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SUCESSÃO FAMILIAR NO MEIO RURAL NA REGIÃO NORTE DO MUNICÍPIO DE PRUDENTÓPOLIS/PR

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SUCESSÃO FAMILIAR NO MEIO RURAL NA REGIÃO NORTE DO

MUNICÍPIO DE PRUDENTÓPOLIS/PR

Autor(a): Valdomiro Kordiak

Aluno de Pós-Graduação em Cooperativismo Solidário e Credito Rural. UNICENTRO. 2016. E-mail: vkordiak@yahoo.com

Co-autor(a): Juliane Sachser Angnes

Professora Orientadora. Pós-doutorado em Administração. Departamento de Secretariado Executivo da UNICENTRO/G. E-mail: julianeangnes@gmail.com

RESUMO

Para dar continuidade na produção de alimentos de uma propriedade de agricultura familiar se faz necessário que tenha sucessão familiar. Este estudo surgiu a partir da observação de que parte da juventude da região norte do município de Prudentópolis/PR, está partindo para a cidade em busca de outras fontes de trabalho. Desta forma, a problemática do trabalho encontra-se na forma como ficará futuramente essa sucessão nas propriedades rurais familiares. Sob essa perspectiva, o objetivo geral deste estudo é compreender o processo de sucessão na agricultura nas propriedades rurais que utilizam sistemas de agricultura familiar, localizadas na região norte do município de Prudentópolis/PR. Quanto aos objetivos específicos definiu-se por diagnosticar o percentual de jovens que tendem a dar continuidade nas atividades rurais desenvolvidas por seus familiares, descrever a perspectiva dos jovens em relação a sucessão familiar no campo e discutir o processo de sucessão familiar na região. Desta forma, o estudo realizado pautou-se na metodologia descritiva e, em relação aos procedimentos técnicos, como bibliográfica, utilizando uma pesquisa qualitativa.A sucessão familiar nessa região do município ainda não é preocupante segundo a pesquisa realizada, a tendência é de que alguém suceda os pais na propriedade, embora a necessidade de buscar melhor qualidade de vida fora é real.

Palavras-chave: Sucessão familiar. Propriedades rurais. Agricultura Familiar.

ABSTRACT

To continue the production of food property of Family Farming is not necessary that you have family succession. This study arose from the observation part to que Youth of the North Region of the Municipality of Prudentópolis/PR, this out to the city in search of work Other Sources. Thus, labor problem lies in how the future will be this succession in family farms. From this perspective, the objective of this study is to understand the process of succession in agriculture on farms that use of family farming systems located in the north of the city of Prudentópolis/PR. As for the specific objectives defined by diagnosing the percentage of young people who tend to continue in rural activities by their family members, describe the perspective of young people in relation to family succession in the field and discuss family succession process in the region. Thus, the study was based on the descriptive methodology and, in relation to technical procedures, such as literature, using a qualitative research. The family succession in this region of the city is still not alarming according to the survey, the trend is that someone succeed the parents on the property, although the need to seek out better quality of life is real.

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INTRODUÇÃO

O município de Prudentópolis/Pr é o quarto maior município em extensão territorial do estado, com uma população de 51567 habitantes, segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o limite do município sentido norte o qual faz divisa com o município de Candido de Abreu chega a aproximadamente 85 Km da sede do município de Prudentópolis.

O município de Prudentópolis/Pr, é formada exclusivamente por pequenas propriedades rurais de agricultores familiares que desenvolvem atividade agropecuária, somando um total de 7810 estabelecimentos, segundo IPARDS (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, 2016) para que esse sistema de agricultura familiar continue a se desenvolver é necessário que haja sucessão familiar no campo, mas para isso é preciso que jovens mostrem interesse em dar continuidade no trabalho.

Neste sentido, um terço das propriedades de agricultura familiar se encontram nesta região, por ser extensa e distante do centro urbano, vários segmentos de comercio também desenvolvem suas atividades nessa região como cooperativa de credito, sendo a Cooperativa de Credito Rural com Interação Solidaria (Cresol), um hospital municipal, um colégio estadual, um posto de combustível, lojas agropecuárias e outros segmentos de comercio como mercados e panificadoras.

Ainda esta região a maioria das terras é acidentada fator este que dificulta o trabalho com maquinários agrícolas e por isso, com foco no trabalho manual sendo o mais utilizado, dificultando o plantio, manejo e colheita das culturas plantadas na região.

