• Nenhum resultado encontrado

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS 26 de novembro a 01 de dezembro de 2017 Florianópolis- SC

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS 26 de novembro a 01 de dezembro de 2017 Florianópolis- SC"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

A BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO

URBANO

Francis Martins Miranda1 1; Anna Beatriz Ribeiro da Cruz Franco 2; Luciana Fernandes Guimarães 3; Marcelo Gomes Miguez 4; Paulo Canedo de Magalhães 5

Resumo – A diferença entre os limites político-administrativos e os limites físicos de bacias hidrográficas geram uma série de conflitos e dificuldades na consolidação de políticas de saneamento, recursos hídricos, uso e ocupação do solo, gestão de risco de inundações, entre outros. Neste contexto, o presente estudo discute aspectos da Gestão Integrada das Águas Urbanas e suscita discussões quanto a remodelação de limites de planejamento intermunicipais levando em consideração os limites físicos de bacias hidrográficas. O objetivo é compor uma área de atuação e interesse em comum para a resolução de diversos desafios inerentes ao planejamento urbano. Como estudo de caso, adotou-se a cidade do Rio de Janeiro e verificou-se potencial para o ajuste de suas atuais Áreas de Planejamento para suas Macrobacias de Drenagem.

Palavras-Chave –Bacias Hidrográficas, Gestão Integrada das Águas Urbanas, Planejamento Urbano.

THE WATERSHED AS URBAN PLANNING UNIT

Abstract – The difference between administrative-political limits and physical limits of

watersheds promotes a series of conflicted instruments and difficulties in the consolidation of policies in sanitation, water resources, land use, flood risk management, among others. In this context, the present study discusses Integrated Urban Water Management aspects and excites discussions about the redesign of intra-counties planning limits taking into account physical boundaries of watersheds, aiming to form common area of interest for solving a series of urban planning challenges. The city of Rio de Janeiro was adopted as case study and was verified a potential arrangement for adjust their actual Planning Areas to their Macro drainage watersheds.

Keywords – Watershed, Integrated Urban Water Management, Urban Planning

INTRODUÇÃO

Segundo relatório das Nações Unidas para Água (UNWater, 2013), existem pelo menos 276 bacias e 200 aquíferos transfronteiriços no mundo. Entre 1820 e 2007, 450 tratados sobre

1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, francismmiranda@gmail.com. 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro, annabfranco@poli.ufrj.br. 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, lucianafg@poli.ufrj.br. 4 Universidade Federal do Rio de Janeiro, marcelomiguez@poli.ufrj.br. 5 Universidade Federal do Rio de Janeiro, canedo@hidro.ufrj.br.

(2)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

águas internacionais foram firmados. Em escala nacional, a incompatibilidade entre os recortes administrativos e físicos exercem dificuldade na gestão compartilhada dos recursos hídricos com as diversas esferas públicas, órgãos de saneamento, atividades agrícolas, ocupações urbanas, dado que cada entidade tem suas atividades ligadas a uma fração da bacia hidrográfica (PORTO & PORTO, 2008).

Dado que os riscos relacionados à água representam 90% de todos os riscos naturais (FIELD et al., 2014) como inundações, secas, movimentos de massa e aumento do nível médio do mar, países da Europa, América do Norte e Oceania vem desenvolvendo abordagens mais sustentáveis no manejo de suas águas urbanas através de uma perspectiva de Gestão Integrada das Águas Urbanas (Integrated Urban Water Management – IUWM) (BAPTISTA & NASCIMENTO, 2008; VIESSMAN JR., 2011; MIGUEZ et al., 2015).

A importância da adoção da bacia hidrográfica como área de interesse para o planejamento vem sendo amplamente discutida desde que o desenvolvimento científico em áreas como hidrologia, geologia e outras ciências naturais emergiram durante o século XIX. Molle (2009) considera que tal avanço serve de embasamento para justificar o estabelecimento desses limites físicos como "ideais" para fins políticos e de gestão.

