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CASO CLÍNICO PACIENTE COM CARDIOVASCULARES

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Academic year: 2021

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As opiniões emitidas nesta publicação são de inteira responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião da Conectfarma® Publicações Científicas Ltda, nem do Laboratório Amgen. um primeiro evento cardiovascular em pacientes com doença

cardiovascular aterosclerótica em uso de estatina.16 A eficácia do evolocumabe foi demonstrada no total de eventos cardio-vasculares em indivíduos com risco elevado (FOURIER) entre pacientes com doença vascular estável, tratados concomitante-mente com estatina.16 O estudo FOURIER mostrou, em relação ao placebo, que o evolocumabe reduziu significativamente a primeira ocorrência do endpoint primário em 15% e o endpoint secundário principal em 20%. O EVOPACS17 (EVOlocumab para redução precoce dos níveis de colesterol LDL em pacientes com síndrome coronariana aguda) (Fluxograma 1) foi o primei-ro estudo randomizado avaliando um anticorpo PCSK9 no ce-nário de alto risco da SCA, o evolocumabe adicionado à terapia com estatinas de alta intensidade foi bem tolerado e resultou em uma redução substancialmente maior do LDL-c em oito se-manas em comparação ao placebo, administrada em adição à terapia com estatinas de alta intensidade. Mais de 95% dos pa-cientes tratados com evolocumabe atingiram a meta de LDL-c < 1,8 mmol/L em oito semanas.17

Em termos de implicações práticas, a declaração de con-senso da força-tarefa da Sociedade Europeia de Cardiologia/

Sociedade Europeia de Aterosclerose de 2017 concentrou-se na redução absoluta do risco na determinação de quais pa-cientes devem ser tratados com um inibidor da PCSK9.18 Esses dados sugerem que não apenas a redução absoluta do risco nos primeiros eventos deve ser considerada, mas também o número total de eventos impedidos pode ser ga-rantido, pois o total de eventos reflete completamente mais a carga de doença do paciente ao longo do tempo.

CONCLUSÕES

A terapia hipolipemiante associada com o inibidor de PCSK9 (evolocumabe) melhora a eficácia clínica. Portanto, pacientes com alto risco de DCV (desfechos clinicamente importantes de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral), como no caso clínico discutido, plenamente tratados com estatina de alta potência associada à ezetimiba e que apresentem LDL-c acima de 70 mg/dL, terão expressiva redução do risco de even-tos CV ao associar I-PCSK9, fornecendo suporte adicional para o benefício da terapia intensiva continuada de redução de lipídios, afim de evitar eventos cardiovasculares recorrentes. Perídodo pós-infarto agudo do miocárido (SCA) precoce

Altíssima vulnerabilidade

Pacientes com elevado nível de LDL-c basal • ≥ 3.2 mmol/L sem estatina

• ≥ 2.3 mmol/L com intensidade baixa/moderada de estatina • ≥ 1.8 mmol/L com intensidade alta de estatina

Paradigma atual

?

?

Delineamento experimental Padrão de cuidado • Reperfusão/revascularização • Aspirina

• Inibidor potente do receptor P2Y 12

Terapia intensiva com estatina + placebo

intravenoso

Terapia intensiva com estatina + evolocumabe Atingimento da meta de LDL-c < 1.8 mmol/L Evolução clínica precoce • Mortalidade • SCA recorrente • Repetição da revascularização Fase aguda

(no hospital) 8 semanas

Referências Bibliográficas: 1. Oliveira Junior MT, Canesin MF, Marcolino MS, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de Telecardiologia no Cuidado de Pacientes com Síndrome Coronariana Aguda e Outras Doenças Cardíacas.

Arq Bras Cardiol 2015; 104(5Supl.1): 1-26. 2. Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76. 3. Piegas LS, Timerman A; Nicolau JC et al. III Diretriz sobre infarto agudo do miocárdio. Arq. Bras. Cardiol., 2004;53 (supl IV): 1-86. 4. Simão AF, Precoma DB, Andrade JP, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013; 101(6Supl.2): 1-63. 5. Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2015; 105(2 Supl 1):1-105. 6. Nicolau JC, Timerman A, Marin-Neto JÁ, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST (II Edição, 2007) – Atualização 2013/2014. Arq Bras Cardiol 2014; 102(3Supl.1):1-61. 7. Herdy AH, López-Jiménez F, Terzic CP, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Sul-Americana de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular. Arq Bras Cardiol 2014; 103(2Supl.1): 1-31. 8. O’Gara PT, Kushner FG, Ascheim DD, et al. 2013 ACCF/AHA Guideline for the Management of ST-Elevation Myocardial Infarction. J Am Coll Cardiol. 2013;61(4):e78-e140. 9. Amsterdam EA, Wenger NK, Brindis RG, et al. 2014 AHA/ACC Guideline for the Management of Patients With Non–ST-Elevation Acute Coronary Syndromes: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2014;64(24):e139-e228. 9. Roffi M, Patrono C, Collet JP, et al. 2015 ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes in patients presenting without persistent ST-segment elevation: Task Force for the Management of Acute Coronary Syndromes in Patients Presenting without Persistent ST-Segment Elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur. Heart J., 2016;37(3):267-315. 11. Ibanez B, James S, Agewall S, et al. 2017 ESC Guidelines for the management of Acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation: The Task Force for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur. Heart J., 2018;39(2):119-177. 12. Sposito AR; Aguiar Filho CB; Aarão AR et al. Estatinas nas síndromes coronarianas agudas. Arq Bras Cardiol. 2011; 97(4): 350-356. 13. Reiner Ž, Backer G, Fras Z, et al. Lipid lowering drug therapy in patients with coronary heart disease from 24 European countries.

Findings from the EUROASPIRE IV survey. Atherosclerosis 2016;246:243-50. 14. Ray KK, Cannon CP, McCabe CH, et al. Early and late benefits of high-dose atorvastatin in patients with acute coronary syndromes. Results from the PROVE IT-TIMI 22 trial. J Am Coll Cardiol 2005;46:1405-10. 15. Murphy SA, Cannon CP, Blazing MA, et al. Reduction in Total Cardiovascular Events With Ezetimibe/Simvastatin Post-Acute Coronary Syndrome: The IMPROVE-IT Trial. J Am Coll Cardiol. 2016;67(4):353-361. 16. Sabatine MS, Giugliano RP, Keech AC, et al. Evolocumab and Clinical Outcomes in Patients With Cardiovascular Disease. New Engl. J. Med., 2017; 376 (18): 1713 – 1722. 17. Koskinas KC, Windecker S, Pedrazzini G, et al. Evolocumab for Early Reduction of LDL Cholesterol Levels in Patients With Acute Coronary Syndromes (EVOPACS). J Am Coll Cardiol. 2019;74(20):2452-2462. 18. Landmesser U, Chapman MJ, Farnier M, et al. European Society of Cardiology/ European Atherosclerosis Society Task Force consensus statement on proprotein convertase subtilisin/kexin type 9 inhibitors: practical guidance for use in patients at very high cardiovascular risk. Eur Heart J., 2017;38(29):2245-2255.

Fluxograma 1. evolocumbe em pacientes com síndrome coronaríana aguda.

