• Nenhum resultado encontrado

Reflexões sobre o Processo de Projeto de Edifícios Hospitalares

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Reflexões sobre o Processo de Projeto de Edifícios Hospitalares"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

SBQP 2009

Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído IX Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios

18 a 20 de Novembro de 2009 – São Carlos, SP – Brasil

Universidade de São Paulo

Reflexões sobre o Processo de Projeto de Edifícios

Hospitalares

Reflections on the design process of hospital buildings

Edgar Peixoto de OLIVEIRA

Engenheiro Civil, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos

| e-mail: edgarpeixoto@oi.com.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/6630171234124576 |

Celso Carlos NOVAES

Dr, Professor do Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos | e-mail: cnovaes@ufscar.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/7340467051481570 |

RESUMO

O rápido avanço experimentado nos vários ramos da medicina, associado ao elevado número de funções realizadas nos diversos ambientes que o compõem, torna o edifício hospitalar um ambiente complexo. Devido a essa complexidade e ao alto custo da construção e manutenção de um edifício hospitalar, o seu processo de projeto necessita de atenção especial. Deste modo, os projetistas envolvidos, que cada vez mais devem ter conhecimentos especializados, devem desempenhar suas atividades de forma integrada. Nesse contexto, este trabalho, parte integrante de uma dissertação de mestrado em andamento, tem como objetivo apresentar um levantamento bibliográfico sobre os conceitos que envolvem o processo de projeto de edifícios hospitalares, mostrando a sua importância para a qualidade do ambiente construído, no reconhecimento de que a qualidade do edifício influi diretamente na qualidade do atendimento que ele oferece.

Palavras-chave: Hospital. Processo de projeto. Qualidade.

ABSTRACT

The impressive development of medicine, associated with the large number of functions performed in the hospital building, makes it a complex environment. Due to the complexity and high cost of construction and maintenance of a hospital, the design process requires special attention. That way, the designers involved, that increasingly must have expertise, must work closely. In this context, this article, part of a Masters dissertation in progress, aims presenting a bibliography review on the concepts that involve the design process of hospital building, showing their importance to the built environment quality, in the recognition that the building quality directly affects the quality of the offered services.

(2)

1

INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 196, afirma que saúde é direito de todos e dever do Estado e garante o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, estabelecendo o princípio da universalidade no atendimento à saúde.

Em 1990, a Lei nº. 8.080 regulamentou o Sistema Único de Saúde – SUS, que constitui o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, e legalizou a participação privada no SUS, objetivando complementar a rede pública.

De acordo com Góes (2004), o atendimento à saúde é dividido em três categorias: primário, secundário e terciário. O nível primário é caracterizado por ações de promoção, proteção e recuperação, através de postos e centros de saúde. No nível secundário, além das atividades desenvolvidas no nível primário, são feitos atendimentos com internação de curta duração, urgências e reabilitação, nas unidades mistas, ambulatórios gerais, hospitais locais e regionais. O nível terciário trata de casos mais complexos, atenções do nível ambulatorial, urgência e internação, o que ocorre nos ambulatórios, nos hospitais regionais e nos hospitais especializados.

Quanto maior o nível de atendimento dos estabelecimentos assistenciais de saúde - EAS, maior a complexidade da sua estrutura física, e essa complexidade também aumenta à medida que a medicina avança. Como esse avanço na medicina acontece de forma rápida, o edifício hospitalar deve ser projetado segundo a perspectiva de que mudanças poderão vir a ocorrer, devido a possibilidade de surgimento de novas especialidades e de novos e sofisticados equipamentos.

De acordo com a RDC nº 50 (2002), são oito as atribuições e atividades realizadas por edifícios hospitalares:

1. Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em

regime ambulatorial e de hospital-dia – atenção à saúde incluindo atividades de

promoção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada;

2. Prestação de atendimento imediato de assistência à saúde – atendimento a pacientes externos em situações de sofrimento, sem risco de vida (urgência) ou com risco de vida (emergência);

3. Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação – atendimento a pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos);

4. Prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia – atendimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto);

5. Prestação de serviços de apoio técnico – atendimento direto a assistência à saúde em funções de apoio (contato indireto);

6. Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa – atendimento direta ou indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa;

(3)

7. Prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa – atendimento ao estabelecimento em funções administrativas;

8. Prestação de serviços de apoio logístico – atendimento ao estabelecimento em funções de suporte operacional.

As quatro primeiras atribuições constituem funções diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, chamadas de atribuições fim, enquanto as quatro últimas são atribuições meio para o desenvolvimento das primeiras e de si próprias, como representa a Figura 1.