Um marco deste reconhecimento está descrito no manifesto urbanístico resultante do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna denominado “Carta de Atenas” de 1933 (LE CORBUSIER, . A carta relata que, já naquela época, raramente a unidade administrativa coincide com a unidade geográfica, tornando este recorte artificial um obstáculo à boa gestão do conjunto. Destaca, ainda, o reconhecimento das linhas de divisões de água como importante característica geográfica para o enfrentamento de problemas urbanísticos.

Nesse contexto, o presente estudo discute a compatibilização de limites administrativos com os limites físicos de bacias hidrográficas para a cidade do Rio de Janeiro, baseando-se em princípios da Gestão Integrada das Águas Urbanas.

Gestão Integrada das Águas Urbanas

A Gestão Integrada das Águas Urbanas é um modo de planejamento estratégico entre os diversos sistemas considerando a bacia hidrográfica como unidade de atuação. Tem como objetivo integrar a garantia do acesso à água e serviços de esgotamento sanitário; manejo das águas pluviais, de reuso e drenagem; controle da poluição por runoff, epidemias e doenças de veiculação hídrica; redução do risco relacionado a água, incluindo inundações, secas e movimentos de massa; além de prevenir a degradação dos recursos naturais (BAHRI, 2012). De uma maneira geral, o conceito busca considerar a água em todos os possíveis sistemas nos quais desempenha papel relevante e, principalmente, considerar a relação causa-efeito de forma transversal entre os sistemas.

(3)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

Viessman Jr. (2011) considera que a aplicação do conceito envolve a coordenação entre gestão do uso do solo e recursos hídricos, promoção de fóruns de debate, redesenho dos modelos de planejamento, estabelecimento de conexões entre água de abastecimento e qualidade da água, estabelecimento de protocolos para a gestão integrada, enfrentamento dos desafios institucionais, proteção e restauração dos sistemas naturais, reavaliação de projetos existentes, inserção da perspectiva da sociedade civil, gestão do risco, educação e comunicação unindo tecnologia e políticas públicas, incentivo a parcerias e priorização de medidas preventivas.

ÁREA DE ESTUDO: CIDADE DO RIO DE JANEIRO

A ocupação urbana no município do Rio de Janeiro, atualmente com cerca de 6,5 milhões de habitantes, ganhou força a partir do início do século XIX, inicialmente sobre as planícies fluvio-marinhas e, posteriormente, avançando em direção às encostas e fundos de vale dos compartimentos montanhosos, sendo estes os Maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó-Mendanha (AVELAR et al., 2011). Em função de suas características fisiográficas, a cidade conta com 3 exutórios principais, e mais de 40 bacias hidrográficas, conforme apresentado na Figura 1.

(4)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

Em função de fatores socioeconômicos e da relativa homogeneidade da ocupação, o Plano Diretor Municipal (PDM) de 1992 agrupou os bairros da cidade em 34 Regiões Administrativas (RAs), que por sua vez são agrupados em 5 Áreas de Planejamento (APs), conforme ilustrado na Figura 2 (RIO DE JANEIRO, 1992). As APs possuem Gerências de Planejamento Local (GPL) que tem como atribuição desenvolver estudos urbanísticos, propor e articular soluções para os bairros que as constitui.

Figura 2 - Áreas de Planejamento (APs) e Regiões Administrativas (RAs) do município do Rio de Janeiro. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do IPP, 2016.

Em seus Art. 31 e 32, o PDM de 2011 da cidade do Rio de Janeiro aborda a divisão do município em Macrozonas de Ocupação (Figura 3), a partir da avaliação de fatores espaciais, culturais, econômicos, sociais, ambientais e de infraestrutura urbana, com o objetivo de estabelecer a referência territorial básica para orientar o controle das densidades (RIO DE JANEIRO, 2011). O Plano de Estruturação Urbana (PEU) é o instrumento que estabelece as diretrizes para o desenvolvimento local e, segundo as quais, atualiza e aprimora a legislação urbanística de um bairro ou um conjunto de bairros. Desta forma, condições de uso do solo, gabaritos e taxas de aproveitamento de terreno são estabelecidos. As macrozonas de urbanização estão descritas a seguir:

