AVALIAÇÃO POSTURAL NAS ENFERMARIAS DA CLÍNICA CIRÚRGICA DE UM HOSPITAL
EM SÃO LUÍS, MA.
Gabriela Sousa Ribeiro, Mestranda em Design (UFPE), gabi_s_r@hotmail.com
Raimundo Lopes Diniz, DSc., diniz@ufma.br
Núcleo de Ergonomia em Produtos e Processos (NEPP)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - Departamento de Desenho e Tecnologia (DeDET) Diagnose ergonômica, enfermaria, avaliação postural
No presente artigo são apresentados os dados sobre a avaliação de posturas ocupacionais nas enfermarias da Clínica Cirúrgica de um hospital na cidade de São Luís/MA, fase de diagnose ergonômica. Foram realizadas aplicações de questionários fechados,
análises da tarefa e observações sistemáticas para Aplicação da técnica de avaliação de posturas REBA (Rapid Entire Body
Assessment)(Higgnet; McAtmaney, 2000). Os resultados obtidos mostraram que os trabalhadores apresentam posturas ocupacionais inadequadas durante a realização de suas atividades, sendo que o REBA apontou um nível médio de prejuízo ao
sistema músculo-esquelético.
Ergonomic diagnosis, sickrooms, work postural evaluation
In this paper are showed date about a work posture evaluation at aSurgical Nurses of a hospital in São Luís city, the Ergonomic
diagnosis phase. It was performed subjective questionnaires, analysis of task and a descriptive analysis using an posture classification
(Higgnett & McAtmaney, 2000). The gotten results had shown that the workers present inadequate occupational postures during the accomplishment of its activities,being that REBA pointed an average level of damage to the system muscle-esquelético.
1. INTRODUÇÃO
As atividades de enfermagem requerem considerável esforço físico e deslocamentos excessivos. Em relação à demanda
de trabalho em todos os turnos há uma grande necessidade de aplicação de força física ao cuidar de pacientes
dependentes, adoção de posturas inadequadas de trabalho, atividade mental intensa ao preencher formulários, preparo e
distribuição de medicamentos, carga mental por atividades sob pressão emocional em relação ao tempo de
permanência, gravidade e reinternações dos pacientes e carga mental ao executar cuidados pós-morte. Estas
características do trabalho de enfermagem refletem conseqüências psicológicas e fisiológicas sobre a saúde do
trabalhador, afetando a capacidade para o trabalho e a qualidade de vida (MARTINS, 2002).
Observa-se que, associado às características próprias das atividades desenvolvidas em clínicas e hospitais, os
profissionais dos setores de enfermagem mantêm uma interface operacional com camas, macas, cadeiras de rodas e
outros equipamentos, os quais deveriam auxiliar nas suas tarefas, mas nem sempre o fazem (PASCHOARELLI et al,
2004).
Segundo Galdino; Soares (2001), promover o conforto, a segurança e a satisfação do usuário do produto hospitalar,
minimizando seus constrangimentos físicos e psíquicos, são os objetivos da ergonomia aplicada à organização
hospitalar. Para Estryn-behar (1996), a Ergonomia pode ser uma contribuição importante na observação e análise das
situações de trabalho em hospitais.
De acordo com Beynon et al (1998), a enfermagem tem sido freqüentemente citada como uma ocupação exposta a um
elevado número de fatores de risco que resultam em constrangimentos ergonômicos (por exemplo: lesões
ocupacionais). Este fato acaba por refletir gastos financeiros e longos períodos de afastamentos no setor da
enfermagem das instituições hospitalares. De acordo com Trevelayan; Buckle (2000), a dor nas costas é a causa mais
comum de afastamento do trabalho e um problema particular entre o pessoal da enfermagem. A complexidade do
sistema de trabalho da enfermagem é reconhecida na literatura. Estudos prévios sobre dores nas costas entre os
enfermeiros tem encontrado associações entre os sintomas acometidos nas costas, posturas incorretas no trabalho
(ESTRYN-BEHAR et al., 1990; ENGELS, et al., 1994) e o levantamento manual de pacientes (JENSEN, 1990).
