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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

Apelação Cível nº 0023209-75.2009.8.19.0002 9ª Vara Cível da Comarca de Niterói

Apelante: Condomínio Icaraí Fashion

Apelado: Seg Plus Segurança e Vigilância Ltda

Relatora: Des. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE

APELAÇÃO CÍVEL. RITO SUMÁRIO. AÇÃO DE COBRANÇA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SEGURANÇA OSTENSIVA EM RAZÃO DE RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO PELA PARTE RÉ/APELANTE. RÉ/APELANTE QUE AFIRMA QUE NÃO EFETUOU O PAGAMENTO PORQUANTO O AUTOR/APELADO NÃO APRESENTOU OS DOCUMENTOS RELATIVOS AO CUMPRIMENTO DOS ENCARGOS TRABALHISTAS. EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. ART. 476 DO CÓDIGO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE POR SE TRATAR DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA, ALÉM DE QUE A NOTIFICAÇÃO NÃO INFORMA JUSTA CAUSA PARA EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRECEDENTES DO TJRJ. DANOS MORAIS. SÚMULA 227 DO STJ. NESSE CASO ESPECÍFICO, NÃO RESTOU COMPROVADO O CONSTRANGIMENTO PERANTE A CLIENTELA, POR SIMPLES RESILIÇÃO DO CONTRATO, NÃO CAUSANDO ABALO EM SUA CREDIBILIDADE. MERO ABORRECIMENTO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. SÚMULA 75 DO TJRJ. PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 0023209-75.2009.8.19.0002 em que é Apelante Condomínio Icaraí Fashion e Apelado Seg Plus Segurança e Vigilância Ltda

ACORDAM os Desembargadores que compõem a 18a Câmara Cível, em sessão nesta data, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso.

______________________________________ Des. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE

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VOTO

Cuida-se de ação de cobrança ajuizada por Seg Plus Segurança e Vigilância Ltda em face de Condomínio Icaraí Fashion, objetivando a condenação do Réu ao pagamento de R$14.877,33, bem como perdas e danos, e indenização por danos morais, em razão da resilição unilateral do contrato de prestação de serviços de vigilância ostensiva.

O Juízo da 9ª Vara Cível da Comarca de Niterói, às fls. 271/273, julgou procedente o pedido, e condenou o Réu no valor de R$14.877,33, acrescido de juros contados de 31/03/2009 e correção monetária a partir da citação, bem como a pagar R$30.000,00 a título de danos morais, acrescido de juros desde 31/03/2009 e correção monetária a partir da sentença. Condenou o Réu ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios fixados em 20% sobre o total da indenização.

Apelo do Réu, às fls. 283/296, sustentando que a notificação não poderia ser interpretada com quitação apta a desobrigar o Autor dos demais ônus contratuais, uma vez que não haveria motivo para menção de tais obrigações, haja visto que o Apelado poderia sanar as pendências até 30/04/2009, último dia do contrato. Aduz que o Apelado não cumpre suas obrigações trabalhistas, por não apresentar nenhum comprovante de recolhimento dos encargos trabalhistas de seus empregados. Alega que tem total disponibilidade em saldar a dívida, desde que cumpridas as obrigações do Autor/Apelado, com base na exceção do contrato não cumprido, prevista no art. 476 do Código Civil. Defende a inexistência de dano moral, aplicando a súmula nº 75 do TJRJ. Subsidiariamente, pugna pela redução do quantum indenizatório, por ter sido fixado em valor muito acima da média que vem sendo adotada pela jurisprudência.

Contrarrazões do Autor, às fls. 303/312, prestigiando o julgado.

É o relatório.

Cinge-se a controvérsia quanto ao pagamento referente ao último mês de prestação do serviço de vigilância ostensiva, em razão da falta de apresentação dos documentos relativos ao recolhimento dos encargos trabalhistas.

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Dispõe o art. 476 do Código Civil:

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Na lição de Carlos Roberto Gonçalves, em Direito Civil Brasileiro, 3ª edição, página 164:

“É requisito para que a exceção do contrato não cumprido seja admitida, que a falta cometida pelo contraente, que está exigindo a prestação do outro sem antes ter cumprido a sua, seja grave, bem como que haja equilíbrio e proporcionalidade entre as obrigações contrapostas. Anotam Colin e Capitant, nessa ordem, não basta qualquer falta do contratante para justificar a exceção: é necessário uma falta grave, uma verdadeira inexecução de sua obrigação.