SCA

37,6%

95,7%

Dr. Sergio Timerman | CRM/SP 44.351

Doutor em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Diretor do Centro de Treinamento e do Time de Resposta Rápida no Instituto do Coração (InCor/HCFMUSP).

Fellow: American College of Physicians (ACP); American College of Cardiology (ACC); American Heart

Association (AHA); European Resuscitation Council (ERC); e European Society of Cardiology (ESC).

Adaptado de: Koskinas,

et al

., 2019.

17

Material destinado à classe médica

Caneta SureClick

®

Uma dose de 140 mg a cada

Pode ser mantido por até 7 dias em temperatura

ambiente de até 30ºC

3

2 semanas

3

Referências bibliográficas: 1. Robinson JG, Neder gaard BS, Rogers WJ, et al. Effect of evolocumab or ezetimibe added to moderate-or high-intensity statin therapy on LDL-C lowering

in patients with hypercholesterolemia: the LAPLACE-2 randomized clinical trial. JAMA. 2014 May 14;311(18):1870-82. 2. Sabatine MS, Giugliano RP, Keech AC, et al. Evolocumab and

Clinical Outcomes in Patients with Cardiovascular Disease. N Engl J Med. 2017 May 4;376(18):1713-1722. 3. Bula Repatha® (evolucumab) aprovada pela ANVISA em 14/01/2019.

Legenda: IAM = Infarto Agudo do Miocárdio; AVC = Acidente Vascular Cerebral; LDL-c = Lipoproteína de baixa densidade; CV = Cardiovascular.

REPATHA® (evolocumabe). INDICAÇÕES: Indicado para adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica e não familiar) ou dislipidemia mista, como adjuvante à dieta: em combinação à estatina

ou à estatina + outras terapias hipolipemiantes em pacientes incapazes de atingir os níveis da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) com o máximo de dose de estatina tolerada, ou isoladamente ou em combinação a outras terapias hipolipemiantes em pacientes que são intolerantes à estatina, ou para aqueles cuja estatina é contraindicada. Indicado em adultos e adolescentes ≥ 12 anos com hipercolesterolemia familiar homozigótica (HFHo) em combinação a outras terapias hipolipemiantes. Indicado para adultos com doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou doença arterial periférica) para reduzir o risco cardiovascular pela redução dos níveis de LDL-C, como adjuvante à correção de outros fatores de risco: em combinação com a dose máxima de estatina, com ou sem outras terapias hipolipemiantes, ou isoladamente ou em combinação a outras terapias hipolipemiantes em pacientes que são intolerantes à estatina, ou para os quais a estatina é contraindicada

CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade aos componentes da composição.

ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Quando usar REPATHA em combinação às

estatinas ou outras terapias hipolipemiantes, consultar a bula. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. O risco de amamentar recém-nascidos não pode ser excluído. Não foram observadas diferenças globais na segurança ou eficácia entre pacientes ≥ 65 anos de idade e os pacientes mais jovens. REPATHA deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência

hepática grave. Reações de hipersensibilidade foram relatados em pacientes tratados com REPATHA, incluindo alguns que levaram a descontinuação da terapia. A proteção da agulha da caneta preenchida é feita de um derivado do látex, que pode causar reações alérgicas.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Não são necessários ajustes nas doses de estatina

quando usadas em combinação ao REPATHA.

POSOLOGIA: Hipercolesterolemia Primária (Familiar heterozigótica e não familiar) e Dislipidemia Mista em adultos: A dose recomendada é

de 140 mg a cada 2 semanas ou de 420 mg 1x/mês; ambas as doses são clinicamente equivalentes. HFHo em adultos e adolescentes ≥ 12 anos: A dose recomendada é de 420 mg 1x/mês. Doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida em adultos: A dose recomendada de REPATHA é de 140 mg a cada duas semanas ou 420 mg uma vez ao mês; as duas doses são clinicamente equivalentes. Não é necessário ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal leve a moderado, insuficiência hepática leve e pacientes idosos. A segurança e eficácia de REPATHA em crianças < 18 anos não foram estabelecidas na indicação para hipercolesterolemia primária familiar heterozigótica e não familiar e dislipidemia mista. A segurança e eficácia de REPATHA em crianças < 12 anos não foi estabelecida para HFHo. Uso subcutâneo administrado no abdômen, coxa ou na parte superior do braço. Não deve ser administrado por via intravenosa ou via intramuscular. A dose de 140 mg deve ser aplicada utilizando uma caneta preenchida. A dose de 420 mg 1x/mês deve ser administrada utilizando-se 3 canetas preenchidas SureClick consecutivamente dentro de 30 minutos. Antes da administração, a solução deve ser verificada. REAÇÕES ADVERSAS: O perfil de segurança na população com HFHo foi consistente com o demonstrado na hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica e não familiar) e na dislipidemia mista. As reações mais frequentes no local da injeção foram hematomas, eritema, hemorragia, dor no local e inchaço. Não foram observadas diferenças globais na segurança ou eficácia entre os pacientes adultos e adolescentes com hipercolesterolemia familiar homozigótica. MS 1.0244.0007. Venda sob prescrição médica. AO PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Distribuição exclusiva à classe médica. (MB-REP 03-1).

de redução de morte

CV, IAM ou AVC

2

20%

75%

Redução máxima de até

do LDL-c

1

AF_AMG_0001_20B-RP-ANUNCIO 2020.indd 1 07/04/20 20:28

Material Aprovado em Junho 2020 | PR-REP-BRA-000197. Material promocional aprovado de acordo com as regulamentações locais, destinado apenas aos profissionais da saúde habilitados a prescrever e/ou dispensar medicamentos. A Amgen® recomenda o uso de seus medicamentos, de acordo com a aprovação regulatória local. Todas as referências citadas neste material estão disponíveis mediante solicitação dos profissionais da saúde ao SIC (Serviço de Informações Científicas), através do número gratuito 0800 742 0800 e/ou e-mail sicbrasil@amgen.com

PACIENTE COM

MÚLTIPLOS EVENTOS

CASO CLÍNICO

(2)

INTRODUÇÃO

Na última década, a síndrome coronariana aguda (SCA), incluindo angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM), com ou sem supradesnivelamento do segmento ST, sofreram grande revolução do ponto de vista terapêutico. Apesar dos progressos nas áreas tecnológica e farmacológica, os pacien-tes ainda permanecem em situação de alto risco de eventos coronarianos recorrentes em curto prazo, quando compa-rados com aqueles com doença arterial coronariana (DAC) estável. Nesse cenário, o uso de fármacos que diminuam o LDL Colesterol (LDL-c) comprovadamente reduziu o risco de eventos coronarianos em pacientes de alto risco, incluindo diabéticos com DAC crônica e na SCA. Não há consenso sobre o uso de estatinas ou inibidores de pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) na SCA.1-3 As Diretrizes Bra-sileiras de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose da So-ciedade Brasileira de Cardiologia fazem estas considerações sobre o uso de estatinas na SCA: além de aumentar a adesão ao tratamento, evidências científicas mostram benefícios no uso precoce nessa população. Portanto, o uso de estatinas é indicado para indivíduos com síndromes coronárias agudas, com um alvo terapêutico de LDL-c < 70 mg/dL.2,4

