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Piano a 4 Artes: da performance à pesquisa

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Academic year: 2021

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Piano a 4 Artes: da performance à pesquisa

Vanessa Victória Silva Pereira1 Simone Marques Braga 2 Wellington Nonato dos Santos3 Sarah Liz Barreto Duque da Silva4 Categoria: Comunicação Resumo: O presente trabalho apresenta uma pesquisa em andamento que tem como principal objeto de investigação performances pianísticas realizadas no Piano a 4 Artes. O seu objetivo principal é investigar se o formato dessas performances pode influenciar na popularidade do instrumento, sobretudo junto aos pianistas participantes, tendo como objetivos específicos investigar as impressões dos pianistas participantes sobre as performances; descrever as performances realizadas; verificar as considerações dos pianistas participantes sobre as propostas performáticas. Apesar da análise dos dados ainda estar sendo realizada, acerca do papel do performer de também atrair, cativar ou mesmo convencer, pianistas participantes da ação consideram que esse papel foi potencializado uma vez que as performances disponibilizadas em plataformas digitais ofereceram para a comunidade momentos de acalanto e êxtase, tão necessário em tempo de pandemia.

Palavras-chave: Piano a 4 Artes. Performance Pianística. Pesquisa.

Piano to 4 Arts: from performance to research

Abstract: The present work presents an ongoing research that has as main object of investigation piano performances performed at Piano 4 Arts. Its main objective is to investigate whether the format of these performances can influence the instrument's popularity, especially with the participating pianists, with the specific objectives of investigating the impressions of the participating pianists on the performances; describe the performances; verify the considerations of the participating pianists on the performance proposals. Although the data analysis is still being carried out,

1 Graduanda em Licenciatura em Música, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS,

vanessavictoria35@gmail.com.

2 Doutorado em Educação Musical, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, Departamento de

Letras e Artes, ssmmbraga@uefs.br.

3 Graduando em Licenciatura em Música, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS,

wellington.designer@hotmail.com.

4 Graduanda em Licenciatura em Música, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS,

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regarding the role of the performer of also attracting, captivating or even convincing, pianists participating in the action consider that this role has been enhanced since the performances made available on digital platforms offered moments of quiet for the community and ecstasy, so necessary in a pandemic time.

Keywords: Piano 4 Arts. Piano Performance. Research. Introdução

O Piano a 4 Artes é uma ação extensionista vinculada ao Programa de Extensão de Formação e Práticas Performáticas Musicais (Performa) que promove apresentações pianísticas diferenciadas por meio da execução a 4 mãos, em diálogo com diversas áreas artísticas como a arte circense, artes visuais, dança, entre outros.

No final do ano de 2018, com o objetivo de investigar se o formato adotado nessas performances influenciava na popularidade do instrumento junto aos pianistas participantes, uma das bolsistas vinculadas propôs a pesquisa “O Piano a 4 Artes e a popularização do piano”. Assim, desde o início da pesquisa, realizada junto a um trabalho de conclusão de curso, as performances realizadas pelo Piano a 4 Artes passaram a ser os principais objetos dessa investigação. Vale ressaltar, que devido a Covid-19, foi necessária fazer adaptações na realização das performances para serem veiculadas em plataformas digitais. Assim foi criada a “Websérie Bemol Saltitante: um ratinho ao piano”, dividida em três episódios. O presente artigo tem por objetivo apresentar detalhes da presente pesquisa a exemplo das performances investigadas. É relevante destacar que a pesquisa está em fase de andamento, sendo que já foram coletados os dados, que estão em análise nesse momento.

1. Piano a 4 Artes: objeto de investigação

Desde a primeira aparição do piano no início do século XVIII, quando em 1711 seu inventor Bartolomeo Cristofori se apresentou em Florença, este começou a conquistar platéias ao ganhar recursos e aperfeiçoamentos até se tornar o instrumento que conhecemos hoje. No século XIX, grandes pianistas entraram para a história usando o piano como companheiro de cena como Lizst, Chopin e Leornad Bernstein. No Brasil, ele chegou através da Família Real Portuguesa e desde então impulsionou grandes nomes

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como Chiquinha Gonzaga, Zequinha de Abreu, João Carlos Martins, Nelson Freire e Antônio Carlos Jobim, um dos criadores da bossa nova, que tinha o piano como seu inseparável companheiro de criação.

