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O jornalismo frente à censura e à liberdade de expressão: discurso e história 1

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O jornalismo frente à censura e à liberdade de expressão:

discurso e história

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CABRAL, Nara Lya Simões Caetano (Mestranda)2 Universidade de São Paulo (USP), SP

Resumo: O artigo discute o posicionamento do jornalismo frente à censura e à liberdade de expressão no

Brasil em momentos democráticos, com ênfase nos dias de hoje. Nesse percurso, apresentamos resultados de uma investigação conduzida junto ao jornal Folha de S. Paulo, com base no levantamento de matérias jornalísticas publicadas, entre 2007 e 2011, no referido periódico. Em nossas reflexões, tomamos como referencial teórico-metodológico as proposições de Michel Foucault sobre a análise arqueológica do discurso, buscando entender como se configuram os discursos circulantes acerca da censura presentes na sociedade que emergem nas páginas da imprensa. Coloca-se, pois, um objetivo correlato deste trabalho: refletir sobre a arqueologia dos discursos como proposta analítica de interesse para pesquisas em jornalismo, possibilitando rastrear enunciados e discursos em circulação na sociedade em determinado momento histórico e, ao mesmo tempo, identificar os posicionamentos assumido pela imprensa nessa malha discursiva. Com base nas análises propostas, apontamos que vivemos hoje uma mudança em termos de práticas discursivas sustentada por uma rearticulação dos saberes sobre a censura, a liberdade de expressão, a democracia e, por extensão, o próprio papel do jornalismo nesse debate.

Palavras-chave: Jornalismo; Censura; Liberdade de expressão; Discurso; História.

Introdução

A liberdade de expressão, enquanto princípio democrático, constitui um dos pressupostos de ação da imprensa, sua “bandeira” maior. O próprio nascimento do jornalismo está atrelado ao surgimento da democracia moderna, do capitalismo, dos ideais de cidadania, de igualdade jurídica, de liberdade. Ele aparece, no século XVIII, com a função de defensor e porta-voz da mentalidade que ascendeu com a derrocada do Antigo Regime e com a queda do Absolutismo (BUCCI, 2000, p.10).

Na verdade, o princípio da liberdade já estava presente no nascimento da esfera pública. O debate racional e livre, a ruptura com o Estado, o propósito de crítica – todos

1 Trabalho apresentado no GT de História do Jornalismo, integrante do 9º Encontro Nacional de História da Mídia, 2013.

2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sob orientação da Prof.ª Dr.ª Mayra Rodrigues Gomes, e bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela mesma instituição. Atualmente, possui bolsa de mestrado do CNPq. Integrante do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (Obcom) da USP. E-mail: nara.cabral@usp.br.

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esses elementos evidenciam a busca de independência no espaço público. Da mesma forma, a gênese da imprensa está ligada ao advento da modernidade, vinculando-se a conquistas como o surgimento do Estado de direito, da democracia e do estabelecimento dos direitos civis. A liberdade de expressão, assim como o jornalismo, emerge no bojo dessas transformações – de dimensões políticas, sociais, econômicas, filosóficas.

É possível observar, nesse sentido, que os valores da democracia e da liberdade de expressão cruzam-se com a consolidação do papel da imprensa na sociedade democrática. Nesse sentido, tendo em vista a ideia de que, na democracia, o poder emana do povo e é exercido em seu nome, Eugênio Bucci afirma que “sem o livre fluxo de informações e opiniões, o regime democrático não funciona, a roda não gira. A delegação do poder e o exercício do poder delegado dependem do compartilhamento dos temas de interesse público entre os cidadãos” (BUCCI, 2009, p. 113).

A ação da censura, portanto, incide sobre pressupostos de ação do jornalismo, procurando conter o fluxo de informações na esfera pública. Em tal conjuntura, torna-se relevante indagar sobre o posicionamento assumido pelo jornalismo, no Brasil, frente à censura e à liberdade de expressão.

São célebres os casos de jornais e jornalistas que resistiram à censura no Brasil (ou, de algum modo, buscaram denunciá-la), sobretudo durante a ditadura militar (1964-1985). É este o caso, por exemplo, da postura do jornal O Estado de S. Paulo em publicar poemas de Camões em lugar dos conteúdos censurados. De modo similar, o

Jornal da Tarde veiculava receitas culinárias para evidenciar que algo havia sido vetado

e a revista Veja estampava ilustrações de demônios quando algo havia sido censurado. Como outras, essas histórias de resistência e denúncia frequentemente vêm à tona quando falamos sobre a prática censória no período militar e, entendidas como feitos heróicos, colaboram na construção de uma identidade do próprio jornalista. Segundo Maurício Maia de Souza, que cita os casos de O Estado de S. Paulo e do

Última Hora, a memória da ditadura entre os profissionais de imprensa está relacionada

à elaboração de um “discurso construído de resistência” (SOUZA, 1999, p. 14).