As doenças cardiovasculares são líderes em morte em todo o mundo e, dentre elas, o infarto agudo do miocárdio é a principal causa.1-11

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 300 mil pes-soas sofrem infartos todos os anos no Brasil. O IAM é uma das principais causas de morte no país,3 a maioria delas nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40% a 65% (principalmente por fibrilação ventricular) na

primei-ra hoprimei-ra e aproximadamente 80% nas primeiprimei-ras 24 hoprimei-ras,5

fatores que tornam fundamental a avaliação médica de modo mais preventivo possível.5 Ressalte-se que a maior parte das mortes por IAM acontece fora do ambiente hos-pitalar, geralmente desassistidas por médicos.5

A qualidade do atendimento do IAM é grande desafio, uma vez que falha no diagnóstico e conduta inadequada re-sultam em comprometimento no tempo resposta. Estima-se que em cada cinco a sete casos ocorra um óbito.3 Mesmo não resultando na morte do paciente, essa doença é responsável por significativa incapacitação funcional da população, acarre-tando grandes prejuízos individuais e coletivos.

A aterosclerose, principal substrato das doenças cardio-vasculares, é consequência da resposta da parede arterial a múltiplos agressores, composta por itens de proliferação,

Eletrocadiograma (ECG): alteração de repolarização ven-tricular (ARV) com plus minus anterior.

Cineangiocoronariografia (Figura 1):

• Artéria coronária direita (CD): dominante, irregularidades; • Artéria descendente anterior (DA): 80% 1/3 proximal; • Primeiro ramo diagonal (Dg1): 90% óstio, pequena im-portância;

• Segundo ramo diagonal (Dg2): irregularidades, grande importância;

• Artéria circunflexa (CX): irregularidades;

• Circulação colateral (CC) de coronária direita (CD) para descendente anterior (DA) grau II;

Ecocardiograma de esforço — ecodopplercardiograma com estresse físico

Em 28 de fevereiro de 2017, o exame foi realizado para estratificar isquemia após a angioTC.

Peso (kg): 75

Altura (cm): 178

ASC (m²): 1.93

Medidas e cálculos

ESTRUTURA PARÂMETRO VALOR REFERÊNCIA

Aorta Seios de Valsalva 30 mm 28 - 40 mm

Ascendente 27 mm 22 - 38 mm

Ventrículo

direito Diâmetro diastólico 31 mm 25 - 41 mm

Átrio

esquerdo anteroposteriorDiâmetro 39 mm 30 - 40 mm

Ventrículo esquerdo Septo interventricular 9 mm 6 - 10 mm Parede lateral inferior 7 mm 6 - 10 mm Diâmetro diastólico 52 mm 42 - 58 mm Diâmetro sistólico 34 mm 25 - 40 mm Índice de massa 75 g/m² 49 - 115 g/m² Espessura relativa de parede 0,27 0,22 - 0,42 Fração de ejeção (Simson) 61 % > 54%

DESCRIÇÃO

Cavidades cardíacas

Átrios com dimensões normais. Ventrículo esquerdo com espessura miocárdica, diâmetro diastólico e função sistólica global normais. Observa-se hipocinesia discre-ta dos segmentos basal e médio da parede inferolateral. Função diastólica normal. Ventrículo direito com espessu-ra miocárdica, diâmetro diastólico e função sistólica global normais (análise subjetiva).

Exame após esforço em esteira ergométrica

Protocolo: teste de esforço realizado em esteira com protocolo de Bruce. O registro eletrocardiográfico foi obtido em 12 derivações modificadas. A fase de esforço foi interrompida por intenso cansaço, com frequência cardía-ca de 160 bpm, 99% da máxima preconizada para a idade.

Sintomas e intercorrências: não houve intercorrên-cias nem referência a sintomas.

Eletrocardiograma: durante e após o teste não houve alterações significativas em relação ao traçado antes do teste.

Análise segmentar do ventrículo esquerdo: não fo-ram observadas novas alterações da motilidade segmentar em relação ao exame pré-teste.

Conclusão: Ecocardiograma sob estresse físico em esteira negativo para isquemia miocárdica.

deposição de lipídios e inflamação caracterizada pela presen-ça de macrófagos, monócitos, linfócitos e outras células. Qua-se todos os infartos do miocárdio resultam de ateroscleroQua-se coronariana, geralmente com trombose sobreposta. Assim, durante a evolução natural das placas ateroscleróticas, espe-cialmente as carregadas de lipídios, pode ocorrer uma transi-ção abrupta e catastrófica caracterizada pela ruptura da pla-ca. A consequência dessa ruptura é a exposição a substâncias que promovem ativação, agregação plaquetária, geração de trombina e, por fim, formação de trombo, manifestação que interrompe o fluxo sanguíneo e leva ao desequilíbrio entre o suprimento e a demanda de oxigênio. Se esse desequilíbrio for grave e persistente haverá necrose miocárdica.12 Estu-dos pioneiros que avaliaram as características angiográficas do IAM mostram que a maioria das síndromes coronarianas agudas (aproximadamente 90%) são secundárias à oclusão vascular por trombo, que ocorre em uma lesão anterior.12 O conceito de placa vulnerável foi posteriormente desenvolvido para explicar a fisiopatologia da angina instável e do IAM.12

CASO CLÍNICO

Em 2009, paciente masculino, AB, 50 anos, apresentava-se saudável, fisicamente ativo, com histórico familiar de doença arterial coronariana precoce (pai e tio com infartos fulminan-tes anfulminan-tes dos 60 anos e, irmão com infarto jovem, com avalia-ção laboratorial negativa para deslipidemia familiar).

Antecedentes pessoais: nega hipertensão arterial sistê-mica (HAS) e o diabetes mellitus (DM), dislipidemia, tabagis-mo ou outras cotabagis-morbidades.

Há 2 semanas com dor precordial progressiva, inicial-mente ao se esforçar muito e, há 2 dias, ao caminhar por 30 minutos.

Procurou consulta médica ao apresentar dor em repou-so por 30 minutos. Paciente foi internado com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda.

Exames durante a internação

Eletrocardiograma (ECG): ritmo sinusal (RS), alterações di-fusas da repolarização ventricular (ADRV) com padrão de ST/T plus minus na parede anterior.

Laboratório (22/08): dosagens do colesterol total (ColT) - 230; lipoproteína de alta densidade (HDL) 57; dosagem direta do colesterol (LDL) - 153; tireoglobulina (TG) - 99; mioglobina (MB) - 6,05; troponina - 2,45; ureia (U) - 23; creatinina (Cr) - 0.89.

• Realizada angioplastia de artéria descendente anterior (ADA) e ramo diagonal (Dg) com implantação de stent.

Laboratório

Dosagens do colesterol total (ColT): 230; lipoproteína de alta densidade (HDL): 153; triglicérides (TG): 99; taxas da isoforma miocárdica da creatinoquinase (CK-MB) 6,05 (VR < 4,0); Tr I: 2,45 (VR < 1,0); Cr: 0,89; U: 23

O paciente ficou estável e assintomático desde 2009, com as seguintes medicações: rosuvastatina 20 mg; ezeti-miba 10 mg; e aspirina 100 mg. Em 2017, ao realizar exa-mes de rotina, apresentou lesão em angiografia computa-dorizada (angioTC) de controle.