Acompanhando a evolução musical através dos anos, o piano foi muito associado a execução de repertórios de músicas eruditas. Entretanto, a riqueza de ritmos musicais, também existente no Brasil, levou o piano a mostrar toda a sua importância indo do erudito, passando pela Música Popular Brasileira (MPB), chegando a Música Pop. Portanto, é um instrumento versátil e que tem se popularizado cada vez mais, desde a sua concepção inicial, perpassando por versões eletrônicas como os controladores e os pianos elétricos, a propostas performáticas inovadoras. Dessas propostas, podemos citar como um dos fomentadores dessa disseminação na cidade de Feira de Santana (BA), a ação extensionista Piano a 4 Artes realizada com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

O Piano a 4 Artes é uma ação extensionista vinculada ao Performa que promove apresentações pianísticas diferenciadas por meio da execução a 4 mãos, em diálogo com diversas áreas artísticas como a arte circense, artes visuais, dança, entre outros. Em atividade desde o ano de 2016, Braga et al (2018, p. 10) argumenta que contribuiu para

o desenvolvimento de habilidades instrumentais dos pianistas participantes, promoveu a interação dos mesmos com artistas de diferentes modalidades e ainda ampliou o público local para apresentações musicais instrumentais. A proposta ainda permitiu verificar a relevância em promover apresentações musicais que envolvam a integração das artes, ao possibilitar a participação da comunidade tanto na atuação das performances, quanto na sua participação enquanto público.

Em relação a esse público, pode-se constatar a quantidade e variedade de pessoas beneficiadas. E apesar de algumas apresentações ter a participação de estudantes da Educação Básica, em 2019 foi pensada uma performance voltada exclusivamente para esse público, ao propor que a ação fosse realizada em espaços externos ao campus, em escolas locais. Assim, com o propósito de continuar a “popularização” do instrumento, só que desta vez dirigido a estudantes da Educação Básica local, foi pensada em uma ação que pudesse levar o piano até as escolas públicas feirenses, através de um repertório envolvendo a história do piano, para desmistificar toda a intelectualidade que cerca o

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instrumento, aproximando-o ao contexto das comunidades escolares beneficiadas. Surge então a performance “Bemol Saltitante: um ratinho ao piano”:

Fig. 2. Performance “Bemol Saltitante: um ratinho ao piano” realizada na escola do SESC em parceria com o Observatório de Contação de Histórias, envolvendo músicas a 4 e 6 mãos e

contação de histórias.

A performance artística com o nome homônimo da obra de Antonio Amargo, foi idealizada para ser apresentada na Educação Básica local, para estudantes da Educação Infantil e Fundamental I. Para a sua montagem foi organizado um repertório para ser executado a 4 mãos de músicas variadas mescladas com a história contada por participantes do “Observatório de Contação de Histórias”, outra ação extensionista vinculada a PROEX. Para a sua realização foram contatadas escolas locais e feito um cronograma a ocorrer mensalmente. A estréia ocorreu na escola do SESC, no mês de dezembro de 2019. Entretanto, com a Covid-19 foi necessária fazer adaptações para ser veiculada em plataformas digitais, transformando a em uma websérie.

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Fig. 3. Websérie “Bemol Saltitante” disponibilizada em plataformas digitais.

A primeira alteração foi a divisão da história em três episódios com a duração de aproximadamente 15 minutos cada. Nessa divisão, em função a narrativa da história, as músicas brasileiras ficaram concentradas no segundo e terceiro episódios, além da inserção de danças (sapateado, dança afro e um xote). A segunda adaptação diz respeito a mudança dos contextos para os envolvidos, visto que toda a websérie deveria ser elaborada de forma remota. Contadores de histórias tiveram que se adaptar ao “quadradinho do computador”, o que influenciou a destacar movimentos menores e mais sutis a exemplo do uso do olhar, das mãos, detalhes faciais, entre outros.

