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AUTORES AUTHORS RESUMO SUMMARY PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS. Neusa Fátima SEIBEL Leonor Almeida de SOUZA-SOARES

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Academic year: 2021

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AUTORES

AUTHORS

PALAVRAS-CHAVE

KEY WORDS

por Trinta Dias

Research Note: Fatty Acids Profile in Eggs

from Quails Fed Diets Containing Fish Silage

and Stored for Thirty Days

RESUMO

A incorporação de ácidos graxos poliinsaturados em ovos de codornas, por intermédio da alimentação das aves com resíduos da indústria pesqueira, sob a forma de fração sólida da silagem química de pescado, ainda não foi estudada. Por isso o objetivo deste trabalho foi avaliar a possível mudança no perfil de ácidos graxos de ovos de codornas, alimentadas com dietas controle e contendo 3,3, 6,6 e 9,9% da fração sólida de silagem de resíduos de pescado, com 1, 10, 20 e 30 dias de armazenamento. O experimento foi realizado utilizando-se 80 codornas com 35 utilizando-semanas de idade, as quais foram divididas em blocos casualizados em 5 gaiolas/dieta e 4 animais/gaiola. Realizou-se uma mistura das gemas de 10 ovos de cada dieta, para a extração lipídica e metilação dos ácidos graxos, para posterior avaliação por cromatografia gasosa. Foi observado que os ácidos graxos mais expressivos nos ovos foram: oléico, palmítico, linoléico, esteárico e palmitoléico. Houve a incorporação dos ácidos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), sem o decréscimo dos ácidos saturados. Quanto maior o porcentual da fração sólida de silagem de resíduos de pescado, maior foi a redução nas concentrações do ácido araquidônico e ao longo do tempo, também foi observado que os níveis de ácidos graxos nos ovos de codornas se mantiveram estáveis durante os 30 dias de armazenamento.

Neusa Fátima SEIBEL Leonor Almeida de SOUZA-SOARES Mestrado em Engenharia de Alimentos Departamento de Química Fundação Universidade Federal do Rio Grande Rua Engenheiro Alfredo Huch, 475 Rio Grande-RS – Brasil CEP 96201-900 Fone: (43) 3348-9600 nseibel@pop.com.br

Ácidos graxos; Ovos de codornas; Armazenamento; Silagem de pescado; fração sólida de silagem química. Fatty acids; Quail eggs; Storage; Fish silage;

Solid fraction of chemical silage.

SUMMARY

The incorporation of polyunsaturated fatty acids in quail eggs, by feeding the birds with residues from the fish industry in the form of the solid fraction of fish residue silage, has not yet been studied. Thus the objective of this work was to evaluate possible changes in the fatty acids profile of quail eggs when the birds were fed on a control diet and on others containing 3.3; 6.6 and 9.9% of the solid fraction from fish residue silage, during 1, 10, 20 and 30 days of storage. The experiment was carried out using eighty 35 week-old quails. They were divided into random blocks of 5 cages/diet and 4 birds/cage. A mixture of the yolks from ten eggs of each diet was made for the extraction of the lipids and methylation of the fatty acids for subsequent evaluation by gas chromatography. The most expressive acids found in the eggs were shown to be: oleic, palmitic, linoleic, stearic and palmitoleic. Eicosapentaenoic acid (EPA) and docosahexaenoic acid (DHA) were incorporated without any decrease in the amount of saturated acids. The greater the percentage of the solid fraction of fish residue silage, the greater the decrease in the amounts of arachidonic acid and as time went by it was also observed that the fatty acid levels in the quail eggs remained stable throughout the 30 days of storage.

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1. INTRODUÇÃO

Recentemente, inúmeros estudos ressaltaram a importância dos lipídios de peixes na alimentação humana, por serem uma fonte rica em ácidos graxos poliinsaturados, os quais são necessários para o crescimento e o desenvolvimento infantil; na habilidade do aprendizado; para as funções das células do sistema nervoso central; e também por terem efeito contra o câncer e as doenças coronárias (HUNTER & ROBERTS, 2000; MANILLA & HUSVETH, 1999). Para humanos é sabido que os ácidos graxos saturados aumentam o colesterol sanguíneo, ao passo que os ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) o reduzem. Por isso um aumento na ingestão de AGPI é desejável, pelo esperado efeito antiateriosclerótico dos ácidos ômega-3 e do ácido linoléico, um ácido ômega-6, o qual é o precursor das prostaglandinas (GRASHORN, 1995).

