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3 Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA ACURÁCIA DE FLUXÔMETROS SUBMETIDOS A

DIFERENTES CONDIÇÕES OPERACIONAIS

Flávio J. S. Pereira1, Ulisses R. Antuniassi2, Juan J. Bonnin Acosta3

RESUMO: A acurácia dos sensores de fluxo nos pulverizadores com controle eletrônico é de grande

importância tanto para sistemas de aplicação em doses constantes como para aplicações em taxas variáveis. Nestes equipamentos de aplicação, o algoritmo de controle se baseia na correlação entre o número de pulsos gerados e o fluxo real para comandar os atuadores que definem a taxa de aplicação instantânea. O objetivo deste trabalho foi determinar as características de desempenho de dois sensores de fluxo (eletromagnético e de turbina), quando submetidos variações nas condições operacionais (diferentes intensidades de fluxo e densidades de líquido). Os resultados mostraram que ambos os fluxômetros são acurados. O dispositivo de turbina apresentou um valor de calibração (número de pulsos por litro) praticamente constante em toda a faixa de fluxos testados. O sensor eletromagnético necessitou de uma equação de regressão para a definição de seus valores de calibração, visto que houve variação destes valores de acordo com alterações no regime de fluxo, notadamente nas vazões menores. Este fato torna de suma importância a modificação dos algoritmos de controle no caso da substituição de um sensor pelo outro, prática que vem sendo frequentemente adotada a campo sem que este cuidado seja tomado.

PALAVRAS-CHAVE: pulverizadores, controlador de pulverização, aplicação à taxa variável.

ABSTRACT: ACCURACY OF FLOWMETERS UNDER DIFFERENT OPERATIONAL

CONDITIONS

The accuracy of flow sensors in sprayers with electronic control is of great importance for application systems at constant rates so as to variable rates. At these application equipments, the control algorithm is based on the correlation between the number of generated pulses and the real flow to command the actuators that define the rate of instant application. The objective of this work was to determine the performance characteristics of two flow sensors (electromagnetic and turbine), when submitted to variations of operational conditions (different flow rates and liquid densities). The results had shown that both the flowmeters are accurate. The turbine device presented a calibration value (number of pulses per liter) practically constant for all band of tested flows. The electromagnetic sensor needed a regression equation for the definition of calibration values, since these values suffered variation in accordance with alterations in the flow tax, mainly in the lower flow rate. This fact turns up the alteration of control algorithms very important in case of substitution of one sensor for the other, practice frequently adopted in the field without this concern.

KEYWORDS: sprayers, sprayer control system, variable rate technology.

INTRODUÇÃO: Segundo Chaim (2000), a aplicação de agrotóxicos tem sido realizada de maneira

precária, causando grandes desperdícios do produto, sendo necessários esforços de toda a comunidade

1

Engº Agrícola, Doutorando, Depto. de Engenharia Rural, Faculdade de Ciências Agrárias, UNESP, Botucatu – SP, (0xx14) 3811-7165, e-mail: fjsperei@fca.unesp.br.

2

Engº Agrônomo, Professor Adjunto, Depto. de Engenharia Rural, FCA/UNESP, Botucatu – SP, e-mail: ulisses@fca.unesp.br.

3

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para melhorar a eficiência destas operações. A Agricultura de Precisão vem buscando uma maior eficácia neste segmento, procurando diminuir as quantidades de insumos utilizados e realizar aplicações em taxas variáveis, conforme a necessidade de controle de cada local. (Paice et al. 1996, Antuniassi et al., 2002). Segundo Miller et al. (1997), é fundamental que os controladores eletrônicos utilizados em sistemas de aplicação em taxas variáveis apresentem valores adequados quanto a acurácia de determinação da dose. Neste sentido, os sensores de fluxo são de fundamental importância para a obtenção deste requisito. Como exemplo, Antuniassi e Gadanha Júnior (2000) citam ser desejável que os sistemas de aplicação com controle eletrônico apresentem variações menores do que 5% com relação à dose esperada. O objetivo deste trabalho foi determinar as características de desempenho de dois sensores de fluxo (eletromagnético e de turbina) quando submetidos variações nas condições operacionais, com aplicação em diferentes intensidades de fluxo e densidades da calda.