Já os pianistas tiveram que se adaptar em realizar gravações da execução em vídeo de forma que pudesse favorecer a sincronização com os vídeos dos pianistas parceiros, uma vez que as músicas eram executadas a 4 e/ou 6 mãos. Para tanto, tiveram que fazer uso de guias ou do metrônomo para realizar a gravação. Outra adaptação importante foi a elaboração de um roteiro que pudesse favorecer a transição da performance ao vivo para a performance realizada por meio de vídeos. Assim, para o roteiro foi considerado a limitação de tempo, espaço e adaptação da linguagem e demais elementos em concordância com a dinâmica presente em conteúdos digitais. Por fim, a partir do roteiro elaborado, as últimas adaptações dizem respeito a forma de integrar música e história, sendo fundamental o trabalho da criação de animação e a edição dos vídeos. Assim, foram acrescidos novos elementos nas performances realizadas, agora também promovendo o diálogo da música com recursos tecnológicos e a animação.

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No final do ano de 2018, com o objetivo de investigar se o formato adotado nas performances promovidas pelo Piano a 4 Artes influenciava na popularidade do instrumento junto aos pianistas participantes, uma das bolsistas vinculadas propôs a pesquisa “O Piano a 4 Artes e a popularização do piano”. A partir da participação como bolsista de extensão, esteve a frente da organização de algumas performances do Piano a 4 Artes, do período de julho de 2018 a julho de 2019, com um repertório majoritariamente popular, com o objetivo de popularizar o instrumento diante dos pianistas participantes e do público local. Essa participação impulsionou uma necessidade de investigar de que forma a proposta performática pianística agregada a outras artes e a um repertório popular pode influenciar na popularização do instrumento junto aos pianistas participantes?

Assim, o objetivo principal desta pesquisa é investigar se o formato das performances pianísticas adotado pode influenciar na popularidade do instrumento, sobretudo junto aos pianistas participantes. Alguns desses tiveram uma formação pianística tradicional ao qual o instrumento se tornou de difícil execução. Já os objetivos específicos são investigar as impressões dos pianistas participantes sobre as performances; descrever as performances; verificar as considerações dos pianistas participantes sobre as propostas performáticas. Mas, por que popularizar o piano junto aos pianistas participantes do Piano a 4 Artes?

O Piano surgiu em meados de 1700 e seu inventor Bartolomeo Cristofori (1655-1732), que já realizava construções de instrumentos de teclas, apresentou uma novidade a esses instrumentos com a possibilidade de sons suaves e fortes dependendo da intensidade imposta através do toque do instrumentista. Mais tarde, em 1766, um construtor inglês chamado Johannes Zumpe simplificou a construção do piano para a sua inserção em salas de concertos e em ambientes domésticos, o tornando um instrumento mais popular. Contudo, esta popularização não foi propriamente voltada para o repertório a ser executado, mas sim para a acessibilidade ao instrumento. Zumpe ao inovar na construção do mesmo, possibilitou que o seu valor tornasse mais acessível financeiramente, além de permitir o acesso de amadores ao instrumento. Através dessa contribuição o instrumento foi propagado e popularizado na Europa, substituindo no final do século XVIII seu antecessor o cravo, conquista que o tornou um dos instrumentos mais conhecidos no Ocidente (RIPIN; POLLENS, 2001; apud CERQUEIRA, 2010).

