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ANÁLISE ERGONÔMICA NA ATIVIDADE DE APLICAÇÃO DO GESSO EM REVESTIMENTO INTERNO

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Academic year: 2021

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ANÁLISE ERGONÔMICA NA ATIVIDADE DE

APLICAÇÃO DO GESSO EM REVESTIMENTO

INTERNO

Isamarth Rodrigues de Almeida

UFPB/CT-Cidade Universitária-Caixa Postal 5045 CEP 58051-970 - João Pessoa/PB e-mail: isa@ produção.ct.ufpb.br Área Temática: Projeto do Posto e de Sistemas de Organização do Trabalho: Ergonomia

ABSTRACT: This work speak about a ergonomic study did in a building site of João Pessoa city,

where are parsed the principally positions problems connected to into revetment activity make of plaster masonry. This kind of masonry has been recently used in this region and, disqualification and workman’s lack training a characteristic of civil construction, issue the necessity to analisate in what conditions this activity has been did. Afther get results is suggesting procediments that are necessary to agreeable the present work condicions.

KEYWORDS: Work’s parse, positions, plaster .

RESUMO: O presente trabalho mostra um estudo ergonômico realizado num canteiro de obras da

cidade de João Pessoa, onde são analisados os principais problemas posturais relacionados a atividade de revestimento interno de alvenaria em gesso. Este tipo de revestimento vem sendo aplicado recentemente na região e, sendo a desqualificação e a falta de treinamento da mão-de-obra uma característica do setor da construção civil, surge a necessidade de analisar em que condições esta atividade está sendo realizada. A partir dos resultados obtidos sugere-se a adoção de procedimentos que visam melhorar ou amenizar as condições atuais de trabalho.

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A indústria da construção civil é um dos setores da economia que absorve a maior quantidade de mão-de-obra desqualificada. Dentro dos canteiros de obras, muitas atividades são realizadas sem que o operário seja informado da maneira correta de realizá-lo e das consequências que podem advir, se tal tarefa for executada de maneira incorreta.

A ergonomia visa melhorar o trabalho humano, estudando as diversas capacidades que o homem utiliza para realizar suas atividades e, à partir daí, faz a adaptação das máquinas, das ferramentas, do ambiente e da organização do trabalho, às características humanas. É adaptar o trabalho ao homem. Assim se observam posturas, esforços físicos e mentais, efeitos dos horários e turnos de trabalho sobre o organismo humano, a organização do trabalho e os aspectos ambientais.

A aplicação do gesso no revestimento interno de alvenarias é uma atividade na qual, se o operário não for orientado adequadamente, pode sofrer comprometimento da sua saúde. O levantamento e transporte dos sacos de gesso e a execução do revestimento, pode acarretar sérios problemas a coluna vertebral do trabalhador, podendo até, num breve período de tempo, incapacitá-lo para o trabalho.

Neste estudo, foram observados os trabalhadores que executam o revestimento em gesso (gesseiros e serventes) em um canteiro de obras da cidade de João Pessoa, cujo objetivo é realizar uma análise ergonômica dos operários, verificando, in loco, a real situação em que o trabalho é realizado e compará-lo com dados obtidos através de revisão bibliográfica.

2 - METODOLOGIA

A metodologia a ser adotada é o tipo pesquisa de campo, de natureza exploratória, onde se procura subsídios para auxiliar na resolução de problemas posturais aos quais estão submetidos os trabalhadores que executam o revestimento em gesso.

As informações coletadas e trabalhadas na pesquisa são obtidas através de uma revisão bibliográfica acerca do estudo da ergonomia e sua influência nas atividades laborais e a partir de uma pesquisa de campo.

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A pesquisa de campo é realizada num canteiro de obras da cidade de João Pessoa. Os dados são coletados através de questionários e entrevistas com os operários e observação direta.

Várias visitas são realizadas ao canteiro de obras para se observar, in loco, as condições em que o trabalho é realizado. O questionário e a entrevista são elaborados de forma clara e objetiva de maneira a se obter o maior número de informações à respeito dos trabalhadores. São coletados dados abrangendo vários aspectos, tais como: grau de escolaridade, idade, procedência, nível de informação a respeito da profissão e dos riscos inerentes a mesma, forma de ingresso na profissão, doenças existentes, acidentes de trabalho, queixas de dores pelo corpo, críticas e sugestões.

Em seguida os resultados obtidos são analisados e confrontados com as informações obtidas através da revisão bibliográfica.

