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JOGOS DIDÁTICOS COMO ESTRATÉGIA PARA COMPREENSÃO DOS MECANISMOS COESIVOS

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Academic year: 2021

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JOGOS DIDÁTICOS COMO ESTRATÉGIA PARA COMPREENSÃO DOS MECANISMOS COESIVOS

Elis Betânia Guedes da COSTA elis.guedes@ifrn.edu.br Maria Aparecida de Almeida REGO cidinhaletras_ufrn@yahoo.com.br

Com este trabalho, pretendemos relatar uma experiência desenvolvida em turmas do primeiro ano do Ensino Médio Técnico Integrado do IFRN- Zona Norte na qual construímos e utilizamos jogos didáticos nas aulas sobre coesão textual. Tal ideia surgiu após identificarmos que a maior parcela dos nossos alunos das turmas iniciais apresentavam dificuldades em compreender e aplicar as estratégias de coesão referencial e sequencial na produção de textos, por isso priorizamos a construção de jogos que apresentassem de forma mais concreta a relevância dos mecanismos coesivos. Para tanto contamos com o apoio do monitor da disciplina, que além de ter a mesma faixa etária dos nossos alunos dominava conhecimentos técnicos relacionados à informática( o que facilitou a construção dos jogos.). No que concerne à metodologia, nosso relato segue os princípios da abordagem qualitativa de natureza descritiva e interpretativista. Para a realização desta prática, fundamentamo-nos em trabalhos de vários autores, entre eles: Koch (1998, 1999, 2002, 2004, 2006), Marcuschi (1983, 1992, 1999) e Costa (2010). O resultado dessa experiência revelou que após o desenvolvimento das atividades que utilizavam os jogos como ferramenta para compreensão das estratégias de coesão os alunos em questão conseguiram produzir textos (orais e escritos) mais coesos nos quais as relações de sentido colaboravam com a progressão textual.

Palavras-chave: Coesão textual. Jogos didáticos. Ensino Médio Integrado.

1. INTRODUÇÃO

Os jogos, de forma geral, é uma ferramenta que auxiliam na compreensão de conteúdos. Por meio deles, os jogadores adquirem maior facilidade no processo de aprendizagem. Quando incluídos como forma de atividade lúdica no ambiente escolar, proporciona aos alunos um melhor entendimento lógico, pois, estudar de forma atrativa e diferenciada desperta mais atenção e, sem dúvidas, melhora o desenvolvimento cidadão, crítico e moral dos estudantes.

Por outro lado, as noções básicas sobre os princípios de textualidade, por exemplo, contribuem de forma significativa para a formação acadêmica, profissional e pessoal. Estudar, relacionar e entender casos específicos da nossa língua garantem posturas diferenciadas, capazes de tornar um ser crítico, produtivo, criativo e maduro. Informações como estas acima eram comumente relatadas pelos nossos alunos das

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turmas iniciais dos cursos técnicos integrado de comércio, informática e eletrônica que já observavam nos alunos veteranos um domínio maior das estratégias de produção textual (escrita e oral), mas que ainda apresentavam uma certa resistência em frequentar as aulas extras ofertadas no turno inverso com as professoras ou com o monitor da disciplina e até mesmo em responder todas as atividades encaminhadas para casa.

Partindo desse contexto e da necessidade de que nossos alunos compreendessem os princípios de textualidade, em especial a coerência e coesão, já que precisavam empregar nos vários textos que produziam (inclusive para outras disciplinas) conectivos e operadores argumentativos buscamos um meio de estimular a compreensão das matérias vistas em sala de aula. Neste período começamos a observar que quando os alunos tinham horários livres sempre estavam brincando com jogos como: baralho, UNO, xadrez, dama...Sendo assim decidimos transpor alguns dos conteúdos que eles apresentavam mais dúvidas para jogos.

