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INDICADORES DE PERDAS DE ÁGUA O CASO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE ALAGOINHAS, BAHIA

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Academic year: 2021

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INDICADORES DE PERDAS DE ÁGUA – O CASO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE ALAGOINHAS, BAHIA

Jennifer Conceição Carvalho Teixeira de Matos

Engenheira Sanitarista e Ambiental pela Universidade Federal da Bahia/UFBA, Mestranda em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos na Universidade de Brasília. Lafayette Dantas da Luz(1)

Eng.Civil (UFBa), MSc (UFRGS/IPH), PhD (Cornell University, EUA). Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental e do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana da Universidade Federal da Bahia.

Luiz Roberto Santos Moraes

Engenheiro Civil (EP/UFBA) e Sanitarista (FSP/USP), M.Sc. em Engenharia Sanitária (IHE/Delft University of Technology), Ph.D. em Saúde Ambiental (LSHTM/University of London), Professor Titular em Saneamento do Departamento de Engenharia Ambiental e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Membro do Conselho Diretor Nacional da ASSEMAE. Maria das Graças de Castro Reis

Engenheira Sanitarista, Mestranda em Engenharia Ambiental Urbana (MEAU/UFBA), Diretora Geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto-SAAE de Alagoinhas-Bahia, Secretária da Regional Nordeste I da ASSEMAE e Membro do Conselho Diretor Nacional da ASSEMAE

Endereço(1): Rua Aristides Novis, 2, Federação, Salvador, Bahia, Brasil, CEP 40.210-630, Tel +55-71-3203 9792, lluz@ufba.br

Palavras-chave: Perdas de água, indicadores, abastecimento de água, Plano Municipal de Saneamento Ambiental

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INDICADORES DE PERDAS DE ÁGUA – O CASO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE ALAGOINHAS, BAHIA

Introdução

Perdas no sistema de abastecimento de água podem ocorrer tanto na estrutura física, por meio de vazamentos, quanto administrativamente no gerenciamento e na forma de ligações irregulares. Atualmente a grande maioria das empresas/órgãos de abastecimento de água têm problemas com perdas físicas e de faturamento que comprometem a sua saúde financeira e a qualidade da prestação do serviço.

Na tentativa de unificar a quantificação das perdas e uniformizar a linguagem com relação a esse assunto, possibilitando a comparação entre os diferentes sistemas, foram criados, por organismos nacionais e internacionais, os indicadores de perdas.

Tais indicadores são medidas da eficiência e eficácia na prestação dos serviços de abastecimento de água. Eles são um instrumento gerencial utilizado para controle e suporte na tomada de decisões econômicas e financeiras. O seu objetivo principal é promover uma linguagem de referência adequada para uma gestão do sistema voltada ao desempenho e cumprimento de metas, permitindo a comparação entre países e regiões distintas (ALEGRE e BAPTISTA, 2004).

Os indicadores de perdas desenvolvidos pelo Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA) classificam–se em três níveis: (1) básicos: que seriam derivados de informações técnicas e gerenciais mínimas, exigíveis de todos os serviços , indistintamente, e as perdas físicas e aparentes que ainda não são separadas completamente; (2) intermediários: que já se apresentam um estágio acima com relação ao conhecimento das perdas físicas com indicadores relacionados a condições operacionais e de desempenho hídrico do sistema; e (3) avançados: que são obtidos por meio de informações-chave mais sofisticadas e que são usados para comparação do desempenho entre serviços (SILVA e outros, 1998 apud MATOS, 2004).

Diante da situação de elevadas perdas nos Sistemas de Abastecimento de Água-SAA administrados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do Município de Alagoinhas, Estado da Bahia, o presente trabalho tem como objetivo identifica-las e quantifica-las na forma de indicadores de perdas, com base nas informações disponíveis do sistema, propondo ainda algumas soluções para sua minimização.