Desta forma, vendo como seus pais trabalham e ajudando nos trabalhos da propriedade e percebendo a dificuldade muitas vezes encontradas como frustrações de safra entre outras, o jovem rural muitas vezes não vê perspectivas de um futuro promissor em dar sequência na atividade da propriedade, sendo atraídos pelo trabalho nas cidades, aspecto este que contribui para o êxodo rural e consequentemente dificulta a sucessão familiar nas pequenas propriedades rurais.

Esses fatores são ainda mais relevantes quando se trata de uma localidade que fica longe da sede do município com deficiência de tecnologia como internet e telefonia celular e acesso a propriedade como estradas.

Vale destacar que algumas propriedades rurais já buscam alternativas de incentivo da permanência dos jovens no campo para garantir a continuidade da atividade rural como a diversificação da propriedade com a cultura do leite, do maracujá e outras culturas que aumente a renda sem precisar que o jovem deixe a família para tentar uma vida melhor na cidade ou até mesmo em grandes centros urbanos.

A realização deste estudo se justifica, pois, permite ampliar a discussão sobre a sucessão familiar no campo, especificamente em propriedades que desenvolvem a atividade de agricultura familiar, estes dados também poderão auxiliar no planejamento futuro da unidade de atendimento da Cooperativa de Credito Cresol existente nesta região.

Observa-se que a maioria dos filhos de agricultores que vão para grandes centros para estudar em universidades não retorna mais a atividade rural, nesta trajetória, acaba fazendo estágios e encontrando emprego vendo nisso a possibilidade de terem uma vida estável na cidade e não retornando ao campo como possibilidade de trabalho.

Dessa forma, pensando em uma alternativa que pudesse ampliar esta discussão, elegeu o tema de maneira que se pudesse pesquisar os jovens que ainda permanecem no campo para saber o que mais contribui para que permaneçam não no campo e continuem a desenvolver as atividades praticadas pelos seus pais, e o que influencia os jovens para que procurem outra alternativa de vida deixando a propriedade e a agricultura familiar como fonte de renda.

Segundo Zordan (2012), a população rural perdeu 2 milhões de pessoas nos últimos 10 anos e, agora, representa 15,6% da população total do país. (29,8 milhões de um total de 190,8 milhões). Esses 16% são responsáveis por produzir alimentos para si e sua família, mas também para manter os que foram para a cidade.

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Desta forma compactua-se com Zordan (2012) que a sucessão familiar seja apontada por diversos especialistas com uma das principais saídas para que a produção de alimentos não seja interrompida por falta de mão de obra no campo. Alguns agricultores conseguem manter seus filhos na propriedade dando sequência nos trabalhos, já outros não veem possibilidades de sucesso se o jovem permanecer na propriedade, portanto incentivam para estude e consiga um bom trabalho na cidade ou em grandes centros urbanos.

A maioria das pequenas propriedades rurais trabalha em regime de agricultura familiar, onde todos os recursos produzidos são destinados à sobrevivência dos integrantes da família. Os problemas enfrentados nas propriedades rurais são muitos, especialmente no que se refere à sucessão familiar.

Ou seja, filhos muitas vezes não se sentem influenciados em dar continuidade na atividade desenvolvida por sua família. Alguns jovens se aventuram a procurar trabalhos em grandes centros urbanos onde acabam obtendo bons resultados e descartam a possibilidade de voltar a morar no campo, outros talvez pela ausência de preparação para enfrentar a vida nas cidades e não estarem adaptados com o novo ambiente, após algum tempo acabam voltando novamente para o campo ou são obrigados a viver em condições extremamente precárias.

Instituições como EMATER, (Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), Secretaria de Agricultura do município, tem como missão promover ações de assistência técnica e social assim como o desenvolvimento rural sustentável de apoio à agricultura familiar, vem continuamente auxiliando e incentivando os jovens agricultores a permanecer no campo.