Nessa perspectiva, passaremos a descrever e analisar a experiência com a produção de jogos lúdicos ligados a língua portuguesa, mais precisamente ao estudo do conteúdo coesão textual. Para um melhor efeito de compreensão nosso foco será a experiência desenvolvida em uma turma de eletrônica do primeiro ano do Ensino Médio Integrado do IFRN campus Natal Zona Norte.

2. DESENVOLVIMENTO

Tal experiência desenvolveu-se como uma pesquisa- ação com foco em uma abordagem qualitativa de natureza interpretativista. Nesse sentido, buscamos descrever as principais partes de elaboração das atividades desenvolvidas, dando ênfase às etapas de fundamentação, elaboração e resultados alcançados.

2.1. A coesão Textual

De acordo com Koch (1999, p. 35) coesão “é a forma como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se interligam se interconectam, por meio de recursos também linguísticos de modo à forma de um “tecido” (tessitura)”. Em outras palavras, podemos estabelecer que a coesão permaneça relacionada ao uso de estratégias que visam a progressão textual podendo a mesma ser dividida em coesão referencial e sequencial.

Em seu trabalho A coesão textual (1999), essa autora propõe a divisão da coesão em dois grupos e alguns subgrupos que são: a remissiva e/ou referencial, que compreende a referência, a substituição, a elipse; e a sequencial, que se encarrega da conexão. Partindo das ideias postuladas na obra já citada, elaboramos uma figura sintetizando as formas de manifestação da coesão.

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A coesão remissiva e/ou referencial é o que possibilita que um componente da superfície do texto faça referência a outro. Como podemos visualizar na figura a mesma apresenta-se através de quatro mecanismos. Koch (1999, p. 21) aponta que: “A principal diferença entre substituição e referência é que, nesta, há total identidade referencial entre o item de referência e o item pressuposto, ao passo que na substituição ocorre sempre alguma redefinição.”.

No que diz respeito à coesão referencial, buscou-se que os alunos compreendessem as estratégias que podem ser utilizar principalmente na linguagem escrita para evitar as repetições lexicais, como: anáforas pronominais, sinônimos, elipses, entre outras. Em relação à coesão sequencial priorizamos estratégias que levassem os alunos a refletir sobre o uso adequado de conectivos visando estabelecer a progressão textual sem prejudicar o sentido dos enunciados.

Para compreensão e transposição para os jogos os elementos de coesão sequencial e as estratégias de referenciação seguimos Adam (2011), Antunes (2010) e Costa (2010) que apresentam tal conteúdo de forma atual e objetiva.

2.2. Começando o jogo

Essas atividades ocorreram no 4º bimestre do ano letivo de 2016, tendo em vista que havia por parte dos alunos uma “recusa” a procurar o Centro de Aprendizagens ou a monitoria para sanar suas dúvidas. Dessa forma, elaboramos uma sequência de atividades em que o TAL (monitor da disciplina) estivesse mais presente na sala de aula, juntamente com a professora. Como era recorrente no início das aulas, alguns alunos estarem encerrando alguma partida de baralho induziu- se que a transposição dos conteúdos para os jogos seriam uma estratégia para motivar os alunos.

Para a produção dos jogos sobre coesão seguimos os procedimentos:

(1) aplicação de atividade escrita em dupla, na qual buscavamos avaliar os assuntos que os alunos apresentavam maior fragilidade;

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(2) observação de pontos críticos na aprendizagem dos alunos como, por exemplo: domínio dos mecanismos de coesão, coerência e elaboração de respostas;

(3) pesquisa sobre o conteúdo;

(4) identificação dos jogos preferidos pelos alunos;

(5) montagem dos jogos tendo como base as principais dificuldades apresentadas pelos alunos na atividade escrita.

Como citamos acima o primeiro procedimento foi aplicar uma atividade para identificar as principais fragilidades dos discentes. Tal diagnóstico está apresentado no quadro a seguir que mostra os principais pontos de dificuldades observadas no primeiro contato do TAL com a turma através de uma atividade escrita em dupla.

Quadro 1- Diagnóstico dos alunos por meio de atividade escrita em dupla

Tipo de dificuldades apresentadas Múltiplas Regular Leve Problema com elaboração de respostas

(Textualidade, repetição de palavras...)