Mantido dieta, exercícios físico e otimização do trata-mento clínico com estatina em máxima dose, 40 mg (rosu-vastatina), demais medicações sem alteração.

No final de agosto do mesmo ano, o paciente apresentou quadro de sindrome coronariana aguda (infarto agudo do mio-cárdio com supra de ST), quando foi internado para a realiza-ção de nova cineangicoronariografia com implantarealiza-ção de stents na coronária direita. Seus exames bioquímicos demonstravam: LDL 74; HDL 63; não HDL 89; colesterol total 152.

Durante a internação iniciou-se a utilização de evolo-cumabe 140 mg a cada 15 dias, mantendo o regime de estatina, ezetimiba e dupla agregação plaquetária.

Até o dia 21 de fevereiro de 2020, o paciente manteve--se estável, assintomático, em programa de dieta e exercí-cios físicos. Provas isquêmicas mais recentes (cintilografia miocárdica e ecocardiograma bidimensional de 2019) reve-laram-se negativas para isquemia.

Já os exames laboratoriais de 20 de janeiro de 2020 apre-sentaram os seguintes resultados: LDL – 10; HDL – 64; não HDL 24; colesterol total 88; PCR < 0.03; Lp(a) 147 (anteriores pré-uso de evolocumabe: 229).

DISCUSSÃO

Embora as diretrizes recomendem o início hospitalar da terapia com estatinas de alta intensidade em pacientes com SCA, as metas de níveis de LDL frequentemente não são atin-gidas. Aproximadamente 70% dos pacientes de altíssimo risco permanecem com LDL acima do objetivo.13 O risco de eventos recorrentes em pacientes com SCA é particularmente alto logo após o evento. O início precoce do tratamento hospitalar com estatinas de alta intensidade reduz a ocorrência de eventos imediatos. Enquanto as estatinas têm efeitos favoráveis adi-cionais que podem desempenhar um papel nessa redução de risco no período agudo após a SCA, acredita-se que o benefício seja pelo menos parcialmente mediado pela redução do risco relacionado ao LDL.14 Como as estatinas têm um início de ação retardado, muitos pacientes com SCA não conseguem atingir os objetivos do tratamento apenas com terapia intensiva com estatinas.13 Assim, a redução rápida e mais potente do LDL-c pode ser um potencial benefício terapêutico nesses pacien-tes.17 Ao avaliarmos a eficácia, muitos estudos cardiovasculares de longo prazo usam métodos de análise de sobrevivência que consideram apenas o primeiro evento durante o estudo. Tais pesquisas não observam a totalidade dos benefícios clínicos da terapia nos pacientes, principalmente se o evento primário for um composto de múltiplos eventos. Os ensaios de redução do LDL-c avaliaram os eventos totais comparando estatinas de alta intensidade versus intensidade moderada. Nos estudos de avaliação e terapia com pravastatina ou atorvastatina, duran-te o IAM (PROVE IT-TIMI)14 demonstraram que o LDL-c menor atingido, com alta intensidade das estatinas, reduziram tanto o primeiro evento cardiovascular quanto o número total de eventos cardiovasculares em comparação com as estatinas de intensidade moderada.14 O ensaio internacional Vytorin Efficacy (IMPROVE-IT) mostrou que reduções adicionais no LDL-c com ezetimiba, além da terapia com estatina, reduziram o primei-ro e o subsequente evento cardiovascular comparado ao tra-tamento com sinvastatina sozinha.15 Apesar do tratamento com estatinas, pacientes com doença cardiovascular estável permanecem em alto risco de eventos cardiovasculares recor-rentes. O inibidor de PCSK9 reduz significativamente o risco de

Angiotomografia das artérias coronárias: padrão de dominância direita. Tronco da coronária esquerda (TCE) com calibre preservado. Artéria descendente anterior (DA) com endoprótese metálica pérvia e sem evidências de reestenose no segmento proximal. No segmento médio, antes da origem do ramo segundo diagonal, há placa predominantemente não calcificada excêntrica que determina estenose discreta/mode-rada. Segmento distal sem obstruções. O vaso contorna ápice cardíaco. Ramos primeiro, segundo e terceiro diagonal (D1, D2 e D3) de pequena expressão, sem obstruções. Artéria circun-flexa (CX) com irregularidades parietais, áreas de aumento da espessura mural e calibre preservado. Ramo primeiro marginal (M1) de grande expressão e ramificado, com placa não calcifi-cada discreta na origem e outras placas calcificalcifi-cadas também discretas no segmento proximal, sem estenose significativa. Artéria coronária direita (CD) com duas placas predominante-mente não calcificadas, excêntricas e com remodelamento po-sitivo, uma delas no segmento proximal e outra na transição entre os segmentos proximal e médio, ambas determinando estenose moderada. A placa mais distal, localizada próximo à emergência do ramo agudo marginal, mostra remodelamen-to positivo mais exuberante. Segmenremodelamen-to distal sem obstruções.

Ramo marginal direito (MgD) de grande expressão, com irre-gularidades parietais e calibre preservado. Ramo descendente posterior (DP) de moderada expressão, com placa calcificada dada na porção média. Ramo ventricular posterior (VP) de pe-quena expressão, sem obstruções.

Comentários: Stent pérvio e sem evidências de reestenose na artéria descendente anterior. Estenoses moderadas na artéria coronária direita, com sinais de remodelamento po-sitivo. Estenose discreta/moderada na artéria descendente anterior, distal ao stent.

Classificação dos graus de estenose

Estenose discreta: redução do diâmetro luminal menor que 50%.

Estenose moderada: redução do diâmetro luminal maior ou igual a 50% e menor que 70%.

Estenose acentuada: redução do diâmetro luminal maior ou igual a 70%.

Redução luminal significativa = estenose moderada ou acentuada.

Análise: o índice de cálcio não foi calculado, uma vez que o paciente apresenta stent coronário, o que invalida o valor prognóstico desse índice.

Fonte: Arquivo pessoal do autor.

Figura 1. Angiotomografia das artérias coronárias.

