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Caracterização epidemiológica dos casos de hanseníase no município de Caxias-Maranhão no período de 2002 a 2015

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Caracterização epidemiológica dos casos de hanseníase no município de

Caxias-Maranhão no período de 2002 a 2015

Epidemiological characterization of leprosy cases in the municipality of Caxias-Maranhão

from 2002 the 2015

Caracterización epidemiológica de los casos de lepra en la ciudad de Caxias- Maranhão

2002 la 2015

Annielson de Souza Costa

1

, Luana Savana Nascimento de Sousa

2

, Alyne Freire de Melo³,

Emigdio Nogueira Coutinho

4

, Mayron Morais Almeida

5

, Rhanyele de Moura Cardoso

5

, Laynara

Maria das Graças Alves Lobo

5

, Rosalba Maria da Costa Pessoa

6

.

RESUMO

Objetivo: Descrever o perfil dos casos de hanseníase notificados no município de Caxias-Maranhão, no

período de 2002 a 2015. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, realizado no período de agosto a outubro de 2016. Os dados foram extraídos do banco de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação. As variáveis de interesse abrangeram características socioeconômicas, modo de detecção e entrada, classificação operacional, forma clínica, esquema terapêutico, setor residencial e o tipo de saída. Resultados: Foram notificados 2.039 novos casos de hanseníase, os quais o gênero masculino prevaleceu em 46% das notificações. A raça predominante, foi a de cor parda com 67%. Identificou-se que 26% eram analfabetos e que 86% residiam na zona urbana. Em relação à faixa etária, 25% dos casos de hanseníase concentraram-se em indivíduos de 20 e 34 anos. As formas clínicas encontradas foram a dimorfa em 31.8% e indeterminada em 24% dos casos. Quanto à classificação operacional, 54.3% dos casos eram multibacilar e 44.7% paucibacilar. Observou-se que 84.2% dos pacientes obtiveram cura. Conclusão: E necessário investimento na estruturação dos serviços de saúde, para o enfrentamento da hanseníase, assim como, a interrupção precoce da cadeia de transmissão da doença, além da qualificação dos profissionais da atenção básica, para fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica, com o propósito de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento para prevenir incapacidades e reabilitação da saúde.

Palavras-chave: Epidemiologia. Hanseníase. Mycobacterium leprae. Poliquimioterapia. ABSTRACT

Objective: To describe the profile of leprosy cases reported in the municipality of Caxias-Maranhão, from

2002 to 2015. Methods: This is an epidemiological, descriptive and retrospective study carried out from August to October 2016. Data Were extracted from the database of the National System of Notifiable Diseases. The variables of interest included socioeconomic characteristics, mode of detection and entry, operational classification, clinical form, therapeutic scheme, residential sector and type of output. Results: A total of 2,039 new cases of leprosy were reported, and the male gender prevailed in 46% of the reports. The

1

Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão (FACEMA). Bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA.

2

Graduação em Enfermagem e Mestranda em Saúde e Comunidade pela Univ. Federal do Piauí (UFPI).

3

Graduação em Ciências Biológicas pela Univ. Estadual do Piauí (UESPI). Professora Mestre da FACEMA.

4

Graduação em Fisioterapia pela Faculdade Santa Terezinha (CEST). Professor Especialista da FACEMA.

5

Graduação em Enfermagem pela FACEMA

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predominant breed was brown with 67%. It was identified that 26% were illiterate and that 86% lived in the urban area. Regarding the age group, 25% of leprosy cases were concentrated in individuals aged 20 and 34 years. The clinical forms were dimorphic in 31.8% and undetermined in 24% of the cases. Regarding operational classification, 54.3% of cases were multibacillary and 44.7% were paucibacillary. It was observed that 84.2% of the patients were cured. Conclusion: It is necessary to invest in the structuring of health services, in order to cope with leprosy, as well as the early interruption of the disease transmission chain, in addition to the qualification of primary health care professionals, to strengthen epidemiological surveillance actions, Purpose of expanding access to diagnosis and treatment to prevent disabilities and health rehabilitation.