Para que isso ocorra são disponibilizadas orientações e repasses de recursos de políticas públicas como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), segundo o MDA, na safra 2015/2016 foram destinados um montante de R$ 28,9 milhões para este programa, o número de estabelecimentos que trabalha em regime de economia familiar município de Prudentópolis são 7.810. IPARDS 2016. Disponível em: sit.mda.gov.br

Tais ações se justificam, pois, na área rural, principalmente nessa região, na maioria das propriedades não dispõe de tecnologia como internet e telefone celular devido à localização geográfica e a distância da cede do município, a tecnologia é um recurso utilizado por uma minoria, porém o jovem produtor rural acaba sofrendo muitas limitações e necessita de apoio e informações para poder tomar as melhores decisões e manter se conectado com o mundo.

Neste contexto, esta pesquisa pretende responder a seguinte argumentação:

Existe sucessão familiar significativa no meio rural nas propriedades que desenvolvem atividades de agricultura familiar, localizadas na região norte município de Prudentópolis/PR?

Assim, para responder ao problema proposto, o objetivo geral delimitado foi: compreender o processo de sucessão na agricultura nas propriedades rurais que utilizam sistemas de agricultura familiar, localizadas na região norte do município de Prudentópolis/PR.

Para tanto, os objetivos específicos foram: a) Diagnosticar o percentual de jovens que tendem a dar continuidade nas atividades rurais desenvolvidas por seus familiares; b) Descrever a perspectiva dos jovens em relação a sucessão familiar no campo; c) Discutir o processo de sucessão familiar na região.

2

REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Agricultura Familiar

A Lei 11.326, de 24 de junho de 2006, define a agricultura familiar sendo aquela que: I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar predominantemente originada

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de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. Disponível em: http://legis.senado.leg.br

Brumer e Spanevello (2008) destacam a agricultura familiar e a perspectiva da permanência dos jovens fazendo a seguinte afirmação:

A perspectiva de continuidade da agricultura familiar e de suas unidades produtivas depende de uma série de fatores que dificultam ou facilitam a permanência dos jovens. Esses fatores não são únicos e nem isolados, mas interligados entre si, e dizem respeito às condições sócio-econômicas familiares e da unidade produtiva; ao tipo de trabalho (agrícola ou não agrícola) realizado; às oportunidades de trabalho existentes na agricultura familiar e em atividades não agrícolas no meio rural ou nas cidades próximas aos locais de residência, para jovens de ambos os sexos; à educação; ao acesso ao lazer, ao tipo de lazer existente e às expectativas dos jovens sobre o lazer no meio rural; à participação e ao envolvimento em movimentos sociais; à possibilidade do jovem ter seu trabalho remunerado e autonomia para tomar decisões sobre seu trabalho e seus gastos pessoais; à perspectiva de herdar a propriedade; à percepção sobre o trabalho agrícola e o modo de vida no meio rural; ao acesso ao crédito e a políticas públicas de auxilio aos jovens; à perspectiva matrimonial com moças ou rapazes do meio rural. São dimensões que constroem as razões e as motivações dos jovens de querer ou não ser agricultor (a), de querer ou não ficar no meio rural (BRUMER & SPANEVELLO, 2008, p. 13).

De acordo com Silva Neto (2006, p. 69), a manutenção da população no campo, a ampliação da renda dos agricultores e uma melhor distribuição dessa renda podem ser elementos importantes de uma política de estímulo a atividades não agrícolas no meio rural.

Para (Biz et al) A caracterização da agricultura familiar tem seus contrastes quanto a sua caracterização. Mas o que caracteriza essencialmente é propriedade de origem familiar e os integrantes da família na administração do negócio. A sucessão familiar dentro da propriedade rural e da empresa familiar depende da preparação de gestão atual para as novas gerações.

Biz

&

Vieira (2014, pg 11)

Schneider (2003 apud PANNO, FERNANDO. MACHADO, JOÃO ARMADO DESSIMON, 2014), complementa afirmando que para se definir agricultura familiar não se pode levarem consideração apenas as atividades econômicas associadas à produção agropecuária da família; deve-se olhar o agricultor familiar sob uma ótica da pluriatividade, atividades externas executadas pelos membros da família, o que não descaracteriza a agricultura familiar.

Para Mello et al. (2003, p. 11) “os problemas envolvidos na questão sucessória parecem transformar-se numa ameaça que coloca em risco a reprodução econômica e social da agricultura familiar”.

