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TORNAR-SE DOCENTE:A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UFPI

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Academic year: 2021

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TORNAR-SE DOCENTE:A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA UFPI

Patrícia Sara Lopes Melo Doutoranda Universidade Federal do Piauí – UFPI Maria Lemos da Costa Doutoranda Universidade Federal do Piauí – UFPI

Resumo

O presente textoé parte de uma pesquisa em andamento em nível de doutorado do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal do Piauí-UFPI, que tem por objetivoinvestigar a construção identitária do docente atuante no curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFPI, que tem como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Como se dá o processo de construção da identidade dos docentes atuantes na Licenciatura em Educação do Campo?Eis alguns teóricos que fundamental essa questão: Caldart (2009); Woodward (2014); Gauthier (1998) e outros.Este trabalho, devido à complexidade de seu estudo, apresenta-se como uma pesquisa narrativa, com abordagem qualitativa, que conta como recurso de produção de dados o questionário de caracterização do perfil dos interlocutores, o desenvolvimento da escrituração de um memorial de formação e a realização de entrevistas semiestruturadas, que fomentam a análise de conteúdo.Para estruturação do enfoque teórico-metodológico, dentre os autores utilizados, destaca: Guedes-Pinto, Silva e Gomes (2008); Bertaux (2010); Bardin (2000). Esse estudo vem permitindo compreender os processos formadores da identidade docente no espaço da Educação do Campo, em que os saberes docentes articulados com os saberes campesinos são vistos como saberes estruturantes do conhecimento profissional para o desenvolvimento da educação do campo. Devidoàjovialidade das pesquisas, em virtude do processo de silenciamento da educação do campo nas pesquisas sociaise da negação dos direitos dos povos campesinos, este estudose apresenta como referência para permanentes discussões em torno da construção da identidade dos docentes da Educação do Campo, por imprimir outro olhar sobre o campo, não mais como espaço de atraso, mas como lugar de saberes e diversidades.

Palavras-chave: Educação do Campo. Identidade. Formação Docente.

Introdução

Discutir sobre a educação do campo significa reconhecer as diversidades educacionais, o campo dos movimentos sociais como espaço de luta por direitos e, consequentemente, por educação, ao tempo que é deixar-se desafiar por uma história, antes silenciada, na busca pela valorização dos povos campesinos, do seu modo particular de viver e fazer educação. O estudo sobre a educação do campo trata-se de

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uma abertura para o diálogo nas diferenças, além de uma oportunidade para conhecer quem são os profissionais que discutem e trabalham com a educação do campo.

A necessidade de discutir sobre a construção da identidade docente no espaço da Licenciatura em Educação do Campo - LEDOC se configura na delimitação da discussão, deste estudo, sobre educação do campo. A partir dessa premissa, propomos o seguinte problema de pesquisa: Como se dá o processo de construção da identidade dos docentes atuantes na LEDOC, no contexto do semiárido piauiense?No desígnio de responder à questão proposta, definimos como objetivo geral da pesquisa:Investigar a construção da identidade do docente que atua na Licenciatura em Educação do Campo da UFPI, no contexto do semiárido piauiense.

Falar sobre identidade requerrelacioná-los com o contexto de trabalho, articulando com os elementos da formação.Para caminhar nessa direção, está sendo necessário refinar o entendimento sobre a educação do campo, identidade e formação docente e acompanhar os relatos dos profissionais a partir dos instrumentais da pesquisa narrativa.

Procedimentos metodológicos

Elegemos a pesquisa narrativa, como uma alternativa para o desenvolvimento de estudos sobre a construção da identidade docente no âmbito da educação do campo, seguido da abordagem qualitativa, por considerar adequada à natureza complexa do objeto de estudo e dos objetivos de pesquisa emergidos dessa proposta.

O desenvolvimento investigativo nos moldes da pesquisa narrativa se mostra pertinente por revelar a compreensão dos relatos reflexivos dos interlocutores, a partir do entendimento de que, “a narrativa não é só construída a partir do que o sujeito diz, mas também pelo o que os historiadores orais fazem com o que ouvem, isto é, a partir dos objetivos de pesquisa [...]” (GUEDES-PINTO, SILVA E GOMES, 2008, p. 25). Desse modo, a apresentação das narrativas considera o relato do narrador, mas esse mesmo relato ganhará forma com a dinâmica dos pesquisadores e dos objetivos da pesquisa.

Para a produção dos dados selecionamos três instrumentos: o questionário de caracterização do perfil; memorial de formação; e a entrevista. A opção pela utilização e articulação dos instrumentos supracitados é justificável pelas considerações de Bertaux

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seus segredos”. Diante dessa informação consideramos a relevância dos recursos de produção dos dados, com a intenção de proporcionar aos interlocutores ocasiões para expressar suas concepções, conferindo a pesquisa elementos para desenvolvimento da análise do objeto de estudo.

