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ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO: DISCUSSÕES A PARTIR DE REVISÃO DE LITERATURA. Polytechnic Education: Discussion from Literature Review

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ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO: DISCUSSÕES A PARTIR DE REVISÃO DE LITERATURA

Polytechnic Education: Discussion from Literature Review

Josiane Marques da SILVA1 Sandra HUNSCHE2 Everton LÜDKE3

RESUMO

No ano de 2012, o estado do Rio Grande do Sul (RS) passou a implementar uma proposta de reorganização curricular do Ensino Médio, denominada de Ensino Médio Politécnico (EMP), pautada nos pressupostos da politecnia, a qual compreende o trabalho como princípio educativo. Neste sentido, o presente trabalho tem como finalidade investigar a implementação da proposta no âmbito das escolas do estado, particularmente no contexto do Ensino de Ciências/Física, a partir de pesquisas e relatos publicados em eventos e periódicos da área. Para tal, foi realizado um estudo bibliográfico de cunho qualitativo em anais de eventos de Educação em Ciências e Ensino de Física e periódicos da área de ensino, sendo a análise dos dados orientada pelos pressupostos da Análise Textual Discursiva, a partir de duas categorias analíticas: (I) Formação Docente e Práticas Pedagógicas no Contexto dos Seminários Integrados; e (II) Formação Discente. Sinaliza-se que, apesar de algumas práticas inovadoras terem sido desenvolvidas no âmbito dos Seminários Integrados, as iniciativas ainda são pontuais. A formação inadequada dos professores bem como aspectos estruturais e curriculares são considerados como limitadores de práticas pedagógicas sistematicamente articuladas, na perspectiva de contemplar as premissas da proposta do EMP. Aponta-se para a necessidade de articulação entre universidade, escola e secretaria de educação do estado para que alguns dos problemas enfrentados possam ser superados.

Palavras-Chave: Ensino Médio Politécnico. Seminários Integrados, Práticas Pedagógicas.

ABSTRACT

In 2012, the state of Rio Grande do Sul (RS) began to implement a proposal for curricular reorganization of secondary education, called as Polytechnic Education, based on the assumptions of polytechnic, which comprises the work as an educational principle. So, this study aims to investigate the implementation of the proposal in state schools, particularly in the context of Sciences/Physics Education, from research and reports published on events and journals. To this end, was conduct a qualitative bibliographic study, focusing conference proceedings of Science/Physics Education and journals in the area of Education. The data analysis was guided by the Discursive Textual Analysis, from three analytical categories: (I) Teacher Formation and Pedagogical Practices in the Context of Integrated Seminars; and (II) Student Formation. It signals

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Ensino de Física, Universidade Federal de

Santa Maria, josimarquesilva@yahoo.com.br

2

Professora de Ensino de Física, Universidade Federal do Pampa, sandrahunsche@yahoo.com.br

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76 that, despite some innovative practices being developed under the Integrated Seminars, initiatives are still sporadic. The inadequate teachers formation and structural and curricular aspects are considered as limiters of pedagogical practices systematically articulated, in order to contemplate the premises from Polytechnic Education proposal. It is pointed out also the need for linkages between university, school and state education department for some of the problems can be overcome.

Keywords: Polytechnic Education. Integrated Seminars. Pedagogical Practice.

INTRODUÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO

O Ensino Médio (EM) é caracterizado, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) número 9394/96 (BRASIL, 1996), como a etapa de conclusão da Educação Básica, tendo como uma das finalidades oferecer ao aluno condições necessárias para o exercício da cidadania, bem como para prosseguir no trabalho e em estudos posteriores.

Nas últimas décadas, esta etapa da Educação Básica tem sofrido reformas voltadas para aspectos do currículo, a exemplo das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCNEB) (BRASIL, 2013), que sinalizam para a inserção de elementos ligados à Ciência, Cultura e Tecnologia em sintonia com a realidade dos alunos, visando a integração da educação com as dimensões do trabalho, buscando proporcionar melhorias na formação dos alunos, de acordo com as finalidades previstas na LDB (BRASIL, 1996).

Neste sentido, buscando atender aos princípios dos documentos oficiais acima destacados, o estado do Rio Grande do Sul (RS) desenvolveu uma proposta de reorganização curricular para o Ensino Médio, implementada de forma gradual desde o ano de 2012, denominada Ensino Médio Politécnico (EMP), a qual é balizada por seis princípios orientadores, quais sejam: (I) Relação Parte-Totalidade: Princípio que objetiva que o aluno possa ser capaz de articular as partes, e poder perceber a movimentação do todo para as partes e das partes para o todo; (II) Reconhecimento de Saberes: é fundamentado pelo diálogo como mediação de saberes, entre os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem; (III) Teoria-Prática: a teoria abordada na prática deve estar de acordo com a realidade escolar, para que esta articulação não seja vazia e sem significado; (IV) Interdisciplinaridade: consiste no diálogo entre as disciplinas, tendo como finalidade que os alunos percebam as relações entre as disciplinas; (V) Avaliação Emancipatória: é caracterizada com um processo contínuo de avaliação; e (VI) Pesquisa: Processo que garanta a apropriação adequada da realidade, buscando a autonomia dos educandos (RIO GRANDE DO SUL, 2011).

