Tecnologia móvel para auxílio no diagnóstico médico.
Carolina de Queiroz Pereira Oliveira1,Maria Elisabete Salvador Graziosi2
1. Bacharel em Biomedicina, Mestre em Ciências. Universidade Aberta do Brasil, Universidade
Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil.
2. Docente Departamento de Informática em Saúde, UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil.
Resumo
Objetivo: Avaliar se Aplicativos móveis podem auxiliar a realização de diagnóstico
médico a beira do leito.Método: Trata-se de uma Revisão Bibliográfica da Literatura. Foi realizado um levantamento de publicações científicas relacionadas com a temática sobre tecnologia móvel em saúde. Resultados: Cada plataforma tem suas vantagens e desvantagens, e os softwares disponíveis variam de acordo com dispositivo e está em constante fluxo. O poder do Smartphone irá fornecer a capacidade potencial para melhorar médico eficiência. Para que isso aconteça, os médicos devem estar dispostos para aceitar a nova tecnologia, abraçá-lo e personalizá-lo para satisfazer as suas necessidades. Conclusão: A utilização dos aplicativos para smarthphones na área de cuidado ao paciente é uma realidade que vem crescendo exponencialmente e que tem dado suporte ai principalmente os clínicos em situações a beira do leito do paciente.
Descritores: smarthphone infectious, smarthphone microbiology, smarthphone
disease.
Introdução
As ferramentas eletrônicas têm se expandido para além do computador e da Internet e agora incluem assistentes pessoais digitais e outros dispositivos portáteis como os smartphones. Estes dispositivos de bolso tem a capacidade de proporcionar o acesso à informação clínica no ponto de cuidado com bancos de dados de drogas eletrônicos e motores de busca que permitem questões clínicas especializadas. As ferramentas eletrônicas têm a capacidade de ser um benefício real para o ocupado médico e microbiologista. A capacidade de acessar oportunas recomendações e literatura clínica permitem o melhor tratamento ou opções de diagnóstico a ser prestado aos pacientes (1,2).
Hoje os clínicos estão mais em contato constante com seu telefone, em contraste com guias de bolso, computadores de mesa e manuais de referência. Além disso, as informações encontradas em um smartphone podem ser acessadas com mais freqüência na cabeceira do paciente e ser mais fácil de atualizar remotamente sem a necessidade de emitir novas cópias físicas (3).
No final de 2008, por insistência de alguns membros da comunidade médica, a Apple pressionada para criar uma classificação médica separada de aplicativos para iPhone, a sua primeira categoria spin-off. No seu primeiro ano, a categoria médica cresceu de 82 pedidos iniciais para mais de 1200. No início de 2009, a categoria médica tornou-se o terceiro mais rápido crescimento categoria App Store, por trás de "Livros" e "Travel". Ao mesmo tempo, o número de médicos usando iPhones dobrou entre 2008 e 2009. Alguns hospitais migraram toda a sua força de trabalho médico para o iPhone, utilizando push e-mail, calendário e contactos do Microsoft Exchange e promoção do acesso móvel seguro aos hospitais para a utilização de prontuário eletrônico (4).
A Apple através do seu sistema operacional para o iPhone (iOS) permite sincronizar com dispositivos médicos, taiscomo monitores de glicose, equipamentos obstétricos e esfigmomanômetros. O Food and Drug Administration (FDA) através de um funcionário direto tem acompanhado que o iPhone pode vir a precisar ser regulado como um dispositivo médico. Com isso, o smartphone terá visto uma transformação impressionante, a partir de um "dispositivo geek" a uma máquina médica aprovado pela FDA (4).
Ferramentas eletrônicas de doenças infecciosas e microbiologia médica têm a capacidade de mudar a maneira como o diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas doenças são abordados. A informação médica hoje tem a capacidade de ser dinâmica, mantendo-se com a mais recente pesquisa ou questões clínicas, em vez de ser estático como muitos livros didáticos são (1).
Com a capacidade de disseminar rapidamente informações ao redor do mundo se abre a possibilidade de se comunicar com pessoas a milhares de milhas de distância para aprender rapidamente e eficientemente sobre as infecções
emergentes (1).
Os usuários são também aconselhados a tirar proveito dos períodos de teste gratuitos para Apps ou softwares antes de comprá-los. A maioria dos
desenvolvedores de software que acreditam em seu software fornece uma a duas semanas gratuiras como um período experimental (1).
O objetivo do presente artigo é fornecer uma visão geral de como as ferramentas eletrônicas podem impactar no diagnóstico e tratamento de doenças, enquanto proporciona ligações e recursos para permitir aos usuários a maximizar a sua eficiência no acesso a este tipo de informação.
Método
Trata-se de uma Revisão Bibliográfica da Literatura. Para a realização da mesma foi realizado um levantamento de publicações científicas relacionadas com a temática sobre tecnologia móvel em saúde.
