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Relatório Nacional de Avaliação Intercalar da Execução da ENCNB

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Relatório Nacional de Avaliação Intercalar da Execução da ENCNB 27.07.09

I – Introdução

A perda da Biodiversidade continua a verificar-se a um ritmo preocupante nas últimas décadas. Parar a perda da biodiversidade, até 2010, constitui um dos objectivos estabelecidos, a nível da UE, ao qual Portugal se encontra vinculado desde o Conselho de Ministros da UE, em Gotemburgo (Junho 2001).

Em Maio de 2006, a Comissão Europeia adoptou a Comunicação: “Travar a perda de biodiversidade até 2010 – mais além – preservar os serviços ecossistémicos para o bem-estar humano”, que inclui um ambicioso Plano de Acção para a concretização deste objectivo. Este Plano identifica quatro áreas principais de política e define 10 objectivos-chave para travar a perda de biodiversidade até 2010, que estão, traduzidos em mais de cento e cinquenta diferentes acções prioritárias a serem implementadas a nível dos Estados-membros e a nível comunitário. A referida Comunicação reconhece a necessidade de um esforço concertado de todos os Estados-membros e Sectores da sociedade para se atingir a meta acima indicada.

Em Portugal, a Lei n.º 11/87, de 7 de Abril, atribuiu ao Governo a responsabilidade de elaborar a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza na perspectiva da mesma constituir um instrumento integrador das políticas de Conservação da Natureza com as outras políticas Sectoriais relevantes. Para além disso, a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) (Decreto-Lei nº 21/93 de 29 de Junho) estipula, também, a necessidade de dotar as Partes Contratantes de uma estratégia para a Conservação da Diversidade Biológica. A 11 de Outubro de 2001, foi adoptada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB), a qual é uma ferramenta estratégica da maior relevância, a nível nacional, nomeadamente para se alcançar o compromisso de, até 2010, parar a perda da Biodiversidade.

A ENCNB vigora entre 2001 e 2010 e assume três objectivos gerais:

- conservar a natureza e a diversidade biológica, incluindo os elementos notáveis da geologia, geomorfologia e paleontologia;

- promover a utilização sustentável dos recursos biológicos;

- contribuir para a prossecução dos objectivos visados pelos processos de cooperação internacional na área da conservação da natureza em que Portugal está envolvido, em especial os objectivos definidos na Convenção sobre a Diversidade Biológica, designadamente a conservação da Biodiversidade, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos.

Estes objectivos concretizam-se através de dez Opções Estratégicas (OpE), cada uma originando um conjunto de Directivas de Acção (DA), algumas com

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prazos e actores definidos.

Tal como previsto na ENCNB, a sua execução deve ser alvo de avaliação de três em três anos, nas suas múltiplas vertentes, com base num Relatório elaborado com as contribuições sectoriais dos diferentes Ministérios, sob coordenação do Instituto de Conservação da Natureza (agora Instituto de Conservação da Natureza Biodiversidade - ICNB), e a adoptar pela Comissão de Coordenação Interministerial (CCI), mediante parecer prévio do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), onde têm assento outros parceiros relevantes, incluindo as organizações não governamentais de ambiente (ONGA).

Em termos de acompanhamento da ENCNB é de destacar que a CCI, criada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 41/99, de 17 de Maio, visa justamente «assegurar a colaboração na implementação da estratégia nacional da conservação da Natureza e da Biodiversidade e a promoção da sua integração, na medida do possível e de forma adequada, nos diferentes planos, programas e políticas sectoriais, em conformidade com o artigo 6.º da Convenção sobre a Diversidade Biológica».

No que concerne à revisão global da ENCNB está previsto que a mesma ocorra em 2010, com base num processo de avaliação e discussão pública. Finalmente é de realçar que a ENCNB é “um documento dinâmico, aberto aos ajustamentos que a evolução das suas condicionantes e a avaliação da sua execução vierem a recomendar”, constituindo este Relatório, com um atraso relevante face ao previsto, a primeira avaliação realizada sobre o seu estado de execução.

a) Âmbito e Objectivos

O presente Relatório cobre o período de 2002 a 2008 (inclusive), consistindo fundamentalmente num relato conciso e factual, que realça os aspectos chave da execução das 10 OpE da ENCNB, tendo por base a análise das acções/iniciativas desenvolvidas em relação a cada DA (Anexo 1)1. São também formuladas recomendações, por OpE, destinadas a aperfeiçoar a execução da ENCNB, indicando-se, sempre que possível, as acções/iniciativas que importa adoptar, rever ou incrementar, tendo em vista a prossecução dos objectivos visados.

Apesar de referido na ENCNB que “a avaliação a fazer deve apoiar-se, sempre que possível, na análise de indicadores que permitam aferir, com alguma objectividade, a evolução da situação das espécies, dos habitats e dos ecossistemas, bem como a eficácia dos planos e programas aplicados”, não foi possível na presente avaliação adoptar este procedimento. Tal facto decorre

1 Elaborado com base nos contributos das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e dos seguintes Ministérios: Administração Interna (MAI); Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP); Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR); Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES); Defesa Nacional (MDN); Economia e da Inovação (MEI); Educação (ME); Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC).

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sobretudo da falta de utilização de indicadores de biodiversidade e de avaliação da eficácia no contexto dos planos, projectos e acções desenvolvidos, associados à presente ENCNB. Trata-se de uma prática que ainda não é corrente em Portugal, situação que importa inverter com a máxima urgência.

Contudo, informação significativa em relação ao actual estado de conservação de espécies e habitats de interesse comunitário que ocorrem em Portugal, consta do Relatório de Aplicação da Directiva Habitats, recentemente submetido à Comissão Europeia (2008). No caso das espécies da fauna, destaca-se também a informação proveniente do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005). Em virtude de constituírem actualmente a situação de referência para Portugal, é apresentada no presente Relatório uma breve síntese dos principais resultados decorrentes destas duas iniciativas. É ainda de indicar que, a avaliação da programação dos meios financeiros para o desenvolvimento da ENCNB, até 2006, resultará de um processo a decorrer em paralelo. Neste mesmo âmbito, será ainda realizada a revisão autónoma da programação financeira de apoio ao desenvolvimento da ENCNB para o período de 2007 a 2013, tal como previsto na mesma.

b) Metodologia

As Secretarias de Estado do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros e Cooperação convocaram uma reunião da CCI para o dia 24 de Outubro de 2008, na qual estiveram representados os Ministérios da Administração Interna; Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Defesa Nacional; Economia e Inovação; Educação; Obras Públicas, Transportes e Comunicações; Saúde, para além das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, onde foi aprovada uma proposta apresentada pelo ICNB que definia a metodologia relativa à elaboração do presente Relatório.

No seguimento desta reunião, o ICNB preparou uma tabela com as 10 OpE e as correspondentes DA, para preenchimento, não só pelo Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (MAOTDR), como também pelos outros Ministérios identificados como relevantes para a execução da ENCNB e ainda pelas Regiões Autónomas. Feito um preenchimento prévio da tabela pela equipa do ICNB, responsável pela coordenação do Relatório, com a informação proveniente dos Planos e Relatórios de Actividades do ICNB, Relatórios Nacionais de Aplicação da CDB, Relatório Nacional de Aplicação da Directiva Habitats, Relatórios de Estado do Ambiente, entre outras fontes, seguiu-se o preenchimento pelas unidades orgânicas e serviços locais do ICNB e pelos outros organismos do MAOTDR, mais directamente relacionados com os objectivos em questão, com as acções/iniciativas por eles desenvolvidas ou promovidas.