É fato que houve casos de resistência à censura. Durante a ditadura, houve o surgimento de uma imprensa alternativa ou “nanica”, com veículos que se opuseram ferrenhamente ao governo. No entanto, não se pode dizer que a reação dos jornais frente à censura tenha sido homogênea – seja na ditadura militar, seja em outros momentos da história brasileira. Houve, inclusive, casos de franca cooperação com o poder e a censura – a exemplo da Folha da Tarde durante o regime militar (KUSHNIR, 2004).

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É preciso, pois, problematizar a relação entre imprensa e ação censória, tendo em mente que, na história brasileira, a postura dos jornalistas frente à censura não constitui um posicionamento uno ao longo da história e que eles, tampouco, combateram em bloco essa prática. É isto que propomos neste artigo: investigar como o jornalismo se posiciona frente à censura e a liberdade de expressão no Brasil em momentos democráticos, com ênfase nos dias de hoje.

Mesmo com o fim da ditadura militar, ainda que sob novas roupagens, a censura sobrevive, como forma de permanência das arbitrariedades do poder. Para guiar nossas reflexões, tomamos como referencial teórico-metodológico as proposições de Michel Foucault (2008) sobre a análise arqueológica do discurso, buscando entender como se configuram os discursos circulantes sobre a censura que estão presentes na sociedade e emergem nas páginas da imprensa.

Aqui se coloca um objetivo correlato deste trabalho: refletir sobre a arqueologia dos discursos como proposta analítica de interesse para pesquisas em jornalismo, como forma de rastrear enunciados e discursos em circulação na sociedade em determinado momento histórico e, ao mesmo tempo, identificar os posicionamentos assumido pela imprensa nessa malha discursiva. Será a essas questões que nos ateremos a seguir.

Jornalismo e arqueologia dos discursos

Em uma arqueologia dos discursos, as matérias jornalísticas devem ser tomadas como acontecimentos discursivos, em sua irrupção histórica. Elas constituem vestígios materiais, que – como na investigação do arqueólogo, que busca entender as culturas e os modos de vida de civilizações passadas – servem de base à análise e à escavação de plataformas culturais, saberes e condições sócio-históricas que possibilitam a emergência de determinados enunciados e discursos (e não outros) sobre a censura.

Vale lembrar que a imprensa configura-se como meio em que muitas informações podem ser obtidas sobre contexto e acontecimentos sociais, tanto no passado quanto no presente. Para as pesquisas em jornalismo, a análise arqueológica representa ferramenta importante tanto para a recuperação de discursos em circulação em determinado momento histórico, no sentido de rastrear valores e saberes assentados sobre diferentes temáticas, quanto para a compreensão dos posicionamentos assumidos pelos veículos de imprensa, por meio de sua conexão com certos enunciados.

Nesse sentido, a análise arqueológica permite-nos compreender a assunção de posicionamentos pela imprensa levando em conta sempre a historicidade. Trata-se de

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compreender e situar historicamente os enunciados e discursos que circulam na sociedade. Por isso, a análise arqueológica não se debruça sobre as frases atômicas, consideradas em sua lógica interna, mas sim sobre o “campo de exercício da função enunciativa”: suas regras de controle, suas condições de emergência, as relações estabelecidas com os sujeitos, com a história e com a própria materialidade do enunciado (GREGOLIN, 2006, p. 90).

Ao longo de sua trajetória intelectual, Michel Foucault procurou produzir uma história dos modos de subjetivação do homem na cultura, deparando-se, a todo momento, com as questões do poder e da produção dos saberes. Nesse percurso, o autor destina especial atenção ao sujeito – seja como objeto de saber, como objeto de poder ou como construção identitária:

[...] Tenho procurado estudar – é esse meu trabalho em curso – a maneira como um ser humano se transforma em sujeito; tenho orientado minhas pesquisas na direção da sexualidade, por exemplo – a maneira como o ser humano tem aprendido a reconhecer-se como sujeito de uma “reconhecer-sexualidade”. Não é, portanto, o poder, mas o sujeito, que constitui o tema geral das minhas investigações (FOUCAULT, 1982 apud GREGOLIN, 2006, p. 58).

