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XIII Congresso Brasileiro de Sociologia - 29 de maio a 1 de junho de 2007, UFPE, Recife (PE) - Grupo de Trabalho: Trabalho, Precarização e Políticas

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XIII Congresso Brasileiro de Sociologia

- 29 de maio a 1 de junho de 2007, UFPE, Recife (PE)

- Grupo de Trabalho: Trabalho, Precarização e Políticas Públicas

- Trabalho e Família: as desigualdades de gênero na Cidade de Montes Claros MG. - Autor(a): Maria da Luz Alves Ferreira

- Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES - - mariadaluz@oi.com.br

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Trabalho e Família: as desigualdades de gênero na Cidade de Montes Claros MG.

FERREIRA, Maria da Luz Alves. Professora do Departamento de Ciências Sociais – UNIMONTES. mariadaluz@oi.com.br - Fonte de financiamento: FAPEMIG

O texto trata das desigualdades de gênero no interior da família e no mercado de trabalho na cidade de Montes Claros – Minas Gerais. Através da análise dos dados dos módulos: trabalho, valores e identidade de gênero e estratificação social, da pesquisa “Desigualdades sociais, qualidade de vida e participação política: pesquisa por amostragem probabilística da região metropolitana de Belo Horizonte e do município de Montes Claros em comparação internacional”, pretende-se analisar as disparidades de gênero existentes e persistentes no mercado de trabalho na cidade supracitada. Pretende verificar também, se em Montes Claros ainda persiste a dupla jornada de trabalho feminina e como se dão às relações de poder no interior das famílias, bem como quais são as estratégias utilizadas pelas mulheres com cônjuges, para conciliar o trabalho produtivo, realizado no e para o espaço público, com o trabalho reprodutivo, cuidado com casa e familiares que tradicionalmente são reconhecidos e representados como atividade feminina. Os dados da referida pesquisa apontam que a Cidade de Montes Claros tende a refletir o cenário nacional, ou seja, que apesar de algumas mudanças, ainda persistem desigualdades de gênero tanto no interior das famílias quanto no mercado de trabalho.

O debate atual sobre o trabalho feminino no Brasil: algumas reflexões iniciais.

As análises do comportamento do mercado de trabalho brasileiro, são unânimes em afirmar que nas últimas décadas houve um aumento da participação das mulheres na população economicamente ativa. Contudo, este aumento da participação feminina vem acontecendo paralelamente às transformações no mundo do trabalho, alterando profundamente as ofertas e o conteúdo do trabalho. Por conseguinte, apesar de diversas reivindicações no sentido de reverter as desigualdades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho.

Uma análise interessante sobre o tema é realizada por Bruschini e Lombarde (2003), que aponta que as mulheres têm ingressado com mais intensidade a postos de trabalho. Os fatores explicativos desse aumento de ingresso são, segundo as autoras, reflexo das mudanças ocorridas no país a partir da década de 70 fazendo com que a atividade feminina não se resultasse apenas de necessidades econômicas, mas

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devido às transformações de ordem demográfica, sociais e culturais que têm ocorrido no país, afetando não só as mulheres, mas o conjunto das famílias.

As autoras supra citadas analisam que o trabalho feminino é marcado por mudanças e persistências. No tocante às mudanças, o destaque é para o perfil das trabalhadoras predominantes antes dos anos oitenta, geralmente mulheres jovens, solteiras e sem filhos. Após esse período passou a ser de mulheres mais velhas, casadas e com filhos. Embora considere que o aumento da participação feminina, principalmente nos últimos vinte anos, tenha sido registrado em todas as idades, os índices mais significativos se deram em primeiro lugar, para as mulheres entre as faixas etárias de 30 a 39 anos, seguida das de 40 a 49 anos.