I - Macrozona de Ocupação Controlada, onde o adensamento populacional e a intensidade construtiva serão limitados, a renovação urbana se dará preferencialmente pela reconstrução ou pela reconversão de edificações existentes e o crescimento das atividades de comércio e serviços em locais onde a infraestrutura seja suficiente, respeitadas as áreas predominantemente residenciais;

(5)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

II - Macrozona de Ocupação Incentivada, onde o adensamento populacional, a intensidade construtiva e o incremento das atividades econômicas e equipamentos de grande porte serão estimulados, preferencialmente nas áreas com maior disponibilidade ou potencial de implantação de infraestrutura;

III - Macrozona de Ocupação Condicionada, onde o adensamento populacional, a intensidade construtiva e a instalação das atividades econômicas serão restringidos de acordo com a capacidade das redes de infraestrutura e subordinados à proteção ambiental e paisagística, podendo ser progressivamente ampliados com o aporte de recursos privados;

IV - Macrozona de Ocupação Assistida, onde o adensamento populacional, o incremento das atividades econômicas e a instalação de complexos econômicos deverão ser acompanhados por investimentos públicos em infraestrutura e por medidas de proteção ao meio ambiente e à atividade agrícola.

Figura 3 – Macrozonas de Urbanização e Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Instituto Pereira Passos, 2016.

Carneiro (2008) trata da integração do planejamento do uso do solo à gestão dos recursos hídricos com enfoque no controle de inundações e diz que “o planejamento integrado das políticas públicas não deve ignorar a necessidade da delimitação do perímetro efetivamente urbano na bacia”, o que significa que somente as áreas dotadas de infraestrutura deveriam ser objeto de políticas de adensamento e expansão urbana pelos planos diretores.

(6)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

A Figura 4 apresenta os limites entre as macrobacias de drenagem e macrozonas de urbanização para a cidade. É possível observar a falta de consideração das bacias hidrográficas no estabelecimento das macrozonas de urbanização.

Figura 4 – Macrobacias de Drenagem e Macrozonas de Urbanização da cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Instituto Pereira Passos, 2016.

PROPOSTA DE COMPATIBILIZAÇÃO

Analisando-se as Figura 1 e Figura 2, é possível observar que os limites entre as Áreas de Planejamento e as macrobacias de drenagem da cidade são muito próximos. Partindo desta premissa, o presente estudo introduz uma discussão sobre a remodelação dos limites político-administrativos para Novas Áreas de Planejamento (NAP), Erro! Fonte de referência não encontrada.cujo recorte considera os limites das macrobacias da cidade do Rio de Janeiro.

Nessa proposta, as atuais 5 Áreas de Planejamento seriam remodeladas a partir das 4 macrobacias da cidade, considerando alguns ajustes. Dada a importância da bacia do Canal do Mangue para o contexto metropolitano, divide-se a macrobacia da Baía de Guanabara entre as NAP-1 e 3, sendo que a NAP-1 engloba as Bacias do Canal do Mangue, Centro, Carioca e Botafogo. Já a NAP-2 compreende a Bacia da Zona Sul, com exutório para o Oceano Atlântico. A NAP-4 tem mudanças sutis em seus limites, uma vez que os limites atuais praticamente determinam a Macrobacia de Jacarepaguá, enquanto a NAP-5 tem pouco mais de 20% de seu território atual transferido para a NAP-3, e passa a abranger apenas as sub bacias que tem a Baía de Sepetiba como exutório. A Figura 5 apresenta o recorte das NAPs.

(7)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

Figura 5 - Proposta para a nova divisão das Áreas de Planejamento da cidade do Rio de Janeiro, sob a perspectiva da gestão integrada das águas urbanas.

CONCLUSÃO

A cidade do Rio de Janeiro apresenta um cenário favorável para a compatibilização de áreas de planejamento administrativas, definidas pela prefeitura local, com os limites físicos de suas macrobacias ou até mesmo sub-bacias hidrográficas, em caso de uma análise mais detalhada.

Apesar de dispor de critérios mais refinados para a ocupação das áreas de interesse dentro das macrozonas de ocupação, a definição de critérios para ocupação do solo precisa estar apoiada no contexto da bacia na qual a área de interesse está definida, uma vez que os impactos da substituição da cobertura vegetal e/ou impermeabilização tendem a transferir impactos na escala da bacia hidrográfica como um todo.