Para Guanziroli há diversas subcategorias embutidas no conceito genérico de agricultura familiar:

A diferenciação dos agricultores familiares está associada à própria formação dos grupos ao longo da história, a heranças culturais variadas, à experiência profissional e de vida particulares, ao acesso e à disponibilidade diferenciada de um conjunto de fatores, entre os quais os recursos naturais, o capital humano e o capital social e assim por diante. A diferenciação também está associada à inserção dos grupos em paisagens agrárias muito diferentes uma

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das outras, ao acesso diferenciado aos mercados e à inserção socioeconômica dos produtores, que resultam tanto das condições particulares dos vários grupos como de oportunidades criadas pelo movimento da economia como um todo, pelas políticas públicas. Guanziroli (2013, p. 103 apud Biz, C. et al).

Adachi (2006, p. 204) destaca o fato de que “o sucessor ideal deve ser um indivíduo que contemple todas as habilidades necessárias para assumir um cargo importante”. O êxodo rural e, principalmente, o desinteresse dos jovens em permanecer no meio é uma realidade preocupante. Os jovens do campo estão deixando as terras dos pais para tentarem a sorte na cidade, acarretando a superpopulação destas, com o intuito de estabelecerem-se nos estudos ou em outras atividades, muitas vezes incentivados pelos pais. [...] cada vez mais, os pais põem seus filhos na escola, mesmo que tenham que deslocá-los para a cidade para continuarem estudando. Parece que não querem mais que seus filhos sejam também agricultores, e os jovens filhos dos agricultores tampouco parecem pensar em ser agricultores no futuro (Piran, 2001, p. 134).

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) define agricultura familiar como uma forma de produção na qual predomina a interação entre gestão e trabalho. É o agricultor familiar que dirige o processo produtivo, dando ênfase à diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementando com o trabalho assalariado.

Na agricultura, como atividade econômica, as relações familiares são de suma importância dentro do contexto produtivo. Analisando historicamente, a maioria dos agricultores contemporâneos continua a atividade de seus pais, o que não acontece em nenhuma outra profissão. Nos países capitalistas a gestão e o patrimônio agrícola vêm fundamentalmente da família. SILVESTRO et al., 2001 apud Biz, C. et. al. (2012, pg 4).

Conforme apontam Fornazier e Vieira Filho, apud Biz, C. et. al. (2012, pg 4) a agropecuária brasileira é profundamente heterogênea em todos os aspectos, e o acesso à tecnologia e difusão dos novos conhecimentos e técnicas se dá de forma assimétrica entre regiões, produtores e até sistemas. Mas não se pode afirmar que é um setor atrasado.

Para o autor Buainain

Na visão romântica, os agricultores familiares o são por tradição e opção, e não por imposição. A hipótese de que não buscam a maximização do lucro e sim um conjunto de outros objetivos que incluem desde a preservação do patrimônio para as gerações futuras até a geração de ocupação para os membros da família é tomada como paradigma de uma racionalidade econômica própria, e não como o resultado de restrições reais enfrentadas no passado e no presente. Buainain et al (2007, p.22)

2.2 Sucessão Familiar

O processo sucessório deve, portanto, ser considerado como uma etapa importante e vital para sobrevivência tanto nas empresas familiares, quanto na Agricultura Familiar, necessitando serem tomadas medidas preventivas para que esta delicada etapa da vida da empresa ou da propriedade rural tenha o êxito desejado, ou seja, que a “tocha” seja passada para a geração seguinte com sucesso. Assim, a sucessão poderá acontecer de forma gradativa e planejada, ou, quando por ocasião de morte, acidente ou doença do dirigente, de forma repentina. (Fetag/RS)

(6)

A lógica da sucessão baseia-se na necessidade de manter o patrimônio familiar representado pela terra. Para manter assegurada essa lógica, os agricultores buscam entre seus filhos um sucessor para o seu patrimônio. Neste sentido, além de ter sucessor é preciso levar em conta o encaminhamento do estabelecimento aos filhos e a forma de transmissão de patrimônio (SPANEVELLO, 2008, p. 22).

Jovens são atraídos para as cidades em busca de uma vida que consideram ser mais promissora no futuro como ressalta o autor:

Alguns fatores são ressaltados pelos próprios jovens para explicar o movimento migratório em direção à cidade. Entre eles, cabe destacar a falta de oportunidades para o exercício de atividades produtivas e/ou profissionais, no espaço rural, que propiciem independência econômica gerencial e tutelar da família e, sobretudo, do pai. (STROPASOLAS, 2006, p.319).