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Ao passo em que houve uma popularização do instrumento, não ocorreu o mesmo em relação à formação dos pianistas. Essa formação durante séculos foi consolidada em conservatórios aos quais desenvolviam uma proposta pedagógica voltada à técnica e ao repertório baseado em peças européias (FUCCI AMATO, 2006). A tradição desta proposta foi consolidada na Europa sendo exportada para outros continentes. Neste modelo a técnica e o repertório são centralizados e muito valorizados. Segundo Cerqueira (2010) a eruditização e nobreza em volta do instrumento não foi construída apenas pelo repertório erudito, mas através dessa formação tradicional dos conservatórios que envolveu os pianistas, podendo aplicar o mesmo conceito para uma formação pautada em um repertório popular em uma pedagogia conservadora.

Quando um pianista toca uma música popular apoiado na leitura de arranjos escritos, não está praticando o piano popular, e sim estão[SIC] realizando uma interpretação. O desenvolvimento da prática do piano popular deve-se ao hábito de tirar músicas e de tocar espontaneamente, sem a preocupação de seguir rigorosamente as partituras, com o certo e o errado, nesta hora o ouvido e a intuição comandam o desempenho. É preciso cometer muitos erros, fazer experimentos para poder assimilar a melhor forma de tocar, criando-se com o tempo o próprio estilo (LUCCA, 2005, p. 4).

Além do foco na técnica e no repertório erudito, o instrumento também foi associado à pessoas de maior poder aquisitivo, sendo “elemento de diferenciação social, com sua prática relacionada a classes sociais materialmente ricas e politicamente privilegiada” (CERQUEIRA, 2010, p. 1). O piano também foi relacionado a educação feminina (PARAKILAS, 2001), pois no passado, as famílias brasileiras de maior poder aquisitivo educavam as mulheres com o intuito de prepara-las para o casamento.

Diante dessas considerações histórico-culturais, que ainda hoje, influencia na visão da população e de pianistas sobre o instrumento, é importante agregar outros repertórios que não sejam exclusivamente europeus e eruditos para ampliar a prática pianística e as percepções a respeito do instrumento, sem excluir as práticas eruditas, mas somando outras práticas a esta, a exemplo da junção de padrões de acompanhamentos de gêneros populares, executados a partir da progressão de cifragem alfabética, em peças registradas em partituras. Além de se propor novos e diferentes formatos performáticos. Assim, em concordância com Cerqueira (2010), quando aponta que a “cara nobre” dada

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ao instrumento não se deu apenas em virtude ao repertório, a concepção performática pode também influenciar nas apresentações pianísticas a serem realizadas por buscar estar mais próxima do público, com uma linguagem mais contemporânea. Sobre essa aproximação Rekawek (2012, p. 5) afirma que

dentro do campo da pesquisa da performance como parte das artes cênicas é preciso lembrar a perspectiva da performance de Richard Schechner que destaca no ato performático o seu caráter do comportamento comunicativo inserido em várias formas rituais, cerimoniais, de costumes ou de troca de informação nos quais a particularidade de cada evento está constituída a partir de sua interatividade e não tanto da sua materialidade.

Assim, o processo de popularização e inserção do piano em outros contextos se dá por meio não só do repertório, mas, também, das concepções performáticas, dialogando com o público alvo. Mas afinal, o que vem a ser performance? Kuehn (2012) traz uma discussão sobre elementos inerentes à prática interpretativa que “se refere à prática propriamente instrumental, tendo como base um texto musical ou partitura”. Conforme aponta, existem três pilares que rodeiam a prática interpretativa: a interpretação, a reprodução musical e a performance.

Sobre a performance, Kuehn (2012, p. 16) conceitua que “é atinente à experiência viva, ao hic et nunc do palco, à gestualidade e a aspectos corporais do músico intérprete com relação ao modo e aos meios de sua apresentação com o instrumento. Os termos concerto, encenação, show e espetáculo remetem à performance como evento sociocultural”. Com este conceito é possível compreender que alguns elementos definem e classificam o ato performativo como a presença física do corpo no palco assim como o meio e maneira de interagir com os espectadores. É importante destacar que a performance não se limita apenas a técnicas de execução no instrumento mas, sobretudo na “representação gestual de quem está tocando” (KUEHN, 2012, p. 14). Para tanto, a performance é também considerada um evento social que se dá por meio da interação entre o público e o artista, "como uma atividade realizada por um indivíduo ou grupo na presença de e para outro indivíduo ou grupo" (SCHERCHNER, 1934, apud STOROLLI, 2017, p. 122).