3 - O LEVANTAMENTO E O TRANSPORTE DO GESSO

O manuseio de cargas tem sido uma das mais frequentes causas de trauma dos trabalhadores. O esforço agudo e excessivo poderá levar à ruptura de músculos, tendões e luxação das articulações. Posturas incorretas e traumatismos diretos, poderão levar a lesões irreversíveis, articulares, ósseas, musculares, dores e deformidades da coluna vertebral.

As situações de trabalho, quanto ao levantamento de pesos podem ser classificadas em dois tipos: a primeira refere-se ao levantamento esporádico de cargas e está relacionada com a capacidade muscular para levantar a carga e, a segunda é o trabalho repetitivo com levantamento de cargas, neste caso entra o fator de duração do trabalho e está relacionada coma capacidade energética do trabalhador e a fadiga física.

Nos revestimentos de alvenaria em gesso, o servente é o operário que mais sofre com os esforços sobre a coluna vertebral, pois realiza as tarefas de carga e descarga dos caminhões e transporta os sacos de gesso para o depósito e aos locais de aplicação.

Nesses casos, certos cuidados podem ser tomados no sentido de proteger a coluna de uma solicitação superior à sua resistência. A recomendação mais usual é a de evitar o uso da musculatura dorsal no levantamento de cargas. Assim, deve-se usar os músculos da perna, mantendo a coluna

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reta, numa posição parecida com a dos halterofilistas. E é uma recomendação produtiva, já que uma pessoa é capaz de levantar 100kg com os músculos da perna, mas somente 20kg se o dorso estiver com uma curvatura entre 60 e 90 graus.

4 - POSTURAS ADOTADAS DURANTE A EXECUÇÃO DAS

TAREFAS

A postura é a organização relativa das diversas partes do corpo no espaço. Uma postura desequilibrada, confusa, retorcida sempre indica a existência de problemas de inadaptação ao trabalho.

As posturas mais comuns são a posição horizontal, a posição sentada e a posição de pé. Destas, a posição horizontal é a mais indicada para o repouso, por ser a que menos consome energia. A posição sentada já exige uma atividade muscular de sustentação dos músculos dorsais e abdominais, consumindo 10% a mais de energia, em relação à posição horizontal. De pé, a fadiga aparece mais rapidamente, sobretudo se houver pouca movimentação, exigindo um trabalho estático dos músculos de sustentação.

A execução do revestimento interno em gesso é realizada basicamente na posição de pé. Entretanto, esta posição não indica o trabalho numa postura correta, normalmente o operário assume postura inclinada, agachada ou caminha de um lado para o outro realizando suas tarefas (nivelamento do revestimento).

Esta variação de posturas incorretas implica em esforços na coluna vertebral, a inclinação do tronco para frente (11º-90º) implica alta carga nos discos e nos músculos, a postura totalmente inclinada para frente (>90º) implica alta carga nos discos e ligamentos, e por um período prolongado causa estiramento dos ligamentos e com isso pode diminuir a estabilidade da coluna, fazendo com que a mesma fique vulnerável para esforços súbitos, esta postura também causa distúrbios na nutrição dos discos e, portanto, acelera o processo degenerativo no disco intervertebral.

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5 - RESULTADOS

A pesquisa atingiu 100% dos trabalhadores que atuam no revestimento em gesso no canteiro de obras em estudo.

Após a coleta de dados, observou-se que a idade média dos gesseiros é de 24 anos e dos serventes 35 anos. 60% deles são analfabetos, 34% tem o primário incompleto e 6% o primeiro grau completo. Antes de trabalharem com o revestimento em gesso, 88% atuava na agricultura e pecuária e 12% na construção civil como ajudante. O tempo de profissão dos gesseiros varia de um a quatro anos. A procedência dos operários é de 88% natural do interior do Estado de Pernambuco e 12% da capital do mesmo Estado.

Para o ingresso na profissão, não foi realizado nenhum tipo de treinamento prévio ou admissional, a maioria iniciou na profissão dentro dos canteiros de obras, através da observação de outros colegas de profissão, adquirindo a prática e também os vícios.

Os operários relataram não conhecer os riscos inerentes a sua profissão, pois as informações a que tem acesso provêm do próprio meio, dos operários mais antigos, que também não foram orientados adequadamente a respeito dos métodos para realização de um trabalho seguro, sem riscos a saúde dos trabalhadores.

Os serventes, que são os encarregados de descarregar os sacos de gesso dos caminhões, levá-los ao depósito e depois transportar aos locais onde o gesso será utilizado são os que relataram dores lombares mais fortes, embora todos os operários tenham relatado sentir dores nas costas e na região lombar.