Ainda em relação à mudança do perfil da mão-de-obra feminina, uma constatação importante foi o aumento da porcentagem das mulheres casadas, atingindo 49,7% em 1993 (Bruschini, 1999). Portanto a responsabilidade de cuidar dos filhos – historicamente reconhecida como tarefa eminentemente feminina – não tem se constituído em fator que impeça o ingresso das mulheres no mercado de trabalho. Ao contrário, houve maior participação movida tanto pela necessidade de complementar a renda da família, quanto pela elevação dos níveis de escolaridade, qualificando-as para competirem no mesmo. Entretanto, apesar das mudanças em relação ao trabalho feminino, ainda persistem disparidades entre o trabalho masculino e o feminino. Apesar das diversas conquistas, as mulheres continuam recebendo salários inferiores aos homens, mesmo exercendo as mesmas funções, com o mesmo vínculo de trabalho, a mesma jornada, o mesmo nível de escolaridade.

Esta análise é partilhada por Cappellin (1999). Ela considera que embora em termos quantitativos as mulheres venham se ingressando mais no mercado, seus trabalhos ainda são marcados por instabilidade e empregos atípicos como em tempo parcial, temporário e a domicílio. Segundo dados apresentados por pesquisa da Fundação Carlos Chagas, na região metropolitana de São Paulo, em 1999, os homens recebiam cerca de 30% a mais do que as mulheres, exercendo a mesma função. Assim os rendimentos femininos são sempre inferiores, estejam elas inseridas como empregadas, trabalhadoras domésticas e até mesmo empregadoras.1

1 Dados do DIEESE 1996 comprovam que em São Paulo, a maioria dos homens recebem até 50% a mais que as mulheres, exercendo as mesmas atividades.

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É consenso nas várias análises, dentre as quais, destaca-se Cappellin (1999), que o aumento da taxa de emprego feminina, com raríssimas exceções, não se deu aliada à equidade profissional em relação aos homens. Pode ser verificada, na atualidade, uma presença quase maciça da mão-de-obra feminina em formas de trabalho atípicas, tais como: o trabalho por contrato temporário, parcial, a domicílio e na economia informal que “expõe as mulheres a um trabalho e a uma remuneração bem mais insegura, colocando-as em perigo de vir a ser marginalizadas no mercado de trabalho” (Cappelin,1999:5).

A autora considera ainda que essas formas de trabalho são sempre associadas à discriminação horizontal, persistindo baixos salários, inexistência de garantia de direitos de proteção social e a limitação de investimentos na qualificação profissional impossibilitando, assim, a ascensão a carreiras promissoras. Ela considera ainda que houve uma complexificação da discriminação das mulheres, as quais, antes dos anos oitenta, encontravam-se localizadas no ingresso aos postos de trabalho. Na atualidade, a discriminação torna-se difícil de ser detectada, pois vai além das questões profissionais, chegando à divisão sexual do trabalho. Outro complicador é que a introdução das novas tecnologias faz com que, na maioria das vezes, as mulheres sejam contratadas para as áreas mais inferiores dos novos lugares; por outro lado, as atividades onde exigem maior especialização e/ou qualificação continuam sendo preenchidas pela mão-de-obra masculina.

As inovações tecnológicas ao implicar mudanças das exigências de qualificações e habilidades chegam a estimular a substituição das mulheres por homens. Assim as mulheres tendem a ser fortemente vulneráveis nos impactos tecnológicos considerado o fato que sua contratação e dirigidas para qualificações de baixa intensidade e complexidade tecnológica (Cappelin,1999 p.6).

Não se pode deixar de considerar também que o ingresso das mulheres, diferentemente dos homens, nos postos de trabalho formal exige uma articulação do privado (espaço doméstico, da família) com a atividade exercida no espaço público. Neste sentido, “trabalhar ou não trabalhar profissionalmente fora do âmbito da família não constitui uma escolha entre duas esferas de atividades autônomas: a questão fundamental continua sendo tornar compatível o exercício de uma atividade

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profissional das mulheres com o trabalho doméstico” (Chabaud et alli, 1987 p113). Para uma grande parcela de mulheres, o trabalho não depende só das demandas do mercado, mas de alguns elementos como: existência de filhos menores, posição familiar e necessidade de contribuir para o sustento da família, pontos considerados pelas trabalhadoras no momento da decisão de ingressar e/ou permanecer nos postos de trabalho.