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A performance também é recurso para ação de crítica social demonstrando forte influência para interferência política. Por outro lado, o entretenimento também perpassa nesse âmbito da performance por isso é papel do performer atrair, cativar ou mesmo convencer não apenas instrumental mas visual através de seu mímico-gestual. De forma que a performance esteja cada vez mais sendo impulsionada e fortificada atualmente principalmente no que se refere a gêneros musicais mais populares entende-se a importância de repensar as formas de pianistas se apresentarem ao público e da promoção de concepções diferenciadas de performance. Nesse sentido, o que dizer sobre as performances desenvolvidas pelo Piano a 4 Artes? E as performances digitais recentemente promovidas?

3. Pesquisa e performance pianística: diálogos por meio da metodologia

Devido ao desenvolvimento da pesquisa estar inserido em um cenário particular, optou-se pela utilização do estudo de caso, que é um dos tipos de pesquisa qualitativa, e se caracteriza por ser uma investigação aprofundada de uma realidade específica. Por se relacionar com a singularidade, os resultados trazidos pelo estudo de caso não são genéricos e não podem ser aplicados a qualquer contexto. No entanto, esse tipo de estudo permite o conhecimento de vários casos que comparado a outros já pesquisados podem surgir igualdades e desigualdades que contribuem na discussão de problemáticas (PENNA, 2015).

Sabendo que a amostra é “uma pequena parte dos elementos que compõem o universo” (GIL, 2002, p. 121) sete pianistas participantes foram contactados para colaborar com esta pesquisa devido ao período de envolvimento dos mesmos com a ação extensionista. Todos deram respostas positivas quanto a participação na presente pesquisa, bem como assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pessoalmente e outros virtualmente.

Inicialmente, o instrumento de coleta escolhido foi a entrevista semiestruturada porque esperava-se que esta trouxesse uma riqueza maior de detalhes, mas mesmo sendo poucas pessoas, a disponibilidade de horário dos pianistas impediu o seu uso e realização, visto que estava previsto para ocorrer presencialmente. Como estratégia para tal impasse o instrumento foi alterado para o questionário online que segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 201) “é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada

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de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. Esse instrumento traz algumas vantagens que foram muito propícias para essa pesquisa sendo estas: “economiza tempo, viagens e obtém grande número de dados [...] há mais tempo para responder e em hora mais favorável”, além de “menos risco de distorção, pela não influência do pesquisador” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 201-202).

A ferramenta utilizada para a elaboração do questionário foi um formulário do

google forms, contendo 8 questões que buscaram responder aos objetivos desta pesquisa,

ao abordar desde as contribuições da participação na ação enquanto pianista e músico às suas impressões das performances. Além do questionário, outros instrumentos de coleta serão aplicados como a observação participante que é um fator importante para o estudo de caso e deve ser caracterizada como o detalhamento dos acontecimentos em campo acompanhados de uma reflexão (GODOY, 1995). Assim, por meio dessa participação foi possível acompanhar as performances realizadas e também favorecer a coleta de outros dados como a verificação de registros audiovisuais e visuais das performances realizadas como vídeos, fotos, cartazes de divulgação e folhetos com o programa da apresentação. Esse último procedimento está sendo fundamental para a realização das descrições das performances. Todos esses dados já foram coletados e atualmente estão sendo analisados.

4. Considerações finais: resultados parciais alcançados

Apesar da análise dos dados ainda estar sendo realizada, podemos socializar algumas considerações parciais referentes as impressões dos pianistas participante sobre as performances. Nesse sentido, o pianista 1 considera que participar do Piano a 4 Artes é uma experiência gratificante pois gera um aprendizado não só na área musico-pedagógica, mas também na organização e montagem de espetáculos com performance instrumental, teatral e artística. Sobre as performances realizadas, o mesmo considera que são contemplados repertório com gêneros musicais diversificados que contribuem para a popularização do instrumento e também incentivo a formação de novos pianistas no âmbito universitário.

