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UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS TECNOLÓGICAS E AGRÁRIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS TECNOLÓGICAS E AGRÁRIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

A HISTÓRIA E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS HOSPITALARES

NATALYA CHILIGA DE SOUZA

MARINGÁ – PR 2017

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Natalya Chiliga de Souza

A HISTÓRIA E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS HOSPITALARES

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UniCesumar – Centro Universitário de Maringá –, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Prof. Me. Cesar Henrique de Godoy Gomes.

MARINGÁ – PR 2017

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A HISTÓRIA E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS HOSPITALARES

Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UniCesumar – Centro Universitário de Maringá –, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Prof. Me. Cesar Henrique de

Godoy Gomes

Aprovado em: ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Nome do professor – (Titulação, nome e Instituição)

__________________________________________ Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)

__________________________________________ Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)

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A HISTÓRIA E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS HOSPITALARES

Natalya Chiliga de Souza

RESUMO

Este artigo tem como objetivo o estudo do processo histórico dos edifícios hospitalares e a formação da arquitetura hospitalar humanizada. Com base em revisão bibliográfica, é levantado o desenvolvimento das técnicas medicinais e dos costumes e comportamentos das populações de cada época, que influênciaram significativamente a anatomia desses edifícios. Tal levantamento histórico mostra como o edifício hospitalar transformou-se nessa estrutura complexa e mutável, o porquê da importância de se humanizar esses ambientes e como o arquiteto pode contribuir para esse processo de humanização.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar. Humanização da arquitetura hospitalar. Edifícios

hospitalares.

THE HISTORY AND THE PROCESS OF HUMANIZATION OF HOSPITAL BUILDINGS

ABSTRACT

This article aims to study the historical process of hospital buildings and the formation of humanized hospital architecture. Based on a bibliographical review, the development of the medical techniques and of the customs and behaviors of the populations of each epoch has been raised, which have significantly influenced the anatomy of these buildings. This historical survey shows how the hospital building has become this complex and changeable structure, because of the importance of humanizing these environments and how the architect can contribute to this process of humanization.

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1. INTRODUÇÃO

A preocupação com a humanização hospitalar não vem de hoje. Desde a antiguidade, podemos ver a atenção ao conforto (físico e espiritual) dos enfermos, salvo alguns períodos históricos em que a doença não era bem compreendida. No entanto, na atualidade, esse conceito está bem difundido, pois compreendeu-se que a arquitetura funciona como um instrumento terapêutico, que contribuí para o bem-estar físico e psicológico dos pacientes (MARTINS, 2004).

A importância do estudo desse tema está pautada no fato de que, quando o paciente adentra no hospital, ele está fragilizado, perde sua intimidade e se vê à mercê da equipe médica (LOPES; MEDEIROS, 2004). Quando a assistência à saúde não é humanizada, a estada médica do paciente pode tornar-se traumática.

Entretanto, para compreender o processo de formação e o que constituí a humanização do edifício hospitalar, faz-se necessário uma análise do processo histórico dos hospitais. Assim, é possível averiguar as medidas que contribuem para uma arquitetura humanizadora.

2. A HISTÓRIA DOS EDIFÍCIOS HOSPITALARES

Para estudar o processo histórico da anatomia dos edifícios hospitalares, é preciso entender a relação direta entre forma e função que ditou essa arquitetura. Os edifícios eram concebidos de acordo com os costumes de cura de cada época, quando esses costumes mudavam, o edifício mudava junto. Miquelin (1992, p. 28) divide esses edifícios de acordo com esse processo histórico de transformação nas seguintes fases: Antiguidade, Idade Média, Renascença, Era Industrial e Pré-contemporânea.

Na antiguidade, mais especificamente na Grécia Antiga, existiam três tipos de edifícios de cura, o público, o privado e o religioso. O público era gerido pelo estado e era destinado aos cuidados de enfermos e idosos, o privado eram casas de médicos que recebiam e ali tratavam seus pacientes, e o religioso eram templos em que o enfermo ia para se purificar por meio da água, passar a noite e pela manhã receber o diagnóstico de um sacerdote e partir. (MIQUELIN, 1992, p. 29).