Os critérios de inclusão dos artigos foram estabelecidos da seguinte maneira: artigo de pesquisa publicado em periódicos indexados em bases de dados e ter sido publicado no periódico de 2006 a 2016 e estudos descritivos e tecnológicos.
Os descritores como indexadores da busca registrados no MEDLINE foram: smarthphone infectious, smarthphone microbiology, smarthphone disease.
Foram consultadas as bases de dados informatizadas: MEDLINE e LILACs.
Durante a coleta e análise dos artigos foram selecionados 6 artigos. Foram excluídos os artigos que na leitura do resumo não apresentavam relação com a problemática do estudo.
Para síntese e análise do material foram realizados os seguintes procedimentos: leitura informativa ou exploratória, que constitui na leitura do material para saber do que se tratavam os artigos; leitura seletiva, que se preocupou com a descrição e seleção do material quanto a sua relevância para o estudo; leitura crítica e reflexiva que buscou por meio dos dados a construção dos resultados encontrados.
Resultados
Na Tabela 1 seguem os resultados encontrados nos estudos levantados para realizar esta revisão.
Tabela 1 – Artigos localizados nas bases de dados MEDLINE (2006-2016), sobre aplicativos e
softwares desenvolvidos para o auxílio ao diagnóstico médico.
Título do
Artigo/Referência Objetivo Resultados
Electronic tools for infectious diseases and microbiology (1)
Fornecer uma visão geral de como as ferramentas eletrônicas podem impactar no tratamento de doenças
infecciosas, enquanto proporciona ligações e
recursos para permitir aos usuários a maximizar a sua eficiência no
acesso a este tipo de informação.
Uso de ferramentas eletrônicas para ajudar o clínico na tomada de decisão, tem crescido exponencialmente tanto em
aplicativos quanto em páginas na web.
Development of ClickClinica: a novel smartphone application to generate
real-time global disease surveillance and clinical
practice data (2)
Avaliação de um aplicativo de notificações de doenças para
smartphone
Novos estudos paralelos são necessários para avaliar a utilidade clínica e epidemiológica da doença de novela aplicações de vigilância, tais como este,
com comparações diretas feitas nos dados recolhidos através de rotas de
vigilância de rotina. Attitudes and Behaviours to
Antimicrobial Prescribing following
Introduction of a Smartphone App (3)
Disponibilizar para o corpo clínico um guia antimicrobiano através de
aplicativo para smartphone
O uso do aplicativo pelos clínicos foi favorável, porém devem ser realizados novos estudos para avaliar a importância e influência que o aplicativo pode ter sob
a decisão médica. Infectious Diseases
Resources for the iPhone (4)
Fornecer uma visão geral de algumas das diversas doenças
infecciosas orientadas para o usuário iPhone / iPod touch.
Aumento no número de aplicativos médicos para iOS vem crescendo e ganhando força e estreitando relação com outros tipos de dispositivos médicos. Practicing Medicine in a
Technological Age: Using Smartphones in Clinical
Practice (5)
Fornecer uma visão geral das plataformas disponíveis atualmente que compõem os dispositivos smartphone e do software médico
disponível.
Cada
plataforma tem suas vantagens e desvantagens, e software disponíveis variam de acordo com dispositivo e está
em constante fluxo. O poder do Smartphone irá fornecer a capacidade
potencial para melhorar médico eficiência. Para que isso aconteça, os
médicos devem estar dispostos para aceitar a nova tecnologia, abraçá-lo
e personalizá-lo para satisfazer as suas necessidades. Rapid infectious diseases
diagnostics using Smartphones (6)
Analisar a importância e as implicações de um artigo publicado
na revista Science Translational Medicine sobre o desenvolvimento
de um smartphone potência e controladas pelo ensaio imunológico
multiplex que testa para HIV e sífilis em simultâneo
Áreas mais carentes devem ter acesso também à tecnologia de diagnóstico
rápido de controles de doenças
Discussão
A capacidade de acessar recomendações oportunas e literatura clínica permite o melhor tratamento ou opções de diagnóstico a ser fornecido aos pacientes. A natureza dinâmica da informação eletrônica, em comparação com textos impressos
estáticos, faz uso de ferramentas eletrônicas cada vez mais essenciais na medicina moderna. Já não são longas caminhadas para a biblioteca, ou cavar através de pilhas de jornais ou livros de texto médico necessário. As informações estão disponíveis na ponta dos dedos e pode ser acessível em seu bolso, mesmo quando fora para jantar com os amigos. No entanto, a tecnologia tem suas desvantagens (1).