De acordo com o referencial curricular do RS (RIO GRANDE DO SUL, 2011), os índices de abandono e de defasagem idade-série no EM influenciaram a elaboração da proposta curricular, uma vez que o currículo escolar do Ensino Médio se encontrava fragmentado e dissociado da realidade sócio histórica e, portanto, do tempo social, cultural, econômico e dos avanços tecnológicos da informação e da comunicação.

Nesta perspectiva, os PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) (BRASIL, 2002) discorrem que as transformações de caráter econômico, social, e cultural levaram à modificação da escola no Brasil. Uma destas modificações está relacionada à estrutura curricular, que passa a ser organizada em áreas de conhecimento. Esta organização é adotada também pela proposta do EMP, organizando o currículo em quatro áreas: Linguagens; Ciências Humanas; Ciências da Natureza; e Matemática.

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A finalidade desta nova estrutura curricular é romper com a fragmentação do currículo escolar, e permitir ao aluno sentir-se sujeito do próprio processo de ensino e aprendizagem, e que os conteúdos escolares possam estar relacionados com sua realidade social, histórica, cultural e econômica. Deste modo, as orientações do PCN+ (BRASIL, 2002) acrescentam que proporcionar a formação geral do estudante, no EM, implica articular os conhecimentos no interior de cada área e no conjunto das áreas.

Diante desta mudança curricular, o processo avaliativo também passou por reformulações, emergindo a proposta da Avaliação Emancipatória. Esta é caracterizada como uma avaliação contínua do processo de ensino e aprendizagem, sendo o produto desta avaliação apresentado em forma de conceitos agregado a um parecer descritivo para aprendizagem alcançada (FERREIRA, 2013).

Além da nova estrutura curricular e das reformulações no processo avaliativo propostos pelo estado do RS, no EMP o trabalho é caracterizado como Princípio Educativo, fundamentado pelos pressupostos da Politecnia, entendendo o trabalho no sentido ontológico, como produção humana, sem caráter econômico. Neste sentido o referencial curricular do RS (RIO GRANDE DO SUL, 2011), destaca que o trabalho deve ser entendido como realização humana, transformando a natureza, construindo a sociedade e fazendo história.

Nesta perspectiva, conforme ressalta o referencial curricular da proposta, o EMP não tem caráter profissionalizante, mas deve estar enraizado no mundo do trabalho e nas relações sociais, em consonância com a proposição dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 2000), a qual destaca que o trabalho não é limitado ao ensino profissionalizante, evidenciando que a lei reconhece que na sociedade contemporânea, todos os cidadãos, independentemente de sua origem ou destino sócio profissional devem ter acesso a uma educação na perspectiva do trabalho.

Ao entender o trabalho como Princípio Educativo, os PCNEM (BRASIL,2000) sinalizam que os conteúdos escolares devem ser desenvolvidos de forma interdisciplinar, contextualizada com a realidade dos educandos, organizados em projetos balizados por temas, desenvolvidos em um espaço de articulação entre as áreas do saber, denominado Seminários Integrados (SI). Assim, contemplando as orientações presentes no referido documento, a contextualização e a interdisciplinaridade são apresentadas como eixo integrador do novo Ensino Médio em que se busca maior significação e menor fragmentação dos conteúdos escolares.

O documento supracitado enfatiza que a interdisciplinaridade não está relacionada com a criação de novas disciplinas, e ao propor a organização curricular por áreas de conhecimento, ressalta a pretensão de que, no âmbito de cada área do conhecimento, ocorram diálogos entre as disciplinas, utilizando seus conhecimentos para resolver um dado problema social contemporâneo. Quanto à contextualização, os PCNEM (BRASIL, 2000) discorrem que a abordagem contextualizada do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo, entendendo que os conteúdos escolares devem ser problematizados de acordo com a realidade do educando, para que suas necessidades sejam atendidas.