PACIENTE COM

MÚLTIPLOS EVENTOS

CARDIOVASCULARES

CASO CLÍNICO

SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) EM PACIENTE COM EVENTO

CARDIOVASCULAR PRÉVIO SEM ATINGIR A META DO LDL COM

(3)

INTRODUÇÃO

Na última década, a síndrome coronariana aguda (SCA), incluindo angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM), com ou sem supradesnivelamento do segmento ST, sofreram grande revolução do ponto de vista terapêutico. Apesar dos progressos nas áreas tecnológica e farmacológica, os pacien-tes ainda permanecem em situação de alto risco de eventos coronarianos recorrentes em curto prazo, quando compa-rados com aqueles com doença arterial coronariana (DAC) estável. Nesse cenário, o uso de fármacos que diminuam o LDL Colesterol (LDL-c) comprovadamente reduziu o risco de eventos coronarianos em pacientes de alto risco, incluindo diabéticos com DAC crônica e na SCA. Não há consenso sobre o uso de estatinas ou inibidores de pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) na SCA.1-3 As Diretrizes Bra-sileiras de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose da So-ciedade Brasileira de Cardiologia fazem estas considerações sobre o uso de estatinas na SCA: além de aumentar a adesão ao tratamento, evidências científicas mostram benefícios no uso precoce nessa população. Portanto, o uso de estatinas é indicado para indivíduos com síndromes coronárias agudas, com um alvo terapêutico de LDL-c < 70 mg/dL.2,4

As doenças cardiovasculares são líderes em morte em todo o mundo e, dentre elas, o infarto agudo do miocárdio é a principal causa.1-11

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 300 mil pes-soas sofrem infartos todos os anos no Brasil. O IAM é uma das principais causas de morte no país,3 a maioria delas nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40% a 65% (principalmente por fibrilação ventricular) na

primei-ra hoprimei-ra e aproximadamente 80% nas primeiprimei-ras 24 hoprimei-ras,5

fatores que tornam fundamental a avaliação médica de modo mais preventivo possível.5 Ressalte-se que a maior parte das mortes por IAM acontece fora do ambiente hos-pitalar, geralmente desassistidas por médicos.5

A qualidade do atendimento do IAM é grande desafio, uma vez que falha no diagnóstico e conduta inadequada re-sultam em comprometimento no tempo resposta. Estima-se que em cada cinco a sete casos ocorra um óbito.3 Mesmo não resultando na morte do paciente, essa doença é responsável por significativa incapacitação funcional da população, acarre-tando grandes prejuízos individuais e coletivos.

A aterosclerose, principal substrato das doenças cardio-vasculares, é consequência da resposta da parede arterial a múltiplos agressores, composta por itens de proliferação,

Eletrocadiograma (ECG): alteração de repolarização ven-tricular (ARV) com plus minus anterior.

Cineangiocoronariografia (Figura 1):

• Artéria coronária direita (CD): dominante, irregularidades; • Artéria descendente anterior (DA): 80% 1/3 proximal; • Primeiro ramo diagonal (Dg1): 90% óstio, pequena im-portância;

• Segundo ramo diagonal (Dg2): irregularidades, grande importância;

• Artéria circunflexa (CX): irregularidades;

• Circulação colateral (CC) de coronária direita (CD) para descendente anterior (DA) grau II;

Ecocardiograma de esforço — ecodopplercardiograma com estresse físico

Em 28 de fevereiro de 2017, o exame foi realizado para estratificar isquemia após a angioTC.

Peso (kg): 75

Altura (cm): 178

ASC (m²): 1.93

Medidas e cálculos

ESTRUTURA PARÂMETRO VALOR REFERÊNCIA

Aorta Seios de Valsalva 30 mm 28 - 40 mm

Ascendente 27 mm 22 - 38 mm

Ventrículo

direito Diâmetro diastólico 31 mm 25 - 41 mm

Átrio

esquerdo anteroposteriorDiâmetro 39 mm 30 - 40 mm

Ventrículo esquerdo Septo interventricular 9 mm 6 - 10 mm Parede lateral inferior 7 mm 6 - 10 mm Diâmetro diastólico 52 mm 42 - 58 mm Diâmetro sistólico 34 mm 25 - 40 mm Índice de massa 75 g/m² 49 - 115 g/m² Espessura relativa de parede 0,27 0,22 - 0,42 Fração de ejeção (Simson) 61 % > 54%

DESCRIÇÃO

Cavidades cardíacas

Átrios com dimensões normais. Ventrículo esquerdo com espessura miocárdica, diâmetro diastólico e função sistólica global normais. Observa-se hipocinesia discre-ta dos segmentos basal e médio da parede inferolateral. Função diastólica normal. Ventrículo direito com espessu-ra miocárdica, diâmetro diastólico e função sistólica global normais (análise subjetiva).

Exame após esforço em esteira ergométrica

Protocolo: teste de esforço realizado em esteira com protocolo de Bruce. O registro eletrocardiográfico foi obtido em 12 derivações modificadas. A fase de esforço foi interrompida por intenso cansaço, com frequência cardía-ca de 160 bpm, 99% da máxima preconizada para a idade.

Sintomas e intercorrências: não houve intercorrên-cias nem referência a sintomas.

Eletrocardiograma: durante e após o teste não houve alterações significativas em relação ao traçado antes do teste.

Análise segmentar do ventrículo esquerdo: não fo-ram observadas novas alterações da motilidade segmentar em relação ao exame pré-teste.

Conclusão: Ecocardiograma sob estresse físico em esteira negativo para isquemia miocárdica.

deposição de lipídios e inflamação caracterizada pela presen-ça de macrófagos, monócitos, linfócitos e outras células. Qua-se todos os infartos do miocárdio resultam de ateroscleroQua-se coronariana, geralmente com trombose sobreposta. Assim, durante a evolução natural das placas ateroscleróticas, espe-cialmente as carregadas de lipídios, pode ocorrer uma transi-ção abrupta e catastrófica caracterizada pela ruptura da pla-ca. A consequência dessa ruptura é a exposição a substâncias que promovem ativação, agregação plaquetária, geração de trombina e, por fim, formação de trombo, manifestação que interrompe o fluxo sanguíneo e leva ao desequilíbrio entre o suprimento e a demanda de oxigênio. Se esse desequilíbrio for grave e persistente haverá necrose miocárdica.12 Estu-dos pioneiros que avaliaram as características angiográficas do IAM mostram que a maioria das síndromes coronarianas agudas (aproximadamente 90%) são secundárias à oclusão vascular por trombo, que ocorre em uma lesão anterior.12 O conceito de placa vulnerável foi posteriormente desenvolvido para explicar a fisiopatologia da angina instável e do IAM.12

CASO CLÍNICO

Em 2009, paciente masculino, AB, 50 anos, apresentava-se saudável, fisicamente ativo, com histórico familiar de doença arterial coronariana precoce (pai e tio com infartos fulminan-tes anfulminan-tes dos 60 anos e, irmão com infarto jovem, com avalia-ção laboratorial negativa para deslipidemia familiar).

Antecedentes pessoais: nega hipertensão arterial sistê-mica (HAS) e o diabetes mellitus (DM), dislipidemia, tabagis-mo ou outras cotabagis-morbidades.

Há 2 semanas com dor precordial progressiva, inicial-mente ao se esforçar muito e, há 2 dias, ao caminhar por 30 minutos.

Procurou consulta médica ao apresentar dor em repou-so por 30 minutos. Paciente foi internado com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda.

Exames durante a internação

Eletrocardiograma (ECG): ritmo sinusal (RS), alterações di-fusas da repolarização ventricular (ADRV) com padrão de ST/T plus minus na parede anterior.

Laboratório (22/08): dosagens do colesterol total (ColT) - 230; lipoproteína de alta densidade (HDL) 57; dosagem direta do colesterol (LDL) - 153; tireoglobulina (TG) - 99; mioglobina (MB) - 6,05; troponina - 2,45; ureia (U) - 23; creatinina (Cr) - 0.89.

• Realizada angioplastia de artéria descendente anterior (ADA) e ramo diagonal (Dg) com implantação de stent.