Os pais têm um fator importante que é orientar seus filhos quanto ao futuro profissional e a possibilidade de continuar no campo com a mesma qualidade de vida e renda da cidade desenvolvendo a propriedade com sustentabilidade.

3

METODOLOGIA DA PESQUISA

Em relação à abordagem metodológica, a pesquisa é caracterizada, quanto aos objetivos, como descritiva e, em relação aos procedimentos técnicos, como bibliográfica, utilizando uma pesquisa qualitativa.

Na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade desse último. (BEUREN, 2006, p.93)

A pesquisa qualitativa foi aplicada por meio de um questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas. A população e a amostra foram constituídas pelos filhos dos agricultores que desenvolvem atividade de Agricultura Familiar na região norte do município de Prudentópolis/PR, estudantes do segundo e terceiro ano do ensino médio do colégio estadual Imaculada Conceição da comunidade de Ligação. O formulário de pesquisa foi aplicado no dia 17 de junho de 2016.

Os alunos não foram comunicados antecipadamente sobre o assunto e a coleta de dados para que não fossem estudadas respostas e sim colher dados reais, apenas a direção do colégio foi informada com antecedência.

A referida amostra foi composta por 94 alunos sendo 50 alunos do sexo masculino e 44 do sexo feminino de 4 turmas, 2 turmas do turno diurno e 2 turmas do turno noturno que se dispuseram a fornecer os dados para a pesquisa, na ocasião, os alunos foram informados da importância que a pesquisa tem para a região assim como solicitado pelo autor que fossem respondidas com sinceridade para que os dados levantados fossem o mais próximo da realidade regional.

A entrevista foi acompanhada pelo autor para que eventuais dúvidas fossem esclarecidas no momento da coleta dos dados.

4 ANALISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na entrevista realizada com os jovens pode observar que todos têm interesse pelo assunto abordado na pesquisa, porém uma minoria se mostra indecisa quanto ao seu futuro e sobre a decisão a ser tomada. Percebe-se que os jovens têm consciência das

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dificuldades encontradas no meio rural e o que dificulta nas tomadas de decisões, também observa se que alguns dos jovens não tem consciência das dificuldades encontradas na cidade e sim, que a saída para os problemas é migrar para os centros urbanos.

Resultado das entrevistas feitas com 94 jovens que cursam o ensino médio do Colégio Estadual Imaculada Conceição de Ligação, município de Prudentópolis/PR.

Questões dirigidas aos jovens da Região Norte do município de Prudentópolis/PR.

GRAFICO 1 – Idade dos entrevistados Fonte: O autor

A idade média dos jovens entrevistados foi de 16,44 anos de idade, um público jovem já com uma certa experiência de vida e com um objetivo em mente para o futuro, com ideias e decisões que fornecem dados relevantes ao trabalho.

Na questão abordada aos jovens sobre se eles têm irmãos, 97% responderam que tem irmãos, uns mais velhos e outros mais novos, e apenas 3% não tem irmãos.

GRAFICO 2 – Você tem irmãos? Fonte: O autor

Sobre a sucessão na propriedade por parte dos irmãos, 58% disseram que tem algum de seus irmãos que tem interesse em continuar na propriedade e 42% dos entrevistados disseram que não tem ninguém de seus irmãos com o intuito de suceder os pais na propriedade. 18 36 27 9 2 2 15 anos 16 anos 17 anos 18 anos 19 anos 20 anos 97% 3%

VOCE TEM IRMÃOS

SIM NÃO

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GRAFICO 3 – Alguém de seus irmãos se mostrou interessado em dar continuidade na atividade dos pais?

Fonte: O autor

Quando perguntado sobre o seu futuro profissional, a metade ou seja 50% dos jovens pretende continuar os estudos e sair do campo, já 31% dos entrevistados pretende continuar os estudos e não sair da atividade rural, 17% optam em apenas continuar o trabalho no campo sem perspectivas definidas se continuarão os estudos ou não, apenas 2% não pretendem dar continuidade nos estudos.

GRAFICO 4 – Perspectiva com relação ao futuro profissional. Fonte: Adaptado de Furlan, E. C. et. al.