Key words: Epidemiology. Leprosy. Mycobacterium leprae. Polychemotherapy. RESUMEN

Objetivo: Describir el perfil de los casos de lepra notificados en el municipio de Caxias-Maranhão, en el

período de 2002 a 2015. Métodos: Se trata de un estudio epidemiológico, descriptivo y retrospectivo, realizado en el período de agosto a octubre de 2016. Los datos Fueron extraídos de la base de datos del Sistema Nacional de Agravios de Notificación. Las variables de interés abarcar características socioeconómicas, modo de detección y entrada, clasificación operacional, forma clínica, esquema terapéutico, sector residencial y el tipo de salida. Resultados: Se notificaron 2.039 nuevos casos de lepra, los cuales el género masculino prevaleció en el 46% de las notificaciones. La raza predominante, fue la de color pardo con el 67%. Se identificó que el 26% eran analfabetos y que el 86% residía en la zona urbana. En el grupo de edad, el 25% de los casos de lepra se concentra en individuos de 20 y 34 años. Las formas clínicas encontradas fueron la dimorfa en 31.8% e indeterminada en el 24% de los casos. En cuanto a la clasificación operativa, el 54.3% de los casos eran multibacilar y el 44.7% paucibacilar. Se observó que el 84.2% de los pacientes obtuvieron cura. Conclusión: Es necesaria una inversión en la estructuración de los servicios de salud, para el enfrentamiento de la lepra, así como la interrupción precoz de la cadena de transmisión de la enfermedad, además de la calificación de los profesionales de la atención básica, para el fortalecimiento de las acciones de vigilancia epidemiológica, El propósito de ampliar el acceso al diagnóstico y tratamiento para prevenir incapacidades y rehabilitación de la salud.

Palabras clave: Epidemiología. La lepra. Mycobacterium leprae. poliquimioterapia.

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infecciosa e crônica do tipo granulomatosa que ataca a pele e sistema nervoso periférico. Seu causador é a bactéria Mycobacterium leprae, que se caracteriza como um parasita intracitoplasmático dos macrófagos. A doença possui alta infectividade e baixa patogenicidade, sendo que o período de incubação pode ser prolongado de 2 a 5 anos. A apresentação clínica da doença possui características marcantes, sendo o principal fator de classificação, diagnóstico e tratamento da doença que baseia-se, principalmente, na presença e quantidade de lesões na pele, perda da sensibilidade e espessamento neural (SARMENTO et al., 2015).

A Hanseníase é uma doença milenar que possui uma história repleta de estigmas que caracteriza e justifica os aspectos sociais e culturais da pessoa com a patologia. Segundo Oliveira e Romanelli (1998), a doença é descrita na bíblia (através do termo lepra), evidenciando a presença do Mycobacterium leprae na antiguidade; assim, ressalta-se que o termo ao longo da história adquiriu a conotação de impureza, o que levou à substituição de “lepra” por “hanseníase”. Essa enfermidade possui características especificas, com índice de infecção relacionado diretamente ao ambiente físico, econômico e social, além de influências psicológicas no hospedeiro.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), define a hanseníase como um problema de saúde pública, principalmente nos países cujas taxas de prevalência ultrapassam um caso por 10.000 habitantes (GOMES; FRADE; FOSS, 2010). Entre os 11 países considerados de maior endemicidade pela Organização Mundial de Saúde, a Índia ocupa o 1º lugar e o Brasil o 2º lugar em números de casos detectados. Destarte, o Brasil tem adotado algumas medidas para controle dos altos índices de hanseníase, tais como, atividades de

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detecção precoce dos casos, tratamento poliquimioterápico (PQT), prevenção de incapacidades físicas, vigilância de comunicantes e educação em saúde (LANA; CARVALHO; DAVI, 2011).