Os gregos entendiam a doença holisticamente, tratavam corpo e mente. O conforto ambiental recebia certa atenção, já que os templos ficavam localizados em bosques, com belas

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paisagens e próximos a fontes de água. (MACEACHERN, 1951 apud LUKIANTCHUKI; CARAM, 2008).

Ainda na antiguidade, os romanos desenvolveram dois tipos de arquitetura sanitária, as Valetudinarias e os Termas. A primeira corresponde a enfermarias militares, que possuíam um formato quadrado/retangular com um pátio central, os ambientes eram distribuídos entorno desse pátio – proporcionando luz e ventilação natural nas enfermarias – totalizando, geralmente, quatro salas: três enfermarias e uma sala de serviços gerais e administração. Algumas enfermarias romanas chegaram até a possuir um sistema de esgoto, e nelas o paciente pernoitava (MIQUELIN, 1992, p. 30).

Os Termas eram locais para relaxamento, e ligados a eles estavam estabelecimentos de cura e terapia. Eram construções simétricas, compostas de salas de banhos em águas termais, piscinas descoberta, vestiários, salas de repouso e saunas. Por diversas vezes, os termas eram construídos conjugados com as Valetudinarias (MIQUELIN, 1992, p. 31).

Durante o século IV, o cristianismo cresce e passa a recomendar que as vilas possuíssem um abrigo para viajantes/pobres doentes, surgindo então, os primeiros Hospitais de Caridade. Esse tipo de construção era denominado como Xenodochium e, geralmente, possuíam a mesma arquitetura das Valetudinarias, mas com a adição de uma fachada voltada para uma basílica.

No século V inicia-se a Idade Média, que se estendeu até o século XV. No Oriente, durante o Império Bizantino, a arquitetura hospitalar desenvolveu-se, com novas tecnologias sanitárias para o abastecimento de água, construção de muitos hospitais e a divisão de pacientes segundo patologias (MICHELIN, 1992, p. 33). Porém, nesse mesmo período, a Europa Ocidental ficou marcada pelo caos econômico e social, que não permitiram o desenvolvimento das instituições hospitalares (MICHELIN 1992, p. 35). As que existiam eram associadas à morte, um local para se ir morrer, já que os enfermos eram internados para, principalmente, não contaminar outras pessoas, e não para serem efetivamente tratados. (BADALOTTI; BARBISAN, 2015). Quanto à arquitetura, as enfermarias possuíam paredes grossas e janelas pequenas – derivadas do método construtivo da época, o românico – criando ambientes obscuros, insalubres e de pouquíssima ventilação natural (COSTI, 2002).

A partir do século XII, há uma evolução no tratamento médico e, consequentemente, na arquitetura hospitalar. Introduz-se uma morfologia nova, composta por uma grande nave – onde abrigavam-se os leitos – apoiada por diversas saletas menores, que abrigavam edifícios de apoio – inclusive capelas. Essa grande nave foi possível devido ao avanço dos métodos construtivos – período gótico –, melhorando a iluminação e a ventilação dos edifícios.

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Passaram, também, a separar enfermos por patologias e sexo, além de dedicarem maior atenção ao abastecimento de água. Esse desenvolvimento evoluiu até o Renascimento, iniciado no fim do século XIV, estendendo-se até o fim do século XVI (MICHELIN, 1992, p. 37).