Laboratório

Dosagens do colesterol total (ColT): 230; lipoproteína de alta densidade (HDL): 153; triglicérides (TG): 99; taxas da isoforma miocárdica da creatinoquinase (CK-MB) 6,05 (VR < 4,0); Tr I: 2,45 (VR < 1,0); Cr: 0,89; U: 23

O paciente ficou estável e assintomático desde 2009, com as seguintes medicações: rosuvastatina 20 mg; ezeti-miba 10 mg; e aspirina 100 mg. Em 2017, ao realizar exa-mes de rotina, apresentou lesão em angiografia computa-dorizada (angioTC) de controle.

Mantido dieta, exercícios físico e otimização do trata-mento clínico com estatina em máxima dose, 40 mg (rosu-vastatina), demais medicações sem alteração.

No final de agosto do mesmo ano, o paciente apresentou quadro de sindrome coronariana aguda (infarto agudo do mio-cárdio com supra de ST), quando foi internado para a realiza-ção de nova cineangicoronariografia com implantarealiza-ção de stents na coronária direita. Seus exames bioquímicos demonstravam: LDL 74; HDL 63; não HDL 89; colesterol total 152.

Durante a internação iniciou-se a utilização de evolo-cumabe 140 mg a cada 15 dias, mantendo o regime de estatina, ezetimiba e dupla agregação plaquetária.

Até o dia 21 de fevereiro de 2020, o paciente manteve--se estável, assintomático, em programa de dieta e exercí-cios físicos. Provas isquêmicas mais recentes (cintilografia miocárdica e ecocardiograma bidimensional de 2019) reve-laram-se negativas para isquemia.

Já os exames laboratoriais de 20 de janeiro de 2020 apre-sentaram os seguintes resultados: LDL – 10; HDL – 64; não HDL 24; colesterol total 88; PCR < 0.03; Lp(a) 147 (anteriores pré-uso de evolocumabe: 229).

DISCUSSÃO

Embora as diretrizes recomendem o início hospitalar da terapia com estatinas de alta intensidade em pacientes com SCA, as metas de níveis de LDL frequentemente não são atin-gidas. Aproximadamente 70% dos pacientes de altíssimo risco permanecem com LDL acima do objetivo.13 O risco de eventos recorrentes em pacientes com SCA é particularmente alto logo após o evento. O início precoce do tratamento hospitalar com estatinas de alta intensidade reduz a ocorrência de eventos imediatos. Enquanto as estatinas têm efeitos favoráveis adi-cionais que podem desempenhar um papel nessa redução de risco no período agudo após a SCA, acredita-se que o benefício seja pelo menos parcialmente mediado pela redução do risco relacionado ao LDL.14 Como as estatinas têm um início de ação retardado, muitos pacientes com SCA não conseguem atingir os objetivos do tratamento apenas com terapia intensiva com estatinas.13 Assim, a redução rápida e mais potente do LDL-c pode ser um potencial benefício terapêutico nesses pacien-tes.17 Ao avaliarmos a eficácia, muitos estudos cardiovasculares de longo prazo usam métodos de análise de sobrevivência que consideram apenas o primeiro evento durante o estudo. Tais pesquisas não observam a totalidade dos benefícios clínicos da terapia nos pacientes, principalmente se o evento primário for um composto de múltiplos eventos. Os ensaios de redução do LDL-c avaliaram os eventos totais comparando estatinas de alta intensidade versus intensidade moderada. Nos estudos de avaliação e terapia com pravastatina ou atorvastatina, duran-te o IAM (PROVE IT-TIMI)14 demonstraram que o LDL-c menor atingido, com alta intensidade das estatinas, reduziram tanto o primeiro evento cardiovascular quanto o número total de eventos cardiovasculares em comparação com as estatinas de intensidade moderada.14 O ensaio internacional Vytorin Efficacy (IMPROVE-IT) mostrou que reduções adicionais no LDL-c com ezetimiba, além da terapia com estatina, reduziram o primei-ro e o subsequente evento cardiovascular comparado ao tra-tamento com sinvastatina sozinha.15 Apesar do tratamento com estatinas, pacientes com doença cardiovascular estável permanecem em alto risco de eventos cardiovasculares recor-rentes. O inibidor de PCSK9 reduz significativamente o risco de

Angiotomografia das artérias coronárias: padrão de dominância direita. Tronco da coronária esquerda (TCE) com calibre preservado. Artéria descendente anterior (DA) com endoprótese metálica pérvia e sem evidências de reestenose no segmento proximal. No segmento médio, antes da origem do ramo segundo diagonal, há placa predominantemente não calcificada excêntrica que determina estenose discreta/mode-rada. Segmento distal sem obstruções. O vaso contorna ápice cardíaco. Ramos primeiro, segundo e terceiro diagonal (D1, D2 e D3) de pequena expressão, sem obstruções. Artéria circun-flexa (CX) com irregularidades parietais, áreas de aumento da espessura mural e calibre preservado. Ramo primeiro marginal (M1) de grande expressão e ramificado, com placa não calcifi-cada discreta na origem e outras placas calcificalcifi-cadas também discretas no segmento proximal, sem estenose significativa. Artéria coronária direita (CD) com duas placas predominante-mente não calcificadas, excêntricas e com remodelamento po-sitivo, uma delas no segmento proximal e outra na transição entre os segmentos proximal e médio, ambas determinando estenose moderada. A placa mais distal, localizada próximo à emergência do ramo agudo marginal, mostra remodelamen-to positivo mais exuberante. Segmenremodelamen-to distal sem obstruções.

Ramo marginal direito (MgD) de grande expressão, com irre-gularidades parietais e calibre preservado. Ramo descendente posterior (DP) de moderada expressão, com placa calcificada dada na porção média. Ramo ventricular posterior (VP) de pe-quena expressão, sem obstruções.

Comentários: Stent pérvio e sem evidências de reestenose na artéria descendente anterior. Estenoses moderadas na artéria coronária direita, com sinais de remodelamento po-sitivo. Estenose discreta/moderada na artéria descendente anterior, distal ao stent.

Classificação dos graus de estenose

Estenose discreta: redução do diâmetro luminal menor que 50%.

Estenose moderada: redução do diâmetro luminal maior ou igual a 50% e menor que 70%.

Estenose acentuada: redução do diâmetro luminal maior ou igual a 70%.

Redução luminal significativa = estenose moderada ou acentuada.

Análise: o índice de cálcio não foi calculado, uma vez que o paciente apresenta stent coronário, o que invalida o valor prognóstico desse índice.

Fonte: Arquivo pessoal do autor.

Figura 1. Angiotomografia das artérias coronárias.

