Uma perspectiva sobre a Inserção do Brasil
no Comércio Internacional: Cadeias Globais
de Valor e Acordos Regionais
(IBÁ, Dezembro 2016)
Prof. Lucas Ferraz
Professor da Escola de Economia de São Paulo – EESP/FGV Centro de Estudos do Comércio Global e Investimento da FGV
Dezembro/2016
Dezembro/2016
Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
SUMÁRIO
1. Sobre a evolução do comércio internacional nas últimas
décadas;
2. A inserção do Brasil no novo contexto do comércio
internacional;
3. Algumas alavancas para o comércio Internacional do Brasil e
sugestões de política;
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1. Após 8 rodadas de comércio no âmbito da OMC e a recente explosão de PTAs, as
tarifas de importação foram reduzidas de forma significativa, particularmente nos países desenvolvidos... (Kee et al, 2009)
2. Ao mesmo tempo que as tarifas de importação eram eliminadas, a evidência empírica sugere que novas barreiras regulatórias, como TBT’s e SPS’s, passaram a ser criadas, principalmente em países desenvolvidos…
4 Source: Kee et al (2009)
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3. Não surpreende, pois, que a “Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP)”, em negociação entre os USA e a EU28, assim como o TPP, esteja muito mais concentrada na negociação de BNTs que Tarifas;
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4. Atualmente, 50% do comércio mundial é realizado em 274 acordos regionais. Se considerado a TPP, esta fração pode subir para 60% do comércio mundial...
(foram cerca de 400 novas notificações nos últimos 25 anos...)
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5. Cerca de 2/3 das exportações globais corresponde a bens intermediários, refletindo a fragmentação da atividade produtiva e o surgimento das cadeias globais e regionais de valor...
Fonte: WIOD 62.1% 62.2% 62.7% 63.0% 64.4% 65.3% 66.1% 66.2% 67.1% 66.8% 1995 1996 1997 2000 2004 2005 2006 2007 2008 2011
6. “Na era das CGV, o que se vende não corresponde ao que se ganha…”
Source: WIOD-2011 (2011) 52,20% 59,10% 63,00% 77,90% 81,50% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Taiwan Coréia do SulChina India Japão
52,90% 53,80% 69,40% 70,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Rep. Tcheca Hungria Alemanha França
51,60% 78,40% 79,0% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Mexico Canada EUA
No Brasil, para cada dólar exportado, 87 cents corresponde ao valor adicionado doméstico (pagamento de fatores de produção locais)....
Centre for Global Trade and Investment (CGTI) Dezembro/2016 8
7. O novo padrão de especialização do comércio internacional...
9
Parcela dos trabalhadores envolvidos direta e indiretamente com a produção Manufatureira
Distribuição setorial dos trabalhadores nas cadeias de manufaturados
Variação no número de trabalhadores envolvidos com a atividade manufatureira
1995-2008 (%) País/Região 1995 2010 Agricultura (% total) Manufaturas (% total) Serviços
(% total) Agricultura Manufaturas Serviços Total
Euro Oeste 24.40 20.40 5.60 49.90 44.50 -35.30 -12.90 21.40 -2.50 Euro Leste 31.20 28.20 17.30 53.80 28.90 -34.30 -3.50 18.70 -6.10 USA 16.04 11.12 6.77 52.38 40.85 -22.43 -26.24 -14.17 -21.47 Japan 22.6 19.4 10.64 53.18 36.19 -37.96 -25.53 3.47 -19.04 Canada 20.80 16.00 5.64 41.00 53.36 -39.52 -10.69 15.00 -1.60 South Korea 29.7 22.8 12.18 49.2 38.62 -41.67 -21.74 33.77 -11.20 Taiwan 30.90 29.90 3.73 62.48 33.79 -64.31 9.12 22.25 4.89 Mexico 30.3 24.4 23.18 50.43 26.38 -12.42 29.7 53.76 21.19 China 31.73 33.35 46.96 33.89 19.15 8.95 30.58 31.90 19.65 India 27.92 27.27 45.85 33.19 20.96 3.80 35.10 36.10 18.85 Brazil 29.6 28.7 30.18 34.31 35.51 -7.79 34.81 72.19 26.9
1. Importância dos empregos relacionados à manufatura vem perdendo importância no total da mão de obra empregada no mundo, à
exceção da China, e com maior velocidade nos países desenvolvidos... (col. 2 e 3)
2. Cerca de 50% dos empregos envolvidos com a atividade manufatureira, no mundo, estão fora da indústria. Para o Brasil, cerca de
65% dos empregos estão fora da indústria de transformação... (col. 4 e 6) (importância das políticas horizontais)
1. Empregos diretos, na indústria de transformação, vem perdendo importância relativa nas cadeias de manufaturados dos países
desenvolvidos...(col.8)
2. Evidência sugere que a produção de manufaturas está se tornando mais intensiva em serviços, particularmente nos países
desenvolvidos...(col. 6,7 e 8) ( também no Brasil)
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8. Em que pese a recente explosão das CGV, o comércio tem crescido mais lentamente nos últimos anos. A elasticidade renda do comércio mundial, que já foi maior que 2, hoje está
próxima de 1. Contudo, não há qualquer evidência significativa de reversão da fragmentação…
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2. A inserção do Brasil no novo contexto
do comércio internacional
No Brasil, pouco ativismo comercial...