O ovo está sendo considerado um alimento funcional (STADELMAN, 1999), pois é fonte de proteínas, vitaminas e lipídios, tais como os fosfolipídios e os ácidos graxos poliinsaturados (MELUZZI et al., 2000). Para a produção comercial de ovos enriquecidos com ácidos graxos n-3, há um interesse em maximizar o uso de ingredientes que os contenham, porque existe uma correlação entre os níveis desses ácidos nas dietas das aves e os níveis nas gemas (LEESON et al., 1998), uma vez que naturalmente o ovo é pobre em ácido linolênico e não possui os ácidos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). Em ovos produzidos por aves alimentadas com dietas contendo óleo de peixe (VAN ELSWIK et al., 1992; MARSHALL et al., 1994) e ácido α-linolênico (AHN et al. 1995) foi verificado o aumento dos ácidos linolênico, EPA e DHA. Com o aumento desses ácidos GAO e CHARTER (2000) observaram uma diminuição na quantidade do ácido araquidônico. Deve ser ressaltado que os experimentos realizados foram com ovos de galinhas e não há relatos para ovos de codornas.

O óleo de pescado juntamente com a farinha de pescado são ricos em ácidos graxos poliinsaturados (MANILLA & HUSVETH, 1999), os quais já são usados em rações animais. Outra alternativa, para a incorporação desses ácidos nos ovos é a utilização da silagem química de resíduos de pescado, que é definida como um produto líquido, preparado com pescado inteiro ou resíduos picados e obtido por meio de processos que causam a solubilização dos componentes (MACHADO, 1998; OETTERER, 1994). A produção de silagem é uma solução efetiva no aproveitamento de resíduos de pescado, que podem chegar a 70% do peso inicial, os quais constituem uma fonte de dejetos que causam problemas ao meio ambiente, levando a prejuízos ecológicos, sanitários e econômicos. O uso da fração sólida de silagem, obtida após a separação natural do óleo, ainda não foi estudado, mas essa fração pode ser incorporada na ração de aves, contribuindo com uma melhor qualidade nutricional do produto final e repassando nutrientes como os ácidos graxos.

O objetivo do trabalho foi avaliar a mudança no perfil de ácidos graxos em ovos de codornas, alimentadas com diferentes concentrações da fração sólida de silagem de resíduos de pescado, durante 30 dias de armazenamento.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado utilizando-se 80 codornas com 35 semanas de idade, as quais foram divididas em blocos casualizados em 5 gaiolas/dieta e 4 animais/gaiola, sendo que água e dieta foram ofertadas ad libitum. As codornas permaneceram em ambiente climatizado no laboratório de Experimentação Animal do Biotério Central da UFPel, com temperatura de 22ºC±1 e com fotoperíodo controlado por temporizador, com ciclo de claro/escuro de 16 e 8 horas. As aves foram alimentadas durante 21 semanas com dietas controle e contendo a fração sólida de silagem química de resíduos de pescado nos níveis de 3,3%, 6,6% e 9,9% (Tabela 1). A silagem de pescado foi feita com resíduos de pescada-foguete (Cynoscion guatucupa) (vísceras, cabeças, escamas e peles, oriundas do fileteio dos resíduos) e ácido acético glacial. Após a separação das fases a parte sólida foi seca e moída para a obtenção da fração sólida da silagem química de resíduos de pescado, como descrito por SEIBEL e SOUZA-SOARES (2003).

Preparo das amostras: foi feita uma mistura de dois

ovos de cada gaiola/dieta (totalizando 10 ovos), coletados aleatoriamente, e as gemas foram separadas e utilizadas para as determinações. As análises foram efetuadas em amostras com 1 dia de postura e aos 10, 20 e 30 dias de armazenamento; os ovos foram estocados em caixas de isopor para 30 unidades, sob temperatura de refrigeração (7,3°C±0,5) e umidade relativa de 77%. Os lipídios das gemas foram extraídos, em duplicata, pelo método de hidrólise ácida, segundo recomendações da A/O/A/C (1995). Foi realizada a metilação dos ácidos graxos pelo método descrito por METCALFE e SCHMITZ (1966) e as amostras foram diluídas em solvente (hexano) para posterior análise em duplicata de cada extração, por cromatografia gasosa.