Neste sentido, o paradoxo é que, apesar de ter havido maior ingresso da mão-de-obra feminina do que a masculina nos postos de trabalho formal – “em profissões de nível superior de prestígio, como a medicina, a arquitetura, o direito e mesmo em algumas áreas da engenharia, área que há bem pouco tempo reservadas a profissionais do sexo masculino” (Bruschini & Lombarde, 1999 p1), ainda não se verifica uma equidade entre homens e mulheres, ou seja, as oportunidades de empregos são as mesmas para as mulheres; mas a dualidade de salários permanece quase inalterada.

Ainda em relação à falta de equidade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho, a pesquisa realizada pela Fundação SEADE – Mulheres na Região Metropolitana de São Paulo (1998) - constatou que embora tenha havido um decréscimo, sobretudo durante os anos noventa, persistia a diferença dos rendimentos da mão-de-obra masculina e feminina. Em 1998 o rendimento masculino chegou a ser de até 59% superior ao feminino.

Uma das justificativas para esta diferenciação salarial foi encontrada na quantidade de horas trabalhadas onde as mulheres, por serem maioria em serviços como: educação, saúde, alimentação e outros, têm suas jornadas de trabalho normalmente inferior às 44 horas semanais2. Portanto, para esta explicação, não só o rendimento feminino é inferior, mas também a jornada. Um outro aspecto que confirmou a discriminação salarial foi em relação à escolaridade. Mesmo as mulheres com o grau de instrução igual ao dos homens recebiam rendimentos de até 30% menos que eles.

Embora as análises apontem que as mulheres estão se capacitando mais e aquelas que possuem nível superior estão ingressando mais e em melhores postos no mercado de trabalho. Entretanto, além dos rendimentos inferiores, nota-se a existência de relações diferenciadas por gênero no âmbito do mercado de trabalho. Estas são condicionantes para determinar relações de poder vinculadas aos estereótipos de

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gênero, fazendo com que sejam reforçadas as desigualdades entre os sexos no mercado de trabalho.

Portanto, pode-se considerar dois aspectos: se, por um lado, houve mudanças importantes em relação ao acesso e permanência das mulheres no mercado de trabalho, inclusive, com alteração do perfil das trabalhadoras, por outro lado, persistem alguns entraves tais como: diferenças salariais, dificuldade de conciliar atividades do mercado com tarefas domésticas e com a família e discriminação quanto ao gênero que contribuem para a desvalorização do trabalho feminino.

Os estudos demonstram que, nas últimas décadas, as mulheres vêm conseguindo ter acesso a espaços, até então, considerados “espaços masculinos,” por exemplo, a área bancária, (Segnini, 1998)3 e algumas profissões consideradas de prestígio como: engenharia, arquitetura, medicina e áreas jurídicas (Bruschini, 1999). Embora sejam conquistas importantes, principalmente porque são atividades que requerem uma maior qualificação profissional – confirmando a superioridade do nível educacional das mulheres em relação aos homens -, não são ainda suficientes para promover uma equidade entre o trabalho de homens e mulheres. Aliado a isso, tem o fato de que como destacado anteriormente, as mulheres, mesmo trabalhando fora de casa, continuam sendo as principais responsáveis pela realização e/ou supervisão de atividades domésticas, bem como o cuidado com os filhos.

Trabalho e Família: as desigualdades de gênero na Cidade de Montes Claros MG.

Analistas do mercado de trabalho têm apontado que o trabalho feminino é marcado por novidades e recorrências, por um lado, as recorrências relaciona-se a um grande contingente de mulheres, em torno de 40% da força de trabalho feminina estão inseridas no mercado em ocupações precárias, tanto quanto ao vínculo de trabalho, quanto a remuneração. As referidas ocupações são aquelas nas quais a presença de mulheres tem se dado tradicionalmente tais como: o trabalho doméstico, atividades para o consumo próprio e para a família, bem como uma grande parcela de mulheres

3 Segnini (1998) considera que apesar das mulheres terem tido acesso ao trabalho bancário, esta inserção se deu de forma predominante no trabalho não comissionado e grande maioria em trabalho em tempo parcial. Ela considera que: “as mulheres vão ocupar, sobretudo os postos de trabalho relacionados às

operações simplificadas e repetitivas que os sistemas informatizados passaram a demandar; as mulheres bancárias são altamente escolarizadas, mais escolarizadas que seus companheiros de trabalho, desta forma, detêm um significativo potencial para o desempenho destas tarefas que demandam muita responsabilidade e atenção. No entanto, este diferencial educacional não é remunerado pelo banco, pois não é explicitada sua exigência para exercer as funções apontadas” (p.156).