Reconhecendo-se o papel essencial desempenhado pela sociedade civil na concretização de algumas acções, complementando o trabalho da

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administração pública, foi, ainda nesta fase, colocada no portal do ICNB informação acerca da elaboração deste Relatório, manifestando-se o maior interesse em receber contributos de ONGA, associações técnico/profissionais, bem como do público em geral2.

Após a compilação dos contributos acima referidos, feita pelo ICNB, a tabela foi enviada aos Ministérios relevantes e Regiões Autónomas, através dos respectivos pontos focais, para preenchimento com as acções/iniciativas desenvolvidas.

Esta tabela é acompanhada de uma solicitação dirigida aos Ministérios, no sentido das suas contribuições reflectirem, entre outros aspectos, o grau de adequação ou necessidade de revisão dos instrumentos de planeamento estratégico sectorial existentes, bem como a pertinência de elaborar planos de acção adicionais; foram ainda solicitadas recomendações tendo em vista melhorar a execução da ENCNB.

Este processo de preenchimento da tabela pelos outros Ministérios envolvidos e pelas Regiões Autónomas foi concluído a 16 de Março de 2009.

Com base nos contributos recebidos, foi elaborada pelo ICNB uma primeira proposta de Relatório de avaliação da execução da ENCNB, incluindo uma proposta de tabela (Anexo 1), organizada por OpE, com as iniciativas/acções desenvolvidas.

Esta primeira proposta de Relatório, acompanhada pelo Anexo 1, foi remetida a 13 de Abril de 2009 aos Ministérios e Regiões Autónomas para apreciação e parecer.

De acordo com os comentários recebidos, o ICNB procedeu às alterações julgadas pertinentes e disponibilizou, a 1 de Junho de 2009, os documentos produzidos, no âmbito de um processo de auscultação pública3 (Anexo 2). Face aos contributos obtidos durante a auscultação pública, o ICNB finalizou o documento, tendo o mesmo sido enviado ao CNADS para apreciação e parecer prévio (Anexo 3)

A 10 de Julho de 2009, o ICNB remeteu a proposta final de Relatório a todas as entidades envolvidas na sua elaboração, tendo em vista a sua posterior adopção pela CCI.

Finalmente, o ICNB submeteu a proposta à tutela, solicitando a convocatória de uma reunião da CCI.

2

Nesta fase foi apenas recebido contributo da Associação Quercus. 3

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II – Breve Síntese do actual estado de conservação das espécies e habitats de importância comunitária (Directiva Habitats) e dos resultados do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal

Tal como acima referido, esta informação decorre dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do Relatório Nacional de Aplicação da Directiva Habitats, (2001 a 2006), o qual foi coordenado pelo ICNB. Este Relatório tem como principal finalidade permitir uma avaliação adequada dos progressos realizados, em especial do contributo da Rede Natura 2000 para a concretização dos objectivos especificados no Artigo 3º da mesma Directiva: “assegurar a manutenção ou, se necessário, o restabelecimento dos tipos de habitats naturais e das espécies em causa num estado de conservação favorável, na sua área de distribuição natural”.

Sendo um Relatório de abrangência nacional, integra a informação relativa às três regiões biogeográficas terrestres – Mediterrânica, Atlântica e Macaronésica – e às duas regiões marinhas – Mar Atlântico e Mar Macaronésico – abarcadas pelo território e mares sob jurisdição nacional. Em 2008, foi submetida por Portugal, informação relativa a 99 habitats naturais e 347 espécies (200 da flora e 147 da fauna) constantes dos anexos da Directiva Habitats (I, II, IV e V), constando os principais resultados obtidos das Figuras seguintes.

HABITATS 0% 20% 40% 60% 80% 100%

MED ATL MAC MATL MMAC

FV U1 U2 XX NA ESPÉCIES 0% 20% 40% 60% 80% 100%

MED ATL MAC MATL MMAC

FV U1 U2 XX NA

Figura 1 – Avaliação global do estado de conservação dos habitats naturais e espécies, por região biogeográfica. Legenda: FV = Favorável, U1 = Desfavorável /inadequado, U2 = Desfavorável /má, XX = Desconhecido, NA = Não reportado. Adaptado de “National Summary PT”, documento produzido pela Comissão Europeia, no âmbito do processo de consulta pública do Relatório Europeu.

(http://www.icnb.pt/reldhabitats/Aprecia%C3%A7%C3%A3o%20da%20Comiss%C3%A3o%20Europeia/National% 20Summary/PT_National_Sumary_280408.pdf)

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0% 20% 40% 60% 80% 100% Plantas não-vasculares e pteridóf itas (43)

Espermatófitas (184) FLORA: Moluscos (16) Artrópodes (17) Peixes (33) Anfíbios (20) Répteis (21) Mamíferos (97) FAUNA: Habitats costeiros e halófilos (34) Habitats dunares (20) Habitats de água doce (20) Charnecas e matos (10) Matos esclerófilos (10) Formações herbáceas (16) Turfeiras (8) Habitats rochosos (15) Florestas (25) HABITATS: FV U1 U2 XX NA

Figura 2 – Avaliação global do estado de conservação dos habitats naturais e espécies, por tipos de habitats e grupo taxonómico, (yy) = número total de ocorrências, inclui o somatório dos resultados nas cinco regiões biogeográficas. Adaptado de “National Summary PT”.

Entre as principais conclusões deste Relatório destaca-se:

- Os habitats naturais apresentam, na sua maioria, um estado de conservação desfavorável/inadequado (U1); apesar disso é simultaneamente o grupo que apresenta um maior número de avaliações favoráveis (FV), com especial incidência nas comunidades pioneiras - habitats rochosos, formações herbáceas, charnecas e matos. Os habitats naturais com avaliação desfavorável/má (U2) correspondem, na sua maioria, a habitats dunares e outros habitats costeiros sob influência salina. Uma percentagem significativa dos habitats das regiões da Macaronésia apresenta uma avaliação global favorável (FV).

- No caso das espécies da fauna e da flora, realça-se que a sua maioria apresenta, à semelhança dos habitats naturais, um estado de conservação desfavorável /inadequado (U1). Os anfíbios e os répteis são os dois grupos faunísticos com maior percentagem de avaliações favoráveis (FV), sendo ainda os dois únicos grupos em que nenhuma espécie foi englobada na categoria de “desfavorável/má” (U2). Pelo contrário, os peixes dulciaquicolas e migradores constituem o grupo taxonómico da fauna que apresenta um maior número de avaliações desfavorável/má (U2), situação particularmente preocupante na região Mediterrânica, onde se tem registado a regressão das populações e habitats de algumas espécies endémicas. De notar que aproximadamente 20

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% do total das espécies da flora (correspondentes unicamente a espécies da Macaronésia) apresentam uma avaliação global favorável (FV).4

- Apesar do esforço realizado no sentido de reunir a mais recente informação existente a nível nacional, foram identificadas importantes lacunas de conhecimento de base relativamente aos valores naturais em questão, nomeadamente sobre dados populacionais tendências, habitats de espécies, área ocupada por habitats naturais, entre outras. Merecem especial destaque as lacunas nos grupos dos invertebrados, morcegos não cavernícolas, mamíferos e répteis marinhos e ainda, espécies da flora. Desta notória falta de informação resultou, para uma percentagem significativa de espécies, a impossibilidade de proceder à sua avaliação global.

Por outro lado é de realçar que os resultados finais obtidos devem ser alvo de uma análise ponderada e cautelosa, tendo presente que os mesmos decorrem do próprio sistema de avaliação utilizado (e definido a nível comunitário), não correspondendo, em muitas situações, à opinião dos peritos nacionais5. De qualquer modo eles constituem actualmente a situação de referência para Portugal, relativamente a habitats e espécies de importância comunitária.