TABELA 1. Formulação das dietas para alimentação das aves,

em gramas.

Componentes Controle 3,3% da fração sólida 6,6% da fração sólida 9,9% da fração sólida Milho moído 2833 2886 2909 2746 Farelo de soja 1555 1413,5 1277 1171 Areia - - 14 118 Suplemento vitamínico e mineral 25 25 25 25 Calcário 338 338 338 339 Fosfato bicálcio 80 80 82 84 Sal comum 23 23 23 23 Metionina 8 6 3 -Óleo de arroz 135 64 - -Fração sólida da silagem - 165 330 495 Total 4997 5000,5 5001 5001

As dietas foram formuladas por intermédio do programa User Friendly Feed Formulation, v. 1.11 (PESTI et al., 1986) e NRC (1994).

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Análise dos ácidos graxos: foi realizada em um

cromatógrafo a gás modelo Varian - 3400 CX equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar modelo DB-FFAP Megabore (fase estacionária: ácido nitrotereftálico modificado por polietileno glicol). A coluna possuía 30 m de comprimento e 0,545 mm de diâmetro com um filme de 1 mm de espessura. O gás de arraste foi o nitrogênio a 2 mL/min. As temperaturas do injetor e do detector foram de 250°C e 270ºC, respectivamente. A temperatura inicial da coluna foi de 160ºC, permanecendo por 1 minuto. A seguir foram utilizadas duas programações de temperatura: aumento a 2ºC/min até 200ºC, permanecendo por 2 minutos; aumento a 20ºC/min até 220ºC, permanecendo nesta temperatura durante 40 minutos, totalizando 64 minutos. A quantidade de amostra injetada foi de 1 µL. Os ácidos graxos foram identificados pela comparação dos tempos de retenção com padrões Sigma Supelco, e quantificados por normalização de áreas, por meio do software Varian Star 4.51.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ovos provenientes de codornas alimentadas com dietas controle e contendo a fração sólida de silagem de resíduos de pescado, nos níveis de 3,3, 6,6 e 9,9% foram avaliados ao longo do período de armazenamento (10, 20 e 30 dias) e logo após a postura (1 dia) (Tabelas 2, 3, 4 e 5), os quais apresentaram cinco principais ácidos graxos: ácido oléico (C18:1n9), palmítico

(C16:0), linoléico (C18:2n6), esteárico (C18:0) e palmitoléico

(C16:1n7), concordando com os poucos dados de literatura.

SIMOPOULOS (2000), CLOSA et al. (1999) e GUARDIOLA et al. (1994) também relataram esses ácidos graxos como sendo os de maior relevância, em quantidades decrescentes, quando ovos de galinhas e de codornas foram analisados.

Alguns ácidos graxos não foram detectados em todos os períodos da análise, isso pode ter ocorrido porque a quantidade presente era muito pequena e não puderam ser detectados nas condições da análise; como exemplo tem-se o ácido mirístico (C14:0), o qual não aparece nos primeiros dias e sim aos 20 e

30 dias nos ovos provenientes das dietas controle (Tabela 2) e contendo 3,3% (Tabela 3) e 6,6% (Tabela 4). A exceção ocorreu para os ovos provenientes das aves alimentadas com dietas contendo 9,9% da fração sólida de silagem, cujo ácido foi detectado em todas as datas de análises (Tabela 5). Nas amostras com dieta controle (Tabela 2) não foi observada a presença dos ácidos graxos EPA (C20:5) e DHA (C22:6n3), pois nessa dieta não

havia a suplementação de silagem.

Diferente do constatado por EDER et al. (1998) e GEBERT et al. (1998), a redução no nível de ácidos graxos saturados não foi verificada nas gemas de ovos de codornas alimentadas com a fração sólida de silagem de pescado. No entanto, foi observado o acréscimo no porcentual de ácidos graxos poliinsaturados, em razão do repasse de EPA e DHA das dietas para os ovos produzidos (Tabelas 3, 4 e 5), corroborando com as observações reportadas por AHN et al. (1995).