PACIENTE COM

MÚLTIPLOS EVENTOS

CARDIOVASCULARES

CASO CLÍNICO

SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) EM PACIENTE COM EVENTO

CARDIOVASCULAR PRÉVIO SEM ATINGIR A META DO LDL COM

(4)

INTRODUÇÃO

Na última década, a síndrome coronariana aguda (SCA), incluindo angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM), com ou sem supradesnivelamento do segmento ST, sofreram grande revolução do ponto de vista terapêutico. Apesar dos progressos nas áreas tecnológica e farmacológica, os pacien-tes ainda permanecem em situação de alto risco de eventos coronarianos recorrentes em curto prazo, quando compa-rados com aqueles com doença arterial coronariana (DAC) estável. Nesse cenário, o uso de fármacos que diminuam o LDL Colesterol (LDL-c) comprovadamente reduziu o risco de eventos coronarianos em pacientes de alto risco, incluindo diabéticos com DAC crônica e na SCA. Não há consenso sobre o uso de estatinas ou inibidores de pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) na SCA.1-3 As Diretrizes Bra-sileiras de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose da So-ciedade Brasileira de Cardiologia fazem estas considerações sobre o uso de estatinas na SCA: além de aumentar a adesão ao tratamento, evidências científicas mostram benefícios no uso precoce nessa população. Portanto, o uso de estatinas é indicado para indivíduos com síndromes coronárias agudas, com um alvo terapêutico de LDL-c < 70 mg/dL.2,4

As doenças cardiovasculares são líderes em morte em todo o mundo e, dentre elas, o infarto agudo do miocárdio é a principal causa.1-11

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 300 mil pes-soas sofrem infartos todos os anos no Brasil. O IAM é uma das principais causas de morte no país,3 a maioria delas nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40% a 65% (principalmente por fibrilação ventricular) na

primei-ra hoprimei-ra e aproximadamente 80% nas primeiprimei-ras 24 hoprimei-ras,5

fatores que tornam fundamental a avaliação médica de modo mais preventivo possível.5 Ressalte-se que a maior parte das mortes por IAM acontece fora do ambiente hos-pitalar, geralmente desassistidas por médicos.5

A qualidade do atendimento do IAM é grande desafio, uma vez que falha no diagnóstico e conduta inadequada re-sultam em comprometimento no tempo resposta. Estima-se que em cada cinco a sete casos ocorra um óbito.3 Mesmo não resultando na morte do paciente, essa doença é responsável por significativa incapacitação funcional da população, acarre-tando grandes prejuízos individuais e coletivos.

A aterosclerose, principal substrato das doenças cardio-vasculares, é consequência da resposta da parede arterial a múltiplos agressores, composta por itens de proliferação,

Eletrocadiograma (ECG): alteração de repolarização ven-tricular (ARV) com plus minus anterior.

Cineangiocoronariografia (Figura 1):

• Artéria coronária direita (CD): dominante, irregularidades; • Artéria descendente anterior (DA): 80% 1/3 proximal; • Primeiro ramo diagonal (Dg1): 90% óstio, pequena im-portância;

• Segundo ramo diagonal (Dg2): irregularidades, grande importância;

• Artéria circunflexa (CX): irregularidades;

• Circulação colateral (CC) de coronária direita (CD) para descendente anterior (DA) grau II;

Ecocardiograma de esforço — ecodopplercardiograma com estresse físico

Em 28 de fevereiro de 2017, o exame foi realizado para estratificar isquemia após a angioTC.

Peso (kg): 75

Altura (cm): 178

ASC (m²): 1.93

Medidas e cálculos

ESTRUTURA PARÂMETRO VALOR REFERÊNCIA

Aorta Seios de Valsalva 30 mm 28 - 40 mm

Ascendente 27 mm 22 - 38 mm

Ventrículo

direito Diâmetro diastólico 31 mm 25 - 41 mm

Átrio

esquerdo anteroposteriorDiâmetro 39 mm 30 - 40 mm

Ventrículo esquerdo Septo interventricular 9 mm 6 - 10 mm Parede lateral inferior 7 mm 6 - 10 mm Diâmetro diastólico 52 mm 42 - 58 mm Diâmetro sistólico 34 mm 25 - 40 mm Índice de massa 75 g/m² 49 - 115 g/m² Espessura relativa de parede 0,27 0,22 - 0,42 Fração de ejeção (Simson) 61 % > 54%

DESCRIÇÃO

Cavidades cardíacas

Átrios com dimensões normais. Ventrículo esquerdo com espessura miocárdica, diâmetro diastólico e função sistólica global normais. Observa-se hipocinesia discre-ta dos segmentos basal e médio da parede inferolateral. Função diastólica normal. Ventrículo direito com espessu-ra miocárdica, diâmetro diastólico e função sistólica global normais (análise subjetiva).

Exame após esforço em esteira ergométrica

Protocolo: teste de esforço realizado em esteira com protocolo de Bruce. O registro eletrocardiográfico foi obtido em 12 derivações modificadas. A fase de esforço foi interrompida por intenso cansaço, com frequência cardía-ca de 160 bpm, 99% da máxima preconizada para a idade.

Sintomas e intercorrências: não houve intercorrên-cias nem referência a sintomas.

Eletrocardiograma: durante e após o teste não houve alterações significativas em relação ao traçado antes do teste.

Análise segmentar do ventrículo esquerdo: não fo-ram observadas novas alterações da motilidade segmentar em relação ao exame pré-teste.

Conclusão: Ecocardiograma sob estresse físico em esteira negativo para isquemia miocárdica.

deposição de lipídios e inflamação caracterizada pela presen-ça de macrófagos, monócitos, linfócitos e outras células. Qua-se todos os infartos do miocárdio resultam de ateroscleroQua-se coronariana, geralmente com trombose sobreposta. Assim, durante a evolução natural das placas ateroscleróticas, espe-cialmente as carregadas de lipídios, pode ocorrer uma transi-ção abrupta e catastrófica caracterizada pela ruptura da pla-ca. A consequência dessa ruptura é a exposição a substâncias que promovem ativação, agregação plaquetária, geração de trombina e, por fim, formação de trombo, manifestação que interrompe o fluxo sanguíneo e leva ao desequilíbrio entre o suprimento e a demanda de oxigênio. Se esse desequilíbrio for grave e persistente haverá necrose miocárdica.12 Estu-dos pioneiros que avaliaram as características angiográficas do IAM mostram que a maioria das síndromes coronarianas agudas (aproximadamente 90%) são secundárias à oclusão vascular por trombo, que ocorre em uma lesão anterior.12 O conceito de placa vulnerável foi posteriormente desenvolvido para explicar a fisiopatologia da angina instável e do IAM.12

CASO CLÍNICO

Em 2009, paciente masculino, AB, 50 anos, apresentava-se saudável, fisicamente ativo, com histórico familiar de doença arterial coronariana precoce (pai e tio com infartos fulminan-tes anfulminan-tes dos 60 anos e, irmão com infarto jovem, com avalia-ção laboratorial negativa para deslipidemia familiar).

Antecedentes pessoais: nega hipertensão arterial sistê-mica (HAS) e o diabetes mellitus (DM), dislipidemia, tabagis-mo ou outras cotabagis-morbidades.

Há 2 semanas com dor precordial progressiva, inicial-mente ao se esforçar muito e, há 2 dias, ao caminhar por 30 minutos.

Procurou consulta médica ao apresentar dor em repou-so por 30 minutos. Paciente foi internado com suspeita de Síndrome Coronariana Aguda.

Exames durante a internação

Eletrocardiograma (ECG): ritmo sinusal (RS), alterações di-fusas da repolarização ventricular (ADRV) com padrão de ST/T plus minus na parede anterior.