Figura 1. Atribuições e atividades realizadas por edifícios hospitalares Fonte: RDC nº 50 (2002)

A complexidade dos estabelecimentos de saúde, segundo o Ministério da Saúde (1995), é devida principalmente a dois fatores: o número de funções que estes edifícios realizam, e a rapidez pela qual tendem a necessitar de adaptações e expansões. É no processo de projeto que se deve garantir que o edifício hospitalar seja projetado para realizar com qualidade suas funções, prevendo as futuras necessidades do edifício.

Devido a essa complexidade e ao alto custo da construção e manutenção de um edifício hospitalar, o seu processo de projeto necessita de atenção especial, no sentido da integração entre os projetistas, os quais, cada vez mais, devem ter conhecimentos especializados.

De acordo com Fabrício (2002), “o processo de projeto é a etapa mais estratégica do empreendimento com relação aos gastos da produção e a agregação de qualidade ao produto”, o que reforça ainda mais a importância do processo de projeto de edifícios hospitalares, já que a qualidade desses edifícios influi diretamente na qualidade dos seus serviços.

Durante o processo de projeto, a integração entre os profissionais envolvidos é de extrema importância para que haja compatibilização entre os projetos. De acordo com Novaes (1996), durante todo o processo de projeto, as soluções propostas pelas especialidades de projeto envolvidas devem ser compatibilizadas, a fim de verificar interferências ainda no projeto, o que se configura em importante fator de melhoria da construtibilidade e de racionalização construtiva. A falta de compatibilização entre os diversos projetos pode levar erros do projeto para a obra, aumentando os custos da produção e diminuindo a construtibilidade.

(4)

A qualidade do produto final está diretamente ligada à qualidade do projeto e da produção. Então, é importante conhecer e valorizar o processo de projeto, para que se possa garantir que o produto e a sua produção estejam representados no projeto, aumentando a construtibilidade e com foco na satisfação do usuário. Como a qualidade do edifício hospitalar interfere na qualidade dos serviços prestados nesse edifício, o processo de projeto deve ser percebido como um meio de garantir a qualidade do edifício e dos seus serviços.

2

OS EDIFÍCIOS HOSPITALARES E O SEU PROCESSO DE PROJETO

O edifício hospitalar é uma estrutura funcional, complexa e altamente especializada, já que, segundo Góes (2004), nele “interagem relações diversas de alta tecnologia e refinados processos de atuação profissional (atendimento médico e serviços complementares) com outras de características industriais (lavanderia, serviço de nutrição, transportes, etc.)”. Essa complexidade aumenta à medida que aumenta o nível de atendimento, que, ainda de acordo com Góes, é dividido em três categorias, conforme mostra o Quadro 1.

NÍVEIS ATIVIDADE ESTRUTURA FÍSICA

Primário

Caracterizada por ações de promoção, proteção e recuperação, no nível ambulatorial. Dividem-se em três grupos: saúde; saneamento; diagnóstico simplificado.

Postos e Centros de Saúde.

Secundário

Além das atividades e apoio ao nível primário, desenvolve atividades das clínicas básicas: clínica médica; clínica cirúrgica; clínica ginecológica; clínica obstétrica; clínica pediátrica.

Unidades Mistas, Ambulatórios Gerais, Hospitais Locais e Regionais.

Terciário

São tratados os casos mais complexos, atenções do nível ambulatorial, urgência e internação.

Ambulatórios, Hospitais Regionais e os Especializados.

Quadro 1. Níveis de Atendimento Fonte: Góes (2004)

Para a elaboração do projeto de um edifício hospitalar, além das normas usualmente utilizadas nas edificações em geral, como no caso de edifícios habitacionais, devem ser também consideradas as prescrições contidas na Resolução da Diretoria Colegiada nº. 50 – RDC nº. 50, de 21 de fevereiro de 2002, norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Esta Resolução dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde e é dividida em três partes:

1. Parte I – Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde: Define métodos para elaboração de projetos, onde são apresentados os termos utilizados nos projetos, as etapas básicas do projeto, as responsabilidades, a forma de apresentação de desenhos e documentos, as siglas adotadas e a avaliação de projetos.