O trabalho foi desenvolvido no bojo da elaboração do Plano Municipal de Saneamento Ambiental de Alagoinhas, em cumprimento à Lei Municipal 1.460/01, e surgiu da necessidade de analisar os altos índices de perdas no sistema de abastecimento de água da sede municipal.

Metodologia

Alagoinhas é uma cidade de médio porte do interior da Bahia, distante 109km de Salvador e tem cerca de 120 mil habitantes. A prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário é feita por meio de uma Autarquia Municipal, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto-SAAE, que opera os 12 SAA da sede do Município.

Realizou-se uma caracterização dos SAA existentes e agrupou-se informações referentes aos volumes produzidos, faturados e consumidos que são produzidas

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mensalmente pelo SAAE de Alagoinhas, bem como outras informações físicas do Sistema Sobocó, o principal sistema que abastece a sede do Município de Alagoinhas para geração de indicadores básicos propostos pelo Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNCDA.

As informações-chave consideradas na confecção dos indicadores foram:

• Volume disponibilizado (VD) que é a soma algébrica dos volumes produzido, exportado e importado, disponibilizados para distribuição no sistema de abastecimento de água considerado.

• Volume utilizado (VU) que é a soma dos volumes micromedido, estimado, recuperado, operacional e especial.

• Volume faturado (VF) é todo aquele medido, presumido, estimado, contratado, mínimo ou informado, faturados pelo sistema comercial do prestador de serviços.

• Extensão parcial da rede (EP) corresponde a extensão de adutoras, subadutoras e redes de distribuição de água, não contabilizados os ramais prediais.

• Número de dias (ND) que é a quantidade de dias correspondente aos volumes trabalhados.

Com essas informações-chave foi possível chegar a indicadores básicos de perdas e calcula-los para o Sistema Sobocó, conforme abaixo:

⇒ Índice de Perda na Distribuição (IPD) ou Água Não Contabilizada (ANC);

Relaciona o volume disponibilizado ao volume utilizado. A água que é disponibilizada e não utilizada constitui uma parcela não contabilizada, que incorpora o conjunto das perdas físicas e não físicas no subsistema de distribuição.

IPD = Volume disponibilizado (VD) - Volume utilizado (VU) x 100 Volume disponibilizado (VD)

⇒ Índice de Perda de Faturamento (IPF) ou Água Não Faturada (ANF);

Expressa a relação entre volume disponibilizado e volume faturado. É claramente uma composição de perdas físicas e não físicas que, além daquelas atribuídas a desvios de medição, incorporam volumes utilizados não cobrados.

IPF = Volume disponibilizado (VD) - Volume faturado (VF) x 100 Volume disponibilizado (VD)

⇒ Índice Linear Bruto de Perda (ILB)

Relaciona a diferença entre volume disponibilizado e volume utilizado à extensão parcial da rede. As perdas expressas por este indicador incorporam perdas físicas e não físicas. É mais conservador do que seus similares internacionais por que não considera as ligações prediais.

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ILB = Volume disponibilizado (VD) - Volume utilizado (VU) Extensão parcial da rede (EP) x Número de dias (ND) ⇒ Índice de Perda por Ligação (IPL)

Como o anterior, é também um indicador volumétrico de desempenho, mais preciso que os percentuais. Relaciona a diferença entre volume disponibilizado e volume utilizado ao número de ligações ativas.

IPL = Volume disponibilizado (VD) - Volume utilizado (VU) Número de ligações ativas (LA) x Número de dias (ND)

Resultados

Com base nas informações geradas pelo SAAE, referentes ao Sistema de Abastecimento de Água Sobocó calcularam-se os índices IPD, IPF, ILB, e IPL, apresentados na Figura 1.

Os índices volumétricos de perdas nos anos 2001 e 2002 apresentaram uma tendência crescente nos seus valores (V. Figura 1), o que denota um aumento nas perdas relativas no período. Esse tipo de análise sinaliza ao prestador de serviço a necessidade de intervenções para a detecção da origem do problema e para a sua solução.