No âmbito do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005), igualmente coordenado pelo ICNB e desenvolvido em colaboração com a comunidade cientifica, procedeu-se à avaliação do risco de extinção e consequente atribuição do estatuto de conservação das várias espécies de vertebrados (com excepção dos peixes marinhos), tendo por base o mais recente sistema da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) (categorias e critérios). Realça-se como grupo globalmente mais ameaçado o dos peixes dulciaquicolas e migradores, conforme se observa na figura seguinte. Estas espécies exigem uma atenção particular uma vez que dependem da conservação dos cursos de água, os quais constituem habitats dos mais intervencionados, nomeadamente pela criação de barreira à circulação, modificação das suas margens e alteração das características físico-químicas e biológicas da água.

Também neste projecto foi muito evidente a falta de informação de base para permitir uma avaliação de risco de extinção, facto bem patente no número de espécies classificadas como DD (Informação Insuficiente), algumas das quais devem constituir uma prioridade de investigação em Portugal.

4

Neste exercício não foi desenvolvida a avaliação global relativamente às espécies da flora das Regiões Biogeográficas terrestres do território continental.

5

Por exemplo, relativamente aos grupos dos anfíbios e répteis, constituídos maioritariamente por espécies não ameaçadas no nosso país, foi reportada uma avaliação global que não espelha tal situação (sugere-se a este respeito uma análise do Relatório Executivo sobre a aplicação da Directiva Habitats em Portugal no periodo 2001-2006, disponível no Portal do ICNB (ICNB, 2008)

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Figura 3 - Resultados do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (ICNB, 2005)

Percentagem relativa ao conjunto de Espécies classificadas como “Ameaçadas” (Criticamente em Perigo CR; Em Perigo EN; Vulneráveis VU) e como “Quase Ameaçadas” (NT), por cada um dos grupos taxonómicos avaliados

Como conclusões de carácter mais geral destacam-se a necessidade de aquisição de conhecimento, bem como da definição e implementação de um Programa Nacional de Vigilância e Monitorização, que permita (através da utilização de indicadores adequados) acompanhar a evolução do estado de conservação dos valores naturais. Este Programa, cujo âmbito não se deve restringir apenas aos valores naturais abrangidos pela Directiva Habitats, carece de uma articulação estreita com a comunidade científica e outros produtores de informação para o seu desenvolvimento,

Os resultados destes dois projectos, permitiram compilar um conjunto muito relevante de informação sobre as espécies da flora, da fauna e sobre os habitats naturais, contribuindo ainda para a tomada de medidas que visem a melhoria do seu estado de conservação, sobretudo daqueles cuja avaliação global e perspectivas futuras se revelaram mais preocupantes.

III – Execução das 10 Opções Estratégicas

Opção Estratégica 1) Promover a investigação científica e o conhecimento sobre o património natural, bem como a monitorização de espécies, habitats e ecossistemas

Esta opção constitui uma pedra chave para a prossecução das políticas de Conservação da Natureza e da Biodiversidade sendo de importância estratégica no contexto da política de desenvolvimento de qualquer país.

Desde logo importa referir que um dos três aspectos mais importantes para a execução desta OpE, e que não foi concretizado, consiste na elaboração de

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um quadro de referência de projectos prioritários em matéria de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, por forma a orientar a gestão dos meios disponíveis a nível nacional, nomeadamente os de natureza financeira. Este quadro de referência, cujo primeiro esboço elaborado não teve a desejada sequência, reveste-se da maior importância não só para o planeamento/programação das actividades do ICNB, como também de outras entidades com competências na matéria.

Um segundo aspecto corresponde à programação de estudos e projectos de Conservação da Natureza e da Biodiversidade a desenvolver ou promover pelo ICNB, em conformidade com a presente ENCNB e de harmonia com o quadro de referência acima mencionado. Esta programação deveria constar de um plano de acção global do ICNB, o qual também nunca foi concluído. De referir que a ENCNB apontava para 2002 a elaboração deste plano. Nas Regiões Autónomas também não foi desenvolvido um plano de acção global com este mesmo objectivo.

No entanto não se pode deixar de referir o apreciável número de estudos e projectos realizados, promovidos e apoiados no Continente, por várias Instituições públicas (MAOTDR, MADRP e MCTES) e privadas, bem como nas Regiões Autónomas (Anexo 1), muitos dos quais se encontram disponibilizados para consulta nos Portais das diferentes entidades, e dão resposta a muitos dos objectivos estabelecidos pela ENCNB.

Por outro lado, também a implementação do Programa de Investimento para o Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico no domínio da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, sendo um instrumento imprescindível para dar corpo ao que constitui o principal objectivo pretendido com esta orientação estratégica - reforçar a investigação científica e a obtenção de conhecimento sobre o Património Natural - não teve uma concretização adequada. De referir a criação de um Programa neste contexto, decorrente de um protocolo de colaboração entre o ICNB e a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e de um outro protocolo realizado entre o ICN (agora ICNB) e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP). Enquanto o primeiro ficou bastante aquém do objectivo para o qual foi concebido, nomeadamente por falta de financiamento adequado, o segundo, pelo contrário deu origem a vários trabalhos de estágio, na sua maioria realizados em Áreas Protegidas e que em muito contribuíram para o aumento de conhecimento sobre o Património Natural destas áreas. Esta informação encontra-se igualmente disponível nos Portais do ICNB e do MCTES.

Finalmente, refira-se que não foi estabelecido pela FCT e pelo ICN um programa para promover a circulação da informação técnico/cientifica entre os diversos serviços que desenvolvem actividade na área da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, acção prevista na ENCNB para estar concretizada em 2002. No entanto, o ICNB deu continuidade ao desenvolvimento do seu Sistema de Informação do Património Natural (SIPNAT) actualmente em fase de reformulação e modernização, mas que ainda não fornece resposta a todas as necessidades identificadas aquando da elaboração da ENCNB.

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Comentário geral

Articulando as DA referentes a esta OpE com as acções desenvolvidas, facilmente se conclui que não se atingiu em grande parte o objectivo pretendido, apesar dos inúmeros trabalhos realizados, tanto no Continente como nas Regiões Autónomas e que se enquadram no âmbito da ENCNB. O défice em conhecimento científico sobre o património natural nacional tem-se revelado de forma inequívoca, em particular quando se trata de definir e aplicar medidas de conservação e gestão dos valores naturais, bem como de fundamentar os processos de tomada de decisão, sendo a sua colmatação uma das prioridades na implementação da ENCNB. Esta falta de conhecimento já foi constatada inúmeras vezes nomeadamente aquando da elaboração de alguns projectos estruturantes mais recentes, tais como, o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, o Plano Sectorial para a Rede Natura 2000 (PSRN2000), ou o Relatório Nacional de Aplicação da Directiva Habitats (artigo 17º). Muito em breve, outras tarefas, nomeadamente as decorrentes do novo regime jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, no respeitante à constituição do cadastro nacional dos valores naturais classificados e à organização do Inventário dos elementos que constituem a Biodiversidade nacional, carecem inevitavelmente de informação científica adicional.

Esta falta de informação científica adequada, de natureza biológica e ecológica, e a ausência de definição de indicadores, quer de execução de medidas, quer relativos ao estado da biodiversidade (sobretudo os associados à sua monitorização), constituem um forte obstáculo a uma avaliação objectiva, tanto da evolução do estado de conservação das espécies, habitats e ecossistemas, como da eficácia dos planos e programas associados a esta Estratégia.

Outra das principais limitações consiste na ausência de instrumentos orientadores relativos à investigação científica e ao conhecimento (Quadro de Referência e Plano de Acção Global), o que não permite, entre outros aspectos, uma adequada articulação entre organismos públicos e entre estes e as instituições privadas com competência na matéria. Por outro lado, e seguindo a mesma lógica, instrumentos como o SIPNAT, associados à circulação de informação técnico/científica, perdem parte da sua utilidade por ausência de uma plataforma de interlocutores pluridisciplinar (produtores e utilizadores de informação).