No levantamento e transporte manual dos sacos, o operário realiza um esforço em flexão do tronco que é maior ou menor segundo a distância da carga ao tronco, e ao peso da carga, constituindo a causa mais frequente das lombalgias. O saco de gesso pesa em média 40 kg e o empilhamento máximo é de 15 sacos.

Na tarefa de empilhar, puxar ou transportar os sacos, pode ocorrer movimentos abruptos involuntários do tronco, desequilibrando o operário. A contração abrupta e desordenada das grandes massas musculares do tronco pode originar forças de grande intensidade, que podem causar lesões nas estruturas da coluna vertebral.

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Com a repetição desses serviços a musculatura das costas é a que mais sofre com o levantamento de pesos. Devido à estrutura da coluna vertebral ser composta de discos superpostos, ela tem pouca resistência a forças que não tenham a direção de seu eixo. Portanto, na medida do possível, a carga sobre a coluna vertebral deve ser feita no sentido vertical, evitando-se as cargas com as costas curvadas. O esforço agudo e excessivo poderá levar a ruptura de músculos, tendões e luxação das articulações.

A postura adotada pelos gesseiros durante a realização das tarefas é incorreta, provocando esforços excessivos na coluna vertebral. A postura mais observada é caracterizada pela inclinação do tronco à frente com flexão dos membros inferiores.

A lombalgia ou dor na região lombar, surge em decorrência de lesões ósseas de ligamento de discos intervertebrais, ou ainda da musculatura da coluna vertebral. Ela pode surgir de imediato após um esforço físico excessivo, ou aparecer lentamente com o passar do tempo, dificultando o reconhecimento de sua relação com o trabalho. A dor é de intensidade variável podendo nos casos mais graves, incapacitar o indivíduo para o trabalho.

A NR-17(Norma Regulamentadora) diz que todo trabalhador designado para o transporte manual deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes, bem como só admite o transporte de cargas, cujo peso não comprometa a saúde e a segurança do trabalhador.

Sendo assim, para o transporte de cargas, o servente deve receber informações sobre a postura correta para o levantamento e transporte das mesmas, entretanto isso não ocorre no caso em estudo. A jornada de trabalho também é outro fator importante na avaliação ergonômica do trabalhador. Neste estudo, foi observado que os operários trabalham no regime de ganho por produção, neste caso, a jornada de trabalho ultrapassa as oito horas diárias e normalmente ocorre a realização de horas extras, inclusive aos sábados e domingos. Desta forma, o organismo encontra dificuldade para se recuperar e os esforços excessivos sobre a coluna vertebral são cada vez mais intensos.

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Os resultados da pesquisa realizada demonstram que os operários estão realizando suas atividades de maneira incorreta, adotando posturas inadequadas que posteriormente podem acarretar sérias lesões à coluna vertebral. Atualmente, os operários já estão sentindo os primeiros sintomas, que são as dores lombares.

Alguns procedimentos podem ser adotados para reduzir os esforços excessivos sobre a coluna vertebral, bem como melhorar as condições de trabalho, tais como: treinamentos e palestras sobre como adotar posturas corretas no levantamento e transporte de materiais (manter a coluna reta e usar a musculatura das pernas, manter a carga o mais próximo possível do corpo, procurar manter cargas simétricas usando as duas mãos para evitar a criação de momentos em torno do corpo); introduzir pausas durante a jornada de trabalho que permitam equilibrar o desgaste com a recuperação do organismo, durante a atividade, esse equilíbrio é essencial para o organismo humano, a atividade deve ser organizada de forma a que as pausas sejam possíveis e até estimuladas, podendo até incentivar a prática de exercícios de relaxamento muscular durante estas pausas; introduzir novas máquinas e equipamentos que permitam a realização das tarefas com menos esforço físico; incentivar a preservação da saúde do trabalhador; rever o regime salarial de forma que a jornada de trabalho não supere o previsto na lei, reduzindo a fadiga e as lesões na coluna vertebral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, I.R. Riscos Químicos a Que Estão Submetidos os Trabalhadores que Executam o Revestimento em

Gesso nas Edificações de João Pessoa.João Pessoa, 1998. Monografia do Curso de Especialização em Engenharia de

Segurança do Trabalho, Departamento de Engenharia de Produção, Centro de Tecnologia, UFPB.

MÁSCULO, F.S. Ergonomia. João Pessoa:UFPB,. Apostila do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho,1997.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. Equipe Atlas : vol.16, 36º edição, 1997.

VENTURA, F.X.B. Riscos Oriundos da Utilização do Cimento a Que Estão Submetidos os Trabalhadores da

Construção Civil - Um Caso. João Pessoa, 1998. Monografia do Curso de Especialização em Engenharia de

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