Quanto a abordagem sobre o incentivo dos pais, 42% disseram que os pais incentivam os estudos para deixar o campo, comparando com o gráfico acima pode observar que a maioria são influenciados pelos pais a deixarem a vida do campo e com uma margem daqueles jovens que tem decisão própria chegou a 50% dos que não pretendem permanecer na propriedade, 45% disseram que os pais incentivam o estudo e a permanência na

58% 42%

Alguém de seus irmãos se mostrou

interessado em dar continuidade na

atividade dos pais?

SIM NÃO 17% 50% 31% 2%

Perspectiva com relação ao seu futuro

profissional.

Continuar o trabalho no campo Continuar os estudos e sair do campo. Continuar os estudos e não sair do campo.

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propriedade, mas mesmo com o incentivo, o índice de jovens que pretendem seguir a orientação dos pais é menor se comparado no gráfico anterior. 12% disseram que pretendem apenas continuar com a lida na propriedade rural e 1% dos entrevistados se mostrou indeciso.

GRAFICO 5 – Seus pais o incentivam à Fonte: Adaptado de Furlan, E. C. et. al.

Sobre a influência na sua escolha profissional, 71% dos jovens disseram ser a qualidade de vida que influencia na escolha, 19% disseram ser a força de vontade ou fazer aquilo que gosta, 7% disseram ser o dinheiro o atrativo profissional e 3% acham que o incentivo faz com que escolham a profissão.

GRAFICO 6 – O que te influencia na sua escolha profissional? Fonte: Adaptado de Furlan, E. C. et. al.

Quando perguntado se a propriedade de seus pais oferecia condições para que eles permanecessem no campo, a maioria, ou seja, 79% dos jovens se mostraram confiantes que a propriedade oferece plenas condições para que permaneçam na propriedade, mesmo assim alguns optam por deixar a propriedade, já 21% disseram que a propriedade não oferecia condições para que permanecessem na propriedade, e o total desses jovens tem certeza de que devem deixar a propriedade em busca de novas oportunidades de trabalho.

12%

42% 45%

1%

Seus pais o incentivam à

Continuar a trabalhar no campo. Continuar os estudos e sair do campo.

Continuar os estudos e não sair do campo Indecisos 7% 19% 3% 71%

O que te influencia na sua escolha

profissional

Dinheiro Força de vontade Incentivo

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GRAFICO 7 – A propriedade de seus pais oferece condições para que você permaneça no campo? Fonte: O autor

Sobre a oportunidade de emprego na cidade, 60% dos jovens disseram que não deixariam o campo por um emprego na cidade, praticamente os jovens que optaram por permanecer e pela propriedade oferecer condições de trabalho digno no campo, comparativo com dados do gráfico 5 e 7, já 40% dos entrevistados deixaria a propriedade se surgisse oportunidade de emprego na área urbana.

GRAFICO 8 – Você continuaria no meio rural se tivesse oportunidade de emprego na cidade? Fonte: O autor

Na questão abordada sobre o que atrai o jovem para a cidade, 74% deles responderam que são as condições de vida melhor que a cidade oferece, pelo fácil acesso ao estudo, a escolas profissionalizantes, já 26% se mostraram atraídos pela independência financeira, porque na propriedade geralmente é o pai que detém o dinheiro da renda das atividades desenvolvidas, aonde esses jovens não tem o seu próprio ganho, dependendo exclusivamente da boa vontade dos pais quando precisam de recurso financeiro.

79% 21%

A propriedade de seus pais oferece

condições para que você permaneça no

campo?

Sim

Não

60% 40%

Você continuaria no meio rural se tivesse

oportunidade de emprego na cidade?

Sim Não

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GRAFICO 9 – O que mais atrai você na cidade? Fonte: O autor

Para 81% dos jovens entrevistados, quando perguntado sobre qual a visão futura que eles tem da agricultura familiar sobre a sucessão familiar no campo, os mesmos disseram que terá quem suceda os pais na atividade rural, acreditam que a agricultura familiar não deixará de existir nessa região do município de Prudentópolis, mas para 19% dos entrevistados já não acreditam que futuramente exista alguém que tenha interesse em continuar com a atividade rural das pequenas propriedades da agricultura familiar, isso é pelas dificuldades que hoje enfrentam no interior do município como a distância do centro da cidade, condição das estradas, acesso a tecnologias e a vida sofrida do campo comparada com a cidade.

GRAFICO 10 – Na sua visão, as propriedades de Agricultura Familiar terão alguém que suceda os pais e continuem os trabalhos por eles desenvolvidos futuramente?