Busch; Amaral (2004), ao pesquisar o corpo de enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital
público, afirmaram que os constantes deslocamentos e posturas desfavoráveis propiciam uma imensa carga física no
sistema osteomuscular desses trabalhadores, além da grande variabilidade das atividades, implicando na exigência de
muita atenção e concentração por parte dos mesmos. Murofuse; Marziale (2005) ao realizarem pesquisa de caráter
descritivo e retrospectivonuma Fundação Hospitalar objetivaram analisar os problemas de saúde relacionados ao
sistema osteomuscular encontrados nos trabalhadores de enfermagem de 23 instituições de saúde. Entre os 6070
atendimentos realizados,
11,83% deles (718) apresentaram diagnósticos de problemas relacionados ao sistema
osteomuscular, envolvendo diversas estruturas corporais como a coluna vertebral, membros superiores e inferiores. As
doenças legalmente consideradas como doenças do trabalho relacionadas ao sistema músculo-esquelético foram
identificadas em 255 (35%) atendimentos, destacando-se as dorsalgias (20%) e as sinovites e tenossinovites (13,7%),
agrupadas como LER-DORT. Concluíram que maior atenção deve ser direcionada às posturas adotadas pelos
trabalhadores na execução das atividades laborais e às condições dos mobiliários, bem como se faz necessário
disponibilizar instrumentos e equipamentos ergonomicamente planejados, visando à redução da incidência dos
problemas osteomusculares
.
Buscando essencialmente adaptar o trabalho às capacidades, habilidades e limitações do pessoal da enfermagem, foi
realizada uma intervenção ergonômica nas enfermarias de um Hospital em São Luís (MA). Neste artigo, serão
relatados os resultados da diagnose ergonômica, realizada através da avaliação do contexto postural dos trabalhadores
por meio de aplicação de questionários observações sistemáticas (análise descritiva) e aplicação da técnica de avaliação
de posturas REBA (Rapid Entire Body Assessment) (HIGGNET; McATMANEY, 2000). Os resultados obtidos visam
confirmar os problemas levantados durante a apreciação ergonômica.
2. MÉTODOS E TÉCNICAS
O levantamento de dados ocorreu, durante o turno diurno, nas enfermarias da Clínica Cirúrgica em um hospital
universitário da cidade de São Luís- MA, que está dividida em 4 sub-setores: ala A (com 47 leitos, responsável por
tratar de cirurgias de tórax, otorrinolaringologia, urologia, proctologia, cardiovascular e cirurgia geral), ala B (com 188
leitos, trata de cirurgias plásticas, de tórax, cardiovascular, proctologia e cirurgia geral), ala C (com 28 leitos,
responsável pelos casos de cirurgias neurológicas e ortopédicas) e Central de Kit (responsável por distribuir material de
procedimento para todas as alas da clínica cirúrgica). Na Central de Kit trabalham apenas auxiliares de enfermagem,
todas do sexo feminino, em todos os demais setores trabalham enfermeiras (do quadro e residentes), auxiliares de
enfermagem e técnicos de enfermagem, sendo a maioria do sexo feminino, mas também são encontradas pessoas do
sexo masculino. Totalizando, no turno diurno, 14 enfermeiras, 19 auxiliares de enfermagem e 25 técnicos de
enfermagem distribuídos pelos setores da clínica cirúrgica.