Com o intuito de organizar os dados produzidos e fazer a análise, diante do corpus definido, recorreremos ao método de análise de conteúdo, na perspectiva analítica dos dados obtidos junto aos sujeitos envolvidos na pesquisa, sendo possível a organização dos dados em eixos de análises. Essa análise seguirá as orientações de Bardin (2000), quanto aos procedimentos sistemáticos e objetivos na abordagem do conteúdo das mensagens, sendo passíveis de inferências.As pretensões dos objetivos da pesquisa orientam a construção das análises, caracterizando as perspectivas de abordagens dos dados coletados.

A pesquisa está sendo desenvolvida com a colaboração de docentes do curso de Licenciatura em Educação do Campo/Ciências da Natureza, da Universidade Federal do Piauí, campus Senador Helvidio Nunes de Barros, na cidade de Picos. Curso este que trabalha em regime de alternância, compreendida pela presença de dois momentos: Tempo Universidade e Tempo Comunidade.

Discussão e resultados

Considerar que os saberes docentes e os saberes campesinos, vistos como saberes estruturantes do conhecimento profissional para o desenvolvimento da educação do campo, é o elo necessário para produzir os diálogos entre a mobilização de saberes, a prática pedagógica do docente e a construção da identidade profissional. Conhecer essas lógicas tem significado caminhar na direção de estudos e pesquisas que aprofundam análises desse processo, referendando que é nas mediações do sujeito com seu fazer que a identidade se torna inteligível.

A identidade contempla mais do que a mera junção de elementos pessoais e sociais, trata-se de um todo não estático do que se é, do que nos tornamos ao longo dos episódios da vida. As investigações em torno da identidade pessoal e profissional requer a escolha de um dos episódios com demarcação do cenário/contexto dos seus atores, não para descobri-la, mas para criá-la e nos apropriar em virtude dos estudos, percebendo as diferenças entre as tramas. Daí surgiu à necessidade de levar os docentes a se

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questionar: Quem eu sou? Quem somos nós que atuamos na educação do campo? O que torna nosso trabalho diferente dos demais docentes?

Mas, quem são os interessados em discutir sobre a Educação do Campo? Qual o objetivo em estudar a Educação do Campo e seus processos formativos? Para responder tais questões nos fundamentamos no texto produzido por Caldart (2009, p. 150) para o debate no Seminário Nacional Por Uma Educação do Campo realizado em Brasília em 2002, em que a autora justifica a questão enfatizando que“somos herdeiros e continuadores da luta histórica pela constituição da educação do campo como direito universal, de todos [...]. Como direito, não pode ser tratada como serviço nem como política compensatória; muito menos como mercadoria”. Sendo assim, todos nós somos convidados a participar da discussão sobre a educação e seus profissionais e pela promoção por uma educação do campo.

Partindo da identidade coletiva, com base nos estudos desta pesquisa, nos deparamos com a representação do que é ser professor da educação do campo. Segundo Woodward (2014, p. 8), as identidades “[...] adquirem sentido por meio da linguagem e dos sistemas simbólicos pelos quais são representadas”. Esses professores são, ou devem ser dotados de saberes quecontemplam mais do que a transmissão de conteúdos, talento, bom senso, intuição, experiência e cultura de saber mobilizar saberes, abrange a capacidade de planejar as atividades, organização de materiais, fundamentação teórica e, sobretudo, a reflexão sobre o processo ensino-aprendizagem e a realidade (GAUTHIER, 1998). Considerar esses dotes significa pensar a identidade docente a partir de competências ou como diz Woodward (2014, p. 9) “a identidade é marcada por meio de símbolos”.

As análises iniciais evidenciam que compreender os saberes docentes não é oúnico elemento no estudo sobre a identidade, mas podem ser compreendidos numa relação direta com as condições que estruturam seu trabalho. Ao pensarmos em um professor, devemos conhecer as condições históricas e sociais nas quais sua profissão é exercida, condições estas que determinam a sua prática.

Considerações finais

A complexidade do trabalho sobre a identidade docente no âmbito da educação do campo exige a apropriação, mobilização, produção de distintos saberes pelos

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dos profissionais conhecimentos que favoreçam a análise sobre a realidade, com vistas à valorização das culturas e identidades campesinas.

Diante das discussões teóricas e dos dados preliminares, reconhecemos que a atuação do professor e, consequentemente, a sua identidade não se dá apenas com base nos conhecimentos obtidos durante os cursos de formação, mas que, ao atuar na instituição de ensino, os profissionais adquirem, mobilizam e produzem conhecimentos diversos, que fundamentam a sua prática pedagógica e a representação profissional.No cenário da pesquisa, a educação do campo trata-se de um novo grupo cultural, que busca o reconhecimento e afirmação de sua identidade.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, PT: Edições 70, 2000.

BERTAUX, D. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Natal, RN: Ed. URFN; São Paulo: Paulus, 2010.

CALDART, Roseli Salete. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em construção. In: ARROYO, Miguel Gonzalez; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna (Orgs.). Por uma educação do campo. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. p. 149-158.

GAUTHIER, C. et al.Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Injuí: Unijuí, 1998.

GUEDES-PINTO, A. L.; SILVA, L. C. B. da; GOMES, Geisa Genaro. Memórias de leitura e formação de professores. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2008.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 7-72.

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