Frente às mudanças no Ensino Médio, tanto em decorrência da publicação dos PCNEM (BRASIL, 2000) e das DCNEB (BRASIL, 2013), assim como das propostas estaduais, a exemplo do RS, entende-se a necessidade de rever a formação de professores, para que estes possam se apropriar das novas demandas da educação, compreendendo o aluno como agente do processo de ensino e aprendizagem, abordando os conteúdos escolares de acordo com a realidade contemporânea, a qual está permeada por avanços tecnológicos, além das exigências do mundo do

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78 trabalho, as quais requerem uma nova visão dos conteúdos.

Neste sentido, o espaço dos Seminários Integrados foram foco de investigação em estudos anteriores no Trabalho de Conclusão de Curso4 “Abordagem Temática no Ensino Médio Politécnico: Contribuições para o Seminário Integrado” (SILVA, 2013), no qual se investigou as potencialidades e limites da inserção de uma proposta na perspectiva da Abordagem Temática, no desenvolvimento dos Seminários Integrados no EMP de uma escola de Caçapava do Sul-RS. Percebeu-se, a partir da investigação realizada, que diante da reforma curricular proposta pelo estado, os professores, em especial da área de Ciências da Natureza, encontraram dificuldades para entender a proposta do EMP e aplicá-la em sala de aula no contexto dos SI. Constatou-se que não foi oferecido, por parte do governo do estado, formação continuada que abrangesse questões referentes à reorganização curricular. Assim, entende-se a necessidade de aprofundar os estudos sobre a implementação do EMP para melhor compreender as concepções e práticas desenvolvidas pelos professores neste contexto.

Desta forma, o presente trabalho busca analisar as produções acadêmicas relacionadas à implementação do Ensino Médio Politécnico, publicadas em Periódicos da área de Ensino, bem como em atas de eventos de Educação em Ciências e Ensino de Física, buscando responder a seguinte questão: Quais práticas balizam a implementação do Ensino Médio Politécnico no estado do Rio Grande do Sul, em especial nos Seminários Integrados?

Assim sendo, tem-se como objetivo caracterizar as práticas docentes que viabilizam a inserção da proposta no EM, bem como apontar eventuais desafios que precisam ser superados, particularmente no contexto dos SI.

METODOLOGIA

O trabalho consiste em estudo bibliográfico (GIL, 2010) de natureza qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1987) de produções acadêmicas relacionadas ao Ensino Médio Politécnico, apresentadas no II e III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC), no IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), no XX e XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF), no XIV e XV Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (EPEF) e trabalhos publicados em periódicos nacionais da área de ensino classificadas como Qualis A1 e A2 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), segundo avaliação de 2014. O recorte temporal da revisão se deu no período de 2012 até o primeiro semestre de 2015, considerando que a proposta de reorganização curricular (Ensino Médio Politécnico) foi implementada nas escolas do estado do RS no ano de 2012. Estes eventos foram escolhidos porque são considerados referência no país na área de Ensino de Ciências e Ensino de Física.

A revisão foi feita mediante o uso da ferramenta de busca eletrônica dos periódicos e das atas dos eventos, selecionando-se os trabalhos que continham, no título, resumo ou corpo do texto, uma ou mais das seguintes palavras: Ensino Médio Politécnico; Politecnia; e Seminários Integrados. A disposição dos periódicos Qualis A1 e A2 e dos trabalhos correspondentes é apresentado na Tabela1, e a quantidade de trabalhos publicados e encontrados nas atas dos eventos estão apresentados na Tabela 2. A análise dos trabalhos selecionados foi realizada através de fichamento (GIL, 2010), buscando caracterizar os objetivos, o desenvolvimento, metodologia e considerações

4 O Trabalho de conclusão de curso esteve vinculado ao projeto de extensão “Abordagem Temática na formação

docente inicial e continuada: ampliando laços entre universidade e escola básica”, desenvolvido por docentes e discentes da UNIPAMPA – campus Caçapava do Sul em escola estadual do município.

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apresentados pelos trabalhos, na perspectiva de identificar elementos que possam responder à questão motivadora da presente pesquisa.

A análise dos dados, obtidos através do fichamento (GIL, 2010), foi orientada pelos pressupostos da Análise Textual Discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2006), caracterizada em três etapas de análise, quais sejam: (I) Unitarização: é a separação dos dados em unidade de significado; (II) Categorização: é o agrupamento de elementos semelhantes, em que surge as categorias de análise; e (III) Comunicação: consiste na produção textual em forma de metatextos.

As categorias de análise foram produzidas através do método Indutivo Emergente (MORAES; GALIAZZI, 2006), ou seja, construídas a priori pelo pesquisador, organizadas a partir de comparações entre itens ou ideias presentes nos artigos analisados. Assim, os resultados são sistematizados na forma de categorias, quais sejam: i) formação docente e práticas pedagógicas no contexto dos seminários integrados; e ii) formação discente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O quantitativo de artigos selecionados e o total de artigos publicados nos periódicos e nas atas dos eventos são apresentados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.

