ECONOMIA AMBIENTAL
Avaliação económica do
meio ambiente
Análise Custo-Benefício (fundamentos)
•Princípio de Pareto
•Se pelo menos um indivíduo na sociedade se sente melhor em resultado de uma alteração e ninguém se sente pior, então a alteração melhora o bem-estar social
•Critério de Kaldor-Hicks
•Um projecto melhora o bem-estar social se os ganhadores
puderem compensar os perdedores e, mesmo assim, continuarem melhor do que estavam.
I)Ganhos comparáveis às perdas (expressos na mesma unidade); II)Perdas compensáveis;
III)Todos os indivíduos têm o mesmo peso na função de bem-estar social; IV)Podem transferir-se ganhos e perdas através do tempo
Objectivo da Análise Custo-Benefício
Avaliar projectos e medidas de
política
ou
comparar
várias
alternativas possíveis, de maneira a
encontrar
aquela
que
reverteria
em
maiores benefícios
para a sociedade, com
Avaliação de projectos
A análise Custo-Benefício faz-se para
comparar
os
custos
(C)
com
os
benefícios (B)
que resultam de um
projecto e determinar, entre projectos
alternativos, quais os que dão um
retorno mais interessante.
B≥C Projecto viável
B<C Projecto inviável
Custos e benefícios de um projecto
Custo
algo que reduz a
possibilidade de obtenção de um
objectivo
Benefício
algo que contribui
Exemplo: Produção Florestal
Objectivo:
Gerar lucro para os
proprietários.
Benefícios:
Empregos, produtos para
uso da população, matérias-primas
para as indústrias, retenção de CO
2...
Custos:
Trabalho, consumos
intermédios, destruição de
ecossistemas, incêndios.
ACTUALIZAÇÃO
Forma de incorporar a questão do tempo permitindo
determinar o valor presente dos ganhos e perdas futuros, ou seja, comparar custos e benefícios que ocorrem em
diferentes momentos do tempo.
Os custos e as receitas correspondentes aos diversos anos do
projecto só podem ser comparados e somados quando
reportados ao mesmo ano de referência (normalmente o ano 0)
O valor actual diz-nos qual o valor, no momento presente, de uma receita ou despesa a realizar no futuro.
ACTUALIZAÇÃO
Fundamentos:
Os agentes económicos preferem obter os seus benefícios no
presente e não mais tarde;
Os capitais quando investidos geram rendimento no futuro
Custo de Oportunidade do Capital.
TAXAS DE DESCONTO POSITIVAS
Como escolher a taxa de
actualização?
As taxas de actualização devem estar associadas ao risco
do investimento.
A taxa de actualização é o custo de oportunidade do capital. O investidor exige receber pelo menos a taxa que obteria em investimentos alternativos com o mesmo grau de risco.
Se o risco é mais elevado, os accionistas querem maior remuneração dos seus investimentos. Caso contrário desinvestem e vão comprar acções de outras empresas.
As taxas de actualização devem corresponder à
remuneração de activos sem risco (rendimentos
previsíveis a priori com precisão, como a remuneração dos títulos de dívida do Estado, geralmente mais elevada que a dos depósitos bancários) acrescida de um prémio de risco inerente à actividade económica em causa e ao risco financeiro associado ao grau de endividamento da empresa.
Limitações da ACB convencional
Normalmente considera-se o custo dos produtos
composto por vários itens: materiais, energia, mão de obra, impostos, etc. Desconsidera-se o custo social da produção em termos, por exemplo, de aumento da poluição, destruição dos recursos naturais, …
Normalmente, apenas se incluem nos benefícios dos
produtos o valor dos bens e serviços transacionados. Desconsidera-se frequentemente o benefício social da produção em termos, por exemplo, de retenção de carbono, conservação da biodiversidade e assim por diante.
Custo Total e Benefício Total
Na avaliação do custo total de um produto deveriam
somar-se o custo dos bens e serviços que o
compõem com os custos sociais induzidos pela sua produção (externalidades negativas).
Na avaliação do benefício total de um bem deveriam
somar-se o benefício retirado do bem propriamente dito com os benefícios que a sua produção gera em termos sociais (externalidades positivas)
OUTRAS LIMITAÇÕES DA ANÁLISE
CUSTO-BENEFÍCIO
Como atribuir um valor monetário a recursos ambientais tais
como a vida selvagem ou a água potável?
Como lidar com alterações irreversíveis na qualidade
ambiental?
Como incorporar a complexidade dos ecossistemas? Que taxa de desconto escolher?