No período renascentista há uma maior complexidade nas construções, compostas de forma simétrica, com pátios, galerias, alojamentos lineares e planta cruciforme – para os hospitais femininos essa morfologia podia ser alterada para “T”, que se adaptava melhor a sua demanda inferior. Há o desenvolvimento de melhores técnicas de saneamento – como latrinas com fossas e acesso à banhos –, melhorando a salubridade dos locais (MICHELIN, 1992, p. 40). Além disso, devido ao pensamento antropocêntrico do período, em 1312 no concílio de Viena fica determinado o afastamento dos religiosos no tratamento dos enfermos (GÓES, 2011, p. 27), com isso os hospitais assumem um caráter municipalista, permitindo que progresso científico influencie o desenvolvimento dessas edificações (ARAUJO; DANTAS, 2013).

A Era Industrial, no século XVIII, proporcionou um grande êxodo rural nas cidades europeias, e os bairro de operários existiam em condições miseráveis: alta densidade, poluição, falta de água e de saneamento. Com as péssimas condições urbanas, doenças se alastravam rápido (PELLEGRINI; DIAS; GRINBERG, 2015). Os edifícios hospitalares estavam superlotados, mal ventilados e eram considerados um “verdadeiro criadouro de enfermidades” (GÓES, 2011, p.28).

É no século XVIII que a doença é reconhecida como um fator patológico e o hospital assume o papel de uma entidade destinada a curar, surge então o conceito de hospital terapêutico:

O hospital terapêutico sucedeu a uma instituição que, até então, não tinha por foco tratar seus pacientes, dedicando-se apenas a prestar assistência espiritual aos que aguardavam “pacientemente” a hora da morte, ou a funcionar como estrutura de exclusão para os loucos, as prostitutas, os portadores de doenças contagiosas, entre outros que poderiam constituir uma ameaça à sociedade (TOLEDO, 2008, p.48).

Em 1772, o gigantesco Hospital de Dieu em Paris sofre um incêndio, assim, a Academia de Ciências de Paris formou uma comissão para elaborar as diretrizes da reconstrução do hospital (GÓES, 2011). Para controlar a insalubridade e tratar a população, foi necessário a adoção de uma medicina sanitarista (COSTI, 2002, p. 31). As diretrizes adotadas influenciaram hospitais por todo o mundo, dentre elas, estão a redução de leitos por enfermaria, aberturas em todos os lados proporcionando ampla circulação de ar, fachadas à

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norte e à sul e implantação de jardins entre os pavilhões (GÓES, 2011, p. 28). Nessa mesma época, a medicina realizou diversos avanços, como a cirurgia, a anestesia, as práticas de assepsia e a profissão de enfermeira (BADALOTTI; BARBISAN, 2015). Avanços esses em que “a cena fundamental foi o hospital militar de campanha” (TOLEDO, 2008, p.48).

O médico Jacobus R. Tennon, participante da comissão, publicou em 1778 um compilado de cinco relatórios sobre as condições precárias dos hospitais de Paris. Propôs, a partir desse levantamento, normas e soluções arquitetônicas para uma nova organização hospitalar (BADALOTTI; BARBISAN, 2015). A organização pavilhonar sugerida por Tennon, proporcionava a ventilação cruzada e a iluminação natural (COSTEIRA, 2014), que juntamente com a separação dos pacientes por patologia e sexo, e a eliminação de leitos coletivos, o combate ao contágio e a transmissão de doenças foi muito mais eficaz (BADALOTTI; BARBISAN, 2015).

Portugal trouxe ao Brasil, logo após o descobrimento, a Santa Casa de Misericórdia que, posteriormente, estendeu-se por grande parte do país. Seguindo as tendências europeias, até o início do século XX, utilizaram o estilo pavilhonar.

Na Inglaterra no século XIX, Florence Nightingale, uma enfermeira com experiência em hospitais de campanha militares, defendia que os defeitos dos hospitais estavam na ventilação, na iluminação e na superlotação. E, a partir do modelo pavilhonar, desenvolveu o que ficaria conhecido como “enfermaria Nightingale”.

