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ANÁLISE DE CUSTOS EM SAÚDE

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Academic year: 2021

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ADMINSTRAÇÂO DE SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE

ANÁLISE DE CUSTOS EM SAÚDE

Trabalho submetido à avaliação da disciplina de Custos em Saúde, sob orientação da Professora Neusa Sica Rocha.

CARLOS ALBERTO MELOTTO

MARIZE DO SOCORRO VULCÃO LEÃO

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INTRODUÇÃO

O Brasil, assim como a maioria dos países, tem problemas em fornecer a assistência à saúde para sua população, pois é cada vez maior a demanda por serviços de saúde, em contrapartida, os recursos não acompanham essa realidade, o que torna a responsabilidade do gestor de saúde cada vez maior, visto que, ele deve elencar prioridades e buscar estratégias para melhor aplicação dos recursos.

A análise econômica pode fornecer informações que ajudem os administradores a comparar alternativas e decidir qual o procedimento é viável, nesse trabalho iremos nos deter na avaliação do Efetividade e do Custo-Utilidade dos procedimentos, usando como dado à revisão de literatura de artigos que tratam da avaliação de custo no tratamento de aborto incompletos administrados nos hospitais do Sistema Único de Saúde.

A análise de Custo-Efetividade serve para verificar qual estratégia é mais efetiva, ou seja, eficiente e eficaz para se atingir vários objetivos (UGÁ apud REYNOLDS e GASPARI, 1986), comparando custos por unidade de desfecho para cada intervenção comparada. Essa avaliação pode nos mostrar alternativas para maximizar a obtenção do objetivo dentro de um orçamento mínimo(COSTA, 2001). Por exemplo, deve um novo procedimento ser usado no tratamento de aborto incompleto ou deve ser mantido o procedimento tradicional? No entanto, mesmo que existam evidências, torna-se necessário que elas sejam relevantes para o contexto no qual uma avaliação dos procedimentos estão sendo executados. Por exemplo, a equipe de saúde está preparada para executar o novo tratamento com a mesma habilidade e experiência do usual (COSTA 2001, apud ROBINSON 1993).

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termos de uma simples unidade de medida, expressa em termos de duração e qualidade de sobrevivência obtida pelo diversos tipo de intervenção médica. Geralmente denominados anos de vida ajustados para qualidade (QALY’s)

(UGÁ 1996). O QALY se refere ao nível subjetivo de bem-estar que as pessoas experimentam em diferentes estados de saúde (COSTA 20001, apud ROBINSON 1993).

A unidade do Custo-Efetividade é a própria unidade de produção dos serviços a serem avaliados, sendo um dado fácil obtenção, já a unidade do Custo-Utilidade requer a elaboração prévia de estudos específicos para identificar a qualidade de QALY’s correspondente a cada tratamento (UGÁ

1996).

O presente trabalho tem como objetivo uma avaliação comparativa dos procedimentos aspiração manual a vácuo (AMV) e dilatação e curetagem (D&C), enfocando o Custo-Efetividade e o Custo-Utilidade nos tratamentos de aborto incompleto administrados em hospitais no Sistema Único de Saúde.

1. A DIMENSÃO DO PROBLEMA

O abortamento, por atingir grande parcela da população feminina na sua faixa etária mais produtiva, é considerado um problema de saúde pública mundial. Essa intercorrência da gestação, nos países subdesenvolvidos se torna mais grave por ser muitas vezes praticado de forma ilícita (HOANDA, et

al 1997).

No Brasil é permitido o aborto, segundo o Código Penal, em duas circunstâncias, quando a concepção ocorreu a partir de estupro e quando for para salvar a vida da mulher. Entretanto, estima-se que são realizados de 300.000 a 03 milhões de abortamento ilegais, no Brasil, determinando mais de

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200 mortes por ano (HOLANDA, et al 1997).

Estudos afirmam que o abortamento está entre as mais freqüentes causas de mortalidade materna nos países subdesenvolvidos e representa uma das principais causas de internação hospitalar, utilizando com isso uma soma considerável do recurso público. Essa situação salienta a necessidade de se rever às estratégias do planejamento familiar (FONSECA, et al 2003).

1.METOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal de caso que utiliza dados secundários de revisão bibliográfica de dois artigos. Estes se baseiam na avaliação econômica dos custos nos procedimentos de dilatação e curetagem (D&C) e de aspiração manual a vácuo (AMV), realizados no tratamento do aborto incompleto no primeiro trimestre de gestação nos hospitais da rede pública de saúde. E dados do Ministério da Saúde, referentes ao valores dos procedimentos D&C e AMV.

Os estudos foram realizados respectivamente em Fortaleza, capital do Maranhão e em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Os dois estudos utilizaram métodos diferentes.