• Nos últimos 25 anos, o Mercosul foi o único APC significativo formalizado pelas autoridades Brasileiras;
• Na última década, o foco da política comercial brasileira foi claramente redirecionado para a formalização de poucos APCs com países pobres ou em desenvolvimento, tais como Egito, Marrocos, Peru e India…
• Recentemente, governo retomou tratativas concretas com México e UE…
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9. A despeito do aumento do comércio Bilateral entre Brasil e Argentina, o Mercosul não serviu como alavanca para o aumentar a participação de ambos os países no comércio global…
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1,65% 0,51% 1,51% 0,50% Brazil Argentina 1991 2012
9. O dado mais atual mostra uma participação ainda menor para o Brasil….
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Ranking dos maiores exportadores e importadores de mercadorias no
mundo (OMC, 2015)
10. Enquanto a partipação de manufaturados nas exportações Brasileiras para Argentina aumentou, a mesma proporção caiu para destinos onde os mercados são mais competitivos…
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11. Enquanto as exportações de manufaturados mundiais são crescentemente
“made in the world”, com alto conteúdo importado, ainda é predominante no país
a exportação de produtos “made in Brazil”...
Fonte: WIOD 42% 37% 37% 35% 35% 33% 32% 28% 27% 27% 26% 25% 24%24% 22% 19% 16% 11% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Irlan da Hung ria Bélg ica Méx ico Repú blica Chec a Mal ta Chin a Hola nda Lituâ nia Taiw an Eslo váqu ia Coré ia Bulg aria Luxe mbu rgo Eslo veni a Suéc ia Chip re Áust ria Estô nia Dina mar ca Polô nia Espa nha Finl ândi a Gréc ia Port ugalRoW Letô nia Fran ça Índi a Cana dá Grã Bret anhaItália Alem anha Rom ênia Turq uia Aust rália EUA Indo nésiaJapã o Bras il Rúss ia
Valor adicionado Importado nas exportações de Manufaturados
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12. Em um mundo onde a participação de insumos importados na produção local é
fator fundamental para garantia da competitividade, predominam no Brasil a
produção e consumo de insumos domésticos...
Fonte: WIOD
Participação de insumos domésticos no total consumido pela indústria local (%)
13. Temos uma cadeia regional de valor no Mercosul?
Source: GTAP (2011) data base
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Value Chain in Mercosur
Brazil exports to: Argentina
Argentina 77,2%
Brazil 5,5%
Uruguay 0,4%
Paraguay 0,3%
Value Chain in Mercosur (2007)
Argentina exports to: Brazil
Brazil 83,0%
Argentina 2,0%
Paraguay 0,2%
14. Outros exemplos de cadeias regionais e globais pelo mundo….
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Value Chain Europe
Germany exports to: Czech Republic
Czech Republic 51,8%
Germany 11,5%
UK 3,4%
France 3,3%
Value Chain in NAFTA
USA exports to Mexico Mexico 75,1% USA 18,2% Canada 1,0% Germany 0,6%
Transpacific Value Chain
KOREA exports to: China
China 62,4%
USA 11,2%
Japan 3,3%
Germany 2,4%
Como consequência do relativo isolamento...
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Não é possível exportar mais, sem importar mais...
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3. As consequências para a indústria
Brasileira e o desafio da produtividade
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15. O isolamento comercial do Brasil parece haver cobrado seu preço já a partir do final dos anos 70, com o fim do ciclo de transformação estrutural da economia Brasileira e o início das reformas liberalizantes na China....
Fonte: WIOD 10% 11% 12% 13% 14% 15% 16% 17% 18% 19% 20% 21% 22% 19 4 7 19 4 9 19 5 1 19 5 3 19 5 5 19 5 7 19 5 9 19 6 1 19 6 3 19 6 5 19 6 7 19 6 9 19 7 1 19 7 3 19 7 5 19 7 7 19 7 9 19 8 1 19 8 3 19 8 5 19 8 7 19 8 9 19 9 1 19 9 3 19 9 5 19 9 7 19 9 9 20 0 1 20 0 3 20 0 5 20 0 7 20 0 9 20 1 1 20 1 3 VA IND/VA PIB pr de 2010 Início da abertura comercial na China Período de transformação estrutural com altas taxas de crescimento do
PIB e com ganhos de produ vidade
Período de perda de par cipação da indústria
e aumento do setor de serviços, com baixas taxas de crescimento e
declínio de produ vidade
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16. A partir da década de 80, perda de participação da indústria no PIB é fenômeno
mundial, a exceção da Ásia, resultante do novo padrão de comércio mundial
impulsionado pelas CGV…
• Entre 1980 e 2010, a participação da indústria no PIB:
– Decresce
de 21% para 15% na América Latina;
– Decresce
de 23% para 14% nos países da OCDE;
– Decresce
de 25% para 15% nos países da Europa Central;
– Decresce
de 14% para 10% na África;
– Cresce
de 23% para 28% na Ásia;
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17. Com baixa inserção internacional, economia do Brasil sofre impactos
negativos decorrentes do novo padrão de comércio imposto pela crescente
fragmentação da produção mundial…
• Países integrados às cadeias globais e regionais passam a terceirizar sua
produção manufatureira para a Ásia, deslocando parcela significativa de
sua mão-de-obra local para serviços intermediários de alto valor
agregado, conectados à atividade manufatureira “offshore”;
• Isolada das cadeias globais de valor e de acordos comerciais com
outros países, a indústria brasileira perde competitividade internacional
e abre espaço para que economia também se especialize em serviços.