Para Foucault, o sujeito é uma construção fabricada historicamente pelas práticas discursivas e é no entrecruzamento entre discurso, sociedade e história que se dão as mudanças nos saberes e sua consequente articulação com os poderes. A história da subjetivação dos homens na cultura é constituída pelo próprio discurso. Portanto, a relação entre linguagem, história e sociedade está na base do pensamento de Foucault.

Ele nunca se vinculou à Análise do Discurso enquanto disciplina. Apesar disso, em suas análises, procurou mostrar que há, nos discursos, “regras de formação dos objetos (que não são regras de utilização das palavras), regras de formação dos conceitos (que não são leis de sintaxe), regras de formação das teorias (que não são de dedução ou regras teóricas)” (FOUCAULT, 1969 apud GREGOLIN, 2006, p. 76).

É assim que, na arqueologia, a análise de enunciados e formações discursivas pretende compreender os princípios segundo os quais os conjuntos significantes efetivamente formulados puderam emergir (FOUCAULT, 2008, p. 135). Para Foucault, é preciso deixar de lado categorias que mantêm a ideia de continuidade. Ele quer “deixar falar” somente o discurso, “ficar no nível das coisas ditas”, de modo a definir “os próprios discursos, enquanto práticas que obedecem a regras” (FOUCAULT, 1986, p. 182 apud GREGOLIN, 2006, p. 86).

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discursivos” – isto é, o as sequências efetivamente formuladas –, investigando as condições histórico-sociais que tornaram possível sua emergência. Os acontecimentos discursivos devem ser tomados como uma “população de acontecimentos dispersos”, de modo que se possam explicar as novas configurações do saber (GREGOLIN, 2006, p. 87). O enunciado deve ser compreendido em sua singularidade (irrupção histórica) e, também, em função de suas articulações com outros enunciados.

É que os enunciados estão sempre em correlação; todo enunciado “tem margens povoadas de outros enunciados” (FOUCAULT, 1986, p. 112 apud GREGOLIN, 2006, p. 93). Isso fica muito claro no caso do jornalismo, haja vista sua proximidade temporal com os acontecimentos narrados e o fato de que as matérias jornalísticas sempre respondem, reiteram ou corrigem umas às outras, incorporam falas de sujeitos e instituições, fazem referência a textos que se situam para além do espaço do jornal.

Dessa forma, todo enunciado, para fazer sentido, correlaciona-se sempre a um “campo subjacente” ou “campo associativo”, travando relações com formulações que com ele coexistem em um mesmo espaço historicamente delimitado. Devemos observar, pois, que o enunciado se constitui, simultaneamente, como singularidade e repetição, e sua análise deve levar em conta a dispersão e a regularidade dos sentidos produzidos:

Sempre que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistemas de dispersão e se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições, funcionamentos, transformações) entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, teremos uma formação discursiva (FOUCAULT, 1986 apud GREGOLIN, 2006, p. 90).

Uma formação discursiva, enquanto conjunto de enunciados, incide sobre campos específicos estabelecendo regulações. As formações discursivas se caracterizam pela demarcação de campos do saber, demarcação de planos ideológicos, pela demarcação de planos históricos ou epistemológicos (GOMES; CABRAL, 2011).

A formação discursiva, de grande extensão e alcance, desenvolve-se e abraça longos períodos históricos, sendo de difícil transformação. Em geral, uma mudança de formação discursiva está associada a profundas rupturas no saber, nas plataformas epistemológicas, como aquelas relacionadas aos grandes paradigmas de uma época.

Nesse sentido, a aplicação da análise arqueológica a matérias jornalísticas dificilmente leva à identificação, pelo menos de forma direta, das formações discursivas. O que vê mais facilmente, emergindo nos textos, são discursos circulantes, a partir dos quais se pode investigar a quais formações discursivas estão filiados.

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conceitos da arqueologia de saber, tal como pensada na obra de Foucault, em uma análise discursiva com foco em textos de jornal. Em suas análises, o filósofo desenvolveu abordagens arqueológicas de grandes sistemas de pensamento – como as ciências humanas, a loucura, a medicina, investigando os saberes que embasam a cultura ocidental (GREGOLIN, 2006, p. 55).

Levando em conta os discursos circulantes, por outro lado, favorece-se a identificação de plataformas culturais e da assunção de posicionamentos mesmo em períodos de tempo mais curtos e sobre assuntos os mais diversos.