TABELA 2. Ácidos graxos (g/100 g) presentes nos ovos

provenientes de codornas alimentadas com a dieta controle e analisados com 1 dia de postura e aos 10, 20 e 30 dias de armazenamento.

Ácidos graxos 1 dia 10 dias 20 dias 30 dias C 14:0 Nd Nd 0,14 ±0,01 0,12 ±0,01 C 16:0 9,24 ±0,63 7,45 ±0,20 7,98 ±0,22 7,40 ±0,02 C 16:1n7 1,92 ±0,22 1,41 ±0,13 1,39 ±0,08 1,08 ±0,02 C 18:0 2,60 ±0,14 2,90 ±0,11 3,04 ±0,01 2,91 ±0,04 C 18:1n9 13,22 ±0,71 13,20 ±0,20 13,51 ±0,13 12,21 ±0,14 C 18:2n6 3,31 ±0,12 3,82 ±0,02 3,95 ±0,01 2,92 ±0,02 C 18:3 Nd Nd 0,10 ±0,03 Nd C 20:4n6 0,50 ±0,05 0,63 ±0,04 0,62 ±0,03 0,48 ±0,01 C 20:5 Nd Nd Nd Nd C 22:6n3 Nd Nd Nd Nd Saturados 11,84 10,35 11,16 10,43 Monoinsaturados 15,14 14,61 14,90 13,29 Poliinsaturados 3,81 4,45 4,67 3,40

Médias de duas determinações extraídas em duplicata. Nd = não detectado

TABELA 3. Ácidos graxos (g/100 g) presentes nos ovos

provenientes de codornas alimentadas com a dieta contendo 3,3% da fração sólida da silagem de resíduos de pescado e analisados com 1 dia de postura e aos 10, 20 e 30 dias de armazenamento.

Ácidos graxos 1 dia 10 dias 20 dias 30 dias C 14:0 Nd Nd 0,13 ±0,04 0,14 ±0,01 C 16:0 8,64 ±0,10 8,13 ±0,76 8,00 ±0,27 8,08 ±0,05 C 16:1n7 1,70 ±0,02 1,52 ±0,19 1,61 ±0,01 1,43 ±0,01 C 18:0 2,94 ±0,02 2,73 ±0,14 2,98 ±0,02 2,76 ±0,01 C 18:1n9 13,73 ±0,15 12,19 ±0,30 13,18 ±0,04 13,06 ±0,16 C 18:2n6 3,42 ±0,16 2,67 ±0,07 3,25 ±0,01 2,53 ±0,02 C 18:3 Nd Nd 0,22 ±0,01 Nd C 20:4n6 0,58 ±0,05 0,59 ±0,05 0,60 ±0,02 0,52 ±0,01 C 20:5 0,12 ±0,04 0,22 ±0,04 0,24 ±0,06 Nd C 22:6n3 0,16 ±0,01 0,16 ±0,01 Nd Nd Saturados 11,58 10,86 11,11 10,98 Monoinsaturados 15,43 13,71 14,79 14,49 Poliinsaturados 4,28 3,64 4,31 3,05

Médias de duas determinações extraídas em duplicata. Nd = não detectado

Analisando as amostras de gema com 1 dia de postura (Tabela 6), em relação às quantidades repassadas dos ácidos de origem marinha, nota-se que estas não foram maiores nas amostras que continham 9,9% da fração sólida de silagem quando comparada com as que continham 6,6%. Já as amostras com 3,3% da fração sólida de silagem apresentaram quantidades menores que as outras duas.

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TABELA 4. Ácidos graxos (g/100 g) presentes nos ovos

provenientes de codornas alimentadas com a dieta contendo 6,6% da fração sólida da silagem de resíduos de pescado e analisados com 1 dia de postura e aos 10, 20 e 30 dias de armazenamento.