A estas lacunas, acresce a ausência de um Programa de Investimento nacional, específico para o desenvolvimento científico e tecnológico neste domínio, a qual carece colmatar.

Recomendações

Face ao exposto e tendo em vista melhorar a execução da ENCNB até ao fim da sua vigência e o seu aperfeiçoamento em fase de revisão (pós 2010), recomenda-se:

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1 - Elaborar e aprovar um Quadro de Referência que defina as prioridades em termos de aquisição de conhecimento no domínio da Conservação da Natureza e da Biodiversidade e o respectivo planeamento/programação, a desenvolver conjuntamente por todos os Sectores com responsabilidades na matéria;

2 - Desenvolver um Plano de Acção para o ICNB, e outros para as Regiões Autónomas, que enquadre e programe os projectos e acções a implementar com base no Quadro de Referência acima referido;

3 - Optimizar a articulação entre o ICNB, as Regiões Autónomas e as Instituições Científicas e outros produtores de informação relevante (Universidades, Institutos Públicos, sociedades científicas, empresas, entre outros), através do estabelecimento de protocolos e acordos, no âmbito do SIPNAT promovendo a circulação da informação técnico-científico relevante;

4 - Criar o Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados e organizar o Inventário dos elementos que constituem a Biodiversidade Nacional (processo decorrente do novo regime jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade);

5 – Incentivar a criação de um Programa de investimento para o Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, na área da Conservação da Natureza e da Biodiversidade;

6 – Definir metodologias e indicadores de monitorização da evolução da situação das espécies e habitats;

7 - Optimizar a utilização dos fundos comunitários e recursos financeiros disponíveis para apoiar e promover o reforço do conhecimento de base em relação à Conservação da Natureza e Biodiversidade, em articulação com o Programa acima referido.

Opção Estratégica 2) Constituir a Rede Fundamental de Conservação da Natureza e o Sistema Nacional de Áreas Classificadas, integrando neste a Rede Nacional de Áreas Protegidas

Entre as principais acções concretizadas, no sentido do cumprimento desta OpE, é de referir o estabelecimento através do Decreto-Lei n.º 142/2008 de 24 de Julho, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 53-A/2008 de 22 de Setembro de 2008, do regime jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (em substituição da Lei-Quadro da Conservação da Natureza mencionada na ENCNB), com vista a assegurar a integração e a regulamentação harmoniosa das diferentes áreas já sujeitas a um estatuto

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ambiental de protecção, clarificando o regime jurídico aplicável nas situações de sobreposição e o alcance no ordenamento jurídico de algumas das figuras existentes.

No âmbito deste Diploma destaca-se a criação da Rede Fundamental de Conservação da Natureza (RFCN), composta pelas áreas nucleares de Conservação da Natureza e da Biodiversidade integradas no Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC) e pelas áreas de continuidade como a reserva ecológica nacional (REN) a reserva agrícola nacional (RAN) e o domínio público hídrico (DPH), contribuindo estas últimas para assegurar uma adequada conectividade dos componentes da biodiversidade em todo o território. O mesmo Diploma estrutura o SNAC, constituído pela Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), pelas áreas classificadas que integram a Rede Natura 2000 e pelas demais áreas classificadas ao abrigo de compromissos internacionais assumidos pelo Estado.

Neste mesmo contexto, a Região Autónoma dos Açores procedeu a uma reformulação do regime jurídico da classificação, gestão e administração das Áreas Protegidas dos Açores através do Decreto Legislativo Regional n.º 15/2007/A, de 25 de Junho.

Por outro lado deve destacar-se a relevância da revisão global do regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN), realizada através do Decreto-Lei n.º 166/2008 de 22 de Agosto, o qual preconiza disposições que visam “uma melhor e mais clara articulação entre regimes jurídicos, nomeadamente com o de protecção dos recursos hídricos, uma maior consistência e melhor fundamentação no processo de delimitação, um envolvimento mais responsável por parte dos Municípios, uma identificação mais objectiva das condições para viabilização dos usos e acções compatíveis (Portaria n.º 1356/2008, de 28 de Novembro) e respectivos mecanismos autorizativos e a promoção de um regime económico -financeiro que discrimine positivamente as áreas integradas na REN e permita uma perequaçãocompensatória mais justa e equitativa”.

Refere-se ainda que com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, a Direcção-Geral do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Urbano (DGOTDU) passou a assegurar o depósito de todos os Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas (POAP), Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) e Cartas da REN publicadas que lhe forem submetidos para o efeito pelas respectivas entidades promotoras, bem como a disponibilização dos mesmos no Sistema Nacional de Informação Territorial (SNIT).

Com estes mesmos objectivos, de centralizar informação e de a tratar de forma integrada, na Região Autónoma dos Açores foi criado um Sistema de Informação Geográfica (SIG) contendo informação cartográfica de todas as Áreas Protegidas e classificadas na Região. A Região Autónoma da Madeira, através da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, encontra-se a preparar a revisão da delimitação dos Sítios de Importância Comunitária da Região Autónoma da Madeira, cuja informação irá figurar sob formato SIG.

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A concretização do referido nesta OpE relativamente à definição dos “corredores” ecológicos nos Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) encontra-se contemplada no Continente, através da aplicação de instrumentos legais existentes e recentemente criados, tais como o Decreto-Lei n.º 142/2008 de 24 de Julho, que cria a RFCN, o Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril, republicado pelo Decreto-Lei n.º 49/05 de 24 de Fevereiro, que transpõe para a ordem jurídica nacional as Directivas Aves e Habitats, o Decreto-Lei n.º 316/2007 de 19 de Setembro, que estabelece as bases da política de ordenamento do território e de urbanismo (Anexo 1).

Na Região Autónoma dos Açores, está a aguardar publicação o Plano Regional de Ordenamento do Território (PROTA), onde, entre outras áreas, estão contempladas as áreas ecológicas complementares, que correspondem às principais estruturas biofísicas que permitem assegurar a continuidade dos processos ecológicos, assumindo especial relevo o sistema hídrico nas suas componentes superficial e subterrânea.

Comentário geral

Em termos de avaliação do estado de execução das DA que contribuem para a concretização desta OpE considera-se que os objectivos foram atingidos, ainda que com um atraso muito considerável face aos prazos estabelecidos na ENCNB.

A recente publicação de alguns diplomas teve como consequências a impossibilidade de se proceder à avaliação da adequação entre os objectivos do diploma e a prática corrente, em particular sobre o impacto da sua aplicação na Conservação da Natureza e da Biodiversidade, bem como a sua adequação, até à presente data, às especificidades das Regiões Autónomas, nomeadamente no caso da REN.

Recomendações

Face ao exposto e tendo em vista melhorar a execução da ENCNB até ao fim da sua vigência e o seu aperfeiçoamento em fase de revisão (pós 2010), recomenda-se:

1 - Elaborar e Publicar o Esquema nacional de referência e as Orientações estratégicas de âmbito nacional e as relativas às diferentes regiões do Continente previstos no DL 166/2008 (REN);

2 - Accionar os mecanismos necessários à integração do conceito de RFCN, aquando da revisão de cada PROT e PMOT;

3 - Identificar indicadores que permitam avaliar o impacto real da aplicação dos instrumentos criados para cumprimento desta opção estratégica.