Era basicamente um salão longo e estreito com os leitos dispostos perpendicularmente em relação as paredes perimetrais; um pé direito generoso, e janelas altas entre um leito e outro de ambos os lados do salão garantiam ventilação cruzada e iluminação natural. As instalações sanitárias ficavam numa das extremidades com ventilação em três faces do bloco. [...] um posto de enfermagem é implantado no centro do salão, onde também ficava o sistema de calefação (quando existente) ou a lareira (MIQUELIN, 1992, p. 46).

Esse modelo foi amplamente utilizado até o início do século XX, contribuindo inclusive para a humanização dos hospitais e servindo como base até hoje para estruturas hospitalares com implantação térrea. Mas, com a chegada da arquitetura do ferro no fim do século XIX, iniciou-se o processo de verticalização das cidades e com o aumento do valor dos lotes urbanos, a diminuição do corpo de enfermagem e a disparidade entre o custo das infraestruturas horizontais e as compactas verticais, a anatomia pavilhonar caiu em decadência (MIQUELIN, 1992, p. 52).

Inicialmente, os edifícios monoblocos verticais eram um “empilhado” de enfermarias Nightingale, mas, o avanço da medicina, que reduziu consideravelmente o tempo de

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internação dos pacientes, significou um retrocesso na humanização desses ambientes. A complexidade dos novos aparatos para o exame diagnóstico fez com que os pacientes de maior condição financeira, que antes eram atendidos à domicílio, migrassem para os hospitais, surgindo então as instituições particulares. Então, as enfermarias compartilhadas são gradativamente substituídas por quartos individuais, que proporcionam mais privacidade aos pacientes, mas faz com que surjam dificuldades operacionais consideráveis (MIQUELIN, 1992, p. 54).

A função terapêutica, exercida pela arquitetura, nos hospitais de partido pavilhonar, que lhe havia conferido o estatuto de um gesto médico, deixa de existir, diante de uma medicina auto-suficiente, em que problemas de toda ordem passam a ser solucionados via procedimentos (TOLEDO, 2008, p.96).

Tendo isso em vista, surge o hospital tecnológico, que prioriza as técnicas e procedimentos médicos, deixando, cada vez mais, para trás a humanização dos ambientes hospitalares. A característica acolhedora é perdida, bem como o conforto ambiental e psicológico. Em contrapartida, surgem ambientes luxuosos que, muitas vezes, buscavam ocultar a função hospitalar (TOLEDO, 2008). No Brasil, o monobloco passou a ser utilizado pelos modernistas, porém possuía uma ligeira variação: o bloco vertical era implantado sobre uma base horizontal (TOLEDO, 2002).

No decorrer do século XX, o conceito de saúde é revisto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para um estado de bem-estar físico, mental e social, em harmonia com o meio, e não apenas a inexistência de doença. Assim, a arquitetura volta a desempenhar um papel fundamental: garantir conforto aos pacientes, transformando o hospital em uma “máquina de curar” (LUKIANTCHUKI; CARAM, 2008).

O impacto desta revisão conceitual sobre arquitetura hospitalar é visível principalmente a partir da década de 80. Nesta época surge um novo direcionamento de projeto buscando a humanização do espaço hospitalar. Assim, se para o hospital antigo a iluminação e a ventilação natural eram dispensáveis, pois eram consideradas contaminantes, para o hospital humanizado elas são fundamentais, uma vez que o conceito de saúde passa a ter relação com os aspectos sociais, culturais e psicológicos (LUKIANTCHUKI; CARAM, 2008, p.6).

Um grande nome da arquitetura hospitalar brasileira é João Figueira Lima (lelé), que projetou hospitais extremamente humanizados, com excelente desempenho bioclimático e conforto ambiental. Porém, ainda hoje, algumas questões voltadas ao conforto ambiental são ignoradas e substituídas por sistemas mecanizados de climatização e iluminação (LUKIANTCHUKI; CARAM, 2008).