Tabela 1 –Nome dos periódicos e quantidade de trabalhos publicados e selecionados

Nome Total de trabalhos

(2012-2015)

Total de trabalhos selecionados Periódicos Qualis A1

Ciência e Educação 210 0

Revista Brasileira de Ensino de Física

177 0

Periódicos Qualis A2 Ensaio: Pesquisa em Educação

em Ciências

111 0

Investigação em Ensino de Ciências

86 0

Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências

103 0

Total de Periódicos Total de trabalhos encontrados Total de trabalhos selecionados

5 677 0

Fonte: O autor

Tabela 2- Nomes dos eventos e quantidade de trabalhos publicados e selecionados

Eventos/Ano Total de Trabalhos Número de trabalhos selecionados

II SINTEC / 2012 304 4

XIV EPEF / 2012 179 0

IX ENPEC / 2013 1526 2

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80

III SINTEC / 2014 343 6

XV EPEF / 2014 175 1

XXI SNEF /2015 509 6

Total de Eventos Total de trabalhos de eventos Total de trabalhos selecionados

7 3451 19

Fonte: O autor

Conforme apresentado nas Tabelas 1 e 2, foi encontrado um total de 19 trabalhos (Quadro 1) que discutem a proposta do Ensino Médio Politécnico. Estes trabalhos são provenientes das atas dos eventos pesquisados, não sendo encontrado nenhum trabalho que abordasse aspectos do EMP em periódicos.

Quadro 1 – Referências dos trabalhos selecionados nos eventos

MACHADO, F. O.; HALMENSCHLAGER. K. R. O Ensino de Física no Contexto da Politecnia. In: IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC). Águas de Lindóia, SP, 2013.

ALMEIDA, C.; BOFF, E. T. O. O Ensino Politécnico - Desafios e Possibilidades. In: IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC). Águas de Lindóia, SP, 2013.

SALLER. A. G.; MACHADO. D. R.; SANTOS. L. A.; DORNELLES. R. V. Análise Preliminar com Professores da Rede Pública sobre o Ensino Médio Politécnico. In: II Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2012.

MARTEN. B. K.; VARGAS. L. F.; FONSECA. V. B. PEREIRA. C. P.; BASTOS. C. G. Novo Ensino Médio no Rio Grande do Sul – Indagações e Desafios na Escola. In: II Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2012.

FERRÃO. L. V.; PAGINI. I. C.; SOARES. M. R. C.; MUENCHEN. C. Seminário Integrado a partir da Abordagem Temática: Reflexões sobre Uma Proposta em Andamento. In: II Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2012.

BORCHARDT. J. L.; SILVA. E. M. P.; MIRANDA. C. A. G. R.; AMATO. L. A. P.; CORRÊA. R. C. O Ensino Politécnico na Visão de Algumas Escolas do Ensino Médio. In: II Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2012.

WIETH. S. H.; RODRIGUES. C. G. As Potencialidades Pedagógicas da Fotografia como Interface entre as Mídias, Tecnologias, o Ensino e a Aprendizagem da Biologia. In: III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2014.

CORRÊA. R. C.; DUBOW. M.; SILVA JÚNIOR. J. R.; FERREIRA. M.; AUGÉ. V. M. B. Interdisciplinaridade em um Curso de Formação de Professores no Âmbito do Pibid: Possibilidades e Perspectivas Para o Exercício Profissional. In: III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2014.

BEDIN. E.; DEL PINO. J. C. A Visão Discente sobre o Currículo: Avanços no Ensino Médio Politécnico. In: III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2014. FIRME. M. V. F.; GALIAZZI. M. C. A Influência da Internacionalização e das Avaliações nas Políticas Públicas Educacionais nas Reestruturações Curriculares no Rio Grande do Sul. In: III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2014.

BEBER. L. C. C.; FRISON. M. D.; KOGLER. J. T.S. Desenvolvimento Profissional do Professor Articulado a Implantação do Ensino Médio Politécnico. In: III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2014.

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SILVA. J. M.; HALMENSCHLAGER. K. R.; HUNSCHE. S. Abordagem Temática no Ensino Médio Politécnico: Contribuições para o Seminário Integrado. In: III Seminário Internacional de Educação em Ciências (SINTEC). Rio Grande, RS, 2014.

WEBER. S. S. F.; MENEGAT. T. M. C. As Mudanças de Ensino Médio Regular para Politécnico em uma Escola de Santa Maria/RS e suas Implicações na Área de Ciências da Natureza e Suas Tecnologias. In: XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF). Uberlândia, MG, 2015.