O estudo de Fortaleza teve o seu enfoque no Custo-Efetividade, usando a técnica de avaliação rápida, utilizada para identificar fatores que contribuem na qualidade, na eficiência e no custo do tratamento do aborto incompleto, admitidos na maternidade da capital no período de dois meses, de dezembro de 1995 a janeiro de 1996. Foram selecionadas randomicamente trinta mulheres separadas em dois grupos de quinze. Essa amostra, segundo recentes estudos realizados no Kênia, no México e em Blangladesh, é considerada suficiente para esse tipo de avaliação (FONSECA, et al 1997).

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Foi Utilizado métodos qualitativo e quantitativo de pesquisa, as mulheres escolhidas foram observados e acompanhadas desde a admissão ao serviço de emergência até o término do procedimento cirúrgico com D&C ou AMV. A coleta dos dados referentes à alta hospitalar foi obtida através dos prontuários médicos e as outra informações como, tempo dispendido no procedimento médico, custo de drogas empregadas no tratamento, incluindo analgia e sedação, assim como na estimativa parcial do custo com cada paciente, durante a hospitalização, foi utilizado um formulário estruturado. Na análise dos dados foi utilizado o programa Epi-Info versão 6.0 (FONSECA, et al 1997).

O estudo de Natal teve o seu enfoque no Custo-Utilidade, ou seja, comparou os procedimentos quanto à sensação de bem-estar das pacientes. As variáveis analisadas foram: controle da dor, necessidade de dilatação cervical mecânica, tempo de esvaziamento uterino, incidência de complicações e permanência hospitalar. Foram incluídas 102 mulheres, as quais submeteram-se aleatoriamente à D&C ou a AMV. No período de janeiro a julho de 2001. As pacientes foram reavaliadas clinico-ecograficamente entre 7 e 10

dias após os procedimentos. Para análise estatística foi utilizado o teste

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(HOLANDA, et al 2001).

2. IDENTIFICAÇÃO DAS ALTERNATIVAS

Nos hospitais público que foram realizadas as pesquisas, assim como a maioria dos hospitais públicos dos outros Estados, o método usado para o tratamento cirúrgico do aborto incompleto é a dilatação e curetagem (D&C), já o uso da aspiração a vácuo (AMV) está restrita a clínicas e hospitais privados, salvo exceções.

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Número de Hospitais ou Clínicas, em cada Estado, que fazem AMV

Fonte: ipas. 2003.

O tratamento tradicional para aborto incompleto é a curetagem, que consiste no esvaziamento uterino, com ou sem dilatação cervical mecânica, através da raspagem da cavidade endometrial, por meio de curetas e apreensão e retirada do conteúdo ovular, sob efeito de anestesia, requerendo o internamento das pacientes por várias horas. Entres os riscos desse procedimento estão os inerentes a anestesias e ao esvaziamento uterino e a exposição das pacientes sob permanência prolongada a infecção. Estes podem contribuir para o acréscimo da mortalidade materna (HOLANDA, et al 2003).

Como alternativa para o tratamento de abortos incompletos, existe aspiração a vácuo. Esse procedimento consiste na retirada do conteúdo uterino por sucção, mediante transferência de vácuo produzido em seringa de 60mL, através de cânula inserida na cavidade endometrial. Esse procedimento

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apresenta vantagem no tratamento do aborto incompleto, como a primazia de utilizar instrumentos de fácil manuseio, técnica simplificada, satisfação e aceitabilidade do método pelas pacientes e profissionais, também, o uso de analgésico local em substituição ao analgésico geral, diminuição da permanência hospitalar e conseqüentemente a redução da mortalidade materna (HOLANDA, et al 2003).

A AMV foi regulamentado no Brasil através da Portaria nº. 569 de 1º de junho de 2000 do Ministério da Saúde (MS), como um procedimento mais humanizado e eficaz para o tratamento de aborto incompleto. E pela Portaria nº. 48 de 13 de agosto de 2001 do MS para a Inclusão do reembolso pelo SUS, sob a alegação de que o procedimento tem o menor tempo de intervenção e menor risco para as pacientes.

Existem evidências, comprovadas através de pesquisa em países desenvolvidos, que a aspiração a vácuo é mais eficaz, mais segura e de menor custo se comparada à D&C, chegando a uma redução de 50% no custo médio do tratamento e da hotelaria, em pacientes com aborto incompleto (FONSECA,

et al 1996, apud JOHNSON, et al 1993).

4. RESULTADOS

4.1Quantificação dos custos de tratamento

D&C AMV Salários (em reais*) 3,55 4,13 Drogas, instrumentos e outros

materiais (em reais*).

13,15 5,81

Total 16,7 9,94

Tabela 01: Fortaleza 1996.

*o valor da unidade Real foi estimado com base no Dólar vigente na época (US$ 1.00 = R$ 1,00).

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4.2 Quantificação do tempo do procedimento

Gráfico 01: Fortaleza 1996.