O Ministério da Saúde utiliza a classificação de Madri para classificação da hanseníase nos pacientes. Esta pode ser Paucibacilares (PB), onde destaca-se os casos com até cinco lesões de pele, ou ainda apenas um tronco nervoso comprometido; e em Multibacilares (MB) onde há mais de cinco lesões na pele e múltiplos troncos nervosos acometidos. Sendo que como critério de confirmação do diagnóstico deve haver baciloscopia positiva (ARAÚJO, 2003). Entretanto, a hanseníase também é dividida quanto à forma clínica, aos aspectos histológicos, bacteriológicos e imunológicos em: tuberculóide, indeterminada, dimorfa e virchowiana, respeitando os critérios de cada caso individualmente (GARCIA, 2011).

A Hanseníase é considerada um problema de saúde pública e a Organização Mundial de Saúde definiu como estratégia para eliminação da doença, o regime com Poliquimioterapia (PQT) para pacientes paucibacilares, composto de seis doses, com 100mg diárias de dapsona e dose supervisionada de 600mg mensais de rifampicina; para os multibacilares, dose diária de 100mg de dapsona, 50mg de clofazimina, dose mensal supervisionada de 600mg de rifampicina e 300mg de clofazimina, no total de 12 doses (BRASIL, 2002).

Segundo dados do Programa Nacional de Controle de Hanseníase (PNCH) e da Secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no Brasil no ano de 2011 revelaram um total de casos de hanseníase notificados no país, com sua maior parte na região Nordeste, com 42,35% dos casos do país (BRASIL, 2011).

No tocante, o Estado do Maranhão, localiza-se no Nordeste brasileiro e compreende 217 municípios. Em 1998, a Secretaria Estadual de Saúde do Maranhão, registrou que em 32 municípios da região, obtiveram um coeficiente de prevalência acima de 20 casos/10.000 hab., caracterizando-se como hiperedêmicos (BRASIL, 2008). Em conformidade aos indicadores, a cidade de Caxias-MA, apresenta-se como polo central de combate à doença (BRASIL, 2005).

Ante o exposto, surge a seguinte questão norteadora: Qual o perfil epidemiológico dos casos de hanseníase no município de Caxias-Maranhão, no período de 2002 a 2015? Assim, o estudo tem como objetivo descrever o perfil dos casos de hanseníase notificados no município de Caxias-Maranhão, no período de 2002 a 2015.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, seguido de delineamento epidemiológico, descritivo e retrospectivo, realizado no município de Caxias-MA. O município é o quinto maior do Estado do Maranhão, com uma população de 161.137 hab., e uma área de 5.150,667 km², entrecortada por um manancial composto pelo rio Itapecuru e seus afluentes. E enfatiza-se por ser um dos maiores centros econômicos do estado, devido ao seu grande desempenho nos setores da indústria e um importante centro político, cultural e populacional do Maranhão.

A fonte de dados para a pesquisa foi o Sistema de Informação de Agravos e de Notificação, fornecido pelo setor de Vigilância Epidemiológica, situada na Secretaria Municipal de Saúde, da referida cidade.

A coleta de dados foi realizada no período de agosto a outubro 2016, através da análise das fichas de notificação dos casos de hanseníase no município. Como critério de inclusão, considerou-se os pacientes de ambos os sexos, diagnosticados com hanseníase e residentes no município de Caxias, no período de 2002 a 2015. E excluídos os pacientes notificados em Caxias, mas residentes em outros municípios.

As variáveis de interesse abrangeram as características sociodemográficas, modo de detecção, modo de entrada, classificação operacional, forma clínica, esquema terapêutico, zona de residência e o tipo de saída nos últimos anos (2002 a 2015).

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Os dados foram expressos em números absolutos e posteriormente tabulados no programa TABWIN versão 3.5 e estruturados no formato Microsoft Office Excel versão 2010, e apresentados por meio de tabelas e gráficos.