Cabe ressaltar que a consideração de bacias como limites administrativos tem maior potencial de sucesso em bacias rurais ou em processo de urbanização. Bacias urbanizadas contam com uma série de redes complexas já instaladas, o que introduziria um maior nível de complexidade à discussão.

(8)

XXII SÍMPOSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS

26 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Florianópolis- SC

AVELAR, A.S., COELHO NETO, A.L., D'ORSI, R.N. (2011). Monitoramento dos problemas de encosta na cidade do rio de janeiro frente às mudanças climáticas em curso e futuras". INPE, NEPO/UNICAMP.

BAPTISTA, M.; NASCIMENTO, N. (2008). Técnicas Compensatórias em Drenagem Urbana, ABRH, Porto Alegre, Brasil.

BAHRI, A. (2012). Integrated urban water management. GWP Tec background papers. Global Water Partnership, Stockholm.

CARNEIRO, P.R.F. (2008) Controle de Inundações em Bacias Metropolitanas, Considerando a Integração do Planejamento do Uso do Solo à Gestão dos Recursos Hídricos. Estudo de Caso: Bacia dos Rios Iguaçu/Sarapuí na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

CORBUSIER, L., & GIRAUDOUX, J. (1993). A carta de Atenas. São Paulo: HUCITEC: EDUSP, 1993

FIELD, C.B., BARROS, V.R., DOKKEN, D.J., MACH, K.J., MASTRANDREA, M.D., BILIR, T. E., GIRMA, B. (2014). Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Part A: Global and Sectoral Aspects. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change.

MIGUEZ, M.G., VERÓL, A.P., DE SOUSA, M.M., REZENDE, O.M. (2015). Urban Floods in Lowlands—Levee Systems, Unplanned Urban Growth and River Restoration Alternative: A Case Study in Brazil". Sustainability, v.7, p. 11068-11097.

MOLLE, F. (2009). River-basin planning and management: The social life of a concept". Geoforum, v. 40, n. 3, p. 484-494.

PORTO, M.F., PORTO, R.L. L. (2008). Gestão de bacias hidrográficas. Estudos avançados, v. 22, n. 63, p.43-60.

RIO DE JANEIRO (1992). Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro. Lei Complementar Nº16

RIO DE JANEIRO (2011). Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável da Cidade do Rio de Janeiro. Lei Complementar Nº111.

UNWater, (2013) Transboundary Waters Factsheet. The United Nations Inter-Agency Mechanism on All Freshwater Related Issues, Including Sanitation.

VIESSMAN Jr, W. (2011) Integrated water management. Journal of Contemporary Water Research and Education 106.1 (2011): 2.

Referências

Documentos relacionados

Visando a compreender como essa nova classe média se constitui como discurso em diferentes produções, identificamos temas ligados ao consumo e, em menor grau, à escolaridade.. Antes

Seguindo esta linha, este estudo tem por objetivo aplicar a metodologia geoestatística para mapear a dispersão de três parâmetros físico-químicos importantes de qualidade da água

Figura3: Contribuição dos táxons mais abundantes para densidade fitoplanctônica total encontrados nos três períodos de coleta (nov/12, fev/13, e out/13) no reservatório de

Além disso, com base nos mapeamentos das regiões homogêneas ficou evidenciado que a região RHC1 foi a que abrangeu a maior parte do Cariri Paraibano na escala

A ausência da boa-fé objetiva e de seus deveres anexos ficou evidente no caso da despedida coletiva promovida pela Embraer, quando faltaram a informação e a tentativa

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Processo: PROCESSO SELETIVO PARA INGRESSO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UNIVASF 2020 Curso: ENGENHARIA AGRONÔMICA - CAMPUS CIÊNCIAS AGRÁRIAS - Bacharelado - Integral (116926) Modalidade:

A precipitação acumulada dos 5 dias posteriores, apesar de altas, de mais de 100mm em duas estações, são menores em relação ao acumulado dos 5 dias anteriores, evidenciando