Fonte: O autor

Nesta pesquisa também foi analisado quais foram o diferencial de ideias referente ao público Masculino e Feminino quando perguntado sobre a perspectiva com relação ao futuro profissional, nesse quesito teve uma pequena variação na forma de ver o futuro profissional tanto para o público masculino quanto ao feminino, mas a tendência do público feminino em deixar a propriedade prevalece se comparado com a juventude masculina.

74% 26%

O que mais atrai você na cidade?

Condição de vida melhor. Independência financeira.

81% 19%

Na sua visão, as propriedades de Agricultura

Familiar terão alguém que suceda os pais

futuramente?

Sim Não

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GRAFICO 11 – Perspectiva com relação ao seu futuro profissional. Fonte: O autor

GRAFICO 12 – Perspectiva com relação ao seu futuro profissional. Fonte: O autor

Quando o assunto é incentivo dos pais para que continuem no campo ou busquem alternativas fora, a diferença se mostrou pouco significante tendo pouca variação, na juventude masculina ainda prevaleceu a ideia de que o filho saia do campo em busca de outra alternativa de renda.

54% 46%

MASCULINO

Masc. continuar no campo Masc. não continuar no campo

43% 57%

FEMININO

Feminino: Continuar no campo Feminino: Não continuar no campo

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GRAFICO 13 – Seus pais o incentivam à. Fonte: O autor

Se tratando do público feminino quando o assunto é incentivo dos pais para que continuem no campo ou busquem alternativas fora, a diferença se mostrou bem significativa tendo um percentual de 72% para que as filhas continuem na área rural e apenas 28% apoiam a ideia das filhas de sair ou incentivam para que busque outra alternativa de trabalho.

GRAFICO 14 – Seus pais o incentivam à. Fonte: O autor

5 CONCLUSÃO

A sucessão familiar no campo na região norte do município de Prudentópolis ainda não é preocupante segundo a pesquisa realizada, a tendência é de que alguém suceda os pais na propriedade, se não for o entrevistado será algum dos irmãos que se mostra interessado na sucessão, mas para isso são feitos alguns pedidos por parte dos jovens.

52% 48%

MASCULINO

Continuar no campo Sair do campo 72% 28%

FEMININO

Continuar no campo Sair do campo

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Quando perguntado aos entrevistados o que gostariam que tivesse no interior para que eles se sentissem atraídos em permanecer na propriedade e continuar o trabalho dos pais, foram vários os apontamentos por eles feito o qual sugeriram que tivesse melhores condições de estradas, acesso à tecnologia como internet e sinal de celular, lanhouse, academia para exercícios físicos, mais incentivo aos agricultores, melhor preço nos produtos, que os agricultores fossem mais valorizados, escola profissionalizante na área agrícola e pecuária.

Ainda destacaram que as terras fossem mais produtivas, maquinários agrícolas para o trabalho na propriedade, palestras sobre o meio rural, uma cooperativa de produção, posto policial para segurança da população, indústria para a geração de emprego no interior para ajudar no orçamento da família sem ter que deixar o campo.

Verifica se uma grande demanda por parte da juventude, da necessidade de alguém fazer algo para que sejam valorizados e não procurem alternativas fora, percebe se que querem ter as mesmas condições que a juventude da cidade.

O poder público e a sociedade organizada tem um papel fundamental no futuro desses jovens, tem o dever e a obrigação de fazer algo para esses jovens pois muitos dos que pretendem sair ficariam se tivesse melhores condições de vida, também percebe se que um número significante de pais incentivam os filhos a sair da propriedade em busca de um futuro melhor aonde 79% dos jovens disseram que a propriedade dos pais tem condições para que eles permaneçam no campo, verificando esses dados percebe se que os filhos estão mais confiantes que os pais em relação a obtenção de renda na propriedade.

Na opinião dos jovens levantada na pesquisa, percebe se que os pais incentivam mais as meninas a permanecerem no campo que os meninos, mesmo o trabalho do campo sendo considerado como um serviço que se exige um certo esforço físico, prevaleceu a ideia de manter as filhas desenvolvendo o trabalho do campo. Nota se que o sentimento de proteção com as filhas por parte dos pais é o que pesa na hora de decidir sobre deixar ou permanecer no campo.

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Referências

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