O método norteador desta pesquisa é o AMT (Análise Macroergonômica do Trabalho), proposto por Guimarães
(1999), compreendendo as seguintes etapas: 1) Fase 0: Lançamento do projeto (explicação para os trabalhadores do
objetivo do projeto, suas fases, métodos e técnicas a serem utilizadas); 2) Fase 1: Apreciação ergonômica
(levantamento, mapeamento, dos IDEs - Itens de Demanda Ergonômica - dos problemas); 3) Fase 2: Análise ou
diagnose ergonômica (aprofundamento dos problemas levantados e priorizados na apreciação, confirmação dos
problemas); 4) Fase 3: Projetação (propostas de modificações ou de novas concepções projetuais); 5) Fase 4: Validação
e implementação das modificações (testar se as propostas são satisfatórias). Neste trabalho serão relatados os resultados
pertinentes à segunda fase, diagnose ergonômica, especificamente voltado para a carga física de trabalho em relação às
posturas ocupacionais adotadas, obtidos por meio de:
2.1. Questionários fechados: com base nos dados da entrevista e das observações assistemáticas realizadas durante a
apreciação ergonômica, foi elaborado um questionário fechado, que verificou o nível de intensidade de desconforto/dor
dos trabalhadores (respondentes) com relação a cada questão por meio de uma escala de avaliação contínua de 15cm
(Stone et al, 1974), com duas âncoras nas extremidades (0 =pouco e 15=muito) e uma no centro (médio), ao longo dela
o sujeito (respondente) deve marcar em qualquer ponto a sua percepção sobre o item. O questionário não requereu o
nome dos respondentes, mas dados relativos às variáveis da pesquisa (idade, tempo de trabalho, função, etc.).
2.2. Análise da tarefa: o processo de análise da tarefa envolve a coleta de dados das demandas da tarefa, a
representação destes dados de uma maneira tal que se possa fazer uma comparação significante entre as demandas do
sistema e a capacidade do operador. Seu propósito primacial é comparar as demandas do sistema sobre o operador com
as capacidades do operador, e, se necessário, alterar as demandas do sistema para adequá-las às capacidades do
operador, e, deste modo, reduzir o erro e alcançar um desempenho eficiente (MORAES; MONT’ALVÃO, 2003).
Nesta pesquisa, foi analisada a tarefa de todas as categorias de enfermagem presentes na clínica cirúrgica, enfermeiras,
auxiliares de enfermagem, técnicas de enfermagem e auxiliares de enfermagem da comissão de curativo, que são
dedicadas especificamente a este trabalho.
2.3. Observação sistemática para Aplicação da técnica de avaliação de posturas REBA (Rapid Entire Body
Assessment) (HIGGNET & McATMANEY, 2000): foi realizada com intuito de avaliar as posturas assumidas pelos
profissionais da enfermagem do setor supracitado através da aplicação da técnica de avaliação de posturas REBA. A
técnica foi aplicada acompanhando os trabalhadores durante 55 minutos, quando a cada 30 segundos foram registradas
numa planilha as posturas do trabalhador (postura do tronco, do pescoço, das pernas, dos braços, do antebraço, dos
punhos), o nível de aceitação da pega, a carga/força que a pessoa exercia em determinada postura, o fator determinante
da postura e a fase do trabalho realizada. Também eram questionadas ao funcionário em estudo dados relativos a
pesquisa, como profissão, sexo, idade, turno de trabalho, tempo de trabalho no hospital, desde que horas a pessoa
estava acordada, se fazia uso de alguma medicação, se praticava esportes e, caso positivo, qual a freqüência, e se fazia
uso de cigarro. Esta planilha foi elaborada com base nos escores da técnica REBA de posturas assumidas. A técnica foi
aplicada a uma porcentagem da população estipulada por uma amostragem probabilística estratificada proporcional
(Marconi; Lakatos, 1996), definida pela elaboração dos possíveis estratos encontrados dentro da população dos
trabalhadores da enfermagem da clínica cirúrgica e com base nos dados dos trabalhadores respondentes dos
questionários, agrupou-se os trabalhadores de acordo com o perfil que se encaixavam em cada estrato.