REBELLO, A. P.; ROCHA FILHO, J. B.; PINHEIRO, L. A. O Educar pela Pesquisa e a Interdisciplinaridade como Princípios Pedagógicos na Área das Ciências da Natureza e suas Tecnologias no Ensino Politécnico. In: XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF). Uberlândia, MG, 2015. FIUZA, G. S.; DYTZ. A. G.; CAPPELLETTO. E.; JERZEWSKI.V. B.; BEXIGA.V. S. Radiações Ionizantes e não Ionizantes: Uma Análise Prévia do Conhecimento de Alunos do Ensino Médio. In: XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF). Uberlândia, MG, 2015.

JERZEWSKI, V. B.; MACKEDANZ, L. F. Partículas Elementares e Interações: Uma Proposta de Estudo para o Ensino Médio Politécnico In: XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF). Uberlândia, MG, 2015.

GONÇALVES, M. P.; STEFFANI, M. H. Oficina Astronômica: Uma Proposta de Atividades Utilizando Materiais Potencialmente Significativos para Ensino. In: XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF). Uberlândia, MG, 2015.

TOLOMINI, J. M.; GASTALDO, L. F. A não Abordagem de Conceitos Físicos por Professores de Ciências do Ensino Fundamental. In: XXI Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF). Uberlândia, MG, 2015.

REZENDE. F.; OSTERMANN. F. Uma Reflexão sobre a Contribuição dos Mestrados Profissionais para a Qualidade da Educação Científica. In: XV Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (EPEF). Maresias- São Sebastião, SP, 2014.

Fonte: O autor

A análise dos trabalhos selecionados e apontados pelas tabelas acima apresentadas, deu origem a duas categorias, que são discutidas na sequência.

I. Formação Docente e Práticas Pedagógicas no Contexto dos Seminários Integrados

O espaço dos SI é destinado para que ocorra a abordagem dos conteúdos escolares de forma articulada entre as áreas do conhecimento, de forma que os SI sejam socialmente relevantes para os alunos, em uma abordagem interdisciplinar e contextualizada, visando uma formação cidadã e preparação para o mundo do trabalho. Para que isso ocorra há, portanto, necessidade de formação para os professores em serviço, bem como de abordar estas questões na formação inicial.

Dos dezenove trabalhos analisados, apenas dois (FIRME; GALIAZZI, 2014; REZENDE; OSTERMANN, 2014) apresentaram uma abordagem teórica sobre políticas públicas, em especial, o EMP; seis dos trabalhos sinalizam as práticas docentes no âmbito dos SI, destacando os enfrentamentos dos docentes e suas superações; e dez abordam aspectos relacionados à formação docente, tanto inicial como continuada.Desta forma, nesta categoria aborda-se questões discutidas nos artigos no que concerne à formação inicial e continuada dos professores, bem como os aspectos sobre as práticas docentes, em particular da área de Ciências da Natureza, a partir da implantação do EMP no ano de 2012.

Saller et al. (2012) e Almeida e Boff (2013), destacam que nas escolas em que realizaram a investigação apresentada em seus trabalhos, apenas um professor é responsável pelos SI. Entende-se que realmente um professor deva ser responsável pelo espaço, mas o trabalho deve ser articulado entre todos os professores da área de conhecimento. Neste sentido, estes autores discutem as

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82 dificuldades do trabalho em conjunto, acarretando que apenas um professor desenvolve trabalho no âmbito dos SI, abordando questões mais gerais com pouca ênfase no conteúdo específico.

Neste sentido, Silva, Halmenschlager e Hunsche (2014), ao investigarem as potencialidades e limites da perspectiva da Abordagem Temática para o desenvolvimento dos SI, em uma escola estadual de Caçapava do Sul-RS, sinalizam que os professores não estão preparados para desenvolverem os SI, pois muitos docentes que participaram da pesquisa relataram que não tinham fundamentação teórica, nem vivências na formação inicial que balizassem a abordagem dos SI. Os professores desta escola tiveram muitas dificuldades em elaborar os SI a partir de temas, bem como em conduzir o processo de pesquisa, de forma que os professores passaram a utilizar o espaço dos SI para ministrar aulas da própria disciplina.

Um entrave neste processo, apresentado pelas referidas autoras, compartilhado por Corrêa et al. (2014), é a dificuldade que os professores têm em desenvolver uma atividade articulada com outras áreas. Corrêa et al. (2014) sinalizam que a mudança de prática na escola ainda está distante de ser efetivada e afirma que essas dificuldades e enfrentamentos vivenciados pelos professores devem ser discutidas para a efetivação da proposta. Desta forma, entende-se que, se o estado do RS pretende continuar com a reformulação curricular, o governo, junto às Secretárias de Educação e às escolas, deve articular estratégias para melhor desenvolver a proposta. Acima de tudo, é preciso preocupar-se com a formação dos estudantes. A educação, a partir de sua normatização no século XX, sempre objetivou a formação para cidadania e, atualmente, com o avanço tecnológico e as exigências do mercado de trabalho, é importante que as práticas pedagógicas sejam repensadas, afim de melhor atender os objetivos dos educandos.