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Opção Estratégica 3) Promover a valorização das Áreas Protegidas e assegurar a conservação do seu património natural, cultural e social

Tal como referido na ENCNB a gestão das Áreas Protegidas deve centrar-se na prossecução dos objectivos essenciais que determinaram a sua criação: promoção do conhecimento, conservação, monitorização, divulgação dos valores ambientais existentes e ainda, a preservação e valorização do património cultural e das actividades tradicionais, numa perspectiva de promoção do desenvolvimento local sustentável.

Neste contexto, destaca-se, em relação ao Continente, ainda que com um atraso muito considerável face à meta adoptada na ENCNB, a publicação dos Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas (POAP) das vinte e cinco Áreas Protegidas de âmbito nacional, prevendo-se a finalização, em 2009, dos 4 relativos às áreas de âmbito local, criadas ao abrigo do Decreto-Lei 19/93 de 23 de Janeiro.

Na Região Autónoma dos Açores foi publicado o Plano de Ordenamento da Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, prevendo-se para 2009, o início da elaboração dos Planos de Ordenamento dos Parques Naturais de Ilha do Pico, Corvo e Graciosa. Na Região Autónoma da Madeira encontra-se em fase de discussão os Planos de Ordenamento e Gestão das Áreas Protegidas desta Região Autónoma que constam no Decreto Legislativo Regional n º 5/2006/M.

Nas Áreas Protegidas foram concretizadas diversas acções de conservação in situ e ex-situ, enquadráveis na ENCNB (Anexo 1), em particular dirigidas a espécies e habitats de conservação prioritária, assim como acções de fiscalização (executadas tanto pelos Vigilantes da Natureza como pelo SEPNA/GNR (EPNAZE)) e de monitorização, neste ultimo caso de carácter pontual. Nestas Áreas foi também dada especial atenção às acções de prevenção e combate aos fogos florestais e aos planos de recuperação de áreas ardidas.

Em 2005 foram aplicados Planos Zonais em Áreas Protegidas, no âmbito dos quais são considerados vários tipos de apoio à agricultura com o objectivo de conservação do ambiente, matéria desenvolvida na OpE 5, DA o).

No respeitante ao meio marinho verifica-se que estão a ser dados os primeiros passos com vista à adopção de medidas para a conservação e gestão deste ecossistema, nomeadamente através da implementação da Estratégia Nacional para o Mar (ENM). No âmbito desta última, foi aprovada pela Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar (CIAM), inserido no Programa Nacional “Planeamento e Ordenamento do Espaço Marítimo” a elaboração do Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo (POEM), um novo instrumento de gestão do território que irá contribuir para o ordenamento das actividades marítimas, incluindo a delimitação de áreas destinadas à Conservação da Natureza e da Biodiversidade, em estreita articulação com a gestão da zona costeira. Refere-se ainda outro dos programas de acção aprovados pela CIAM,

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o projecto Rede de Áreas Marinhas Protegidas (AMP), o qual pretende implementar uma Rede de AMP, enquanto instrumento de salvaguarda das áreas essenciais para a conservação e gestão dos recursos vivos e não vivos, integrando a parte marinha abrangida pelas Áreas Protegidas continentais (Parque Natural da Ria Formosa (PNRF); Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV); Parque Natural da Arrábida (PNA); Reserva Natural da Berlenga (RNB); Parque Natural do Litoral Norte (PNLN) e as áreas a classificar por força da extensão das Directivas Aves e Habitats ao meio marinho (Projecto Life Ibas marinhas e Programa Marbis). Para a efectiva prossecução dos objectivos de criação desta Rede é fundamental dotá-la de instrumentos de ordenamento e gestão sustentável, de forma a valorizar e proteger os valores naturais que a integram, assegurando-se ainda a conectividade das áreas que a constituem, promovendo, para esse efeito, a aplicação efectiva da REN até à batimétrica dos 30m, e a inclusão de medidas nos POOC, quando revistos.

Nas Regiões Autónomas, tendo em vista aperfeiçoar o planeamento e a gestão integrada das áreas marinhas da região da Macaronésia, destacam-se os projectos MARÉ e OGAMP "Ordenamento e Gestão de Áreas Marinhas Protegidas”, que tiveram como principal objectivo a definição de Planos de Gestão Integrada para Zonas Costeiras e Marinhas, incluindo as englobadas na Rede NATURA 2000. Destaca-se ainda os projectos MARMAC, que teve por objectivo a promoção e valorização de AMP, o “PLACON” que visa a elaboração de planos de contingência de contaminação marinha e finalmente o projecto “SIGMARMAC”, relativo a um sistema de informação georreferenciada dos recursos marinhos da região da Macaronésia.

Nas Áreas Protegidas, tanto no Continente como nas Regiões Autónomas, foram também promovidas e desenvolvidas inúmeras acções de sensibilização e educação ambiental (referidas nas OpE 8 e 9), sem contudo terem sido elaborados programas desta natureza em articulação com as ONGA, destinados à sensibilização do público para os valores destas áreas bem como à promoção da sua sustentabilidade, conforme era objectivo da ENCNB.

Para a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), no Continente, foi elaborado um Programa de Visitação e Comunicação, através da implementação do qual se pretende melhorar as condições de visitabilidade de uma forma integrada e sustentada, tendo em vista o recreio e a sensibilização ambiental, aperfeiçoando ao mesmo tempo o modelo actual de atendimento do público. Ainda neste âmbito e tanto no Continente como nas Regiões Autónomas foi realizado um investimento significativo na optimização e/ou criação de infra-estruturas e material de divulgação destas Áreas.

Este Programa de Visitação e Comunicação insere-se no âmbito do desenvolvimento do Programa Nacional de Turismo da Natureza (PNTN), criado em 1998, o qual resulta de uma parceria pioneira em Portugal entre as Secretarias de Estado do Ambiente e do Turismo, sendo direccionado para o desenvolvimento sustentável das Áreas Protegidas. Tem sido feito um esforço digno de registo no respeitante ao licenciamento de actividades de animação ambiental e identificação de percursos pedestres e trilhos. É de destacar o

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papel chave que desempenham as cartas de desporto de natureza a elaborar para cada Área Protegida, estando, até à data, apenas publicadas as do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) e do Parque Natural de Sintra Cascais (PNSC). Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira foram publicados os Planos de Ordenamento Turístico destas Regiões Autónomas respectivamente a 11 Agosto de 2008, através do Decreto Legislativo Regional nº 38/2008/A, e a 29 de Agosto de 2002, através do Decreto Legislativo Regional nº 17/2002.

Foi ainda desenvolvido e aplicado nas Áreas Protegidas do Continente e da Região Autónoma dos Açores um sistema de sinalização uniforme para o conjunto dos territórios, composto por centenas de placas de identificação e delimitação, bem como painéis informativos e de interpretação, relativos ao património natural presente. Na Região Autónoma da Madeira, dotaram-se as Reservas Naturais da Ponta de São Lourenço e das Ilhas Desertas de um sistema de sinalização uniforme através da colocação de placas de sinalização (Painéis informativos e Painéis Interpretativos). Ao abrigo do projecto TOURMAC, foi ainda efectuada uma sinalização uniforme, homologada pela Federação Europeia de Montanhismo, em vinte e três percursos pedestres na Ilha da Madeira, que atravessam algumas Áreas Protegidas.

Ainda no contexto desta OpE, foram indicadas poucas iniciativas com o objectivo específico de estimular nas Áreas Protegidas, processos de desenvolvimento económico sustentável, bem como de promover junto das populações e dos agentes económicos locais uma utilização racional dos recursos naturais. Especial destaque poderá ser dado ao registo, no Continente, da marca “Parques de Portugal” e, na Região Autónoma dos Açores, ao desenvolvimento de uma Estratégia de Desenvolvimento Económico, Social e Ecológico Sustentável nos Espaços Naturais Protegidos da Macaronésia.