Ácidos graxos 1 dia 10 dias 20 dias 30 dias C 14:0 Nd Nd 0,14 ±0,01 Nd C 16:0 8,50 ±0,14 8,40 ±0,12 8,42 ±0,39 8,20 ±0,17 C 16:1n7 1,53 ±0,01 1,46 ±0,02 1,46 ±0,01 1,41 ±0,41 C 18:0 3,26 ±0,01 3,11 ±0,01 2,98 ±0,08 3,02 ±0,28 C 18:1n9 14,00 ±0,08 14,66 ±0,20 12,96 ±0,30 13,73 ±0,05 C 18:2n6 2,89 ±0,04 2,41 ±0,01 2,36 ±0,01 2,25 ±0,15 C 18:3 0,08 ±0,01 Nd 0,18 ±0,18 Nd C 20:4n6 0,54 ±0,03 0,50 ±0,04 0,46 ±0,04 0,40 ±0,07 C 20:5 0,26 ±0,08 0,66 ±0,12 0,26 ±0,07 Nd C 22:6n3 0,25 ±0,02 0,22 ±0,02 0,22 ±0,04 Nd Saturados 11,76 11,51 11,54 11,22 Monoinsaturados 15,53 16,12 14,42 15,14 Poliinsaturados 4,02 3,79 3,48 2,65

Médias de duas determinações extraídas em duplicata. Nd = não detectado

Nas amostras que apresentaram os ácidos graxos oriundos de pescados (Tabelas 3, 4 e 5), notou-se que, quanto maior o porcentual da fração sólida de silagem de resíduos de pescado presente nas dietas, maior foi a redução nas concentrações do ácido araquidônico (C20:4n6); o mesmo

comportamento foi observado por MARSHALL et al. (1994) e VAN ELSWYK et al. (1992), quando avaliaram ovos de aves alimentadas com óleo de peixe. MATTHEWS e VAN HOLDE (1990), apud GAO e CHARTER (2000), justificaram esta redução pela inibição da enzima desaturase pelo ácido linolênico e por seus metabólitos, acarretando o decréscimo na produção do ácido araquidônico e de seus metabólitos.

TABELA 5. Ácidos graxos (g/100 g) presentes nos ovos

provenientes de codornas alimentadas com a dieta contendo 9,9% da fração sólida da silagem de resíduos de pescado e analisados com 1 dia de postura e aos 10, 20 e 30 dias de armazenamento.

Ácidos graxos 1 dia 10 dias 20 dias 30 dias C 14:0 0,16 ±0,01 0,11 ±0,04 0,15 ±0,01 0,13 ±0,04 C 16:0 8,62 ±0,11 8,47 ±0,28 8,34 ±0,21 7,51 ±0,36 C 16:1n7 1,67 ±0,03 1,47 ±0,11 1,45 ±0,08 1,35 ±0,30 C 18:0 3,05 ±0,02 2,96 ±0,08 2,90 ±0,10 2,53 ±0,18 C 18:1n9 13,81 ±0,10 14,40 ±0,17 12,72 ±0,28 11,69 ±0,22 C 18:2n6 2,50 ±0,01 2,62 ±0,06 2,36 ±0,02 2,00 ±0,10 C 18:3 Nd Nd 0,26 ±0,16 Nd C 20:4n6 0,44 ±0,01 0,46 ±0,01 0,43 ±0,02 0,33 ±0,08 C 20:5 0,24 ±0,05 0,23 ±0,04 0,25 ±0,03 Nd C 22:6n3 0,28 ±0,03 Nd 0,28 ±0,04 Nd Saturados 11,83 11,54 11,39 10,17 Monoinsaturados 15,48 15,87 14,17 13,04 Poliinsaturados 3,46 3,31 3,58 2,33

Médias de duas determinações extraídas em duplicata. Nd = não detectado

TABELA 6. Ácidos graxos (g/100 g) presentes nos ovos

provenientes de codornas alimentadas com dieta controle e dietas contendo diferentes níveis da fração sólida de silagem de resíduos de pescado, logo após a postura.