Neste sentindo, para Saller et al. (2012), a falta de preparação dos docentes inviabiliza a realização dos SI. Em consonância, Beber, Frison e Kogler (2014), afirmam que os professores hesitam em trabalhar com propostas inovadoras como o EMP, porque receberam um ensino fragmentado e descontextualizado.

Acredita-se que essa resistência pode estar ligada com a forma que o EMP foi implantado, pois em quatro trabalhos, os autores ponderam que a proposta foi implementada sem preparação prévia dos professores. Marten et al. (2012), ao pesquisarem sobre as opiniões de professores de Biologia acerca da implementação do EMP de uma escola estadual de Morro Redondo-RS, afirmam que: “[...] todos os professores receberam a proposta com surpresa e, por não estar bem esclarecido, demonstraram certa apreensão quanto à aplicação. [...] pois foi uma proposta imposta, sem discussão entre o governo e as escolas sobre suas particularidades” (MARTEN et al., 2012, p. 2). Borchardt et al. (2012), ao analisarem como está sendo trabalhada a questão do Ensino Politécnico em duas escolas estaduais de Pelotas-RS e como está sendo o retorno da comunidade escolar, complementam que: “[...]um dos principais motivos para a resistência dos professores e da comunidade para a mudança deve-se ao fato da escola em si ainda não ter entendido o que é o ensino politécnico, quais são os objetivos desse processo e isso se reflete no momento de pôr em prática [...]” (BORCHARDT et al., 2012, p. 3).

Diante do exposto, percebe-se que é preciso repensar a formação continuada, uma vez que, a proposta curricular foi implementada e os professores não participaram do processo de elaboração e implementação, conforme ressaltam Machado e Halmenschlager (2013):

[...] os professores não se sentem parte da construção dessa proposta de ensino, sendo que a estão desenvolvendo por mera obrigação, o que se torna um grande obstáculo na efetivação de uma prática pedagógica comprometida com os princípios e fundamentos que orientam o referencial curricular (MACHADO; HALMENSCHLAGER, 2013, p. 7).

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No que concerne à formação continuada de professores, Imbernón (2010) acrescenta que, esta formação deve aproximar-se da escola e partir de situações problemáticas dos educadores. Ou seja, ao se propor formação continuada aos educadores, é preciso considerar as necessidades de cada professor bem como a realidade escolar em que atua, abordando assuntos que são significativos para a realidade escolar. Neste sentido, entende-se que os processos de formação continuada possam ocorrer na própria escola, de forma que os professores possam dialogar e problematizar suas dificuldades e encaminhar perspectivas de enfrentamento dos problemas vivenciados, buscando alternativas para melhor desenvolver os SI.

Quanto à formação inicial de professores, apenas um trabalho (CORRÊA et al., 2014) discute o assunto. Assim, sinaliza-se que é preciso uma atenção maior dos cursos de licenciatura com esta reforma curricular, que está ocorrendo não somente no estado do RS, considerando que os licenciandos que estão sendo formados atualmente, estarão atuando no contexto da Educação Básica futuramente, e terão que desenvolver suas práticas em consonância com as premissas da proposta do EMP assim como propostas de diferentes estados brasileiros, com suas devidas peculiaridades

Outro aspecto importante está relacionado com as condições de trabalho discutido por Saller et al. (2012), e Silva, Halmenschlager e Hunsche (2014), os quais apontam a necessidade de repensar a carga horária dos docentes. É importante que os professores tenham espaços para discutir, problematizar e elaborar as atividades em conjunto. De acordo com as autoras supracitadas, um entrave para a execução dos projetos balizados por temas é o pouco tempo e predisposição de alguns professores em reunir-se para elaborar as atividades para os SI.

Weber e Menegat (2015, p. 6) afirmam que a organização de espaços para estudos, discussões e elaboração de projetos podem ser fundamentais para a execução dos SI, ou seja, “O trabalho coletivo fez gerar uma maior aproximação entre os professores da área de ensino de física e das ciências em geral, bem como o planejamento e a organização das atividades diárias passaram a ser discutidas, definidas, planejadas e implementadas conjuntamente”.

Desta forma, percebe-se que é possível realizar as aulas dos SI, mas é fundamental que sejam proporcionados encontros entre professores para organização e discussões, o que implica na revisão da caga horária a ser cumprida pelos professores em sala de aula.