O estudo obedeceu aos princípios éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). E por se tratar de uma pesquisa com dados secundários, para o desenvolvimento do estudo obteve-se uma autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Caxias-MA, para o acesso e publicação dos dados, contribuindo para alertar a comunidade científica, os gestores e a comunidade quanto a necessidade de interromper a disseminação da patologia, através da prevenção, diagnóstico precoce, e tratamento terapêutico satisfatório.

RESULTADOS

Neste estudo foram encontrados 2.039 casos de hanseníase diagnosticados na Unidade de Referência para Controle da Hanseníase no município de Caxias-MA, no período de 2002 a 2015, extraídos do Sistema de Informação de Agravos e de Notificação (SINAN) de 2002 a 2015.

A partir da análise, observou-se que a doença foi predominante no sexo masculino, em 54% dos casos. E esta realidade torna-se preocupante, pois aponta-se para o fato de que a maior procura pelos serviços de saúde, seja pelo sexo feminino ou caracteriza-se pela ineficiência desses serviços em alcançar a população masculina local, agravando a situação de saúde, e impossibilitando o diagnóstico precoce e tratamento terapêutico satisfatório.

Com relação à raça, verificou-se que a cor parda, foi relatada por 67% pacientes, o que reflete a composição étnica da região nordeste Brasileira, onde 11% dos pacientes que são brancos, recebem diagnosticados de hanseníase, em contraste com maioria parda, e ainda pacientes que se autodeclaram negros que apresentam um índice de 21%.

A faixa etária de maior prevalência abordada neste estudo foi entre 20 a 34 anos, idade economicamente ativa dos pacientes, confirmando outros resultados encontrados, totalizando 25% dos pacientes. Todavia, este fator pode prejudicar a produtividade dos indivíduos, haja vista que estes, muitas vezes, tendem a se isolar da vida social.

Revela-se ainda que, 26% dos pacientes diagnosticado com hanseníase são analfabetos e que 23% possuem ensino fundamental incompleto, o que se torna um grande problema, pois acredita-se que quanto menor a escolaridade do indivíduo, maior é a incidência de casos de hanseníase. E quanto ao perfil endêmico de zona residencial, percebeu-se que 86% residiam na zona urbana, enquanto apenas 12% dos pacientes residem na zona rural.

Em relação ao modo de detecção da patologia, verificou-se que 43% dos casos novos de hanseníase foram detectados por meio de buscas realizadas por agentes comunitários de saúde que ao detectar anomalias ou sinais sugestivos de hanseníase encaminharam o paciente à Unidade Básica de Saúde (UBS) para um atendimento adequado; 39.2% dos casos foram identificados por demanda espontânea, onde o próprio paciente buscou ajuda médica após o aparecimento de sinais e sintomas da doença; 2.4% dos casos foram detectados através de buscas em familiares que viviam na mesma residência que pacientes já diagnosticados com a doença (Gráfico 1).

Quanto ao modo de entrada dos pacientes com hanseníase no sistema municipal de saúde para tratamento da doença no município de Caxias (MA), evidenciou-se que 90% eram de casos novos diagnosticados dentro do próprio município; o modo de entrada por recidiva da doença dentro do próprio município apresentou-se em 4% dos casos, isso ocorre quando o paciente após alta do tratamento desenvolve novos sinais e sintomas da doença, necessitando assim, do retornar ao tratamento (Gráfico 2).

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Gráfico 1 - Caracterização da hanseníase segundo modo de detecção, no

período de 2002 a 2015. Caxias-Maranhão, Ago./out. 2016.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos e de Notificação (Sinan), 2002 a 2015.

Gráfico 2 - Caracterização dos casos de hanseníase segundo o tipo de

entrada no sistema municipal de saúde para tratamento de Hanseníase, no período de 2002 a 2015. Caxias-Maranhão, Ago./out. 2016*.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos e de Notificação (Sinan), 2002 a 2015.