É que os discursos circulantes, sempre em mutação, conforme as verdades de um tempo e lugar, são aquilo de que se alimentam as conversações, assim como as mídias, uma vez que dão o tom do que nos interessa, o tom do modo de falar sobre esses interesses e a tonalidade de nossas visões de mundo (GOMES; CABRAL, 2011).

Na proposição de Patrick Charaudeau, “o discurso circulante é uma soma empírica de enunciados com visada definicional sobre o que são os seres, as ações, os acontecimentos, suas características, seus comportamentos e os julgamentos a eles ligados” (CHARAUDEAU, 2006, p. 118).

Sendo o discurso um conjunto de enunciados, e sendo os enunciados “performances verbais em função enunciativa”, o conceito foucaultiano de discurso pressupõe a ideia de “prática”. É que os discursos, para existirem como tal, encarnam-se na materialidade do mundo, sendo sustentados por uma série de dinâmicas de exercício da palavra que emergem dos jogos sociais, sempre historicamente situados.

Em nosso caso, o jornalismo remete, como espécie de “testemunha” ou registro de seu tempo, a todas essas práticas que determinam “o que se diz” e “quem deve (ou pode) dizer”, ao mesmo tempo em que se apresenta como “acontecimento” discursivo, isto é, forma de materialização ou objetivação dos discursos.

Logo, para a arqueologia, é fundamental estudar as “práticas discursivas”, isto é, “um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou linguística as condições de exercício da função enunciativa” (FOUCAULT, 1986, p. 136 apud GREGOLIN, 2006, p. 95).

Trajetória de pesquisas

Para compreender melhor como o jornalismo se posiciona hoje diante das discussões sobre censura e liberdade de expressão, é necessário refletir sobre a trajetória

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da imprensa frente às referidas temáticas em outros momentos democráticos de nossa história. O foco em períodos de democracia justifica-se porque, além de possibilitar o estabelecimento de comparações entre momentos semelhantes, permite que se verifiquem as posições do jornalismo e os discursos que atravessam os jornais sem a intervenção direta e muitas vezes prévia dos órgãos de censura que, em períodos ditatoriais, como o regime militar (1964-1985) e sobretudo após 1968, interferem no fluxo de informações entre a imprensa e a esfera pública.

Com isso em vista, retomamos aqui as principais constatações de estudos que desenvolvemos, em anos anteriores, a partir do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Esse arquivo abarca 6.137 processos de censura prévia a peças teatrais encaminhadas ao Serviço de Censura do Departamento de Diversões Públicas do estado de São Paulo, de 1927 a 1968.

Nessa etapa, a pesquisa junto à imprensa foi desenvolvida a fim de localizar referências a peças de dramaturgos proeminentes e à censura a essas obras. Como foco de atenção, optamos pelos autores Max Nunes, Abílio Pereira de Almeida, Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Esses quatro nomes são representativos da história contida nos prontuários de censura do Arquivo Miroel Silveira e, por extensão, da produção teatral paulista, sobretudo a partir de meados do século XX, período em que se concentra a atuação dos autores de nossa seleção.

Para levantar menções à censura, fizemos um novo recorte: como ponto de partida para o levantamento, consideramos somente as peças dos dramaturgos em foco que fazem parte do Arquivo Miroel Silveira e cujas apresentações sofreram censura mais severa, com cortes de palavras e trechos ou veto integral do texto. As obras selecionadas cobrem os anos de 1946 a 1968 e, sobre esse período, é interessante observar que, diferentemente da imprensa, que não estava sob censura prévia, o teatro e as diversões públicas eram submetidos a rigorosos procedimentos censórios3.

A partir desse conjunto de obras, o rastreamento concentrou-se na imprensa tradicional, representada por grandes veículos de imprensa de São Paulo (O Estado de

3

Apesar do caráter democrático da maior parte do período em questão, havia um rígido aparato censório voltado ao teatro na época. A censura prévia teatral não apenas continuava a ser exercida, herança do Estado Novo de Getúlio Vargas, como foi intensificada: justamente no momento em que o teatro se firmava, desenvolvendo-se “como arte e manifestação consciente de expressão dos anseios sociais”, é que a fiscalização endureceu (COSTA, 2006, p. 141). Já a censura à imprensa, em seu exercício sistemático, entrou em declínio a partir de 1945 (MATTOS, 2005, p. 109), sendo retomada somente após a implementação do Ato Institucional n.º 5, a partir de 1968.