Fonte: Neese Consulting, Inc. (2001)
Fig. 1: exemplo da classificação de postura adotada para o tronco.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. Questionários fechados:
Com relação ao constructo desconforto/dor, as alas B e C são as mais afetadas, com nível de intensidade bastante
acima da média para a maioria dos Índices de Demanda Ergonômicas (IDEs). Sendo que as regiões do corpo mais
afetadas por desconforto/dor são a coluna vertebral, pernas, pés, pescoço, além de muito cansaço ao fim do expediente
de trabalho (figura 2). Resultados, estes, que corroboram com a revisão da literatura (Trevelayan; Buckle (2000),
Martins (2002), Paschoarelli et al (2004), Beynon et al (1998), Estryn-Behar et al. (1990), Engels, et al., 1994, Jensen
(1990), Busch; Amaral (2004), Murofuse; Marziale (2005)). O alto nível de desconforto/dor resultante é em
decorrência de posturas ocupacionais incorretas causadas pelo mobiliário inadequado, ritmo de trabalho acelerado
devido ao quadro de funcionários insuficiente, manuseio dos pacientes (transferências, banhos, etc), constantes
caminhamento de longas distâncias devido ao layout pouco eficiente, etc.
0 7,5 15
dor nas pernas dor nos pés cansaço ao final do dia dor nas costas (coluna
vertebral) dor no pescoço
dor na cabeça dor nos braços dor nas mãos
ID E s nível de intensidade Ala B Ala C Ala A pouco muito
Fig. 2: Resultados dos questionários aplicados, em relação ao constructo desconforto/dor, nas alas A, B e C.
A Central de Kit apresentou níveis de intensidade acima da média em diversos IDEs, como demonstra a figura 3.
Sendo a coluna vertebral, cabeça e pescoço as regiões do corpo mais afetadas por desconforto/dor. O que pode ser
atribuído a constantes manuseios de caixas pesadas contendo material a ser armazenados na central de kit, além da
freqüente manutenção de posturas ocupacionais inadequadas.
0 7,5 15
dor nas m ãos dor nos braços dor nas pernas cansaço ao final do dia dor nos pés dor no pescoço dor na cabeça dor nas costas (coluna vertebral)
ID E s níve l de intensidade Média pouco muito
Fig. 3: Resultados dos questionários aplicados, em relação ao constructo desconforto/dor, na Central de Kit.
3.2. Análise da tarefa:
A análise da atividade da tarefa do corpo de enfermagem mostrou que tanto a carga física quanto mental desses
profissionais são bastante elevadas, conforme resultados já obtidos na apreciação ergonômica. Nota-se, também, um
empenho muito grande de todos os profissionais em fazer com que o trabalho seja eficiente e satisfatório para os
pacientes, para tal, trabalham em conjunto, procurando suprir as necessidades e possíveis falhas dos outros membros da
equipe, uma vez que nem sempre é possível realizar a tarefa real conforme a tarefa prescrita.
Na execução de suas atividades, o turno matutino demonstrou maior demanda de esforço físico, uma vez que os
procedimentos de higiene e os curativos realizados ocorrerem, em sua maioria, nesse período. Ficou evidente, também,
que nos dois períodos, o corpo de enfermagem precisa realizar um considerável esforço físico, pela necessidade de
deslocamentos constantes, tanto no que diz respeito ao cuidado dos pacientes (visitas e procedimentos nos leitos) como
pela necessidade de buscar material fora do posto da enfermagem. Além de ser possível a verificação de que os
funcionários são obrigados constantemente a adotarem posturas inadequadas em função do mobiliário, do
posicionamento do paciente, etc, conforme verificados durante a apreciação ergonômica.