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3. A HUMANIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS HOSPITALARES

Os avanços tecnológicos, a evolução das práticas médicas e o crescimento populacional junto com o aumento da expectativa de vida, são alguns dos principais causadores da organização hospitalar atual, que é extremamente complexa. O enorme conjunto de atividades realizadas nesses edifícios, seus fluxos e o escasso diálogo entre médicos e pacientes resultam em um ambiente opressor. A humanização hospitalar surge como uma resposta para essas questões (LOPES; MEDEIROS, 2004).

Em 2004, o Governo Federal desenvolveu o programa “Humaniza SUS”, formado por diretrizes e estratégias de implementação da política nacional de humanização da saúde. O documento definiu problemas a serem resolvidos, e ficou claro a necessidade de adequação dos edifícios hospitalares (TOLEDO, 2005).

Segundo Toledo (2005), a humanização da arquitetura hospitalar ainda está em desenvolvimento e, possuí uma relação direta com os princípios que regem uma boa arquitetura. O referido autor descreve esses princípios como:

A orientação do edifício, de forma a garantir a melhor insolação para as enfermarias; a proteção contra as intempéries; sua correta localização na estrutura urbana; seu dimensionamento; o cuidado com os fluxos hospitalares e com as instalações prediais especiais (TOLEDO, 2005, p.4)

O conforto ambiental, é um dos principais meios da humanização hospitalar por meio da arquitetura. Neste artigo serão apresentados o uso de luz natural e o uso da cor nos ambientes internos.

O arquiteto hospitalar, além de conhecer toda a complexidade do funcionamento de um hospital, deve propor soluções que atendam as suas necessidades técnicas e de humanização, ou seja, o edifício precisa ser flexível e expansível para atender todas as demandas das inovações tecnológicas e, sobretudo, ser mais humano. Nesse contexto, o conforto ambiental tem primazia, devido a sua grande influência nos processos de cura dos pacientes internados (MARTINS, 2004, p.64).

Na década de 60, foram realizados diversos estudos sobre a influência da luz e da cor nos seres humanos, resultando na descoberta de que esses elementos interferiam no físico, no emocional e até mesmo na noção de tempo das pessoas (COSTI, 2002).

A ausência de radiação solar, por exemplo, pode ocasionar problemas fisiológicos, como falta de vitamina D, um sistema nervoso alterado, deficiência imunológica (LAZAREV; SOKOLOV, 1967 apud COSTI, 2002) e alterações no relógio biológico do indivíduo. Já, a

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exposição a luz intensa gera fadiga visual e problemas no sono (COSTI, 2002). Os níveis de iluminação devem variar de acordo com exigências das atividades desenvolvidas e cada ambiente, podendo ser direta, indireta ou mista, de origem natural ou artificial (MIQUELIN, 1992).

No Brasil, a luz natural deve ser amplamente usufruída e a artificial deve ser um complemento para o período noturno e dias nublados. A preferência por luz natural se dá pelas vantagens para a saúde, uma delas a sensação psicológica de tempo (MARTINS, 2004). Outra vantagem está no âmbito da sustentabilidade, melhorando a eficiência energética do edifício. Em ambientes amplos, a iluminação natural aliada ao pé-direito duplo quebra a monotonia, mas a iluminação excessiva causa desconforto, portanto, deve ser controlada (COSTI, 2002). Um exemplo dessa aplicação é o pátio de convivência do Hospital Sarah Kubitscheck de Fortaleza, projetado por Lelé (Figura 1):

Figura 1 - Pátio do Hospital SARAH de Fortaleza

Fonte: Associação das Pioneiras Sociais - Sarah (2017).

Áreas com grande profundidade necessitam de iluminação complementar. O sistema zenital permite o acesso à luz natural de modo uniforme em todo o ambiente, mantendo-se assim o conforto ambiental, e consequentemente a humanização dos espaços (COSTI, 2002).

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O arquiteto Lelé utilizava sheds para este fim, como mostra a imagem do Hospital Sarah Kubitscheck de Salvador (Figura 2).