Nessa conformidade, a aplicação da exceptio non adimpleti contractus não pode prescindir da boa-fé e não deve ser feita sem levar em conta a diversidade de obrigações. Se o inadimplemento do credor for de leve teor, não poderá ele servir de fundamento ou justificar a oposição da aludida defesa.”

No caso em análise, restou comprovado que as partes celebraram contrato de prestação de serviços de vigilância ostensiva, em 01/09/2005 (fls. 15/19). Em 31/03/2009, o Réu/Apelante notificou o Autor/Apelado, objetivando a rescisão do contrato, com antecedência de 30 dias, em cumprimento a 8ª cláusula do referido contrato (fls. 21). Após, o Autor emitiu nota fiscal referente aos 30 dias em que o serviço foi prestado (fls. 22), porém, o Réu/Apelante enviou-lhe nova notificação informando que, somente efetuaria o pagamento após a apresentação de cópia de todos os contracheques de cada trabalhador que tenha ocupado o posto de vigilante, assim como das guias de recolhimento do fundo de garantia por tempo de serviço e informações à Previdência Social (fls.23).

De acordo com a cláusula segunda, item X, do contrato de prestação de serviços celebrado entre as partes, às fls. 16, o Réu/Apelado obrigou-se a “pagar seus empregados em dia, enviando à CONTRATANTE mensalmente Xerox das guias e da folha de pagamento (contra-cheque) tais como: INSS, IRRF e demais encargos devidos aos funcionários que prestam serviços nas dependências da CONTRATANTE durante o mês imediatamente anterior”.

É incontroverso que Réu/Apelado não apresentou os referidos documentos desde meados do ano de 2007, vez que o próprio afirma, às fls. 169, que não enviou as informações sob o fundamento de que o funcionário da administração da empresa Ré/Apelante, Sr. Walquimar dos

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Santos, solicitou que “suspendesse o envio de tais documentações até a regularização dos trabalhos, tendo a Autora assim procedido”, solicitação não comprovada.

No entanto, o fato de o Apelado não ter entregue os documentos relativos a comprovação do cumprimento dos encargos trabalhistas não pode servir de justificativa para que o Apelante se exima do pagamento pelos 30 dias de prestação do serviço de segurança devidamente realizado, até mesmo porque quando emitiu a notificação comunicando de sua intenção de extinguir o contrato, não apresentou expressamente nenhuma justa causa ou falta grave perpetrada pelo Apelado (fls.21).

Pelo contrário, o mesmo afirmou em sede de contestação, às fls. 41, que somente após o recebimento da fatura de prestação de serviços foi que percebeu que a empresa de segurança não apresentava os dados do INSS, conforme trecho transcrito a seguir:

“Ao receber a fatura de prestação de serviços de fls. 22, emitida pela autora em razão das atividades por ela desenvolvidas de 30/03/09 a 30/04/09, o réu deu-se conta de que a suplicante, há muito vinha descumprindo o que determina a cláusula segunda, alinea X, do contrato havido entre as partes.”

Ou seja, o Apelante rescindiu o contrato se valendo da cláusula oitava, item 2, às fls. 19, no sentido de que basta a notificação prévia com antecedência mínima de 30 dias e que o interessado pague uma indenização correspondente a 30 dias de efetivo serviço.

Assim, não se pode falar na aplicação da exceção do contrato não cumprido, previsto no art. 476 do Código Civil, pois o inadimplemento do avençado em entregar os supracitados documentos no prazo estipulado, por se tratar de obrigação acessória que poderá ser exigida em ação própria, não justifica a recusa do contratado em quitar a parcela no valor de R$14.877,33.

Desse modo, a obrigação principal concernente no serviço de segurança foi prestada, cabendo ao Réu/Apelante remunerá-la.

Consigna-se a jurisprudência:

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DES. BENEDICTO ABICAIR - Julgamento: 16/12/2009 - SEXTA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO CÍVEL. RITO SUMÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL.