Com as observações sistemáticas foi possível perceber que as posturas adotadas pelos trabalhadores das alas A, B e C
da clínica cirúrgica durante o trabalho são muito semelhantes. O mobiliário, a posição do pacientes e a desorganização
da tarefa são os principais responsáveis pela adoção de posturas inadequadas. Na Central de Kit pôde-se observar que
os principais fatores causadores de posturas inadequadas são: o mobiliário e o local onde são guardados os materiais. As
principais posturas adotadas por estes profissionais foram:
Regiões
corporais
Alas A, B e C
Central de kit
Pescoço
flexão 0º - 20º, flexão acima de 20º;
flexão de 0º - 20º, flexão acima de 20º
Tronco
ereto e flexão de 0º a 20º
flexão de 0º - 20º
Pernas
peso distribuído nas duas pernas (bilateral),
sentado ou caminhando; peso distribuído em
uma das pernas (unilateral) com postura
instável.
peso distribuído nas duas pernas (bilateral),
sentados ou caminhando; peso distribuído em
uma das pernas (unilateral) com postura
instável.
Braço
flexão 20º - 45º, extensão acima de 20º,
flexão de 45º - 90º
flexão 20º-45º, extensão acima de 20º
Antebraço
flexão de 60º - 100º
flexão de 60º- 100º
Punho
flexão 0º - 15º, extensão 0º - 15º
flexão 0º - 15º, extensão 0º - 15º
Tabela 01 – Posturas adotadas pelos profissionais das alas A, B e C e da Central de kit.
Figs. 4, 5 e 6: Exemplos de posturas assumidas nas alas A, B e C.
Figs. 6, 7 e 8: Exemplos de posturas assumidas na Central de Kit.
Em relação à força física realizada pelos trabalhadores tanto das alas A, B e C como da Central de kit a carga/força
realizada pelos trabalhadores, geralmente, relaciona-se aos escores 0 e 1, correspondendo a uma carga abaixo de 5kg e
entre 5kg e 10kg na escala do REBA relacionada à analise da carga/força realizada pelos trabalhadores. Porém nota-se
que em vários momentos ocorre um aumento rápido de força, principalmente devido à manipulação de pacientes, como
dar banho, ajudar nas transferências, levantar pacientes, mudar de posição, no caso das alas A, B e C, e pelo
levantamento e deslocamento de caixas pesadas contendo materiais de procedimentos a serem estocados na Central de
Kit, no caso da mesma.
Segundo Guimarães (1999), posturas inadequadas exigem maiores forças internas para execução de uma tarefa. Uma
“boa” postura é aquela em que as articulações estão na posição neutra: o centro de gravidade das partes do corpo
envolvidas na execução da tarefa está alinhado verticalmente, passando o mais próximo possível dos eixos de giro
gerados pelas articulações. Os níveis de operação, para serem confortáveis e eficientes, devem ser reduzidos o
suficiente para que o trabalho não seja executado no limite (ou próximo dele) da capacidade física a fim de evitar
fadiga precoce ou até mesmo sérios danos à saúde do trabalhador.
De acordo com os resultados obtidos com aplicação da técnica de avaliação posturais REBA, o nível de risco para a
saúde dos trabalhadores da enfermaria da Clínica Cirúrgica do hospital supracitado encontra-se entre os escores 3 e 6,
relativo aos níveis de risco baixo e médio, respectivamente, sendo necessário modificações. Na figura 9, percebe-se
que de todos os setores da enfermaria em estudo, a Central de Kit apresenta os resultados mais expressivos, enquanto a
ala B obteve os menores resultados, este fato pode ser justificado pelo fato de na Central de Kit trabalharem apenas
mulheres mais velhas. Mesmo os resultados não sendo tão distintos, ao compararmos apenas as alas A, B e C,
percebe-se que a última aprepercebe-senta resultados mais elevados, este fato pode percebe-ser justificado por percebe-se tratar do percebe-setor que trata de
pacientes com problemas neurológicos e ortopédicos, logo, possuem maior dificuldade de locomoção e independência,
necessitando bastante do auxílio por parte do corpo de enfermagem.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
1º momento 2º momento 3º momento 4º momento 5º momento atividade
completa
duração das atividades
e sco re s d o R E B A Ala A Ala B Ala C Central de kit
Fig. 9: Resultados obtidos com a aplicação da técnica REBA, em comparação a todos os setores da enfermaria da
Clínica Cirúrgica.