MATERIAL E MÉTODOS: Os ensaios foram realizados no Laboratório de máquinas para

pulverização do NEMPA - Núcleo de Ensaio de Máquinas e Pneus Agrícolas, do Departamento de Engenharia Rural - UNESP/FCA, Botucatu/SP. Foram avaliados dois fluxômetros, da marca Polmac, de origem Italiana. O primeiro fluxômetro (Figura 1) possui um sistema eletromagnético sem partes internas móveis, para determinar o fluxo. Pressão máxima de trabalho de 5000 kPa (725 psi), possibilitando uma capacidade de leitura de fluxo de 10 a 200 L·min-1. O segundo fluxômetro é do tipo turbina axial removível (Figura 2). Pressão máxima de trabalho de 5000 kPa (725 psi) e a capacidade de leitura de fluxo varia de 0 a 100 L·min-1. Ambos os equipamentos fornecem indicação de fluxo na forma de pulsos. Os ensaios de desempenho dos fluxômetros foram realizados com o auxílio de uma bancada de ensaio, constituída pelos seguintes itens: controlador eletrônicos de pulverização Dickey-John (modelo CCS 100); simulador de velocidade por gerador de pulsos; sistema de pulverização com bomba de pistões Montana (modelo GAMA 83-E, vazão máxima de 80 L min-1) e um coletor de dados Micrologger CR10-X (Campbell Scientific,Inc,). O coletor de dados foi utilizado para monitorar e registrar os valores de pulsos gerados pelos fluxômetros na freqüência de 1 Hz. Os ensaios de acurácia

Figura 1 – Fluxômetro eletromagnético. Figura 2 - Fluxômetro tipo turbina.

foram realizados com a aplicação de quatro soluções com diferentes densidades. A primeira correspondeu a uma solução com base em água da rede pública de abastecimento (denominada “água”). As demais soluções foram constituídas visando obter líquidos de maiores densidade (Tabela 1), preparados a partir da mistura de água com sal de cozinha (NaCL). As medidas das concentrações foram realizadas com balança eletrônica, com sensibilidade de 0,01 g. Nos ensaios de laboratório Tabela 1. Valores das densidades encontrados para as diferentes soluções.

Soluções Percentagem de sal (%) Peso em grama de 1000 ml Densidade, kg·L-1

Água 0 995,67 0,996

Água mais Sal 2% 2 1011,50 1,012

Água mais Sal 3% 3 1017,57 1,018

Água mais Sal 5% 5 1031,40 1,031

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barra de aplicação em condições reais de campo. Através da troca das pontas OC ou da modificação dos ajustes do controlador eletrônico foram estudadas 6 vazões para cada solução. Os ensaios consistiram da coleta da vazão por meio de baldes na saída dos bicos OC, durante o período de 30 ou 60 segundos, calculando a vazão em litros por minuto (L·min-1) através da densidade calculada de cada solução, em função do peso de cada amostra. Concomitantemente, houve a coleta de dados de pulsos Tabela 2. Parâmetros inseridos no controlador eletrônico e bico utilizado.