Acerca da websérie Bemol Saltitante sinalizou que oportunizou a sua aproximação com futuros alunos da escola pública e ampliou consideravelmente a quantidade do público atingido. Sobre essa quantidade é possível verificar junto as plataformas em que se encontra a websérie o somatório de 2.800 visualizações. De fato, o

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aumento considerável do público alcançado impactou positivo junto as performances realizadas, pois virtualmente o público respondeu por meio de curtidas e mensagens disponibilizadas em algumas das plataformas que abrigam o material.

O processo da adaptação da performance presencial para as plataformas digitais alterou a dinâmica do grupo, sendo necessário aos participantes desenvolverem novas habilidades, sobretudo relacionadas ao manuseio a recursos tecnológicos o que deu uma ressignificação em participar das performances. Além de ampliar os diálogos possíveis da música com outras artes. Essa ampliação reforça que a performance não se limita apenas a técnicas de execução no instrumento mas, sobretudo na “representação gestual de quem está tocando” (KUEHN, 2012, p. 14) e as possíveis formas de interagir com o meio e o público. Essa interação ocorreu e pode ser constatada a partir da reação do público a exemplo da procura por aulas do instrumento ou mais acesso a performances pianísticas. Por fim, acerca do papel do performer de também atrair, cativar ou mesmo convencer, o pianista 1 considera que foi potencializado uma vez que as performances disponibilizadas em plataformas digitais ofereceram para a comunidade momentos de acalanto e êxtase tão necessário em tempo de pandemia.

Referências

BRAGA, S. M.; VASCONCELOS, M. C.; SILVA, S. G. . Projetos Sons e Teclas e Grupo de Dança-Teatro da UEFS: ações extensionistas em diálogo com atividades de ensino e pesquisa. In: XI CONFERÊNCIA REGIONAL LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO MUSICAL da ISME, 11, 2017, Natal. Anais... Natal: UFRN e ISME, 2017. v. 01. p. 02-09. CERQUEIRA, Daniel Lemos. Perspectivas profissionais dos bacharéis em piano, Revista

Eletrônica de Musicologia, Curitiba, v. 13, 2010.

FUCCI AMATO, Rita de Cássia. Educação pianística: o rigor pedagógico dos conservatórios. Música Hodie, v. 6, no1. Goiânia: UFG, 2006, p.75-96.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de

Administração de Empresas, v. 35, no2. São Paulo, 1995, p. 57-63.

______, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de

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ILARI, Beatriz. Música, identidade e relações humanas em um país mestiço: implicações para a educação musical na América Latina. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 18, 35-44, out. 2007.

KUEHN, F. M. C. Interpretação – reprodução musical – teoria da performance. Per Musi, Belo Horizonte, n.26, 2012, p.7-20.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

OLIVEIRA, N. M.; STRASSBURG, U.; PIFFER, M.; Técnicas de pesquisa qualitativa: uma abordagem conceitual. Ciências sociais aplicadas em revista, v. 17, no32. Marechal Cândido Rondon: Unioeste/MCR, 2017, p. 87-110.

PARAKILAS, James. Piano Roles: Three Hundred Years of Life with the Piano. New Haven: Yale University Press, 2001.

PENNA, Maura. Construindo o primeiro projeto de pesquisa em educação e música. Porto Alegre: Sulina, 2015. 183 p.

REKAWEK, J. Projeto de Extensão Grupo de Dança-teatro da UEFS. Feira de Santana, 2012.

STAKE, Robert E. Pesquisa Qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Trad. Karla Reis. Porto Alegre/RS: Penso/Artmed, 2011.

STOROLLI, Wânia. Performance e Criação: Considerações sobre a aplicação da respiração vivenciada. Opus, Goiânia v.13, n I, p. 119-131, Jun. 2007.

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