Do mesmo modo poucas iniciativas específicas foram indicadas relativamente ao reforço do conhecimento sobre as actividades económicas tradicionais (nomeadamente actividade apícola, salineira, cultivo de plantas aromáticas e medicinais), bem como sobre a promoção da recuperação e da manutenção de sistemas tradicionais de utilização e transformação de recursos compatíveis com a Conservação da Natureza e da Biodiversidade. No entanto, a implementação tanto no Continente, como nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira dos Programas de Desenvolvimento Rural 2000-2006 - RURIS e PDRu – Medidas Agro-Ambientais e do Plano de Desenvolvimento Rural 2007-2013 – PRODER e PRORURAL http://prorural.azores.gov.pt/ merecem um destaque especial.

Acresce ainda a iniciativa LEADER, com particular destaque para o projecto de cooperação transnacional – “Club Biored” o qual promove a difusão do património natural e cultural dos territórios abrangidos assim como bens e serviços, nomeadamente produtos agro-alimentares, artesanais e ainda o turismo rural. Este projecto pretende assim impulsionar actividades económicas tradicionais e eco-compatíveis.

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Comentário geral

No âmbito desta OpE, dirigida para a promoção e valorização das Áreas Protegidas, merece especial destaque, no território continental, a publicação dos Planos de Ordenamento de todas as Áreas Protegidas de âmbito nacional. O desenvolvimento das acções específicas de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (Anexo 1), integradas na programação das actividades das Áreas Protegidas, (as quais incidiram sobretudo, no Continente, em espécies da fauna em detrimento da flora e da geologia, e em vertebrados em detrimento dos invertebrados e, ainda, no meio terrestre versus meio marinho), não foram alvo, na sua grande maioria de um necessário e adequado planeamento/programação prévio. Esta situação, que importa ultrapassar, deve-se sobretudo ao facto da ENCNB não estar ancorada em planos de acção, que programem as iniciativas/acções, os actores e o investimento necessário para o efeito.

No entanto as inúmeras actividades realizadas, tanto pelo sector público como privado, e enquadráveis na ENCNB, constituíram sem dúvida um importante contributo para melhorar o grau de conhecimento e a gestão dos valores naturais.

Por outro lado, é de referir que a promoção e valorização das Áreas Protegidas, passa pela existência de instrumentos que permitam aferir, de forma objectiva, o resultado dos investimentos efectuados. A ausência dos mesmos impede qualquer apreciação qualitativa e quantitativa sobre a matéria, não permitindo tirar conclusões que contribuam para melhorar ou reorientar o tipo de actuação que se tem verificado.

No caso concreto do meio marinho os instrumentos de planeamento estratégico e respectivas medidas de implementação só muito recentemente foram adoptados, ficando assim também por avaliar o impacto da sua aplicação na conservação deste ecossistema.

Recomendações

Face ao exposto e tendo em vista melhorar a execução da ENCNB até ao fim da sua vigência e o seu aperfeiçoamento na fase de revisão (pós 2010), recomenda-se:

1 - Assegurar o planeamento/programação das acções específicas de conservação e gestão da biodiversidade desenvolvidas na Rede Nacional de Áreas Protegidas, no sentido de melhorar a sua eficácia e assim reforçar a salvaguarda dos valores naturais presentes;

2 - Reforçar nas Áreas Protegidas o investimento em acções específicas de conservação e gestão do património natural, as quais se devem fundamentar no conhecimento científico mais actual;

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3 - Criar um sistema de avaliação periódico para o desempenho técnico e administrativo das Áreas Protegidas, devidamente publicitado;

4 - Promover, a nível nacional, a definição e aplicação de Indicadores de biodiversidade que permitam aferir objectivamente a evolução do estado de conservação das espécies, dos habitats e dos ecossistemas;

5 - Garantir que todos os planos e programas a desenvolver integrem, na sua concepção, os indicadores necessários à avaliação da eficácia das medidas e acções desenvolvidas;

6 - Promover a criação, e a gestão integrada das áreas protegidas marinhas, reforçando a colaboração institucional entre os Organismos com competência nesta matéria, tendo em vista o adequado planeamento/programação das medidas/acções a desenvolver;

7 - Divulgar e estimular processos de desenvolvimento económico sustentável junto das populações e dos agentes económicos locais, nomeadamente agrícolas e florestais, visando uma utilização racional dos recursos naturais; 8 - Promover a aplicação de incentivos, financeiros ou outros, que beneficiem os diversos intervenientes a nível local, fomentando a implementação de modelos de desenvolvimento sustentável;

9 - Dar seguimento à elaboração das Cartas de Desporto de Natureza para cada Área Protegida.

Opção Estratégica 4) Assegurar a conservação e a valorização do património natural dos sítios e das zonas de protecção especial integrados no processo da Rede Natura 2000

Em termos de avaliação da execução desta OpE, destaca-se a elaboração e aprovação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), tanto no Continente (com atraso face ao prazo estabelecido), como na Região Autónoma dos Açores.

O PSRN2000 define as orientações estratégicas para a gestão dos valores naturais presentes nas áreas englobadas na Rede Natura 2000 (Sítios de importância Comunitária e Zonas de Protecção Especial), tendo em vista garantir a manutenção destes valores (espécies da flora e da fauna e habitats naturais) num estado de conservação favorável, a médio e a longo prazo.

Desde a data da elaboração do PSRN2000 do Continente, foi disponibilizada, através de um Sistema de Informação Geográfico (SIG), toda a documentação cartográfica referente aos valores naturais. Apesar de ter sido actualizada alguma da cartografia disponibilizada, por ocasião da elaboração do Relatório Nacional de Aplicação da Directiva Habitats (92/43/CEE), mantém-se porém desactualizado grande parte do acervo cartográfico disponibilizado, exigindo a sua revisão, a qual deverá incidir, num primeiro tempo, sobre os habitats

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naturais. Na Região Autónoma dos Açores foi criado um SIG contendo informação cartográfica de todas as Áreas Protegidas e classificadas na Região.

Tendo em vista apoiar a gestão da Rede Natura (a qual pode ser concretizada por via contactual, administrativa ou regulamentar) e como forma de a apoiar, foi fornecida a informação técnica considerada mais relevante, bem como elaborado pelo ICNB, com a colaboração das CCDR, o Guia Metodológico para a transposição do conteúdo do PSRN2000 para os IGT (fundamentalmente Plano Director Municipal (PDM)). A articulação do ICNB e outras entidades pertinentes com os Municípios na elaboração dos instrumentos relevantes de gestão territorial, encontra-se também assegurada por via legal através das participações do ICNB e de outras entidades (CCDR/MAOTDR; MADRP, SRAM/RAA e SRA/RAM) nas Comissões de Acompanhamento (CA), a nível do Continente, e das Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, respectivamente. Para além das acções/medidas/iniciativas que se referiram na OpE 3 relativas às Áreas Protegidas, e que permanecem válidas para as zonas integradas no processo da Rede Natura que coincidam com Áreas Protegidas, foram desenvolvidas várias acções de conservação in-situ e ex-situ dirigidas para espécies e habitats presentes em SIC e ZPE, tanto no Continente como nas Regiões Autónomas (Anexo 1). De referir ainda o processo do alargamento da Rede Natura 2000 ao meio marinho, para o qual contribuirão os resultados dos projectos Life IBAs marinhas e MARBIS-Natura 2000, este último em fase inicial de desenvolvimento.

Merece um especial destaque a conclusão, na Região Autónoma dos Açores, dos Planos de Gestão para os vinte e três SIC e dezassete ZPE, cujas medidas e acções preconizadas se destinam a garantir a conservação dos valores naturais relevantes que estiveram na origem da classificação destas áreas. De referir ainda, o Plano de Gestão Integrada do Sítio Montemuro, em fase de conclusão, que abrange territórios de quatro concelhos da região Norte e um da região Centro.