Ácidos graxos Controle fração sólida3,3% da fração sólida6,6% da fração sólida9,9% da C 14:0 Nd Nd Nd 0,16 ±0,01 C 16:0 9,24 ±0,63 8,64 ±0,10 8,50 ±0,14 8,62 ±0,11 C 16:1n7 1,92 ±0,22 1,70 ±0,02 1,53 ±0,01 1,67 ±0,03 C 18:0 2,60 ±0,14 2,94 ±0,02 3,26 ±0,01 3,05 ±0,02 C 18:1n9 13,22 ±0,71 13,73 ±0,15 14,00 ±0,08 13,81 ±0,10 C 18:2n6 3,31 ±0,12 3,42 ±0,16 2,89 ±0,04 2,50 ±0,01 C 18:3 Nd Nd 0,08 ±0,01 Nd C 20:4n6 0,50 ±0,05 0,58 ±0,05 0,54 ±0,03 0,44 ±0,01 C 20:5 Nd 0,12 ±0,04 0,26 ±0,08 0,24 ±0,05 C 22:6n3 Nd 0,16 ±0,01 0,25 ±0,02 0,28 ±0,03 Saturados 11,84 11,58 11,76 11,83 Monoinsaturados 15,14 15,43 15,53 15,48 Poliinsaturados 3,81 4,28 4,02 3,46

Médias de duas determinações extraídas em duplicata. Nd = não detectado

Para as gemas obtidas de codornas alimentadas com dieta suplementada com a fração sólida de silagem química de resíduos de pescado em níveis de 6,6% e 9,9% (Tabela 6), foi constatada uma redução na concentração do ácido linoléico e manutenção nas concentrações dos ácidos mirístico, palmítico e oléico. Comportamento distinto foi descrito por MELUZZI et al. (2000), analisando ovos de galinhas alimentadas com dietas enriquecidas com ácidos graxos n-3.

Quando foram comparados os valores, referentes a cada ácido graxo, dos dias 10, 20 e 30 em relação ao primeiro dia de análise (Tabelas 2, 3, 4 e 5), foi observado que os ácidos graxos já existentes, nos ovos de codornas, foram estáveis e o mesmo comportamento ocorreu nas quatro diferentes dietas. As pequenas variações nas quantidades dos ácidos insaturados, principalmente os poliinsaturados, podem ser decorrentes de oxidações ocorridas, pois, quanto maior o número de duplas ligações presentes, maior é a suscetibilidade para tal, assim como comentam GALOBART et al. (2001) e MARSHALL et al. (1994).

De um modo geral, quando as quantidades de todos os ácidos são comparadas com os estudos realizados por CLOSA et al. (1999), que avaliaram ácidos graxos em ovos de codornas, verificaram-se que os níveis encontrados neste trabalho são superiores. Para os ácidos oléico, palmítico e linoléico, os autores relataram níveis de 5,01, 2,96 e 1,18 g/100 g, respectivamente, ao passo que as médias das quatro diferentes dietas foram: 13,69, 8,75 e 3,03 g/100 g, respectivamente. O mesmo acontece com os teores citados por SIMOPOULOS (2000), com exceção dos ácidos linoléico, linolênico e DHA, quando ovos de galinhas alimentadas com farinha de pescado foram avaliados.

O uso da fração sólida de silagem de resíduos de pescados mostrou-se eficaz no repasse de ácidos graxos EPA e DHA para ovos de codornas, resultando, assim, em uma alternativa viável para o enriquecimento deste alimento, além de proporcionar às indústrias de pescado uma solução para o grande problema que os resíduos podem acarretar.

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4. CONCLUSÕES

Nos ovos de codornas os ácidos graxos mais expressivos foram: oléico, palmítico, linoléico, esteárico e palmitoléico. Nos ovos provenientes de codornas alimentadas com dietas contendo diferentes concentrações da fração sólida de silagem ácida de resíduos de pescado houve a incorporação dos ácidos EPA e DHA, sem o decréscimo dos ácidos graxos saturados. Quanto maior o porcentual da fração sólida de silagem de resíduos de pescado presente na dieta, maior foi a redução observada nas concentrações do ácido araquidônico detectada nos ovos produzidos. Os ácidos graxos presentes nos ovos mantiveram-se estáveis durante os 30 dias de armazenamento.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FAPERGS, CNPq e Capes pelo suporte financeiro, às indústrias Torquato-Pontes Pescados e Albano Pescados pelo fornecimento dos resíduos, aos integrantes do laboratório de Experimentação Animal do Biotério Central da UFPel pela ajuda prestada e em especial à professora Dra. Eliana Badiale-Furlong pelos conhecimentos transmitidos.

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Referências

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