• Nenhum resultado encontrado

Comunicação - IAD/UFPel Rua Alberto Rosa, 62. Pelotas-RS.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Comunicação - IAD/UFPel Rua Alberto Rosa, 62. Pelotas-RS."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

SIM AO DESIGN PÓS-MODERNO DE DAVID CARSON:

PROJETAR É PRECISO, SER MODERNISTA NÃO É PRECISO.

BET, Ana Paula.1; HEIDEN, Roberto2.

1

Acadêmica de Artes Visuais - Habilitação em Design Gráfico - IAD/UFPel; 2Deptº de Artes e Comunicação - IAD/UFPel Rua Alberto Rosa, 62. Pelotas-RS. anapaulabet@yahoo.com.br

1. INTRODUÇÃO

Os primórdios do design gráfico normalmente estão vinculados ao crescimento da revolução industrial e de uma cultura urbana, onde passou a haver a preocupação com a produção em grande escala, agilidade na distribuição e divulgação de produtos e serviços (realizada inicialmente pelas mãos de artistas comerciais de pôsteres da Europa e Estados Unidos). A evolução do design enquanto profissão é atribuída a Bauhaus (histórica escola alemã, onde foram sistematizados muitos dos conceitos e teorias do design), a chamada escola suíça (grupo mais ou menos disperso de profissionais com aspectos em comum no que diz respeito ao design gráfico), e a movimentos artísticos como o Construtivismo Russo e o De Stijl, surgido nos países baixos. Todos estes fundamentaram seus projetos numa série de características similares, tais como: o uso de formas simplificadas e sem ornamentação, valorização para funcionalidade, racionalização, neutralidade, esquemas de alinhamento e rigidez estética. Estas normas foram preservadas pelo rigor no desenvolvimento de qualquer projeto (da editoração de um livro a criação de um cartaz), e acabaram por identificar aquilo que chamamos de design modernista.

Com o nascimento e amadurecimento da computação, tecnologias digitais, cultura de massa dos produtos e das mídias, a dureza modernista passa a não responder mais a todas as questões e necessidades sociais em expansão. Uma nova realidade se configura, onde tudo passa a ter caráter plural, breve e fugaz. Aparência vale mais que essência. Sentimento e subjetividade. Nas palavras de David Harvey (1989): “As verdades eternas e universais, se é que existem, não podem mais ser especificadas”. O moderno é posto à prova pelas novas formas, menos rigorosas, de se pensar e fazer design das novas possibilidades tecnológicas (principalmente com o uso do computador nas criações).

As novas concepções de design foram sendo criadas e a sobriedade e limpeza nos meios impressos foi paulatinamente trocada por uma forma de comunicar questionadora dos aspectos modernistas tradicionais, incorporando uma multiplicidade de processos de criação que exploram novas concepções estéticas cambiáveis, atentas às especificidades do que iria comunicar e para quem. A exemplo dos trabalhos editoriais do designer David Carson, passa a ser

(2)

possível a fusão numa mesma página de cores, grafismos, fotografias, tipografias distintas, mesclas de técnicas e sobreposições. Desse modo, dadas às inovações sociais e tecnológicas, validou-se transmitir, de acordo com o público e informação, mensagens cada vez mais atraentes e impactantes do que outrora, quando da habitual figura e fundo em diálogo comedido e previsível dos esquemas modernistas.

Este estudo buscar evidenciar características conceituais do design pós-modernista, identificáveis no trabalho de Carson, sob o viés da análise de alguns trabalhos seus para a revista americana Ray Gun.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi estruturado a partir de pesquisa bibliográfica, levando em conta a figura de David Carson, bem como conceitos e períodos históricos do design gráfico. Com os dados levantados, realizou-se análise de alguns projetos editoriais da revista Ray Gun, produzidos por David Carson na década de 90, reconhecendo-os e traduzindo neles aspectos que os caracterizam como representantes do pós-modernismo na área do design gráfico.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Podemos reconhecer o Design Gráfico atualmente, através de seus usos tipográficos variados, aplicações de cores, formas e imagens, da utilização do computador nas criações e dos diversos tipos de impressões e papéis os quais é possível trabalhar uma quantidade quase infinita de opções, sem, entretanto, atentarmos ao fato de que nem sempre tais técnicas e normas (ausência de) foram possíveis. A partir do rompimento com os preceitos canônicos modernistas, começam a cair por terra velhas receitas para o que era tido como “bom” design (alinhamentos, esquemas de encaixe de elementos gráficos, etc).

É no pós-modernismo, que nasce um dos expoentes do design da atualidade: David Carson. Criador de trabalhos que usam da linguagem do computador, estética da “sujeira” e “caos” visual, tornou-se totalmente controverso durante os primeiros anos da década de 90, quando responsável editorial da Ray

Gun, inspirando jovens designers enquanto irritava alguns profissionais da

comunicação que acreditavam que ele havia ultrapassado o limite entre a ordem e o caos. Conscientemente ele fez de seus trabalhos aventuras cinemáticas, ao deixar artigos e manchetes fluírem de página a página e pelas sobreposições e fusões com as imagens e fotografias encobertas ao redor da margem para o outro lado da folha, possível de ver em praticamente todas as edições da revista.

O projeto visual da Ray Gun colocou em discussão os cânones do design editorial, contestando aqueles que acreditavam haver um único mote para a transmissão de mensagens impressas (a organização elementar moderna). Era

(3)

preciso atrair antes e comunicar depois, levar em conta o que deveria ser comunicado e a quem. O design de uma bula de remédio necessita ser sóbrio e claro, mas o de uma revista sobre generalidades e destinada a um público majoritariamente jovem como era a Ray Gun não. Este último, sob os preceitos de Carson, deveria ousar, fazendo uso das possibilidades técnicas dos meios gráficos, bem como do pluralismo e subjetividade marcadamente presentes em seu meio social pós-moderno.