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S. Paulo e Folha da Manhã, que, somente em 1960, foi fundida aos demais jornais do

Grupo Folha da Manhã e passou a circular como Folha de S. Paulo). O levantamento, que teve como foco as editorias destinadas à cobertura de cultura, artes e espetáculos das publicações, concentrou-se em cobrir o período próximo à estréia de cada peça4.

A pesquisa resultou em dados significativos. Em primeiro lugar, verificamos que os autores teatrais em foco eram frequentemente mencionados pelos jornais da época: das dezenove peças teatrais de Max Nunes que foram consideradas, 78,4% foram citadas em pelo menos uma das duas publicações; no caso de Abílio Pereira de Almeida, das onze obras em foco, 81,8% foram noticiadas; e, de doze peças de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, 66,7% receberam menções na imprensa.

Ao mesmo tempo, porém, pudemos constatar que o exercício da censura sobre as diversões públicas não era objeto de interesse dos jornais na imensa maioria dos casos. De todos os espetáculos considerados na pesquisa, a única exceção foi a peça A

Semente, de Gianfrancesco Guarnieri, inicialmente proibida em 1961: sobre este

episódio, encontramos quatro textos veiculados n’O Estado de S. Paulo e uma matéria da Folha de S. Paulo que citam a ação censória.

Talvez pelo maior rigor da censura nesse caso, que resultou em impugnação da peça, talvez pela notoriedade de seu autor, A Semente constitui uma exceção ao silêncio que, entre 1946 e 1968, predominava na imprensa sobre a censura ao teatro. Perguntamo-nos, então: como seria possível a imprensa não denunciar a censura às peças teatrais, tão rigorosa naquela época? E como isto poderia se dar mesmo em um período predominantemente democrático, em que os jornais não se encontravam sob censura prévia?

Só pudemos encontrar respostas para essas questões tendo em vista uma concepção da censura corrente na época: é que, tendo sempre existido no Brasil5, a censura constituía mecanismo de regulação da ordem social e, fora de períodos de exceção, era concebida como algo natural. É este o caso do intervalo de tempo em foco em nossos estudos, período majoritariamente democrático. Mesmo os anos transcorridos

4 Na pesquisa, abarcamos as sete edições anteriores e as sete posteriores à data em que as apresentações

teatrais estreariam, além do próprio dia da estreia (totalizando quinze edições para cada encenação).

5 As raízes da tradição censória no Brasil remontam aos primórdios da colonização por Portugal. De fato,

o veto à palavra e o controle da produção simbólica aqui aportaram muito antes do estabelecimento de uma imprensa nacional e incidiram, desde o princípio, sobre a produção cultural (COSTA, 2006). Esse “legado da colonização” (MATTOS, 2005, p. 99) tem raízes na transplantação, para terras brasileiras, de mecanismos de cerceamento presentes em Portugal, com destaque para o papel da Igreja Católica.

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durante o regime militar antecedem o AI-5, quando a censura de fato radicalizou-se, tornando-se abertamente política e associando-se ao exercício da repressão e violência.

Nessa concepção ou discurso circulante sobre a censura, ela é entendida como responsável por zelar pela manutenção da moralidade, o que é visto com naturalidade sob a ótica paternalista de que o Estado deve “proteger” os cidadãos. Por isso, a censura era por vezes vista como algo positivo: ela busca a manutenção dos valores do decoro e calar manifestações de sexualidade é algo tradicionalmente aceito pela sociedade.

Esse posicionamento torna-se claro se levarmos em conta a existência, no Arquivo Miroel Silveira, de manifestações da sociedade civil a favor da censura. Exemplar desse tipo de ocorrência é o caso do processo censório à peça Perdoa-me por

traíres, de Nelson Rodrigues. Datado de 1957, o processo contém anexadas cartas de

setores e entidades da sociedade civil pedindo ao órgão de censura que proibisse a peça e argumentando pela defesa de valores morais, da família e dos bons costumes.

É certo que os tempos mudaram. Passado esse silêncio, os anos de ditadura militar deixaram marcas profundas em nossa memória e cultura. Não obstante, as perguntas que fazíamos sobre o passado parecem-nos tão ou mais pertinentes se direcionadas aos dias de hoje. É que a censura continua a existir, ainda que sob novas roupagens, como forma de permanência das arbitrariedades do poder. Mas como os jornais se comportam, hoje, frente à prática censória? E mais: quais são as concepções ou discursos a respeito da censura presentes em nossa cultura que emergem nas páginas da imprensa? É sobre estas perguntas que procuraremos refletir nas próximas linhas.