RELAÇÃO DE CONSUMO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO QUE NÃO SE COMPROVA, JÁ QUE A AUTORA NÃO TROUXE AOS AUTOS O

NÚMERO DE NENHUM PROTOCOLO DE SUAS ALEGADAS

RECLAMAÇÕES. FATO EXCLUSIVO DA CONSUMIDORA, QUE DEIXA DE PAGAR SUAS FATURAS, EM RAZÃO DE NÃO TER RECEBIDO CONTAS DETALHADAS DE SEU CONSUMO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA QUE NÃO JUSTIFICA A APLICAÇÃO DA TEORIA DA EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. DANO MORAL QUE NÃO RESTOU CONFIGURADO. MULTA DIÁRIA FIXADA ADEQUADAMENTE. CONDENAÇÃO EM CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOS TERMOS DO ARTIGO 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. SENTENÇA QUE SE MANTÉM. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

No tocante aos danos morais, tratando-se de pessoa jurídica, já se consolidou o entendimento de que pode suportar dano moral, que decorre das conseqüências negativas advindas da informação equivocada de suspensão no fornecimento da madeira, bem como pelo constrangimento perante a clientela. Neste sentido, a Súmula 227 do Eg. Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

“Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”

Porém, deve haver a efetiva comprovação de abalo a honra objetiva do Autor/Apelado, ou seja, uma violação a seu direito de imagem, inexistente no presente caso. Assim, inexistindo comprovação de qualquer repercussão negativa no nome comercial do Autor nem no desempenho de sua atividade comercial, pois, tratando-se de pessoa jurídica, o dano moral não se opera in re ipsa.

Não se vislumbra a ocorrência de qualquer fato que justifique a pretensão indenizatória, eis que não demonstrada nos autos a existência de abalo ao bom nome da empresa, pois o término imotivado do contrato, previsto inclusive contratualmente na cláusula oitava, item 2 (fls. 19), está entre os aborrecimentos do dia-a-dia por que passa uma empresa.

Neste sentido, o entendimento consubstanciado na Súmula nº 75 deste E. Tribunal de Justiça:

“O simples descumprimento de dever legal ou contratual, por caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano moral, salvo se da infração advém circunstância que atenta contra a dignidade da parte”.

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Colaciona a jurisprudência do Tribunal de Justiça:

0002860-17.2006.8.19.0209 - APELACAO

DES. CELSO PERES - Julgamento: 10/03/2010 - DECIMA CAMARA CIVEL Ação ordinária. Pleito de reparação por danos materiais e morais. Lide que versa sobre contrato de locação comercial de espaço destinado ao funcionamento de estacionamento "vip", localizado no pátio do hipermercado réu. Resilição promovida pelo locador no decurso do prazo contratual. Investimento de vulto realizado pela empresa autora que deve ser contemplado pela obrigação de indenizar, evitando-se o enriquecimento sem causa por parte do ente locador. Lucros cessantes decorrentes da expectativa de receita que se viu frustrada pela abrupta resilição contratual, desprovida de qualquer fundamento legal ou contratual. Apuração através de liquidação de sentença, cujos critérios já se viram determinados pela decisão de primeiro grau. Inexistência de lesão moral ou qualquer mácula de tal natureza que justifique o acolhimento do pleito de indenização por danos morais, tendo em vista não haver ocorrido qualquer abalo na imagem da pessoa jurídica autora. Improvimento de ambos os apelos. Manutenção integral da sentença, restando vencida a Eminente Desembargadora Relatora originária, que provia parcialmente o segundo apelo e improvia o primeiro recurso.

0171784-62.2008.8.19.0001 - APELACAO

DES. PAULO SERGIO PRESTES - Julgamento: 01/02/2010 - DECIMA NONA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO C/C

INDENIZATÓRIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE

TELEFONIA MÓVEL. PESSOA JURÍDICA. BLOQUEIO DA LINHA

TELEFÔNICA DA APELANTE. DESCUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. SÚMULA 75 DO TJERJ. DANOS MORAIS NÃO CARACTERIZADOS. MERO ABORRECIMENTO. APELANTE QUE NÃO TEVE SEUS DADOS INCLUÍDOS NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO QUE PUDESSE ENSEJAR CONSTRANGIMENTO INDEVIDO. MERO DISSABOR. SENTENÇA QUE DEU AO LITÍGIO A SOLUÇÃO QUE SE IMPUNHA. DECISÃO MONOCRÁTICA, NEGANDO SEGUIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO ARTIGO 557, CAPUT DO CPC

Por esses motivos, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso para afastar a condenação por danos morais.

Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2011.

______________________________________ Des. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE

Relatora

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Certificado por DES. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE

A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço www.tjrj.jus.br.

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