A Figura 2 apresenta os índices que relacionam volumes de perdas com aspectos físicos do SAA, especificamente, a extensão da rede e o número de ligações. Observou-se também uma tendência crescente desses índices ao longo do período, e numa taxa bastante superior ao crescimento dos volumes produzidos e disponibilizados, o que denota um quadro preocupante, requerendo intervenções. A virtual coincidência entre os gráficos com os dois índices, dá-se pela alta correlação, ou correspondência, verificada entre o comprimento de rede e o número de ligações ao longo da mesma.

-20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 JA N FE V MA R AB R MA I JU N JU L AG O SE T OU T NO V DE Z JA N FE V MA R AB R MA I JU N JU L AG O SE T OU T NO V DE Z Meses 2001 - 2002 P e rc e n tu a l ( % ) IPD (%) IPF ou ANF (%) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 JANFEV MARAB R MA I JUNJULAGOSETOUTNOV DEZJANFEVMA R AB R MA I JUN JULAGO SE T OUTNOV DEZ Meses 2001 - 2002 IL B ( m 3/k m /di a) 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 IP L ( m 3/li gaç õe s /di a)

ILB IPL Linear (IPL)

Figura 1 - Evolução dos Índices de Perda na Distribuição e no Faturamento

Figura 2 - Evolução dos índices de perdas por extensão de rede e por ligações

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Conclusão

Com a utilização desses índices de desempenho, possibilita-se uma melhoria na qualidade dos serviços prestados pelo SAAE no sistema Sobocó, e no futuro dos demais SAAs, além de um maior controle sobre a atuação.

Ressalta-se que tais indicadores contam com grandes incertezas, uma vez que os volumes produzidos têm sido estimados de acordo com a vazão de placa das bombas e embora exista no SAA micromedição em 95% das ligações domiciliares, este número elevado ainda não oferece grande controle dos volumes consumidos.

Sabe-se que indicadores percentuais, embora fáceis de calcular, não são muito significativos e são melhor empregados para análise de desempenho financeiro. Eles não avaliam a administração do sistema de distribuição e sofre influência da variação de consumo e da intermitência. Entretanto, como o SAAE está apenas começando a geração desses indicadores e possui poucas informações, optou-se por calculá-los mesmo conscientes das limitações.

Indicadores confiáveis exigiriam maiores avanços operacionais e identificação do caminho percorrido pela água no sistema. Para isso sugere-se alguns procedimentos como qualidade da macro e micromedição, monitorização, rotinas para cálculo e análise dos indicadores, informatização do processo e leituras bem feitas.

A expansão para indicadores intermediários, no futuro, necessitará de informações mais precisas e específicas, com incorporação dos fatores efetivamente apurados e considerações dos desvios de macro e micromedição, bem como a utilização de fatores de correção para confiabilidade dos dados e o devido tratamento estatístico.

Ressalta-se aqui que apenas um indicador não é suficiente para representar o problema das perdas de água no sistema. O ideal é que vários indicadores sejam combinados para que forneçam uma idéia mais real do desempenho. Deve-se ainda estar sempre buscando uma melhor qualidade nas informações para que indicadores intermediários e avançados possam, aos poucos, ir sendo construídos.

A incorporação dos indicadores nas atividades do SAAE Alagoinhas é também um processo a ser construído. Mais que uma prática técnica rotineira, constitui-se num novo modo cultural de tratar a prestação do serviços de abastecimento de água.

Referências

ALEGRE, H.; BAPTISTA, J.M. O Sistema de Indicadores de Desempenho da IWA Para Serviços de Abastecimento de Água. Portugal: 199X. Disponível em:

<http//members.fortunecity.com/perdasdagua/links.html >. Acesso em: 25 mar. 2004.

MATOS, Jennifer C.C.T. Gerenciamento de perdas nos sistemas de abastecimento de água: uma ferramente de controle para o SAAE de Alagoinhas. 2004. 72f. Monografia (Trabalho Final da Disciplina ENG 281- Organização e Administração de Serviços de Saneamento do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental) – Departamento de Engenharia Ambiental, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

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