Em algumas edições da revista, feitas por Carson, é possível verificar características imprescindíveis referentes tanto ao trabalho do designer, como, marcos da era pós-modernista, reiterando a relação existente entres estes. Ao analisarmos o conjunto gráfico de duas edições de temática similar e período aproximado (respectivamente música e final da década de 90), identificamos o caráter múltiplo do design pós-modernista, pois embora se tratando da mesma revista, isso apenas fica claro por conta de ler-se o mesmo título no alto das páginas, uma vez que tanto a tipografia, quanto os elementos visuais, bem como a quantia e disposição destes, mostra-se totalmente ambígua, diversa, sendo uma marcadamente mais poluída e outra mais limpa, traduzindo então pluralidade de sentidos, perda de fronteiras e tolerância com a diversidade.

Nota-se ainda a questão da mistura de linguagens e suas significações, somadas as objetividades específicas do que deve ser comunicado. Como já citado, a revista tem como público alvo leitores jovens, voltando então tanto seu projeto gráfico quanto seus textos para estes. Nas duas edições as chamadas principais fazem referência à música: a primeira trata de bandas de estilo underground, logo têm mais elementos gráficos, sujeiras, uso de mais de uma tipografia, textos quase ilegíveis desde seu título até a chamada da matéria; já a segunda, acerca do cantor David Bowie, é mais clean, nela se vê apenas parte do rosto e pescoço desnudos do músico postos no lado direito da página, bem como o título da revista e nome do artista nessa mesma direção em contrapartida a uma mancha preta na base e um grande respiro visual do lado esquerdo. O interessante é que mesmo sendo um mesmo tema, uma mesma revista, houve liberdade para que as abordagens fossem tratadas de modo bastante diverso: o exagero de elementos coube a uma edição, e a escassez em outra, evidenciando o uso de diversas formas para a comunicação de um sujeito similar. Tamanha pluralidade passou a ser marcante ao longo de todas as edições da Ray Gun.

Outro ponto a ser considerado são os ganhos em evolução estética. Nunca em outra época foi possível trabalhar tantos elementos e de tantas maneiras como na pós-modernidade. O uso do computador e o aprimoramento dos meios de impressão, sem dúvida alguma possibilitaram em larga escala o desenvolvimento e efetivação de projetos gráficos antes impensados por conta das limitações tecnológicas.

(4)

4. CONCLUSÃO

O pós-modernismo invadiu o cotidiano associado à tecnologia eletrônica de massa e individual, trazendo consigo uma carga de informações múltiplas na área do design, derivadas de uma explosão nos meios de produção gráfica, jamais pensados até então. Nesse contexto, desenrola-se o design de David Carson, mundialmente conhecido e premiado por seus trabalhos que colocam abaixo vários preceitos do design modernista, tornando-se um dos grandes representantes daquilo que vem sendo chamado de design pós-moderno.

A limpeza e a concisão dão lugar a uma profusão de elementos que flutua nas páginas, sem contar com o apoio de uma estrutura diagramática clara e afirmada. Empenhado na superação da influência moderna, o design atual é sensível ao estilhaçamento desconstrutivo, corajoso o suficiente para abrir mão da rede de proteção representada pelos confortáveis alinhamentos convencionais. Após a eclosão nas décadas de 80 e 90, o trabalho de Carson torna-se importante referência para profissionais da área ansiosos por irreverência e contestação (caso da revista Ray Gun), mostrando-se hoje, muito mais do que uma moda passageira: seus questionamentos a respeito dos rigores da ortodoxia moderna abriram novos caminhos para a linguagem do design e o traduziram como um expressivo designer de tom pós-modernista.

5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é Pós-Moderno?.São Paulo: Brasiliense. 1997.

DENIS, Rafael Cardoso. Uma Introdução a História do Design. São Paulo: Edgard Blücher LTDA. 2000.

HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Edições Loyola. 1989. KOPP, Rudinei. Design Gráfico Cambiante. 2ª edição.Santa Cruz: Edunisc. 2004.

COELHO, Teixeira. Moderno Pós-Moderno. São Paulo: Luminuras LTDA. 2005. HEARTNEY, Eleanor. Pós-Modernismo. São Paulo: Cosac&Naify.

SEE DAVIDS WORK, BIO+CLIENT LIST. Capturado em 30 ago. 2006. On line. Disponível na Internet: http://www.davidcarsondesign.com/.

DAVID CARSON (GRAPHIC DESIGNER). Capturado em 30 ago. 2006. On line. Disponível na Internet: http://en.wikipedia.org/wiki/David_Carson_(graphic_ designer).

(5)

FCRAFTS MAG(D)AZINE.Design. Capturado em 30 ago. 2006. On line. Disponível na Internet: http://www.fcraft.com.br/magadzine/design_carson.html

Referências

Documentos relacionados

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Ademais, embora não haja previsão expressa na Constituição Federal (CF), o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu também a competência dos Municípios para legislar

Para tanto alguns objetivos específicos foram traçados, sendo eles: 1 padronizar um protocolo de preparação de biblioteca reduzida ddRADSeq para espécies do gênero Cereus; 2 obter

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estudo de espécies de Myrtaceae, com dados de anatomia e desenvolvimento floral, para fins taxonômicos, filogenéticos e

Cheliped carpus with 12–18 simple dorsal setae; propodus bearing a large, with brown-bordered dorsal crest (V. glandurus), or a distal margin curved and pointed

Apresenta a Campanha Obra-Prima, que visa a mudança comportamental por meio da conscientização diante de algumas atitudes recorrentes nas bibliotecas da