Laboratório (22/08): dosagens do colesterol total (ColT) - 230; lipoproteína de alta densidade (HDL) 57; dosagem direta do colesterol (LDL) - 153; tireoglobulina (TG) - 99; mioglobina (MB) - 6,05; troponina - 2,45; ureia (U) - 23; creatinina (Cr) - 0.89.

• Realizada angioplastia de artéria descendente anterior (ADA) e ramo diagonal (Dg) com implantação de stent.

Laboratório

Dosagens do colesterol total (ColT): 230; lipoproteína de alta densidade (HDL): 153; triglicérides (TG): 99; taxas da isoforma miocárdica da creatinoquinase (CK-MB) 6,05 (VR < 4,0); Tr I: 2,45 (VR < 1,0); Cr: 0,89; U: 23

O paciente ficou estável e assintomático desde 2009, com as seguintes medicações: rosuvastatina 20 mg; ezeti-miba 10 mg; e aspirina 100 mg. Em 2017, ao realizar exa-mes de rotina, apresentou lesão em angiografia computa-dorizada (angioTC) de controle.

Mantido dieta, exercícios físico e otimização do trata-mento clínico com estatina em máxima dose, 40 mg (rosu-vastatina), demais medicações sem alteração.

No final de agosto do mesmo ano, o paciente apresentou quadro de sindrome coronariana aguda (infarto agudo do mio-cárdio com supra de ST), quando foi internado para a realiza-ção de nova cineangicoronariografia com implantarealiza-ção de stents na coronária direita. Seus exames bioquímicos demonstravam: LDL 74; HDL 63; não HDL 89; colesterol total 152.

Durante a internação iniciou-se a utilização de evolo-cumabe 140 mg a cada 15 dias, mantendo o regime de estatina, ezetimiba e dupla agregação plaquetária.

Até o dia 21 de fevereiro de 2020, o paciente manteve--se estável, assintomático, em programa de dieta e exercí-cios físicos. Provas isquêmicas mais recentes (cintilografia miocárdica e ecocardiograma bidimensional de 2019) reve-laram-se negativas para isquemia.

Já os exames laboratoriais de 20 de janeiro de 2020 apre-sentaram os seguintes resultados: LDL – 10; HDL – 64; não HDL 24; colesterol total 88; PCR < 0.03; Lp(a) 147 (anteriores pré-uso de evolocumabe: 229).

DISCUSSÃO

Embora as diretrizes recomendem o início hospitalar da terapia com estatinas de alta intensidade em pacientes com SCA, as metas de níveis de LDL frequentemente não são atin-gidas. Aproximadamente 70% dos pacientes de altíssimo risco permanecem com LDL acima do objetivo.13 O risco de eventos recorrentes em pacientes com SCA é particularmente alto logo após o evento. O início precoce do tratamento hospitalar com estatinas de alta intensidade reduz a ocorrência de eventos imediatos. Enquanto as estatinas têm efeitos favoráveis adi-cionais que podem desempenhar um papel nessa redução de risco no período agudo após a SCA, acredita-se que o benefício seja pelo menos parcialmente mediado pela redução do risco relacionado ao LDL.14 Como as estatinas têm um início de ação retardado, muitos pacientes com SCA não conseguem atingir os objetivos do tratamento apenas com terapia intensiva com estatinas.13 Assim, a redução rápida e mais potente do LDL-c pode ser um potencial benefício terapêutico nesses pacien-tes.17 Ao avaliarmos a eficácia, muitos estudos cardiovasculares de longo prazo usam métodos de análise de sobrevivência que consideram apenas o primeiro evento durante o estudo. Tais pesquisas não observam a totalidade dos benefícios clínicos da terapia nos pacientes, principalmente se o evento primário for um composto de múltiplos eventos. Os ensaios de redução do LDL-c avaliaram os eventos totais comparando estatinas de alta intensidade versus intensidade moderada. Nos estudos de avaliação e terapia com pravastatina ou atorvastatina, duran-te o IAM (PROVE IT-TIMI)14 demonstraram que o LDL-c menor atingido, com alta intensidade das estatinas, reduziram tanto o primeiro evento cardiovascular quanto o número total de eventos cardiovasculares em comparação com as estatinas de intensidade moderada.14 O ensaio internacional Vytorin Efficacy (IMPROVE-IT) mostrou que reduções adicionais no LDL-c com ezetimiba, além da terapia com estatina, reduziram o primei-ro e o subsequente evento cardiovascular comparado ao tra-tamento com sinvastatina sozinha.15 Apesar do tratamento com estatinas, pacientes com doença cardiovascular estável permanecem em alto risco de eventos cardiovasculares recor-rentes. O inibidor de PCSK9 reduz significativamente o risco de

Angiotomografia das artérias coronárias: padrão de dominância direita. Tronco da coronária esquerda (TCE) com calibre preservado. Artéria descendente anterior (DA) com endoprótese metálica pérvia e sem evidências de reestenose no segmento proximal. No segmento médio, antes da origem do ramo segundo diagonal, há placa predominantemente não calcificada excêntrica que determina estenose discreta/mode-rada. Segmento distal sem obstruções. O vaso contorna ápice cardíaco. Ramos primeiro, segundo e terceiro diagonal (D1, D2 e D3) de pequena expressão, sem obstruções. Artéria circun-flexa (CX) com irregularidades parietais, áreas de aumento da espessura mural e calibre preservado. Ramo primeiro marginal (M1) de grande expressão e ramificado, com placa não calcifi-cada discreta na origem e outras placas calcificalcifi-cadas também discretas no segmento proximal, sem estenose significativa. Artéria coronária direita (CD) com duas placas predominante-mente não calcificadas, excêntricas e com remodelamento po-sitivo, uma delas no segmento proximal e outra na transição entre os segmentos proximal e médio, ambas determinando estenose moderada. A placa mais distal, localizada próximo à emergência do ramo agudo marginal, mostra remodelamen-to positivo mais exuberante. Segmenremodelamen-to distal sem obstruções.

Ramo marginal direito (MgD) de grande expressão, com irre-gularidades parietais e calibre preservado. Ramo descendente posterior (DP) de moderada expressão, com placa calcificada dada na porção média. Ramo ventricular posterior (VP) de pe-quena expressão, sem obstruções.

Comentários: Stent pérvio e sem evidências de reestenose na artéria descendente anterior. Estenoses moderadas na artéria coronária direita, com sinais de remodelamento po-sitivo. Estenose discreta/moderada na artéria descendente anterior, distal ao stent.

Classificação dos graus de estenose

Estenose discreta: redução do diâmetro luminal menor que 50%.

Estenose moderada: redução do diâmetro luminal maior ou igual a 50% e menor que 70%.

Estenose acentuada: redução do diâmetro luminal maior ou igual a 70%.

Redução luminal significativa = estenose moderada ou acentuada.

Análise: o índice de cálcio não foi calculado, uma vez que o paciente apresenta stent coronário, o que invalida o valor prognóstico desse índice.

Fonte: Arquivo pessoal do autor.

Figura 1. Angiotomografia das artérias coronárias.

PACIENTE COM

MÚLTIPLOS EVENTOS

CARDIOVASCULARES

CASO CLÍNICO

SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) EM PACIENTE COM EVENTO

CARDIOVASCULAR PRÉVIO SEM ATINGIR A META DO LDL COM

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