Carnaval 2015: Moçambique será homenageado no carnaval de
São Paulo
por Por Dentro da África - quarta-feira, fevereiro 11, 2015
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Natalia da Luz, Por dentro da África
Rio - Um pouco da história de um país banhado pelo Oceano Índico e repleto de semelhanças com o Brasil vai desembarcar no Anhembi, passarela do samba da cidade de São Paulo. Com o
samba-enredo "Moçambique - A lendária terra do Baobá sagrado!", a escola Nenê de Vila Matilde vai brindar o país africano.
- A homenagem aos países africanos é sempre uma forma de exaltarmos nossas raízes. A ideia de falar sobre Moçambique surgiu em função das recentes datas comemorativas vividas pelo país e por conta do seu desenvolvimento - contou ao Por dentro da África Lúcia Helena da Silva, diretora de carnaval da Nenê de Vila Matilde.
Com cerca de 25 milhões de habitantes, Moçambique é um país localizado no sudeste da África, que faz fronteira com a Tanzânia,
Malawi, Zâmbia, Zimbábue, Suazilândia e África do Sul. O país é rico em recursos minerais e a sua economia é baseada na agricultura. Desde 2001, a taxa média de crescimento econômico anual do PIB moçambicano (cerca de 8%), segundo o Banco Mundial, tem sido uma das mais altas do mundo. No primeiro carro, o baobá (também conhecido como embondeiro) aparecerá cercado por um grupo de crianças. Protegidas pela sombra da árvore, que é parte da identidade de muitos países
africanos, elas observam os ensinamentos de um velho contador de histórias. Em seguida, será apresentada uma série de referências que construíram a história do país.
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Baobá sagrado no Senegal - Divulgação
Entre os séculos I e V, povos de língua bantu ou banto (grupo etnolinguístico localizado principalmente na África Subsaariana e que engloba cerca de 400 subgrupos étnicos diferentes) migraram do norte e oeste, formando a cultura da região onde o navegador português Vasco da Gama desembarcou no ano de 1498.
- A proposta é narrar a trajetória de Moçambique ao longo dos tempos , invasões, domínios, desafios enfrentados, cultura e crenças. Por fim, chegar aos dias de hoje , quando são considerados leões da tecnologia - ressaltou Lúcia em relação ao samba-enredo composto por Rose Rocha e Sérgio Mostarda. Nenê de Vila Matilde
Foto: Nenê de Vila Matilde - divulgação
A última escola a desfilar na sexta-feira, dia 13 de fevereiro, foi fundada em 1949 por Seu Nenê, que foi presidente da escola por 47 anos. A Nenê possui 11 títulos do carnaval de São Paulo, entre eles dois tricampeonatos. Até 2000 ela foi a escola com mais títulos do carnaval da capital de São Paulo. As cores da escola são o azul e o branco, e o símbolo principal é a águia, que passou a ser utilizada na década de 80. No pavilhão oficial, a águia carrega um pandeiro, que também pode ser considerado um símbolo da escola.
Moçambique na avenida
Ouro, madeira e marfim em abundância serão mostrados, relembrando as primeiras atividades comerciais do país e destacando a história de dois grupos: os Monomotapas (que exploravam, principalmente, as minas de ouro do interior) e os Suawilis (que eram ligados ao comércio litorâneo). O Império
Monomotapa floresceu entre os séculos XV e XVIII na região sul do rio Zambeze, entre o planalto do Zimbábue e o Oceano Índico, onde hoje estão Moçambique e Zimbábue.
Foto: Nenê de Vila Matilde - Divulgação
As invasões territoriais serão relembradas com a chegada de um povo que partiu do deserto, levando na bagagem uma nova cultura para a África Oriental. Os árabes difundiram a religião e, por um
Na descrição do samba-enredo, menciona-se que chegaram tapetes persas, miçangas de pérolas azuis, vasos e pratos de porcelana, tecidos de cores vivas e perfumes em frascos de cristais. Em troca, foi levado o ouro, o marfim e a mão de obra moçambicana que serviu à escravidão. Em seguida, vieram
os espanhóis; depois, os portugueses, que implantaram a colonização até 1975, quando o país ganhou independência.
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Teresa Cotrim | Máscara do Mapico Na ala 14, o ritual de iniciação também será lembrado junto com as máscaras Mapiko, que têm simbolismo religioso e cerimonial, ligado ao ritual de iniciação masculina.
Em seguida, as capulanas levarão cor para a avenida. O pano tradicionalmente é usado pelas mulheres para cobrir o corpo, a cabeça, a mesa. Ele faz parte do cenário e da cultura de Moçambique.
Foto: Gorongosa.org Turismo em Moçambique
Abalado pela guerra civil (1981 - 1994), o Parque Nacional da Gorongosa ressurge com vida e se mostra como uma grande atração para quem cruza mares ao encontro de Moçambique.
Com mais de 2 mil quilômetros de litoral, o país tem enorme potencial turístico. Na avenida, o turismo e o desenvolvimento do país aparecerão no final do desfile indicando a perspectiva de um futuro promissor. Aprenda a letra abaixo:
Amanheceu, resplandeceu, outra vez clareou Eu sou raiz do povo banto
Presente que o tempo ofertou
Sabedoria, legado dos meus ancestrais Trago um "eldorado" de riquezas naturais História singular, guerreira ao despertar Sagrado... meu nome é baobá
O mar virou... mareia
Ao longe ouço o cantar... sereia Eu vi chegar o invasor
Dragões e filhos de alah Demônios de além mar
Testemunhas de batalhas, resistência Eu não me curvo jamais
Liberdade, veio a independência Um forte laço se faz
Hoje a savana renasce e a vida floresce nos braços da paz Pérola do Índico, terra de encantos e magia
Surge o "leão da tecnologia", vejo um futuro promissor Espírito ancestral, eu vim pro carnaval
Trazendo o sorriso dessa gente Minha águia espalha essa semente
Bate o tambor do meu samba, surdo, tarol e repique A vila hoje canta moçambique
Vem bateria de bamba, quem esperou pra me ver Chegou nenê
Ficha técnica
Tema: Moçambique - A Lendária terra do Baobá sagrado! Carnavalesco: Pedro Alexandre
Diretor de Carnaval: Lucia Helena Diretor de Harmonia: Marcio Telles Intérprete: Agnaldo Amaral
Mestre de Bateria: Marco Antonio David Mestre-Sala: Jefferson Gomes
Porta-Bandeira: Janny Moreno
Comissão de Frente: Marcio Telles e Nildo Jaffer Rainha de Bateria: Ariellen Domiciano