Também foram levados em consideração os dados relativos às variáveis da pesquisa, como idade (a pessoa mais jovem
e a mais velha) e sexo, porém em toda a enfermaria da Clínica Cirúrgica só existia um técnico de enfermagem do sexo
masculino. Foram realizadas comparações entre os técnicos de enfermagem de todas as alas, como demonstra a figura
10.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1º momento 2º momento 3º momento 4º momento 5º momento Atividade completaduração das atividade
e s c o res d o R E B A
Mulher mais velha Mulher mais nova Homem mais velho
Fig. 10: Resultados obtidos com a aplicação da técnica REBA, em comparação ao sexo e à idade dos técnicos de
enfermagem das alas A, B e C.
A figura 11 demonstra a comparação dos auxiliares de enfermagem de todas as alas, sendo que como acontece com os
técnicos de enfermagem, também só foi encontrado um auxiliar de enfermagem do sexo masculino. Portanto,
enfermagem mais velha apresentou os maiores escores. O auxiliar de enfermagem do sexo masculino relatou, durante a
pesquisa, que estava “apenas esperando a hora do almoço”, fato que pode ter resultado em escores abaixo das demais.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1º momento 2º momento 3º momento 4º momento 5º momento atividade completa
duração das atividades
es c o re s do R E B A
Mulher mais velha Mulher mais nova Homem mais velho
Fig. 11: Resultados obtidos com a aplicação da técnica REBA, em comparação ao sexo e à idade dos auxiliares de
enfermagem das alas A, B e C.
Em relação às enfermeiras, o comparativo foi apenas em relação à idade, visto que o enfermeiro do sexo masculino foi
remanejado para a enfermaria da Clínica Médica do hospital estudado. A figura 12 demonstra que a enfermeira mais
velha apresentou escores maiores em comparação a mais jovem.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1º momento 2º momento 3º momento 4º momento 5º momento atividade completa
duração das atividades
es c o re s d o R E B A
mulher mais velha mulher mais nova
Fig. 12: Resultados obtidos com a aplicação da técnica REBA, em comparação ao sexo das enfermeiras das alas A, B e
C.
Como já mencionado anteriormente, na Central de kit trabalham apenas auxiliares de enfermagem do sexo feminino,
portanto o comparativo foi em relação à idade. A figura 13 demonstra a variação dos escores, ficando o mínimo no
escore 3 e o máximo no escore 5, em contrapartida, em relação à atividade completa, ambas apresentaram o
mesmo resultado.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1º momento 2º momento 3º momento 4º momento 5º momento atividade completaduração das atividades
esco re s d o R E B A
mulher mais nova mulher mais velha
Fig. 13: Resultados obtidos com a aplicação da técnica REBA, em comparação à idade das auxiliares da Central de Kit.
Os níveis de desconforto/dor obtidos com a aplicação dos questionários são justificados devido a constante adoção de
posturas ocupacionais incorretas. Portanto, a partir destes resultados é possível afirmar que o trabalho nas enfermarias
da Clínica Cirúrgica do hospital supracitado expõe seus funcionários a diversos níveis de constrangimentos
ergonômicos. O que fazem necessárias mudanças e adequações nos postos de trabalho, para que, assim, seja possível
melhorar a qualidade de vida do pessoal da enfermagem e, conseqüentemente, aumentar a eficiência no trabalho, logo,
gerar melhor atendimento aos enfermos.
5. AGRADECIMENTOS
Ao hospital estudado, pela credibilidade confiada e possibilidade do estudo científico, entendendo o valor de uma
pesquisa científica e seus benefícios a toda a comunidade, assim como, a todos os funcionários da enfermaria da
Clínica Cirúrgica do hospital, na pessoa da coordenadora Gyovanna Duailibi, pela presteza, disposição e confiança,
indispensáveis para a realização deste trabalho.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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