No tocante, às formas clínicas, enfatizou-se a prevalência de casos, quanto à forma dimorfa com 31.8% e para a forma indeterminada com 24% dos casos. Nas demais casos destacam-se as formas do tipo tuberculóide com 20.2% e a forma Vichowiana com 19.7% (Gráfico 3).

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Gráfico 3 - Caracterização dos casos de hanseníase por forma clínica, no período

de 2002 a 2015. Caxias-Maranhão, Ago./out. 2016.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos e de Notificação (Sinan), 2002 a 2015.

Quanto ao esquema de tratamento, destaca-se que 54.3% dos pacientes com hanseníase do tipo multibacilar, utilizaram 12 doses do coquetel e 44.7% dos pacientes diagnosticado com hanseníase do tipo paucibacilar, utilizaram no mínimo 6 doses subsequentes do coquetel, sendo entregue novas doses da medicação a cada mês. Outros tipos de esquema para tratamento da hanseníase estiveram presente em 1% dos casos, sendo que o número de doses varia individualmente entre os pacientes até que se consiga a cura (Gráfico 4).

Gráfico 4 - Caracterização dos casos de hanseníase por esquema de

tratamento, no período de 2002 a 2015. Caxias-Maranhão, Ago./out. 2016.

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Quanto ao tipo de saída do paciente do sistema municipal de saúde no que cerne o tratamento da hanseníase, 84.2% da amostra receberam alta por cura, 3.4% foram transferidos para outros municípios, 2.5% para outro estado da federação, 1.5% apresentaram erro de diagnóstico e 1.8% dos casos evoluíram para óbito (Gráfico 5).

DISCUSSÃO

Neste estudo o maior número de casos novos de Hanseníase diagnosticados situou-se nos anos de 2002 e 2015. Tal resultado pode ser fruto dos esforços feitos pelas equipes de saúde na busca dos pacientes, muitas vezes em domicílio, para que estes pudessem ser tratados .

No estudo, verificou-se que a maioria dos casos de hanseníase concentrou-se no público masculino. Tal contexto de maior incidência de hanseníase entre os homens se justifica no maior contato social com outras pessoas e a não preocupação com sua saúde, além de que as políticas de saúde para estes são mais escassas (MELÃO et al., 2011). Em contrapartida, outros estudos mostram a prevalência de hanseníase no gênero feminino (LOBO et al., 2011; PINTO et al., 2011). O predomínio entre as mulheres resulta do fato destas procurarem mais a ajuda médica e realizarem precocemente o tratamento (PINTO et al., 2011).

A faixa etária de destaque, compreendeu as idades de 20 a 34 anos. Este fator pode prejudicar a produtividade dos indivíduos, haja vista que estes, muitas vezes, tendem a se isolar e afastar da sociedade e do trabalho (RIBEIRO JÚNIOR; VIEIRA; CALDEIRA, 2012). Identificou-se ainda a presença de pacientes com menos de 10 anos de idade. Isso é preocupante, pois significa que eles possivelmente tenham sido contaminados nos primeiros anos de vida mostrando uma deficiência no controle da doença e uma provável cadeia de transmissão na família (BATISTA et al., 2011).

Gráfico 5 - Caracterização dos casos de hanseníase por tipo de saída do paciente do

sistema municipal de saúde, no período de 2002 a 2015. Caxias-Maranhão, Ago./out. 2016.

