuada da temperatura do ar, o que foi confirmado nos dados coletados. A carta sinótica  de  21  horas registra a dissipação  da  frente  fria  e  o  aumento  da  pressão atmosférica  sobre  o  Sudeste  do  Brasil,  constatado  pela  maior  proximidade  das isóbaras. Essa configuração reflete a condição de estabilidade atmosférica da noite do dia 10/03/2003.

Nas  estações  meteorológicas  da  Pampulha,  de  Contagem  e  de  Confins  foram registrados ventos de sudeste, em Lourdes os ventos foram leste, e na estação da CEMIG  os  ventos  foram  de  Nordeste  (Figura  9.a),  mostrando  que  o  Anticiclone continuou  atuando.  Nos  pontos  do  Campus  (Figura  9.b)  registrou­se  calmaria, exceto  na  Antônio  Carlos  onde  os  ventos  foram  de  sudoeste,  e  no  CDTN  de nordeste. A predominância  de  calmaria indica que  a  atuação  do  sistema  de  larga escala  sobre  o  campus  começa  a  relaxar.  Os  ventos  de  Sudoeste  (SW)  da  Av. Antônio Carlos mostraram neste ponto o predomínio de efeitos locais.   a)   b) Figura 9 ­ Diagrama da direção dos ventos no dia 10/06/2003 às 20 horas local: a) estações meteorológicas externas ao campus da UFMG; b) pontos de coleta no Campus da UFMG.   4 ­ CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A temperatura do ar no campus da UFMG no dia 10 de junho de 2003 das 08 às 20 horas  variou  entre  16  e  26  ºC,  valores  esses  próximos  aos  registrados  nas estações de controle. O período mais quente do dia foi observado entre as 14 e 15 horas e o mais frio a partir das  19  horas.  As  maiores temperaturas  médias  foram

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observadas em áreas mais urbanizadas,  Av.  Antônio  Carlos  e  Abraão  Caram.  No IGC  também  foram  registradas  temperaturas  médias  elevadas,  provavelmente devido  à  proximidade  do  abrigo  com  o  prédio.  As  menores  temperaturas  médias foram registradas em locais de menor urbanização e próximas a áreas vegetadas, FAE e Estação Ecológica.

A  umidade  relativa  do  ar  variou  entre  50  e  90  %,  valores  estes  também semelhantes  aos  registrados  nas  estações  meteorológicas.  Os  maiores  valores foram  registrados  na  Estação Ecológica e os menores  na  Av.  Antônio  Carlos.  Os menores valores de umidade relativa foram registrados entre as 14 e 15 horas, que corresponde ao horário das maiores temperaturas. Os coeficientes de variação  da umidade  relativa  indicam  que  o  local  de  maior  cobertura  vegetal,  a  Estação Ecológica, apresenta a maior capacidade de retenção de umidade. Os locais mais urbanizados, Antônio Carlos, Abraão Caram, Educação Física e Praça de Serviços apresentaram  os  maiores  valores  de  coeficiente  de  variação  mostrando  a  menor capacidade de retenção de umidade dessas áreas.

Durante o dia do experimento a nebulosidade no campus da UFMG esteve entre 0 e  8  décimos.  O  período  de  maior  nebulosidade  registrado  em  todos  os  locais  foi entre as 10 e 12 horas. A ausência de nebulosidade passou a ser registrada a partir das 19 horas.

A  velocidade  dos  ventos  alcançou  seu  valor  máximo  na  Educação  Física  e  na Estação Ecológica, com o grau  4  na  escala  de  Beaufort,  que corresponde  a  uma velocidade entre 5,3 e 7,2 m/s. A direção predominante dos ventos foi de nordeste em quatro dos sete pontos amostrados. Esses resultados indicam que nesse dia a circulação  de  larga  escala  observada  nas  estações  meteorológicas,  nas  cartas sinóticas  e  nas  imagens  de  satélite  prevaleceram  sobre  o  campus.  As  cartas sinóticas  do  dia  10  de  junho  mostraram  a  dissipação  de  uma  frente  fria  sobre  o oceano  Atlântico  e  a  existência  de  cavados  associados  à  frente  sobre  a  região Sudeste  do  Brasil.  Esses  cavados  provocaram  a  nebulosidade  registrada  no período da manhã no campus da UFMG. Além  disso,  foi  verificado  às  21  horas  o aumento  da  pressão  atmosférica  sobre  a  região  refletindo  a  condição  de estabilidade atmosférica da noite do dia 10/03/2003.

A  orientação  do  campus  na  direção  NE­SW  pode  ser  um  dos  fatores  que contribuem para o predomínio da circulação de larga escala sobre a área. Isso  foi constatado  pelo  predomínio  dos  ventos  de  nordeste  no  eixo  de  ligação  entre  as portarias  da  Antônio  Carlos  e  da  Carlos  Luz  às  9,  12,  15  e  18  horas.  A  Abraão Caram  parece  sofrer  maior  influência  local  originário  da  circulação  da  Lagoa  da Pampulha  que  em  alguns  horários  do  dias  se  sobrepõe  à  circulação  de  larga escala.  A  Praça  de  Serviços  também  apresenta  um  padrão  local  provavelmente gerado pelo edifício em forma de ferradura que circunda a praça.

Os resultados obtidos no experimento realizado no dia 10 de junho de 2003 indicam que as variações climáticas observadas no campus da UFMG têm como uma das origens  o  tipo  de  superfície  e  de  ocupação  do  solo.  Embora  a  simplicidade  do equipamento utilizado, os dados coletados de vento indicaram que tal equipamento pode  registrar  algumas  diferenças  que  caracterizam  o  predomínio  da  circulação local ou da larga escala sobre o Campus da UFMG.

 

  5 – BIBLIOGRAFIA   ASSIS, W. L. Análise do campo térmico e hígrico em Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado. IGC/UFMG. Belo Horizonte,2001

 

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Referências

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