Finalmente e apesar de não ter sido elaborado um programa de acções de sensibilização e esclarecimento sobre o processo da Rede Natura 2000, conforme previsto na ENCNB, merece uma referência especial o trabalho desenvolvido, tanto no Continente, como nas Regiões Autónomas, no âmbito da iniciativa “Dias Verdes”. Esta iniciativa é resultado do envolvimento de diversos parceiros, nomeadamente as ONGA e as empresas de turismo de natureza, tendo em vista sensibilizar a sociedade civil para a importância da Rede Natura 2000. São ainda de salientar outras acções desenvolvidas, tais como, a elaboração de materiais vários de apoio à divulgação e promoção da Rede Natura 2000 (Anexo 1) e a realização de sessões públicas de informação, em particular nas Regiões Autónomas, sobre os sítios, espécies e habitats marinhos da Rede Natura 2000.

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Comentário geral

As observações produzidas sobre as Áreas Protegidas (OpE 3) aplicam-se, em muitos casos, à Rede Natura 2000, nomeadamente no que diz respeito ao desenvolvimento de acções específicas de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, sem o adequado planeamento/programação prévio, no contexto desta Estratégia. À semelhança do que se referiu na OpE anterior, verifica-se que no Continente as acções desenvolvidas nestas áreas incidiram também sobretudo sobre espécies da fauna (em detrimento da flora), beneficiando-se ainda o meio terrestre em relação ao marinho, situação que importa alterar. O processo de alargamento da Rede Natura ao meio marinho constitui uma matéria à qual deve ser atribuída a maior prioridade.

Tal como referido para outras OpE também aqui se verifica a ausência de definição de indicadores que permitam aferir a evolução da situação das espécies, dos habitats e dos ecossistemas, bem como a eficácia dos planos e programas aplicados, sem o que não é possível (re)orientar a actuação. Destaca-se a propósito que Portugal não possui ainda um sistema de monitorização operacional, equacionado à escala nacional, situação que urge reverter por forma a cumprir eficazmente a Directiva Habitats, nomeadamente no que se refere ao relato periódico da evolução do estado de conservação dos habitats e espécies.

No entanto, no âmbito desta OpE, realça-se o papel relevante do PSRN2000 para a gestão das áreas integradas nesta Rede, o qual deve ser encarado como um ponto de referência relativamente à programação das acções que importa desenvolver. No contexto deste Plano, não se pode negligenciar a extrema importância (e urgência) de proceder a uma actualização, no território do Continente, da cartografia relativa à distribuição dos valores naturais, com destaque particular para a dos habitats naturais.

Realça-se ainda a importância que deverá ser atribuída ao desenvolvimento dos Planos de Gestão dos sítios da Natura 2000, de acordo com as prioridades estabelecidas no PSRN2000.

Recomendações

Face ao exposto e tendo em vista melhorar a execução da ENCNB até ao fim da sua vigência e o seu aperfeiçoamento na fase de revisão (pós 2010), recomenda-se:

1 - Consolidar o Sistema de Informação sobre o Património Natural (SIPNAT), tornando-o operacional e eficaz, com vista a apoiar a tomada de decisão e a planificação das acções de gestão e conservação da biodiversidade;

2 - Desenvolver um sistema de gestão de informação sobre espécies e habitats naturais das regiões da Macaronésia;

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3 - Promover, em Portugal Continental, a actualização da cartografia de distribuição dos valores naturais, com destaque para os habitats naturais;

4 - Assegurar que as acções específicas de conservação, sejam alvo de um programação prévia, a médio e longo prazo, com indicação dos meios técnicos e financeiros a alocar;

5 - Criar um Programa Nacional de Vigilância e Monitorização, com a definição dos respectivos indicadores, orientado nomeadamente para: acompanhamento da evolução do estado de conservação dos valores naturais (indicadores de biodiversidade), avaliação da eficácia das medidas de gestão adoptadas, em função dos objectivos de conservação estabelecidos, avaliação dos impactes das acções decorrentes da implementação de projectos, planos e programas, e ainda, avaliação dos resultados da execução das medidas de compensação e de minimização estabelecidas no âmbito dos processos sujeitos a AIA;

6 - Reforçar as medidas de conservação da biodiversidade dirigidas ao meio marinho, em particular o processo do alargamento da Rede Natura 2000 ao meio marinho;

7 - Reforçar a capacitação dos representantes do ICNB e de outras entidades pertinentes nas diversas Comissões de Acompanhamentos de elaboração dos IGT;

8 - Dotar os SIC e ZPE de Planos de Gestão operacionais, de acordo com as prioridades estabelecidas no PSRN2000.

Opção Estratégica 5) Desenvolver em todo o território nacional acções específicas de conservação e gestão de espécies e habitats, bem como de salvaguarda e valorização do património paisagístico e dos elementos notáveis do património geológico, geomorfológico e paleontológico

Enquadrados no domínio de documentos estruturantes em matéria de Conservação da Natureza e da Biodiversidade destacam-se a publicação, do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e dos Atlas dos Bivalves de Água Doce, das Aves Nidificantes em Portugal e ainda dos Anfíbios e Répteis de Portugal Continental, promovidos e coordenados pelo ICNB. Merecem igualmente referência a revisão e actualização da Lista Vermelha dos Briófitos da Península Ibérica, a Carta Piscícola Nacional, disponibilizada pelo MADRP em www.cartapiscícola.org e o Inventário Florestal Nacional (IFN) -2005-06 (Portal AFN). Nas Regiões Autónomas, destaca-se a edição do livro “Top 100, As Cem Espécies Ameaçadas Prioritárias em Termos de Gestão na Região Biogeográfica Europeia da Macaronésia” e, na Madeira, no âmbito do projecto EMECETUS, a determinação da distribuição espaço-temporal dos cetáceos nas águas deste arquipélago, com recurso a SIG’s.

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No referente à “Estratégia de Actuação do ICN para a Conservação de Zonas Húmidas (1999-2003)”, destaca-se a inventariação de 1300 zonas húmidas, das quais 50 foram caracterizadas de forma detalhada, incluindo os valores culturais presentes. O inventário nacional das zonas húmidas está disponível em http://194.79.77.133/medsite_public/index.php, com ligação a um SIG. Foram elaborados, no período em avaliação, no Continente, o Plano de Gestão para a Lagoa Pequena e, na Região Autónoma dos Açores, o das Fajãs da Caldeira de Santo Cristo e dos Cubres – Ilha de S. Jorge.

Até à data não foram desenvolvidos os Planos de Acção Globais previstos na ENCNB (tanto pelo ICN, como pelas Regiões Autónomas), que deveriam incluir uma programação dos planos de acção a elaborar no âmbito da conservação e gestão de espécies prioritárias da fauna e da flora.

No entanto, no contexto de Planos de Acção para espécies prioritárias, deve referir-se a publicação, em 2008, (através de Despacho conjunto dos Secretários de Estado do Ambiente (MAOTDR) e do Desenvolvimento Rural e das Florestas (MADRP)), do Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico, destinado a viabilizar a conservação da espécie em território nacional, invertendo o processo de declínio continuado das populações e recuperar os núcleos históricos da espécie. Nas Regiões Autónomas merecem referência, para os Açores, o Plano de Acção do Priolo, desenvolvido com o objectivo de gerir os habitats da ZPE Pico da Vara/Ribeira do Guilherme e, para a Madeira, os Planos de Acção da Freira da Madeira (Pterodroma madeira), da Freira do Bugio (Pterodroma feae) e da Foca Monge (Monachus monachus), espécies que beneficiaram de projectos LIFE, os quais permitiram a implementação de medidas e acções de recuperação e conservação dos seus habitats, contemplando desta forma os SIC Maciço Montanhoso Central e Ilhas Desertas, respectivamente.