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Em estudo realizado com dados do SINAN de onze cidades pertencentes ao sul do Estado de Santa Catarina mostrou que referente ao modo de detecção de caso novo, a forma de encaminhamento representou 61.1% dos casos, 13% foi por demanda espontânea e em 22.2% os dados foram ignorados (MELÃO et al., 2011). No presente estudo, descachou-se casos novos dentro do próprio município e casos por recidiva, com 90% e 4% respectivamente. Com relação ao modo de detecção, enfatizou-se que casos novos de hanseníase foram diagnosticados através de encaminhamentos do paciente por agentes comunitários de saúde para consulta na Unidade Básica de Saúde e demanda espontânea, onde o próprio paciente busca atendimento médico. A respeito disso, acredita-se que nos últimos anos a identificação precoce dos casos, possa ter ocorrido por uma melhora da estrutura do atendimento, da implementação de programas, e/ou da capacitação dos profissionais de saúde, além da procura espontânea dos indivíduos.

Em face do exposto, o modo de entrada dos pacientes com hanseníase no sistema municipal de saúde , compreenderam casos novos, transferência e por recidiva da doença, que apesar de ser raro, ocorre quando o paciente recebeu a medicação de forma inadequada para sua forma clínica ou não realizou de maneira correta (GARCIA, 2011).

Em um estudo realizado com pacientes em tratamento de hanseníase em uma instituição de referência para Hansen localizada na região metropolitana de Salvador no ano de 2008, mostrou o predomínio de casos da forma dimorfo (43.4%), enquanto o subgrupo dimorfo-dimorfo foi observado 21.4% destes pacientes (PINTO

et al., 2011). Outro estudo conduzido por Melão et al. (2011) evidenciou uma distribuição igualitária das

formas clínicas tuberculóide e virchowian (27.8% cada), contudo a forma clínica de maior prevalência no sexo masculino foi a virchowiana (39.1%) e a indeterminada e dimorfa com frequências iguais no sexo feminino, 28.5% cada.

Nesse contexto, como comprovado cientificamente, a hanseníase é uma doença que tem cura. Dentre os pacientes estudados que fizeram tratamento paucibacilar, foi visto que grande parte, utilizou de 1 dose mensal por um período de 6 meses, resultando em 6 doses, para obter a cura definitiva (OLIVEIRA e MACEDO, 2012). Já os pacientes que fizeram tratamento multibacilar precisaram, em sua maioria, de 12 doses da medicação. Porém, uma boa quantidade necessitou de mais doses para se curar. O motivo para esse achado reside no fato da demora na procura dos pacientes aos serviços de saúde, atrasando o início do tratamento o que faz com este se torne mais longo por causa da maior gravidade das lesões.

Para tanto, analisando a conduta dos pacientes, enfatizou-se que a maioria dos pacientes, obtiveram alta por cura, mostrando que o acesso ao tratamento correto e em tempo hábil culmina em sua maioria em resultados extremamente satisfatórios, fato este também evidenciado em outros trabalhos acerca da temática (MIRANZI; PEREIRA; NUNES, 2010; LIMA et al., 2010).

CONCLUSÃO

O estudo foi de grande relevância por caracterizar o quadro de hanseníase no município e proporcionar o fortalecimento das ações de promoção, prevenção e diagnóstico, para a identificação precoce dos fatores de risco, e estabelecimento de tratamento terapêutico e das incapacidades físicas. No tocante, a pesquisa contribuirá para que o gestor em saúde conheça as condições de saúde da população estudada, além de articular medidas socioeducativas a serem desenvolvidas nas comunidades, com o intuito de alertar a sociedade quanto aos agravos da patologia e reduzir a morbimortalidade. A busca da caracterização epidemiológica foi satisfatória, apesar de alguns dados ainda terem deixado lacunas a esclarecer, em especifico as notificações por bairro, devido ao preenchimento incompleto e errado das fichas de notificação compulsória. Assim, acredita-se que é necessário investimento na estruturação dos serviços de saúde para o enfrentamento da hanseníase e interrupção da cadeia de transmissão da doença, assim como, qualificação dos profissionais da atenção básica, para fortalecimento ações de vigilância epidemiológica.

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AGRADECIMENTO

Agradecimento a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA pela concessão de bolsa de iniciação ao autor Annielson de Souza Costa.

______________________________________________ REFERÊNCIAS

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