A censura hoje nas páginas da imprensa

Para tentar responder a esses questionamentos, desenvolvemos uma pesquisa com base no rastreamento de matérias jornalísticas sobre a censura, publicadas entre 2007 e 2011, no jornal Folha de S. Paulo. Para realizar as buscas, adotamos a palavra-chave “censura”. Selecionando apenas os textos cujo foco central desenvolve-se em torno desse tema, chegamos a um total de 485 matérias jornalísticas.

Com base em uma categorização dos textos que compõem esse corpus6, pudemos definir novos recortes a fim de delimitar elementos significativos para a análise discursiva. Optando por isolar apenas notícias e reportagens que abordam casos

6 Com o objetivo de identificar os principais aspectos que caracterizam as matérias jornalísticas que

compõem nosso corpus, adotamos diferentes “eixos” de categorias, a saber: (a) Gêneros das matérias; (b) Macrotemáticas das matérias; (c) Local onde ocorre a censura; (d) Época em que ocorre a censura; (e) Formas de censura; (f) Objetos sobre os quais incide a censura.

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de censura ocorridos no Brasil e no presente, chegamos a um conjunto de 173 textos. Desse grupo, selecionamos, como foco da análise discursiva, dez matérias (duas de cada ano pesquisado), tendo como critério os tipos e objetos de censura mais citados pelos textos de cada ano.

Em todas as matérias da Folha de S. Paulo analisadas7, é possível identificar a assunção de determinados posicionamentos – ainda que os textos se construam a partir da busca de efeitos de neutralidade. Essa posição volta-se, de maneira geral, à defesa da liberdade de expressão e de princípios democráticos, rechaçando todas as ações que possam representar risco de censura. Procuraremos, a seguir, pontuar os principais aspectos relativos ao posicionamento do jornal, bem como os discursos circulantes que emergem nas matérias jornalísticas em foco.

Um primeiro aspecto a ser ressaltado diz respeito ao fato de que, em todos os textos analisados, a falta de legitimidade da censura aparece como argumento pressuposto e inquestionável. Isso fica muito claro, por exemplo, na matéria “Nova classificação oferece risco de censura, dizem TVs”, publicada em 13 de fevereiro de 2007 (CASTRO, 13/02/2007, p. A7).

Nesse texto, que faz referência às mudanças nas regras da classificação indicativa de programas televisivos então propostas pela Portaria 264, são citados diferentes posicionamentos – dados por diferentes posições de sujeitos produtores de enunciados, historicamente situados – sobre as novas normas.

Trata-se de duas formulações distintas: a primeira, sustentada pelas emissoras de TV, é defensora de políticas mais liberais, apoiando-se sobre a premissa da garantia da liberdade de expressão; e a segunda, sustentada pelo Ministério da Justiça, é defensora de normas que garantam a proteção dos direitos da infância, mas também se opõe ao exercício da censura, alegando que as novas formas não possuíam caráter censório.

Ora, apesar da existência de contrapontos, ambos os lugares institucionais são, no que diz respeito à censura, atravessados por um mesmo discurso: o da liberdade de expressão e do combate à prática censória, sempre vinculado/apoiado na defesa de ideais democráticos e dos direitos humanos – seja por meio da reivindicação da livre criação, seja por meio da defesa da igualdade dos direitos da infância e da transparência da gestão de políticas públicas.

7 Em função da limitação de espaço, não apresentamos, neste artigo, as análises individuais das matérias

estudadas; procuramos, pois, traçar um quadro abrangente dos principais aspectos observados no conjunto dos textos analisados.

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Outro traço marcante nos textos em foco diz respeito à afirmação do Estado como grande condutor de ações censórias – atuando por meio de diferentes órgãos, como o Judiciário, o Ministério da Justiça, a Promotoria Eleitoral etc. Em todas as matérias, verificamos o estabelecimento dos contrapontos “Estado vs. imprensa” ou

“Estado vs. meios de comunicação”. O que está pressuposto, neste caso, é um posicionamento de “vigilância”

assumido pelo jornal diante do Estado, o qual tem respaldo no ideário do papel de “cão de guarda” a ser assumido pelo jornalismo, de modo geral, e de maneira particularmente nítida no caso da Folha. Isso porque, como vimos, dentre os princípios consagrados nos Estados Unidos que inspiraram o Projeto Folha, inclui-se a ênfase no papel de “watchdog” da imprensa.