2. Parte II – Programação Físico-Funcional dos Estabelecimentos Assistenciais

de Saúde: Apresenta as diversas atribuições de um estabelecimento assistencial de

saúde que acrescidas das características e especificidades locais, definirão o programa físico-funcional do estabelecimento. Essa parte é subdividida em duas partes: organização físico-funcional, onde são apresentadas as atribuições e atividades desenvolvidas nos diversos tipos de EAS; e dimensionamento,

(5)

quantificação e instalações prediais dos ambientes, onde são abordados os aspectos espaciais estritamente relacionados com as diversas atribuições e atividades.

3. Parte III – Critérios para Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde: Apresenta as variáveis (circulações externas e internas; condições ambientais de conforto; condições ambientais de controle de infecção hospitalar; instalações prediais ordinárias e especiais; condições de segurança contra incêndio) que orientam e regulam as decisões a serem tomadas nas diversas etapas do desenvolvimento do projeto.

Para o desenvolvimento pleno das atividades realizadas em edifícios hospitalares é necessário que todas as características dos ambientes estejam definidas no programa de necessidades (físico-funcional) do estabelecimento assistencial de saúde, e, segundo Toledo (2004), essas atividades são desenvolvidas em uma ou mais unidades funcionais do hospital, e, mais especificamente, nos diferentes ambientes que o constituem. O autor afirma ainda que a distribuição espacial das unidades funcionais e de seus respectivos ambientes deve ser estudada levando-se em consideração os fluxos, que podem ser divididos em dois conjuntos: interfuncionais (que se desenvolvem entre diferentes unidades funcionais) e intrafuncionais (que se desenvolvem dentro de uma única unidade funcional). Como afirma Sherif (1999), o projeto de um edifício hospitalar geralmente é uma tarefa desafiadora. É preciso que o projetista conheça os meandros da medicina e da sua tecnologia e compreenda as demandas dos usuários (pacientes, familiares e funcionários). Em uma Avaliação Pós-Ocupação – APO realizada em uma unidade hospitalar, Rodrigues et al (2006) observaram que “a falta de compreensão, por partes dos usuários, da dinâmica do hospital como um todo, resultando em adaptações de ambientes que não auxiliam os processos”. Os autores dizem que isso se deve por que os projetos de EAS levam em consideração “modelos normativos que limitam a produção destes ambientes a soluções funcionais, deixando de incluir valores psicológicos do uso e da percepção do espaço, ou ainda as questões importantes sobre a gestão do espaço construído”.

(...) novas diretrizes precisam ser adotadas para os projetos de estabelecimentos assistenciais de atenção à saúde, com a mudança do atual modelo para um novo, que atenda à verdadeira promoção da saúde, e com projeto e implantação centrados na figura do paciente, proporcionando, em seus ambientes, o desenvolvimento de atividades que poderão cumprir seu papel de prestação de cuidados para a cura das enfermidades, agregando qualidade e um verdadeiro senso de humanismo no contato com os usuários. (Costeira, 2004, p. 77).

A tecnologia, embora contribua para o aprimoramento da qualidade de vida, “viabilizou a hipertrofia dos edifícios hospitalares, tornando-os espaços frios, afastados da escala humana, voltados para as máquinas e isolados do espaço exterior, espaços internacionais, globais, desligados de contextos locais” (Fontes e Santos, 2004). Ainda de acordo com os autores, algumas medidas devem ser adotadas para reverter esta tendência: redução de escala, aproximando o edifício hospitalar da escala humana; promoção da ligação com o exterior; aproximação com as referências dos espaços residenciais e possibilidade de personalização/apropriação dos espaços; definição de novos programas de assistência com vistas à desospitalização e à redução do período de internação; utilização de meios naturais de promoção do conforto ambiental, adaptados às condições bioclimáticas locais.

Os projetos hospitalares, de acordo com a RDC nº 50 (2002), devem ter uma documentação denominada Projeto Básico de Arquitetura – PBA, composto da representação gráfica e do relatório técnico, e deve ser avaliado por uma equipe multiprofissional que elaborará um Parecer Técnico, devendo conter uma descrição do objeto de análise e uma avaliação do projeto básico arquitetônico quanto a:

(6)

• Adequação do projeto arquitetônico às atividades propostas pelo EAS – verificação da pertinência do projeto físico apresentado com a proposta assistencial pretendida, por unidade funcional e conjunto do EAS, objetivando o cumprimento da assistência proposta;

• Funcionalidade do edifício – verificação dos fluxos de trabalho/materiais/insumos propostos no projeto físico, visando evitar problemas futuros de funcionamento e de controle de infecção (se for o caso) na unidade e no EAS como um todo;