No contexto da sala de aula, apesar dos enfrentamentos aqui salientados, foi possível identificar, nos artigos analisados, que alguns dos professores têm articulado propostas para desenvolver os SI. Ferrão et al. (2012) sinalizam o desenvolvimento do processo de Investigação Temática5 (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2007) como uma alternativa do trabalho educativo, balizado por temas, tendo como espaço de desenvolvimento os SI. Apesar de mencionar esta iniciativa, o trabalho não apresenta um aprofundamento na proposta do EMP, apresentando somente a perspectiva da Abordagem Temática como uma possibilidade de desenvolver um trabalho interdisciplinar, contextualizado, balizado por temas no contexto dos SI. Neste sentido, Silva, Halmenschlager e Hunsche (2014) também apresentam as etapas do processo de Investigação

5Etapas do processo de investigação Temática, segundo Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2007): (I) Levantamento

Preliminar: consiste em reconhecer o contexto sócio - histórico – econômico - cultural em que vive o educando. (II) Análise das situações significativas e escolha das codificações: é realizada a escolha de contradições vividas pelo aluno e que expressam de forma sintetizada o seu modo de pensar e de ver/interagir com o mundo, bem como a escolha de codificações. (III) Descodificação e escolha do Tema Gerador: consiste na obtenção dos temas geradores a partir da realização de diálogos descodificadores. (IV) Redução Temática: trabalho de equipe interdisciplinar, com o objetivo de elaborar o programa curricular e identificar quais conhecimentos são necessários para o entendimento dos temas. (V) Aplicação em Sala de Aula: consiste no desenvolvimento do programa em sala de aula.

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84 Temática como uma alternativa para balizar a elaboração e desenvolvimento dos SI.

Na perspectiva de mudança curricular, em que o currículo não deve apresentar uma linearidade, Fiuza et al. (2015) desenvolveram no âmbito dos SI atividades baseadas nos conceitos de Radiações Ionizantes e não Ionizantes, com finalidade de aproximar os conceitos físicos da realidade dos alunos, através de problematizações do conhecimento prévio dos estudantes. De forma similar, Jerzewski e Mackedanz (2015), através da abordagem de conceito de Partículas Elementares, buscaram aproximar a Física com a realidade dos alunos e dos avanços científicos e tecnológicos, por meio da interdisciplinaridade e da contextualização, realizando esta abordagem também no espaço dos SI. Percebe-se que através do espaço destinado aos SI, iniciativas vem sendo desenvolvidas para discutir temas contemporâneos nas aulas de Ensino Médio.

Desta forma, através da reforma curricular, tem-se trabalhado conteúdos que em geral não são discutidos na Educação Básica, o que pode ser considerado um avanço na educação, pois o trabalho interdisciplinar, contextualizado, organizado por temas socialmente relevantes e contemporâneos são sugeridos pelos documentos oficiais que orientam a educação no Brasil. Acredita-se que a proposta do EMP possa permitir o exercício de maior autonomia dos professores, pois não existem etapas lineares e inflexíveis a serem seguidas. Como notado através das atividades realizadas nos referidos trabalhos, cada escola e professores podem trabalhar temáticas diferentes, de acordo com as necessidades de seus alunos.

Assim, é possível afirmar que, se a formação continuada de professores fosse mais efetiva, que considerasse os aspectos da interdisciplinaridade, contextualização e abordagem por meio de temas socialmente relevantes, não seria necessária a capacitação de professores especificamente para a implementação de uma proposta estadual, como EMP. Entende-se que os professores deveriam ter vivenciado estes elementos na formação inicial ou em formação continuada que deveria ocorrer de forma continua, considerando que as questões abordadas já estão presentes nos documentos oficiais há no mínimo uma década. Deste modo, compreende-se que seja mais eficaz formar os professores para atuação autônoma, capazes de se adaptarem a novas propostas, fundamentadas nas orientações dos documentos oficiais, ao invés de capacitar professores para desenvolverem uma proposta específica em nível de estado.

II. Formação Discente

Entende-se que o objetivo da educação, acima de tudo é a formação do aluno, como ressaltam os documentos oficiais, a exemplo dos PCNEM (BRASIL, 2000), da LDB (BRASIL, 1996) e das DCNEB (BRASIL, 2013), sinalizando o direito de todo brasileiro à formação humana e cidadã e à formação profissional. A partir da análise dos trabalhos, percebeu-se que há pouca preocupação com a formação do aluno, ou implicações da reforma curricular na formação destes, bem como não houveram discussões sobre a reformulação do processo avaliativo. Pelo contrário, as discussões se concentram, em especial, na formação de professores e em questões estruturais do ambiente escolar e curricular.