4.3 Variáveis do Custo-Utilidade

Gráfico 02: Natal 2001.

a) Dilatação Cervical Mecânica

Dilatação AMV Curetagem uterina

N % N % Sim 4 7,8 6 11,8 Não 47 92,2 45 88,2 Total 51 100 51 100 Tabela 02: Natal 2001. 10,1 1,2 8,5 3,6 0,4 36,5

Tempo médio de permanência no hospital (horas)

Tempo médio de espera da paciente para a realização

(horas)

Tempo médio para realização do procedimento (horas)

D&C AMV

Controle da dor em pacientes com abortamento

100% 23,50% 3,9% 64,70% 7,80% Anestesia geral Bloqueio paracervical + analgésico Analgésico Bloqueio paracervical Sem medicação

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b)Tempo de esvaziamento do útero: não houve evidências significativas.(p=0,611).

c)Incidência de complicações: não demonstrou significância estatística.(p=0,926).

d)Permanência hospitalar: demonstrou relevância estatística.(p=0,000002). Já que 45,1% das pacientes submetidas AMV e apenas 2% das tratadas mediante a curetagem estiveram internadas por período menor ou igual à uma hora.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados, tanto de Natal, quanto de Fortaleza demonstraram que, no que tange ao Custo-Efetividade, o uso da aspiração manual a vácuo, diminui o tempo médio de permanência hospitalar, em 77%, com isso existe uma sensível economia de gastos no tratamento do aborto incompleto. Outra vantagem foi é a desnecessidade do uso da anestesia geral nas pacientes submetidas a AMV. Esses ganhos são apropriados para serviços de menor complexidade e onde os recursos são mais escassos. Dessa forma, proporciona aos gestores melhorar a resolutividade do serviço e diminuir os riscos para as usuárias.

Em relação ao Custo-Utilidade foi observado que no estudo de Natal as pacientes as quais foram submetidas a AMV tiveram melhor aceitação do procedimento quando comparado com a dilatação e curetagem, pois aquele foi realizado em menor tempo em relação a este. Estudos envolvendo médicos experientes e residentes observaram que o tempo de operação e sensação dolorosa durante a dilatação mecânica na AMV são inversamente proporcionais à experiência do cirurgião (HOLANDA, et al 1991).

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6 .CONCLUSÃO

A realização do estudo de avaliação econômica para a saúde tem como objetivo ajudar os administradores a compararem as alternativas para decidir qual delas é mais viável.

Como já mencionamos, a demanda pelo serviço de saúde pós-aborto é grande e em contrapartida os recursos não acompanham essa realidade, ocasionado sérios problemas, como a mortalidade materna.

O tratamento tradicional para aborto incompleto é a curetagem, como alternativa para o tratamento de abortos incompletos, existe aspiração a vácuo. Esse procedimento apresenta vantagem no tratamento do aborto incompleto, como a primazia de utilizar instrumentos de fácil manuseio, técnica simplificada, satisfação e aceitabilidade do método pelas pacientes e profissionais, também, o uso de analgésico local em substituição ao analgésico geral, diminuição da permanência hospitalar e conseqüentemente a redução da mortalidade materna (HOLANDA, et al 2003).

Segundo a tabela do SUS o custo do procedimento C&D e AMV são respectivamente 129,73 e 124,83.

Tomando como base os resultados dos artigos e os dados disponíveis na tabela do SUS, podemos concluir que o uso do AMV revelou-se economicamente favorável, desde que se tenha em conta à globalidade do tratamento (tempo de espera, tempo do procedimento, tempo da recuperação; custo de drogas, materiais, funcionários e satisfação e bem-estar das pacientes).

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REFERÊNCIA

COSTA, Juvenal Soares Dias da. Análise de custos ambulatoriais em saúde em saúde: um estudo de base populacional no sul do Brasil/Juvenal Soares Dias da Costa-Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 123p.

FONSECA, Walter, Misago, Chizuru, Fernades, Lucília et al. Uso da aspiração a vácuo na redução do custo e duração de internamento por aborto

incompleto em Fortaleza, CE, Brasil. Ver. Saúde Pública. [online]. Out.1997, vol, 31, nº. 5, [citado 17 setembro 2003], p.472-478. Disponível na world wide web: <http:// www.scielo.br/scielo.php?

script=sci_arttext&pid=S0034-89101997000600005&Ing=pt&nrm=isso>.ISSN 0034-8910.

HOLANDA, Antônio Arildo Reginaldo de. FREIRE, Helaine Pompéia, Santos, Davi dos et al. Tratamento do aborto do primeiro trimestre da gestação:

curetagem versus aspiração manual a vácuo. Ver. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. maio 2003, vol.25, nº. 4

http://www.scielo.br/scielo.php?scrip=sci_arttext&pid=SO100-72032003000400008&Ing=pt&nrm=isso. ISSN 0100-7203.

PIOLA, S. & VIANNA, S. Economia da Saúde: conceitos e contribuições para a gestão em saúde, Brasília: IPEA, 1995.Capítulo 9.

Referências

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