Tratamentos Pontas Vazões aproximada Taxas de aplicação Pressões do bico Fluxo do bico

(L·min-1) (L·ha-1) (bar) (L·min-1)

1 OC 20 5 100 3,16 0,76 2 OC 20 10 200 3,16 0,76 3 OC 40 20 400 3,16 1,52 4 OC 80 30 600 5,16 3,04 5 OC 150 40 800 15,16 6,7 6 OC 150 50 999 15,16 6,7

gerados a cada 1 segundo, fornecidos pelos fluxômetros operando com uma das soluções (água ou água + sal). Os valores de pulsos foram avaliados pelo seu valor médio no tempo de coleta da vazão. O delineamento experimental consistiu da análise do número de pulsos fornecidos por 2 tipos de fluxômetros (eletromagnético e de turbina) em função de 4 diferentes densidades de soluções (água e água + 2, 3 e 5% de sal), em 6 níveis diferentes de vazão, com 4 repetições. De posse dos dados foram feitas análises de regressão para cada solução estudada e para o conjunto total de dados, ou seja, com todos os dados ensaiados numa única regressão. Os resultados da acurácia foram obtidos pelo cálculo dos parâmetros da equação de regressão, do coeficiente de determinação e dos desvios da regressão. O fluxômetro eletromagnético não foi ensaiado de acordo com o tratamento 1 por ser recomendado pelo fabricante para trabalhar na vazão compreendida entre 10 a 200 L·min-1.

RESULTADO E DISCUSSÃO: A Figura 3 mostra os valores de nº pulsos por litro para os dois

fluxômetros, obtidos dividindo-se os valores da soma de nº pulsos em um minuto pela vazão correspondente. Observa-se que o fluxômetro eletromagnético apresentou um decréscimo do nº de pulsos/Litro com o aumento da vazão, o que indica a necessidade de uma equação de correlação para conversão dos dados de nº pulsos para vazão. O fluxômetro de turbina apresentou valores de nº de pulsos por Litro praticamente constantes em função da variação da vazão. Neste caso, houve indicação de que para o fluxômetro de turbina o calculo da vazão do sistema seria obtido da divisão do valor do nº pulsos pela constante do coeficiente angular da reta de regressão tomada no gráfico de nº pulsos em função da vazão (Figuras 4 e 5). Os resultados estatísticos mostraram que não houve grandes variações

0 200 400 600 800 0 20 40 60 Vazão, L·min-1 nº pulsos·Litro -1 Turbina eletromagnético

Figura 3 – Gráfico mostrando o valor de nº de pulos/Litro em função da vazão em L·min-1 imposta ao sistema, para os dois fluxômetros, para todos os dados levantados.

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dos dados, com baixo coeficiente de variação e desvio padrão para o estudo do nº pulsos em função da vazão. Em todas as soluções o valor de F da regressão linear foi altamente significativo. Portanto calcularam-se as equações de regressão (Tabela 3), assim como os maiores e menores desvios das curvas de regressão para as soluções estudadas. Estes desvios foram calculados a partir dos desvios máximos e mínimos da análise de regressão de cada solução estudada para um intervalo de confiança de 99%. Todas estas regressões das soluções ficaram dentro dos limites dos desvios máximos e mínimos das demais soluções, mostrando não haver influência da densidade na leitura do fluxômetro. Tabela 3. Equação de regressão de nº pulso dos fluxômetros em função da vazão em L.m-1 para as

diferentes soluções estudadas.

Turbina Eletromagnético

Eletromagnético

Soluções Equações (y = nº pulsos) R2 Equações (y = nº pulsos) R2

Água y = 10,726x – 3,1782 0,9998 y = 6,8759x + 50,621 0,9991

água + sal 2% y = 10,452x + 2,1247 0,9989 y = 6,9159x + 51,954 0,9991 água + sal 3% Y = 10,834x – 2,0807 0,9997 y = 6,9383x + 52,007 0,9996 água + sal 5% Y = 10,764x – 1,4841 0,9996 y = 7,0178x + 49,955 0,9996

Todas densidades Y = 10,648x – 0,5696 0,9991 y = 6,9308x + 51,166 0,999

Os gráficos das Figuras 4 e 5 mostram os valores das regressões de vazões versus nº de pulsos para todas as soluções, mostrando que não houve diferença visual significativa entre as leituras de vazão para as diferentes densidades para ambos os fluxômetros. Para o fluxômetro eletromagnético, as regressões se sobrepõem independentemente da solução ensaiada, enquanto para o de turbina há uma

0 100 200 300 400 500 600 0 10 20 30 40 50 60 Vazão, L·min-1 nº pulsos água Sal 2% Sal 3% Sal 5% Todas densidades 0 100 200 300 400 500 0 10 20 30 40 50 60 Vazão, L·min-1 nº pulsos água Sal 2% Sal 3% Sal 5% Todas densidades

Figura 4 - Gráfico de regressão dos valores de nº pulsos emitido pelo fluxômetro eletromagnético em função da vazão nas diferentes densidades.