Figura 2 - Sala de espera do hospital SARAH de Salvador

Fonte: Fracalossi (2012, on-line).

A cor produz sensações psicológicas e somáticas, pode alterar o humor e a sensibilidade, além de “produzir impressões, emoções e reflexos sensoriais muito importantes” (COSTI, 2002). Cores influenciam a percepção dos espaços, por exemplo: tons de azul e verde geram sensação de amplitude e tons quentes (vermelho, amarelo e laranja) diminuem. Também o uso de uma única cor pode uniformizar ambientes com diversas aberturas e variação de cor em um mesmo ambiente produz dinamicidade (MARTINS, 2004).

Ambientes monocromáticos provocam cansaço visual e desconcentração (DÉOUX, 1996 apud MARTINS, 2004). Quartos em tons de azul, dão sensação de maior volume de ar, sendo indicados para pessoas com deficiências de respiração. Os tetos dos hospitais quando brancos “criam a sensação de afastamento, de vazio” e devem, preferencialmente, ser substituídos por tons tranquilizadores, como o verde e o azul claro (MARTINS, 2004, p.66).

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O uso da cor deve atender soluções específicas para diferentes ambientes, tendo em vista condições estéticas, conforto e que estabeleça a integração com os diversos espaços, que devem ser analisados com critério, levando-se em conta o ser humano e suas fragilidades. Para isso, é necessário planejamento, conhecimento, estudo da área e das cores a serem utilizadas, buscando-se integrar a luz natural com a artificial, a fim de se alcançar eficiência e conforto visual [...]. Portanto, ambientes humanizados e coloridos são essenciais em estabelecimentos de saúde. E isso é uma arte tanto quanto uma técnica. A cor não deve ser um fim em si mesma, mas um meio estético para proporcionar conforto e tranquilidade aos pacientes e àqueles que trabalham em hospitais (CUNHA, 2004, p. 60).

Um bom exemplo do uso de cor aliada a humanização é o Hospital Infantil Nemours (Figura 3), localizado em Orlando (EUA), onde a cor da iluminação dos quartos de internação pode ser escolhida e alterada pelo paciente, de acordo com sua preferência e sentimento.

Figura 3 - Fachada do Hospital Infantil de Nemours

Fonte: Marcon (2013, on-line).

Nos hospitais da Rede Sarah Kubitscheck, todos projetados por Lelé, predominam tons claros (branco, bege, amarelo) nas superfícies verticais e teto e verde claro no piso (Figura 4).

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Figura 4 - Hospital SARAH Salvador, refeitório

Fonte: Fracalossi (2012, on-line).

Obras de arte fixas complementam com tons coloridos alguns ambientes. A alternância de cor é dada principalmente pela variação de luz natural dos ambientes, demonstrando a íntima ligação entre luz e cor, formando ambientes dinâmicos e humanizados sem a necessidade de tecnologias artificiais.

4. CONCLUSÃO

O edifício hospitalar passou por muitas mudanças no decorrer da história e todo esse processo resultou em uma arquitetura extremamente complexa. As tecnologias que transformaram radicalmente o edifício hospitalar após a Era Industrial continuam em constante aprimoramento mantendo essa arquitetura em mutação. Um dos maiores problemas hoje é aliar todo esse processo tecnológico e científico aos edifícios hospitalares, sem detrimento da humanização hospitalar.

Cabe ao arquiteto, em conjunto com uma equipe multidisciplinar, criar espaços que abriguem todas as atividades desenvolvidas nos hospitais, prevendo expansões e mudanças de

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funções. Abrangendo todos os preceitos de uma boa arquitetura, considerando fatores bioclimáticos, aplicando técnicas construtivas que possibilitem o conforto ambiental e, acima de tudo, pensar sempre no bem-estar do ser humano, que vivencia nesses ambientes momentos de dor, perda, recuperação e alegria.

REFERÊNCIAS

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