• Dimensionamento dos ambientes – verificação das áreas e dimensões lineares dos ambientes propostos em relação ao dimensionamento mínimo exigido pela RDC, observando uma flexibilidade nos casos de reformas e adequações, desde que justificadas as diferenças e a não interferência no resultado final do procedimento a ser realizado;

• Instalações ordinárias e especiais – verificação da adequação dos pontos de instalações projetados em relação ao determinado pela RDC, assim como das instalações de suporte ao funcionamento geral da unidade (ex.: sistema de ar condicionado adotado nas áreas críticas, sistema de fornecimento de energia geral e de emergência (transformadores, e gerador de emergência e no-break), sistema de gases medicinais adotado, sistema de tratamento de esgoto e sistema de tratamento de resíduos de serviços de saúde – RSS, quando da instalação de sistemas para esses fins, e equipamentos de infra-estrutura, tais como: elevadores, monta-cargas, caldeiras, visando evitar futuros problemas decorrentes da falta dessas instalações); • Especificação básica dos materiais – verificação da adequação dos materiais de

acabamento propostos com as exigências normativas de uso por ambiente e conjunto do EAS, visando adequar os materiais empregados com os procedimentos a serem realizados.

O projeto hospitalar deve permitir flexibilidade para se adaptar às mudanças futuras, enfocar os impactos que o ambiente provoca nos pacientes e funcionários e prestar contribuições positivas para as áreas urbanas (Tzortzopoulos et al, 2008). Os hospitais, em sua maioria, de acordo com Campobasso e Hosking (2004), não são organizados ou preparados para lidar com a reinvenção.

Como relata Góes (2004), alguns pontos podem ser considerados no projeto hospitalar para ajudar na flexibilidade do edifício: regularidade na modulação; estandardização dos espaços e componentes construtivos; partido arquitetônico que possibilite extensibilidade nos setores do hospital; possibilidade e facilidade para implantação e manutenção das instalações; usar, onde as condições de assepsia permitir, paredes e divisórias não estruturais; agrupar, por setores, áreas de grande complexidade de instalações, separadas de outras com menor complexidade; adotar, quando o número de pavimentos permitir, sistema de elevador hidráulico, que dispensa casa de máquinas na parte superior e possibilita, até, uma ampliação vertical sem maiores custos na instalação; adotar o módulo técnico ou prumada mecânica de circulação e instalações verticais que, acoplada ao pavimento técnico possibilita uma ampla planta livre e grande facilidade de manutenção.

O edifício hospitalar deve garantir um ambiente saudável, aconchegante, como forma de auxiliar na cura, e acompanhar o rápido avanço da medicina e da tecnologia. É no processo de projeto que se pode garantir que todas as necessidades do edifício hospitalar sejam atendidas, fazendo com que tanto o projeto quanto a produção sejam elaborados com qualidade de forma a garantir esse atendimento, aumentando a construtibilidade e diminuindo os custos do empreendimento.

(7)

Processo de projeto envolve todas as decisões e formulações que visam subsidiar a criação e a produção de um empreendimento, indo da montagem da operação imobiliária, passando pela formulação do programa de necessidades e do projeto do produto até o desenvolvimento da produção, o projeto “as built” e a avaliação da satisfação dos usuários com o produto. (Fabrício, 2002, p. 75).

Esse conceito acima é utilizado para empreendimentos imobiliários, que não é o caso do nosso objeto de estudo, o edifício hospitalar. Mas o tomando como referência, pode afirmar que o processo de projeto de edifícios hospitalares envolve todas as decisões e formulações que visam subsidiar a criação e a produção do estabelecimento, indo desde o interesse do empreendedor (no caso de estabelecimentos privados) ou do promotor público (no caso de estabelecimentos públicos), passando pela formulação do programa de necessidades e do projeto do produto até o desenvolvimento da produção, o projeto “as built” e a avaliação da satisfação dos usuários do edifício hospitalar.

Góes (2004) afirma que devido à complexidade do edifício hospitalar, que geralmente acarreta dificuldades de interpretação e compreensão dos analistas dos diversos órgãos públicos envolvidos na sua aprovação, o projetista precisa elaborar um maior detalhamento ou ampliação das etapas do processo de projeto. Por outro lado, Fabrício (2002) afirma que “os processos de projeto mais tradicionais acabam sendo orientados para a definição do produto sem considerar adequadamente a forma e as implicações quanto à produção das soluções adotadas”.

Logo, a qualidade de um produto e da sua produção também são reflexos da qualidade do projeto e do seu processo, considerando todos os fatores necessários para o bom andamento desse processo. Em edifícios hospitalares, a qualidade não deve ser entendida apenas como um diferencial, mas também como um requisito básico para que o objetivo principal da edificação, atender a sociedade, seja garantido.