Em estudo realizado por Panesar et al. (2016) foram analisados questionários com médicos antes e após o uso do aplicativo MicroGuide, que fornece um guia de antimicrobianos para auxiliar o clínico na tomada de decisão da melhor terapia para o paciente. O aplicativo do smartphone foi usado com mais freqüência do que o guia de bolso antes utilizado (p <0,01) associado com sentimentos que o app era útil, fácil de navegar e seu conteúdo relevante. Usuários que usaram o aplicativo com mais freqüência foram mais propensos a concordar que o app os encorajou a desafiar a prescrição inadequada por seus colegas (P = 0,001) e estavam mais conscientes da importância da gestão antimicrobiana (P = 0,005). O uso reduzido do app foi associado com médicos sêniors que ainda desconfiavam que o app traria informações de acordo com os guias antimicrobianos recomendados por sociedades médicas. O estudo concluiu uma evidência mais direta de que o app desafia padrões de prescrição estabelecidos, bem como ajuda a uma maior exploração das barreiras ao uso de aplicativos, tanto a nível individual como institucional (3).
No entanto, embora esta abordagem utilize grandes conjuntos de dados, os quais são necessários para gerar tais modelos, a veracidade os dados são menos robustos do que o apresentado pelos clínicos. A tecnologia médica, tais como 'Apps' para smartphones estão a revolucionar a forma como os médicos praticar a medicina, crescente divulgação da investigação e fazendo clínica orientações mais amplamente disponível. No entanto, a maioria dos Apps tenha apenas suporte de tráfego unidirecional de informações (Por exemplo, simplesmente divulgação de orientações ou acompanhamento de parâmetros de saúde de um indivíduo, tais como a pressão arterial gravações e retransmissão esta informação para a sua indivíduo médico) (2).
A curva de aprendizado em se familiarizar com os recursos leva tempo e energia. Os usuários não se tornam fluentes com os recursos disponíveis depois de
apenas algumas horas. Esta exigência de tempo muitas vezes leva à frustração e à tentação de "fazê-lo à moda antiga". O investimento financeiro para a compra de livros ou programas on-line pode ser significativo, assim como o custo de manter um computador ou um smatphone. Mas o potencial de tempo economizado utilizando essas referências vale a pena (1).
O campo do diagnóstico de doenças infecciosas está em um momento potencial de divisor de águas, com os componentes essenciais para o desenvolvimento de ensaios diagnósticos cada vez mais disponíveis e acessíveis, o que está levando a abordagens criativas e inovadoras para o desenvolvimento de point-of-care (POC) com ferramentas de diagnóstico para doenças, principalmente para populações de baixa renda (6).
É um momento dinâmico para smartphones, com novos dispositivos sendo lançados a cada mês. Como os desenvolvedores continuam a produzir dispositivos melhores e mais rápidos, o poder do smartphone irá fornecer a capacidade potencial para melhorar a eficiência do médico. Para que isso aconteça, os médicos devem estar dispostos a aceitar a nova tecnologia, abraçá-la e personalizá-la para atender às suas necessidades (5).
Apesar das vantagens teóricas, a aceitação e o impacto dos aplicativos de smartphones sobre o comportamento de prescrição não foi estudado em detalhes na maioria dos estudos levantados.
Conclusões
A utilização dos aplicativos para smathphones na área de cuidado ao paciente é uma realidade que vem crescendo exponencialmente e que tem dado suporte principalmente aos clínicos em situações a beira do leito do paciente.
Entretanto, deveriam ter regulamentações para o abastecimento e uso dessa tecnologia, pois nos aplicativos pesquisados a maioria pode ser utilizada sem nenhum acesso restritivo ao conteúdo por pessoas leigas, o que pode gerar uma auto avaliação do estado de saúde sem a ajuda de um clínico causando interpretações errôneas de uma patologia até mesmo gerando sequelas de um não tratamento adequado.
Referências
1. Burdette SD. Electronic tools for infectious diseases and microbiology. Can J Infect Dis Med Microbiol. 2007 Nov; 18(6): 347–352
2. Michael BD, Geleta D. Development of ClickClinica: a novel smartphone application to generate real-time global disease surveillance and clinical practice data. BMC Medical Informatics and Decision Making. 2013; 13(70): 1-9
3. Panesar P, Jones A, Aldous A, Kranzer K, Halpin E, Fifer H, Macrae B, Curtis C, Pollara G. Attitudes and behaviours to antimicrobial prescribing following introduction of a smartphone App. PLoS One. 2016 Apr 25; 11(4):1-9.
4. Richard L. Oehler RL, Smith K, Toney JF. Infectious diseases resources for the iPhone. Clin Infect Dis. 2010;50(9)
5. Burdette SD, Herchline TE, Oehler R. Practicing medicine in a technological age:using smartphones in clinical practice. Clin Infect Dis. 2008; 47(1): 117-122.
6. Bates M, Zumla A. Rapid infectious diseases diagnostics using smartphones. Ann Transl Med. 2015;3(15):215