São os indivíduos capazes de definir correctamente as suas
preferências?
informação insuficiente sobre as consequências das alterações;
incapacidade de analisar o efeito dessas consequências sobre si próprios;
os verdadeiros interesses dos indivíduos podem estar camuflados pelo processo de socialização e pela publicidade;
ALTERNATIVAS À ANÁLISE
CUSTO-BENEFÍCIO CONVENCIONAL
Metodologias alternativas à ACB
Standard Mínimo de Segurança
Princípio da Precaução Análise multi-critério Análise Custo-eficácia
Outros (custo de oportunidade, custo de reposição)
Alterações na própria ACB
Consideração de benefícios e custos associados a
bens não transaccionados;
Standard Mínimo de Segurança
Nível mínimo de um bem ambiental que deve ser preservado de modo a garantir a sua
continuidade, desde que os custos daí
resultantes, estimados com base no valor actualizado das oportunidades económicas perdidas, não sejam intoleravelmente
elevados.
Aplica-se sobretudo a situações de incerteza radical, ou seja, quando não se conhecem as consequências de todas as opções e, muito menos, as suas probabilidades de ocorrência.
O Princípio da Precaução
No seu sentido mais estrito sugere que não deve ser desenvolvida qualquer acção se
houver alguma possibilidade, por mais remota que seja, de que possam vir a ocorrer danos ambientais significativos.
Nenhuma degradação do ambiente deve ser levada a cabo a não ser que os benefícios associados a essa deterioração ultrapassem largamente os seus custos.
Análise multicritério
Análise multi-critério
Baseia-se na construção de uma matriz de avaliação onde se consideram, num eixo, os diversos critérios de avaliação e, no outro, as diferentes alternativas de desenvolvimento.
Cada elemento da matriz representa a avaliação de
uma dada alternativa, usando determinado critério.
A decisão pode depois ser tomada recorrendo a várias
técnicas qualitativas ou quantitativas. A mais frequente é a comparação da média ou da soma ponderada, pelo peso atribuído a cada um dos critérios, das diversas opções.
Análise multi-critério
Análise multi-critério para comparação de 3 projetos alternativos
Critérios Indicadores (variação percentual) Peso Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Nível de Emprego Taxa de desemprego 0,2 -5 -3 -5 Rendimento PIB regional 0,4 10 5 6 Acessibilidade Km de estrada alcatroada 0,2 10 40 5 Emissões de CO2 Toneladas de CO2 emitido 0,1 1 5 0 Vida selvagem Área de habitats importantes 0,1 -10 -20 -2 Avaliação 5,9 8,1 4,2
Conceito de indicador
Medida, geralmente quantitativa, que pode ser
usada para ilustrar e comunicar um conjunto de
fenómenos complexos de uma forma simples,
incluindo tendências e progressos ao longo do
tempo (*).
(*) Definição retirada de:
European Environment Agency, EEA core set of indicators — Guide: (EEA
Technical report No 1/2005), Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities, 2005, p.7.
Características desejáveis nos
indicadores
Credibilidade, rastreabilidade, facilidade de
acesso, em relação à informação de base
Relevância para a sociedade e para as políticas
Facilidade de compreensão e comunicação, tanto
pelos decisores como pelo público
Devem refletir cientificamente o estado da arte
Eficiência (capacidade para caracterizar o
fenómeno que se pretende analisar)
Tipos de Indicadores: nomenclatura,
fórmulas e operações
Na sua maioria, os indicadores possuem
baixa complexidade de cálculo, utilizando
princípios básicos da divisão e
multiplicação, de modo a que a maioria
das pessoas, mesmo com um nível de
conhecimento matemático pouco
avançado, possam compreender
facilmente sua construção.
Exemplos de tipos indicadores 1
Valor Absoluto
: resultado de uma contagem ou
estimativa. São dados comuns que, por terem sido
dotados de um significado ou conceito, passam a ser
considerados indicadores.
Número de indivíduos com ensino superior
Mediana
: valor que separa a metade inferior da
população da metade superior
Mediana do rendimento
Exemplos de tipos indicadores 2
Média
Salário médio dos trabalhadores não qualificados
Rácio ou razão
Rácio entre homens e mulheres alfabetizados
Soma dos salários dos trabalhadores não qualificados Número de trabalhadores não qualificados
Exemplos de tipos indicadores 3
Percentagem ou Proporção
% de pessoas abaixo do limiar de pobreza
Taxa
Taxa de mortalidade infantil em 2007
Número de pessoas com rendimento disponível inferior a 60% da mediana do rendimento disponível
População Total
Antes de avaliar o projeto é necessário ter
alguns cuidados prévios com os
indicadores:
1.
Tentar reduzir o seu número, atendendo ao seu
significado e à eventual presença de correlações
fortes entre as variáveis;
2.
Eliminar os efeitos de dimensão do
projeto-“
standardização
” ou
padronização
(percentagem,
índice, valores per capita, valores por quilómetro
quadrado)
3.
Uniformizar o intervalo de variação –
normalização
4.