3

CONCLUSÕES

A complexidade do edifício hospitalar faz com que o seu processo de projeto necessite de atenção especial, pois é no processo que se torna possível garantir a qualidade do produto final. Considerando que a qualidade do serviço oferecido no edifício hospitalar está diretamente relacionada com a qualidade do mesmo, entende-se que os envolvidos no processo de projeto e na produção são fundamentais para o melhor desempenho desta edificação.

Esse artigo é parte integrante de uma dissertação de mestrado em andamento, que tem como objetivo propor diretrizes para o processo de projeto de edifícios hospitalares, sendo necessário, para isso, analisar esse processo, verificando como se dá a sua gestão, quais as dificuldades encontradas e suas diferenças com processos de projeto mais comumente executados, como os de edifícios habitacionais. Para alcançar esse objetivo, o método de pesquisa adotado é o estudo de caso, que estão sendo realizados em escritórios de projetos especializados na arquitetura hospitalar.

Nos escritórios estudados, está sendo analisado como se dá o processo de projeto e a sua gestão, verificando quais os pontos positivos e negativos encontrados no processo devido à complexidade do edifício, quais os dados de entrada necessários para o bom andamento do processo e como ocorre a integração entre as diversas especialidades de projetos e a sua produção.

(8)

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC nº 50. Brasília, 2002.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e da outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=134238>. Acesso em: 08 de janeiro de 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Série Saúde & Tecnologia – Textos de Apoio à Programação Física dos Estabelecimentos Assistenciais de

Saúde – Sistemas construtivos na programação arquitetônica de edifícios de saúde.

Brasília, 1995.

CAMPOBASSO, F. D.; HOSKING, J. E. Two factors in project success: a clear process and a strong team. Journal of Healthcare Management 49 (4) p.221-225. 2004.

COSTEIRA, Elza Maria Alves. O hospital do futuro: uma nova abordagem para projetos de ambientes de saúde. In: SANTOS, Mauro; BURSZTYN, Ivani (Orgs.). Saúde e arquitetura: caminhos para a humanização dos ambientes hospitalares. Rio de Janeiro: Editora Senac, 2004. p. 76-91.

FABRICIO, Márcio Minto. Projeto simultâneo na construção de edifícios. 2002. 350 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

FONTES, Maria Paula Zambrano; SANTOS, Mauro César de Oliveira. Tecnologia x humanização: um estudo sobre a sua compatibilização na arquitetura da saúde. In: X Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 10., 2004, São Paulo. Anais... São Paulo, 2004.

GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura hospitalar. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. 194 p.

NOVAES, Celso Carlos. Diretrizes para garantia da qualidade do projeto na produção

de edifícios habitacionais. 1996. 280 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola

Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.

RODRIGUES, Helena da Silva; CASTRO, Jorge Azevedo de; RHEINGANTZ, Paulo Afonso; SANTOS, Isabelle Soares. Matriz de descobertas: uma ferramenta para avaliação pós-ocupação. In: Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 11., 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis, 2006.

SHERIF, Ahmed H. Hospitals of developing countries: design and construction economics. In: Journal of Architectural Engineering. Setembro, 1999.

TOLEDO, L. C. O estudo dos fluxos no projeto hospitalar. In: XXIV UIA-PHG – International Public Health Seminar, 2004, Brasil. Disponível em: <http://www.mtarquitetura.com.br/conteudo/publicacoes/O_ESTUDO_DOS_FLUXOS_NO_P ROJETOHOSPITALAR.pdf>. Acesso em: 13 de julho de 2009.

(9)

TZORTZOPOULOS, Patricia; CODINHOTO, Ricardo; KAGIOGLOU, Mike; KOSKELA, Lauri.

Design for operational efficiency – linking building and service design in healthcare

environments. 2008. Disponível em:

<http://www.haciric.org/Portals/36/Newsletter/1st%20HaCIRIC%20Symposium_Desi gn%20for%20operational%20efficiency_2008.pdf>. Acesso em: 24 de abril de 2009.

4

AGRADECIMENTOS

Referências

Documentos relacionados

Para entender o supermercado como possível espaço de exercício cidadão, ainda, é importante retomar alguns pontos tratados anteriormente: (a) as compras entendidas como

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Estaca de concreto moldada in loco, executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado helicoidal contínuo. A injeção de concreto é feita pela haste