6 8 14

Dificuldade com utilização correta de conectivos

2 16 3

Incompreensão de propostas 3 6 9

Fonte: Dados dos pesquisadores.

Supomos que a dificuldade dos alunos de primeiro ano em assimilar conhecimentos relacionados à linguística textual é um dos problemas enfrentados tendo em vista que muitas vezes estudaram em escolas nas quais priorizavam questões gramaticais, sem considerar o estudo do texto. Como podemos comprovar no quadro acima as maiores dificuldades dos alunos estava na utilização da coesão sequêncial e referencial. Para isso desenvolvemos os seguintes jogos:

1- Quebra cabeça textual (conectivos)

O jogo consistia em um texto argumentativo no qual as orações e os conectivos estavam separados e o aluno precisava unir todas as partes para formar um texto coeso e coerente.

2- Bingo textual ou leilão de palavras (coesão referencial- repetições, anáforas e sinônimos)

Selecionamos e editamos alguns textos narrativos com múltiplos problemas de coesão, em especial a repetição lexical, e distribuímos com os alunos. No saquinho do bingo havia palavras (anáforas e sinônimos) e recursos como elipses que na medida em que sorteávamos os alunos tinham direito de “pegar” e alterar o seu texto. A dificuldade do jogo consistia nas regras que determinava que o aluno só poderia fazer sete alterações no seu texto. Vencia o jogo quem conseguisse eliminar os problemas de coesão referencial primeiro.

3- Jogo da memória (conectivos)

O jogo seguia os mesmos procedimentos de um jogo da memória tradicional, mas ao invés de figuras repetidas os alunos precisavam encontrar conectivos que

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estabeleciam uma mesma relação como por exemplo: mas e porém que estabelecem uma relação adversativa.

Após a elaboração e aplicação dos jogos na turma citada aplicamos um questionário sobre o tipo de método utilizado, e se contribuiu com o conhecimento, o qual poderemos observar os resultados:

Quadro 2- Respostas do questionário sobre os jogos

Fonte: Dados do pesquisador.

Após realizar os procedimentos descritos no item 2 deste trabalho, foi possível observar grande desenvolvimento por parte dos alunos quando comparado ao diagnóstico feito em forma de atividade escrita. Ao iniciar os jogos, nos quais focalizava a mesma temática cobrada na atividade, muitos dos alunos não estavam interessados em participar. A reação negativa logo foi mudada quando observaram que se tratava de joguinhos simples e, ao mesmo tempo, interessantes.

Figura 01: aplicação de jogos

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Figura 02: aplicação de jogos

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando a experiência, foi possível compreender que a prática com jogos contribuíram não só para o maior aprendizado dos alunos em relação a conteúdo estudado: coesão textual, como também a aproximação dos alunos com o monitor da disciplina e professores.

Todos os resultados foram satisfatórios, muito bem observados no decorrer da atividade. Os alunos mostraram-se atenciosos pelo assunto, quando antes não possuíam muito interesse em participar das atividades em turno inverso. A possibilidade de elaborar outros jogos e aplicar desde o início do ano letivo é uma das perspectivas futuras que pode incentivar a procura da tutoria por parte dos alunos.

REFERÊNCIAS

ADAM, J.- M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. Tradução de Maria das Graças Soares Rodrigues et al. 2. ed. rev. e aum. São Paulo: Cortez, [2008] 2011.

ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e interação. 8 Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

_______. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

COSTA, Elis Betânia Guedes da. Mecanismos de coesão referencial na produção escrita de alunos concluintes do ensino fundamental. 2010. 135 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada; Literatura Comparada) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.

KOCH, Ingedore Villaça. A Coesão Textual. 11ª ed. São Paulo: contexto, 1999.75p. _______, e MARCUSCHI, Luiz Antônio. Processo de Referenciação na Produção Discursiva. Disponível em: www.capes.com.br em 22/08/2005. Delta V14n.especial. São Paulo, 1998.

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