Aspectos, neste sentido, estão ligados à falta de investimentos em infraestrutura, recursos humanos e transporte escolar, que estariam limitando a efetivação da proposta nas escolas (SALLER et al., 2012; MARTEN et al., 2012). Acredita-se que estes argumentos são válidos, uma vez que os SI são realizados, na maioria das escolas, em turno inverso ao período normal de aula, o que implica na necessidade de salas de aulas para receber estes alunos, e de transporte escolar, principalmente em escolas localizadas no interior ou para alunos que moram no interior e estudam

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em escolas centrais. Contudo, ressalta-se que estas questões não podem se tornar um empecilho para o desenvolvimento da proposta na escola.

Como já foi sinalizado, as orientações do referencial curricular da proposta do EMP são fundamentadas nos PCNEM (BRASIL, 2000), na LDB (BRASIL, 1996) e nas DCNEB (BRASIL, 2013), de forma a entender que o EMP não traz nada de “novo” para a escola, mas sim uma possibilidade de aproximação das orientações destes documentos na prática pedagógica.

Alguns trabalhos, a exemplo de Rebello, Rocha Filho e Pinheiro (2015) e Fiuza et al. (2015), sinalizam que não é somente o papel do professor que muda nesta perspectiva, mas o papel do aluno também está transformando-se, passando de sujeitos passivos para ativos no processo de ensino e aprendizagem. Almeida e Boff (2013) acrescentam que através da pesquisa, que é um dos princípios orientadores dos SI, os alunos avançaram na questão de participação em sala de aula e na desenvoltura nas apresentações dos trabalhos.

Acredita-se que este é um dos maiores objetivos da proposta, preocupar-se com a formação dos estudantes, e que através dos princípios orientadores, os alunos possam tornar-se sujeitos do processo de ensino e aprendizagem, tendo uma formação cidadã, e uma preparação para o mundo do trabalho. Talvez, a falta de clareza dos professores em torno da proposta seja um dos fatores que faz com que as pesquisas publicadas não estejam, ainda, direcionadas para os estudantes. Ressalta-se, contudo, a necessidade de maior atenção para esta esfera, tanto no âmbito da prática docente quanto das pesquisas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposição do EMP no RS, em 2012, originou uma série de mudanças na configuração do Ensino Médio do estado, dentre elas a estruturação curricular em áreas de conhecimento, o processo de avaliação por meio de pareceres descritivos e a inserção dos SI. Assim, surge a necessidade de investigar as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas do estado que contemplam a efetivação da referida proposta.

A partir da revisão bibliográfica realizada, foi possível perceber que as discussões em torno do EMP foram aumentando no decorrer dos anos. A maior parte dos trabalhos analisados na presente pesquisa, sinaliza para as dificuldades de efetivação da proposta, e preocupam-se em explicar o que realmente é o EMP, bem como, a maior parte dos autores indicam a necessidade de mudanças nas práticas pedagógicas, no sentido dos alunos deixarem de ser passivos, tornando-se sujeitos do processo de ensino e aprendizagem, através da utilização da interdisciplinaridade, contextualização, temas socialmente relevantes, para a elaboração das aulas.

Parte das dificuldades relativas à implementação da proposta estão atreladas ao processo formativo dos professores e a carga horária disponível para ações articuladas entre os docentes da escola. Neste sentido, aponta-se para a necessidade de iniciativas tanto da secretaria de educação do estado quando das instituições de ensino superior responsáveis pela formação de professores para a Educação Básica. É importante que a secretaria de educação busque alternativas para viabilizar ações coletivas e articuladas dos professores, de forma que ações interdisciplinares possam ser realizadas de forma efetiva nas escolas.

Além disso, acredita-se que uma parceria entre universidade, escola e secretaria de educação poderia ser favorável no processo de formação docente, tanto inicial quanto continuada. As instituições de ensino superior, além de inserirem discussões que envolvam o EMP no processo de formação inicial de professores, constituem-se em um importante “veículo” de formação continuada

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86 de professores por meio de projetos de extensão, por exemplo. Se uma parceria fosse estabelecida com a secretaria de educação, a formação continuada poderia ser mais efetiva, considerando que muitas escolas, particularmente aquelas que se localizam em cidades que são polo de alguma instituição de formação de professores, recebem semestralmente estagiários, que poderiam contribuir para tal processo.

Por fim, acredita-se que essa proposta de reorganização curricular tem potencial de continuar balizando o Ensino Médio no estado do RS, mas é preciso que as necessidades apresentadas neste trabalho sejam atendidas, para sua total efetivação. Sinaliza-se que para melhores resultados, se faz necessário uma investigação mais sistemática diretamente com os docentes que estão no exercício de implementação da proposta, buscando entender suas concepções, anseios e desafios que permeiam sua prática cotidiana.

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