Tal concepção, por sua vez, corresponde a um discurso – ou um discurso circulante, para usar os termos de Patrick Charaudeau (2006) – sobre o próprio jornalismo enquanto serviço de interesse público, cuja função deve ser a de informar a sociedade e mediar o debate público, posicionando-se sempre ao lado dos interesses do povo. Esse discurso atravessa muitas das matérias analisadas, correlacionando-se com os enunciados sobre a censura e afirmando, assim, a importância de se garantir a liberdade de imprensa para a qualidade do debate público e da própria democracia.

Isso fica evidente, por exemplo, na notícia “Juíza proíbe jornalista de ‘ofender’ deputado”, de 22 de dezembro de 2007. Nesse texto, a seguinte passagem (contendo uma declaração da Associação Nacional de Jornais, a ANJ) evoca o discurso acerca do papel do jornalismo enquanto “cão de guarda” do poder estabelecido: “Não se admite qualquer censura prévia, como se dá nesse caso. Censura prévia é contrária ao livre exercício do jornalismo e à livre circulação de opiniões, portanto, um desserviço a todos os cidadãos e à sociedade em geral” (FOLHA DE S. PAULO, 22/12/2007, p. A12).

Vemos, no caso dessa passagem, a presença de enunciados povoando as margens de outros enunciados (FOUCAULT, 1986, p. 112 apud GREGOLIN, 2006, p. 92), pois o que está em jogo é todo um “campo associativo” – nos termos de Foucault –, historicamente delimitado, que compreende formulações sobre a censura, a democracia, a liberdade de expressão e o próprio jornalismo.

Por fim, podemos destacar mais uma especificidade do tratamento conferido pela Folha à temática da censura. Trata-se da demarcação de uma posição crítica em relação à instituição de formas de regulação dos meios de comunicação (e, principalmente, do jornalismo) pelo Estado.

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Tal dado pode ser exemplificado a partir da matéria “Jornais agora podem contestar atos de censura no próprio STF”, de 7 de novembro de 2009, em que a Lei de Imprensa é apresentada enquanto dispositivo editado na ditadura militar e que, como tal, “previa a censura, a apreensão de publicações e a blindagem de autoridades públicas contra o trabalho jornalístico” (FOLHA DE S. PAULO, 07/11/2009, p. A10). É interessante notar que tal enunciado evidencia a existência de uma memória sobre a censura associada à ditadura militar.

Por fim, devemos notar que o posicionamento expresso na referida passagem relaciona-se a um discurso circulante que defende a redução de interferências e controles governamentais na atividade da imprensa e dos meios de comunicação. Esse discurso abriga enunciados que aparecem ainda em outras matérias de nossa análise, sobretudo por meio da oposição à implantação de marcos regulatórios da comunicação no Brasil.

Conclusões

Como procuramos mostrar, as matérias da Folha de S. Paulo analisadas voltam-se à defesa da liberdade de expressão a partir da invocação de princípios democráticos, criticando ações que representem, no discurso do veículo, risco de censura. Esse posicionamento, que aparece, não obstante a presença de particularidades, como pano de fundo em todas as matérias da Folha de S. Paulo analisadas, está relacionado ao direcionamento editorial e à construção da identidade do veículo.

A emergência da Folha de S. Paulo como um dos principais jornais do país, em 1986, vincula-se à construção de uma “auto-imagem” voltada à defesa da democracia, com base na “rememoração de um passado institucional legitimador dos princípios de democracia e independência, constantemente reconstruído” (PIRES, 2007, p. 311). Tanto é assim que, a partir dos anos 1980, a atuação da Folha da Tarde na ditadura militar é excluída da memória oficial da Folha de S. Paulo, já que “a atuação colaboracionista e de defesa explícita das políticas governamentais e da repressão estatal não se encaixa bem à imagem em construção do principal jornal do Grupo e, como consequência, à imagem da própria empresa” (PIRES, 2007, p. 312).

Nesse cenário, o ano de 1984 teve importância fundamental à consolidação da

Folha de S. Paulo como a conhecemos hoje, com o posicionamento pró “Diretas-Já”

assumido pelo jornal e a implantação do Projeto Folha. Estava em jogo, naquele momento, a demarcação de um posicionamento do jornal enquanto defensor do projeto

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democrático que se buscava construir no país – o que significa falar na afirmação de um discurso acerca do próprio jornal e de sua inserção na sociedade. Embora adotado anos antes, o slogan da Folha, utilizado até hoje, ilustra essa ideia: tratava-se, justamente, de consolidar o veículo como “um jornal a serviço do Brasil”.