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em alguns postos representados como nichos femininos, como a enfermagem e o magistério de primeiro grau.

Com relação a precariedade do trabalho feminino, um aspecto importante a ser destacado é que as mudanças no mundo do trabalho decorrente da especialização flexível culminando que as mulheres têm sido mais requisitadas do que os homens para executarem atividades que exigem determinadas habilidades, que são ligadas aos saberes femininos como destreza manual, atenção a detalhes e paciência para realizar trabalhos repetitivos os quais qualificaram-nas para o desenvolvimento de tarefas femininas. Porém estas habilidades não são consideradas como qualificação, fazendo com que as trabalhadoras continuem sendo submetidas a salários inferiores aos homens (Posthuma, 1999).

Por outro lado, as novidades apontam para uma direção oposta, onde está havendo uma expansão da ocupação feminina em profissões de nível superior de prestígio, como a medicina, arquitetura, o direito e algumas áreas da engenharia que até a pouco tempo eram de domínio de profissionais do sexo masculino. Uma das explicações para o acesso das mulheres em profissões que até pouco tempo eram ocupadas unicamente por homens é o fato da mulher estar se capacitando mais, ou seja, as mulheres vem paulatinamente aumentando sua escolaridade como apontam os dados da tabela abaixo.

Tabela 01 – Sexo segundo escolaridade

Escolaridade Homem Mulher Total

Sem escolaridade 2 3,7% 0 0,0% 2 1ª a 4ª séries 28 51,9% 12 52,2% 40 2º Grau 20 37,0% 8 34,8% 28 Superior 4 7,4% 3 13,0% 7 Total 54 100,0% 23 100,0% 77

Fonte: pesquisa.: pesquisa da cidade de Montes Claros – 2005-6

Os dados demonstram que as mulheres têm uma ligeira vantagem em relação aos homens quanto a escolaridade nos níveis superior. Isso pode estar propiciando às mulheres a condição de concorrer no mercado por ocupações que antes elas não tinham acesso como a magistratura, por exemplo.

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Entretanto, embora o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, principalmente nas últimas décadas, tem significado um avanço em termos quantitativos, mas não pode deixar de destacar que o aumento do acesso ao emprego vem aliado à precarização do trabalho feminino onde formas atípicas como o trabalho em tempo parcial, têm recrutado mulheres para trabalhos sazonais, horário noturno e finas de semana. Outro aspecto é que as ocupações desempenhadas por mulheres têm percebido salários inferiores do que as desenvolvidas por homens, mesmo que tenham a mesma posição na ocupação como aponta os dados da tabela 02.

Tabela 02 – Renda média mensal em salários mínimos por sexo

Renda Média Homem Mulher Total

Até meio salário 2 3,70% 6 26,10% 8

Mais de meio até 1 salário 8 14,80% 4 17,40% 12

Mais de 1 até 3 salários 25 46,30% 6 26,10% 31

Mais de 3 até 5 salários 7 13,0% 1 4,30% 8

Mais de 5 até 10 salários 4 7,40% 0 0,0% 4

Mais de 10 até 20 salários 2 3,70% 0 0,0% 2

Mais de 20 salários 6 11,10% 6 26,10% 12

Total 54 100,0% 23 100,0% 77

Fonte: Pesquisa da Cidade de Montes Claros 2005-6

A tabela 02 aponta que de forma geral, quando a faixa de salário aumenta há uma tendência a diminuição da parcela de mulheres proporcionalmente aos homens, as mulheres em sua maioria percebem salários baixos, mais de meio até 01 salário mínimo e acima de 01 e 03 salários mínimos, inclusive 26,1% recebem menos de um salário mínimo como aponta os dados da tabela acima. Isso reforça as análises correntes de que as mulheres, ainda em sua maioria estão concentradas em ocupações que são caracterizadas pela baixa qualificação e conseqüentemente baixos salários. A exceção encontra-se na faixa acima de 20 salários mínimos, onde se verifica pela tabela supracitada que 26,1% de mulheres e 11,1% dos homens estão inseridos/as nesta faixa salarial.