No respeitante à conservação dos recursos genéticos, é de mencionar a publicação do Decreto-Lei nº118/2002 de 20 de Abril, que estabelece o regime jurídico do registo, conservação, salvaguarda legal e transferência do material vegetal autóctone com interesse actual ou potencial para a actividade agrária, agro-florestal e paisagística, incluindo variedades locais e material espontâneo, bem como os conhecimentos a ele associados. Contudo este diploma não foi, até à data, regulamentado. Refere-se ainda que Portugal, através do MADRP, tem participado em vários projectos, a nível comunitário, de conservação dos recursos genéticos vegetais (Anexo 1).

A problemática relativa às espécies não indígenas invasoras, igualmente abordada nesta OpE, constitui uma área de intervenção muito relevante, estando a introdução destas espécies no meio natural sujeita a regulamentação restritiva. Em Portugal, a introdução na natureza de espécies não indígenas foi regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro e têm sido promovidas, tanto pelo MAOTDR como pelo MADRP, acções de controlo e erradicação de várias espécies exóticas invasoras (Anexo 1). Relativamente a esta temática é de destacar o trabalho desenvolvido nas Regiões Autónomas, onde esta problemática se reveste de maior acuidade, destacando-se a publicação do livro “Flora e Fauna Terrestre Invasora na Macaronésia. Top 100 nos Açores, Madeira e Canárias”. Na Região Autónoma dos Açores foi ainda

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aprovado pela Resolução 110/2004 de 29 de Julho do Governo Regional, o Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasoras em Áreas Sensíveis (PRECEFIAS) (2004-2009), que está em fase de execução, visando a erradicação e controlo de dezasseis espécies de flora invasora. Na Região Autónoma da Madeira, destaque para o desenvolvimento do Programa de Erradicação e Controlo de plantas invasoras no interior da Floresta Laurissilva e suas áreas limítrofes (2005, 2006, 2007, 2008) (Anexo 1).

Relativamente à gestão de Centros englobados na Rede Nacional de Recolha e Recuperação de Animais Selvagens, é de referir que esta é assegurada pelo ICNB, e pelas Associação Quercus – ANCN, Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (Quiaios), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real), Câmaras Municipais de Vila Nova de Gaia (Parque Biológico de Gaia) e de Lisboa (Monsanto) e Zoomarine (Porto de Abrigo). Actualmente o SEPNA/GNR é responsável por cerca de 60% dos animais encaminhados para os diversos Centros de Recuperação. Ainda neste âmbito, foi criada a Rede Nacional para a Recuperação de Mamíferos Marinhos (ABRIGOS), implementada por meio de protocolos assinados entre o ICNB, o Zoo de Lisboa, o Zoomarine e o Projecto Delfim.

Na Região Autónoma da Madeira foi criada uma Rede de Arrojamentos de Cetáceos (RACAM), no âmbito do projecto EMECETUS.

Com o objectivo de promover, a articulação das actividades entre instituições com responsabilidades em matéria de conservação ex situ, com a conservação in situ, foram realizadas diversas reuniões no contexto do Grupo de Trabalho para o Destino de Animais Apreendidos e Recolhidos (GTDAA) e da legislação que regulamenta a actividade dos zoos. Foi também celebrado recentemente um protocolo entre o ICNB e o Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural, de Lisboa, que tem como objectivo a realização de acções de conservação ex-situ direccionadas paras taxa da flora endémicos, raros e ameaçados. Foi ainda desenvolvido no ICNB, um “Banco de tecidos de vertebrados selvagens” que funciona actualmente de forma experimental. Realça-se ainda o Acordo de Cooperação entre Portugal e Espanha com vista à conservação ex-situ de lince-ibérico, o qual foi publicado em 20 de Outubro de 2008, e irá permitir a reintrodução da espécie.

Relativamente a espécies piscícolas de água doce, foi implementado pela QUERCUS, em parceria com várias instituições, um projecto para reprodução ex situ de espécies de peixes endémicas do território nacional e de plantas aquáticas.

Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira destaca-se o Projecto INTERREG BASEMAC, que contou com a participação dos Jardins Botânicos do Faial e da Madeira, cujo objectivo foi a criação e desenvolvimento de uma Rede de Bancos de Sementes no espaço geográfico da Macaronésia.

Ainda no contexto desta OpE e em matéria de recuperação de pedreiras, saibreiras, minas e escombreiras, nomeadamente por via da reposição do coberto vegetal com recurso a espécies autóctones, foram implementados vários Planos Ambientais e de Recuperação Paisagística, conforme previsto no

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Decreto-Lei 270/2001, de 6 de Outubro, republicado pelo Decreto-Lei 340/2007 de 12 de Outubro, quer no Continente, quer nas Regiões Autónomas.

Relativamente ao património geológico, geomorfológico e paleontológico, poucas iniciativas são indicadas para o Continente, regista-se a excepção feita à classificação de um novo Monumento Natural, o Cabo Mondego e a proposta de classificação das Portas do Ródão como Monumento Natural. Refere-se ainda o desenvolvimento do Projecto “Geologia e Património Geológico do Geoparque de Arouca” que sustentou a candidatura à classificação pela UNESCO.

Com este mesmo objectivo na Região Autónoma dos Açores, classificaram-se vários Monumentos Naturais Regionais com interesse Geológico, que se encontram elencados no Anexo 1, foi criado o Inventário do Património Espeleológico dos Açores (IPEA), elaborada a base de dados internacional “World Most Outstanding Volcanic Caves – WoMOVoC de acordo com as orientações da Comission on Volcanic Caves da International Union of Speleology – http://worldvolcaniccaves.org/ e desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica SIGCaVA com as cavidades vulcânicas dos Açores. No domínio da preservação e valorização dos elementos integrantes das paisagens de especial significado, destaque deve ser dado aos estudos de Identificação e Caracterização das Paisagens, desenvolvidos, tanto no Continente (encomendado pela DGOTDU à Universidade de Évora), como na Região Autónoma dos Açores. Importa ainda fazer uma referência particular a medidas integradas na programação do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER 2007-13), em particular a Intervenção Territorial Integrada (ITI) do Douro Vinhateiro, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PRODER). Esta medida dá sequência a uma medida agro-ambiental (Vinha em socalcos do Douro, em aplicação desde 1994) e a um Plano Zonal, ambos integrados no Programa de Desenvolvimento Rural – RURIS.

Finalmente quanto à implementação de medidas agro-ambientais, de forma a salvaguardar a biodiversidade associada aos agro-sistemas tradicionais presentes em áreas nucleares de conservação, aspecto que se considera da maior relevância, foram já apoiados cerca de setenta e três mil ha6 em áreas englobadas no Sistema Nacional de Áreas Classificadas, no âmbito do Programa RURIS (Anexo 1). Destaca-se a elaboração do primeiro Plano Zonal, aplicado à Zona de Protecção Especial de Castro Verde (designada ao abrigo da Directiva Aves) no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural – RURIS, que vigorou até 2006. Em 2005 foram aplicados 7 novos Planos Zonais em 7 Áreas Protegidas, elaborados conjuntamente pelas Direcções Regionais de Agricultura respectivas e o ICNB, e coordenado pelo MADRP, no âmbito dos quais são considerados vários tipos de apoio à agricultura com o objectivo de conservação do ambiente. A aplicação dos Planos Zonais acima referidos foi suspensa em 2006.

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Página 311 do relatório de avaliação ex-post do RURIS (disponível em:

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