De modo correlato, a posição expressa pela Folha sobre a censura está relacionada à demarcação do lugar institucional do jornalismo, afirmando-se como “cão de guarda” do governo e como esfera de resistência às arbitrariedades do poder. Reitera-se, dessa maneira, a posição da imprensa enquanto instância historicamente nascida como voltada à mediação do debate público e a informar os cidadãos para a tomada de decisões políticas, princípios calcados no ideário democrático.

Remete-se, por esse caminho, a discursos circulantes na sociedade que fixam a natureza e os lugares de fala (e de poder, portanto) do próprio jornalismo. Esses discursos estabelecem “verdades” sobre o mundo e, como diz Foucault, “a própria verdade é poder” (FOUCAULT, 2001, p. 14). O que está em jogo é sempre a afirmação de interesses específicos – inclusive os da própria imprensa.

Em nosso caso, os discursos sobre a censura e a liberdade de expressão afirmam o lugar e a identidade dos jornalistas enquanto esfera de resistência:

Jornais e revistas estampam, com grande orgulho, o fato de serem censuradas, uma etiqueta tanto proibida durante a opressão militar quanto indesejada, visto que a censura ainda era considerada pelo público como um necessário controle ao moralmente indesejado e ao politicamente subversivo (PAGANOTTI, 2012, p. 8).

A citação remete a modificações no modo de entender a censura transcorridas na redemocratização do país após anos de ditadura militar. De fato, de maneira mais ampla, a posição assumida pela Folha de S. Paulo nas matérias sobre censura insere-se em um quadro de rearticulação dos saberes e dos discursos presentes em nossa cultura a respeito da censura, que passa a ser concebida, na democracia contemporânea, como prática ilegítima e passível de questionamento na esfera pública.

Assistimos a uma transformação no modo de tratar a temática da censura, que sai dos “bastidores” – pois, na ditadura militar, o debate político era controlado e os jornais precisavam usar artifícios para denunciar a censura, a exemplo dos célebres poemas de Camões – e torna-se, na sociedade democrática de hoje, objeto de discussão na esfera pública.

Com os traumas gerados nos anos de chumbo, a censura não pode mais ser entendida como atribuição cotidiana do Estado. Trata-se hoje de sujeitar a censura “à

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mesma inspeção crítica que ela impõe sobre nossa liberdade”, a fim de que possamos “finalmente considerar que nossa expressão está legitimamente protegida, e não somente guardada” (PAGANOTTI, 2012, p. 22).

A exemplo da Folha de S. Paulo, a imprensa hoje fala – e fala muito – sobre a censura. Não se pode mais, atualmente, encarar a censura como prática “naturalizada”, impassível de questionamento, atribuição inofensiva de um Estado disciplinador. Como vimos, essa forma de conceber a censura estava presente durante muitos anos de nossa história anteriores ao golpe militar, em períodos democráticos em que a censura foi largamente exercida de forma burocratizada. Ora, se a censura não é mais vista como “natural”, os jornais não se podem mais calar diante dela.

Queremos ressaltar, por tudo isso, que estamos diante de uma mudança em termos de práticas discursivas sustentada por uma rearticulação dos saberes e valores sobre a censura, a liberdade de expressão, a democracia e, por extensão, o próprio papel do jornalismo nesse debate. Vivemos, desde a abertura democrática, a instauração de uma “ruptura”, “quebra” ou “descontinuidade”; algo próximo – ainda que em dimensões mais modestas, em um plano “micro” – das “rachaduras” epistemológicas que Foucault propõe perseguir na fase arqueológica de sua obra.

É que a arqueologia, de modo amplo, recusa o continuum cultural, enquanto postulado racional, preocupando-se em descobrir e descrever “as ‘estruturas históricas’ e sobretudo em utilizar essa descrição para pôr em relevo a condição a partir da qual um campo inteiro de conhecimentos e teorias se organizou” (LOURENÇO, 1966, p. 7).

Finalmente, devemos notar que essas “novas configurações do saber” sobre a censura – para usar um termo empregado por Gregolin (2006, p. 86) –, ainda em processo de acomodação, haja vista o caráter recente de nossa democracia, ao emergirem como verdadeiros “acontecimentos”, em toda a sua dispersão, constituem objeto fértil de interesse à proposta foucaultiana de análise arqueológica dos discursos.

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