Atribuir um peso a cada um dos indicadores para o
cálculo do valor do Índice
Standardização de indicadores e
variáveis
Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab (€) Aumento do PIB (103 €) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Projeto 1 85 43 511 2,2 8,6 Projeto 2 93 29 652 4,4 11,4 Projeto 3 129 57 087 0,5 9,3 Projeto 4 96 10 670 10,0 14,0 Projeto 5 110 6 540 5,1 10,3Standardização de indicadores e
variáveis
Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab (€) Aumento do PIB/hab. (€) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Projeto 1 85 116 2,2 8,6 Projeto 2 93 125 4,4 11,4 Projeto 3 129 201 0,5 9,3 Projeto 4 96 142 10,0 14,0 Projeto 5 110 150 5,1 10,3Normalização de indicadores e
variáveis
Se os indicadores selecionados são
medidos em unidades ou escalas
diferentes, torna-se fundamental
expressá-los numa unidade de medida e
numa escala comuns. A
normalização
serve este objetivo, expurgando as
diferenças de valores entre indicadores
das diferenças de unidades de medida e
de escalas.
Normalização de indicadores e
variáveis (procedimento expedito)
Calcula-se a norma de cada variável e divide-se o
valor de cada observação pela norma.
Normalização das variáveis
Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab (€) Aumento do PIB/hab. (€) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Projeto 1 0,37 0,35 0,18 0,35 Projeto 2 0,40 0,37 0,36 0,47 Projeto 3 0,56 0,60 0,04 0,38 Projeto 4 0,41 0,42 0,82 0,58 Projeto 5 0,47 0,45 0,42 0,42Classificação e hierarquização dos
projetos
Projetos Aumento do Rend. disponível/ hab (€) Aumento do PIB/hab. (€) Aumento do VAB no Sector primário (%) Aumento da Taxa de Alfabetização (%) Índice Norte 0,37 0,35 0,18 0,35 0,31 Centro 0,40 0,37 0,36 0,47 0,40 Lisboa 0,56 0,60 0,04 0,38 0,40 Alentejo 0,41 0,43 0,82 0,58 0,56 Algarve 0,47 0,45 0,42 0,42 0,44Admite-se neste exemplo que todos os indicadores têm o mesmo peso e que, em todos eles, maiores valores traduzem maior desenvolvimento
Análise multi-critério vs ACB
Metodologia mais flexível do que a análise
custo-benefício
Tem simultaneamente em consideração vários
critérios conflituais.
Adapta-se melhor ao tratamento de questões que
envolvem grupos em conflito, objetivos concorrentes e diferentes tipos de informação.
Não há a necessidade de monetizar os impactos
Tal como a análise custo-benefício, a AMC exige como
input os pesos dos vários impactes originados, os quais terão que ser de alguma forma avaliados.
Subjetividade na escolha dos critérios e sua
Análise custo-eficácia
Análise custo-eficácia (ACE)
Aplica-se quando a medição dos benefícios em termos monetários se revela impossível ou a informação necessária é difícil de
recolher, ou em qualquer outro caso em que uma tentativa de proceder a uma medida monetária precisa seria complicada ou seria potencialmente alvo de grande discórdia.
Permite selecionar projetos alternativos com os mesmos objetivos, quantificados em termos físicos, com base na minimização dos custos para um determinado nível de resultados esperados, ou na maximização do nível dos resultados esperados, para um
determinado custo.
Pode contribuir para a aplicação eficiente de recursos e
investimentos em sectores onde os benefícios são difíceis de avaliar monetariamente (saúde, educação.
Aspetos fundamentais da ACE
Economia
: custo dos recursos aplicados ou
adquiridos –
gastar menos
Eficiência
: relação entre os níveis de produção
dos bens ou serviços e os recursos usados na
sua produção –
gastar bem
Eficácia
: relação entre os resultados
esperados e os resultados efetivamente obtidos
pelo projeto –
gastar com sensatez
.
Fases de aplicação da ACE
Identificação dos objetivos do
programa (indicadores).
Avaliação dos custos totais dos
recursos aplicados
Medição do impacte
ACE (ex.)
Projetos alternativos
para melhorar
as competências matemáticas
Pontos fortes e limitações
Constitui uma alternativa à análise custo-benefício, quando se
revela difícil monetizar os benefícios e custos sociais.
É um método dinâmico que pode apoiar as decisões à medida
que o projeto vai evoluindo (avaliação ex-ante e ex-post e monitorização).
Apresenta conclusões que são de fácil entendimento
Não permite tomar uma decisão em relação a um projeto
considerado isoladamente, nem decidir entre vários projetos realizados em contextos diferentes.
Tende a centrar-se nos resultados diretos obtidos a curto e
médio prazo, mas não contempla por norma impactos a um prazo mais longo