Apesar desta exceção, em relação a faixa de mais de 20 salários mínimos, um fator interessante que não pode ser esquecido é que as mulheres ainda se concentram em atividades de baixo prestigio tanto no setor formal, quanto no setor informal como demonstra os dados da tabela 03.

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Tabela 03 – Forma de trabalho segundo escolaridade e sexo

Sexo Escolaridade Trabalhador formal Trabalhador informal Total Homem Sem escolaridade 1 1,4% 2 3,7% 3 1ª a 4ª séries 36 49,3% 28 51,9% 64 5ª a 8ª séries 3 4,1% 0 0,0% 3 2º Grau 23 31,5% 20 37,0% 43 Superior 8 11,0% 4 7,4% 12 Pós-Graduação 2 2,7% 0 0,0% 2 73 100,0% 54 100,0% 127 Mulher Sem escolaridade 3 3,9% 0 0,0% 3 1ª a 4ª séries 18 23,7% 12 52,2% 30 5ª a 8ª séries 3 3,9% 0 0,0% 3 2º Grau 37 48,7% 8 34,8% 45 Superior 12 15,8% 3 13,0% 15 Pós-Graduação 3 3,9% 0 0,0% 3 76 100,0% 23 100,0% 99

Fonte: pesquisa da cidade de Montes Claros 2005-6

Considerações finais

À guisa de conclusão é importar destacar alguns pontos:

As mulheres vêm conseguindo ter um maior acesso ao mercado de trabalho brasileiro, principalmente, a partir das 03 últimas décadas. Entretanto, verifica-se que é recorrente que as mulheres tendem a ocupar cargos segregados e aquelas profissões consideradas como femininas como magistério de primeiro grau, enfermagem, telefonista, secretária, balconistas, etc, que são marcadas por baixos salários e qualificação profissional.

A novidade apontada pelas análises mais recentes sobre o comportamento do mercado de trabalho feminino, é que as mulheres vêm tendo acesso a ocupações que eram tidas como tradicionalmente masculinas, como a medicina, o direito, a arquitetura, entre outras.

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Embora houve avanços em relação aos rendimentos, sobretudo para as mulheres com escolaridade superior, verifica-se que no geral, ainda persistem umas maiores parcelas de homens que recebem salários superiores as mulheres, em Montes Claros uma exceção se deu na faixa de mais de 20 salários mínimos, que se verificou uma maior presença de mulheres. Neste sentido, embora com alguns avanços. Ainda persistem desigualdades o trabalho de homens e o trabalho de mulheres no mercado de trabalho brasileiro, ou seja, ainda não foi possível a tão reivindicada equidade entre os gêneros no mercado de trabalho.

Outro fator relevante é que as mulheres, mesmo estudando mais, e ingressando maciçamente no mercado de trabalho, isso não as exclui das responsabilidades domésticas e/ou familiares. A pesquisa sobre a cidade de Montes Claros, demonstrou que também nesta as mulheres continuam exercendo uma dupla jornada de trabalho, já que continuam sendo representadas como as principais responsáveis pelas atividades domesticas/familiares, e mesmo que tenham empregadas domésticas, tem que se responsabilizar pela supervisão e orientação da mesmas.

Em suma, os dados apontam que Montes Claros tende a acompanhar o cenário nacional já que o paradoxo é que embora as mulheres estejam ingressando mais no mercado de trabalho e até a porcentagem daquelas que declararam ganhar acima de 20 salários mínimos seja superior a porcentagem de homens, elas ainda tem que articular o trabalho desenvolvido para o mercado com a atividades desenvolvida para o espaço doméstico, atividade que é tida e reconhecida como função de mulher.

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