Figura 5 – Gráfico de regressão dos valores de nº de pulsos emitido pelo fluxômetro de turbina em função da vazão nas diferentes densidades.

tendência de diferença entre leituras conforme aumento de vazão, o que indica a necessidade de se manter dentro dos limites estudados. Este fato indica que pode ser utilizada uma única equação de regressão linear com todas as soluções ensaiadas, conforme apresentado na Tabela 3, para estimar o valor de nº de pulsos ou vazão. Desta equação “todas densidades” obteve-se um coeficiente de determinação de 0,9972 (R2 = 0,9972) e de 0,9988 (R2 = 0,9988), respectivamente para o fluxômetro eletromagnético e de turbina, indicando que os dados possuem distribuição normal e boa acurácia dentro dos limites de vazão ensaiados. No presente trabalho constatou-se nos ensaios que o fluxômetro de turbina apresenta menor oscilação do nº pulsos emitidos em cada ensaio do que o fluxômetro eletromagnético, porém, quanto ao nº pulsos médio, os dois sensores foram acurados em todas as repetições. O fluxômetro eletromagnético, apesar de ter maior oscilação nas leituras dos nº pulso em cada ensaio, teve um comportamento bastante linear da média do nº pulsos emitidos em função da

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de cada ensaio, apresentou ligeira variação entre soluções nas altas vazões, reforçando a idéia de que as equações devem ser utilizadas dentro dos limites estudados. Os resultados gerais mostram fundamentalmente que os algoritmos de controle devem ser adaptados ao uso de cada um dos tipos de fluxômetro, não sendo recomendada a substituição indiscriminada entre os tipos de sensores sem que haja este ajuste. Este fato é de suma importância para o mercado atual de pulverizadores com controlador eletrônico, visto que em muitos casos estes fluxômetros são intercambiados indiscriminadamente sem que estes cuidados sejam tomados, aumentando-se a chance de perda de acurácia nas aplicações, sejam estas em doses constantes ou em taxas variáveis.

CONCLUSÕES: Os fluxômetros estudados apresentaram boa acurácia de leitura da vazão estimada

pelo nº pulsos, dentro dos limites ensaiados, independentemente da densidade usada. As equações de regressão foram capazes de estimar o valor da vazão em função do nº pulsos emitidos pelos fluxômetros. A equação de regressão com os valores de “todas densidades” evidenciou que independente da densidade do líquido o sensor foi acurado. O fluxômetro eletromagnético necessita de uma equação de regressão para estimar a vazão, enquanto o fluxômetro de turbina necessita apenas de uma constante para estimar a vazão a partir do número de pulsos por litro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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ANTUNIASSI, U.R.; GADANHA JÚNIOR, C.D. Aplicação localizada de produtos fitossanitários.

Agricultura de Precisão. Viçosa, 2000. p.181-202.

CHAIM, A. É preciso melhorar muito a eficiência. A Granja, n.13, p.58-59, 2000.

MILLER, P.C.H.; PAICE, M.E.R.; GANDERTON, A.D. Methods of controlling sprayer output for spatially variable herbicide application. In: Brighton Crop Protection Conference, 1997. Proceedings. Brighton, 1997. p.641-644. PAICE, M.E.R.; MILLER, P.C.H.; DAY, W. Control requirements for spatially selective herbicide sprayers. Computers and electronics in agriculture, 14, p.163-177.

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