Estes, porém, voltados para o consumo final e de baixo valor
agregado....
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18. Mesmo com uma maior especialização em Serviços, produtividade do trabalho
para as economias mais integradas às CGV continua a crescer, mas tem crescimento
negativo para o Brasil…
4,4% 3,7% 1,5% 1,3% 1,2% 1,0% -0,6% -1,0% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0%
Coréia do Sul India EUA Japão Europa
Ocidental
Mundo Brasil
Crescimento médio anual da produtividade do trabalho (1980-2009)
19. Países mais produtivos em serviços também tendem a impor barreiras
regulatórias menos restritivas ao comércio internacional do setor….
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Fonte: Peterson Institute, 2010
68.1 55.5 50.6 44.3 44.1 43.9 25.0 16.8 16.1 15.4 10.4 10.4 6.7 6.0 4.4 3.4 0.0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Paq uist ão Bra sil Per u Méx ico Tailâ ndia Turq uia Cor éia Japã o Aus trál ia Can adá Isra el Hon g K ong U. E urop éia EU A N. Z elân dia Sui ça Nor uega
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4. Construindo uma nova agenda para
integração da indústria às cadeias globais
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20.
A importância dos Serviços para a competitividade das exportações do Brasil….
17.4 15.2 16.9 17.2 17.7 17.9 17.4 38.6 30.5 30.7 28.4 37.1 31.3 29.7 30.6 29.8 28.8 30.7 31.6 32.3 31.8 48.2 44.0 42.0 43.2 46.0 45.1 44.2 0 10 20 30 40 50 60 1995 2000 2005 2008 2009 2010 2011
Agricultura Ind. Extrativa Ind. Transformação Exportações totais
Fonte: OMC-TIVA (OCDE)
32
21. Sob a ótica do valor adicionado exportado, o Brasil é,
predominantemente, um país exportador de serviços...(US$ Bilhões)
17.6 19.0 38.3 53.7 44.5 51.7 58.8 27.8 29.4 60.1 102.9 85.8 110.7 136.3 0 20 40 60 80 100 120 140 160 1995 2000 2005 2008 2009 2010 2011
Agricultura Ind. Extrativa Ind. Transformação Serviços
Fonte: OMC-TIVA (OCDE), 2015
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0% 20% 40% 60% 80% 100% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 BRASIL
SI OMA REST EXT
0% 20% 40% 60% 80% 100% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 MEXICO
SI OMA REST EXT
0% 20% 40% 60% 80% 100% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 REPÚBLICA TCHECA
SI OMA REST EXT
0% 20% 40% 60% 80% 100% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 ALEMANHA
SI OMA REST EXT
0% 20% 40% 60% 80% 100% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 KOREA
SI OMA REST EXT
Cadeia do setor Têxtil: 1. Parcela significativa da
renda doméstica é gerada fora da indústria de transformação (REST);
2. Parcela de remuneração de fatores no exterior é baixa na cadeia do Brasil (EXT);
34
22. O Brasil detém, apenas, 0.8% das exportações mundiais de serviços, ocupando a 31a posição....(2014)
14.1 6.8 5.5 5.4 4.6 3.3 3.2 3.2 2.8 2.7 2.7 2.4 2.3 2.3 2.2 2.2 2 1.7 1.5 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1.1 1.1 1 1 0.9 0.9 0.8 0 2 4 6 8 10 12 14 16 EU A UK DEU FRA CH N JPN NLD IN D ES P IRL SGP BEL CH E ITA HKG KO R LU X CA N SW E DN K RU S AU T TW N TH A MA U AU S TU R NO R PO L GR C BR A Fonte: WTO (2015) Dezembro/2016 Centre for Global Trade and Investment – EESP-FGV
35
23. O Brasil detém 1.8% das importações mundiais de serviços, ocupando a 17ª posição....(2014) 9.6 8.1 6.9 5.1 4 4 3.5 3 2.7 2.6 2.5 2.4 2.4 2.3 2.2 2 1.8 1.6 1.5 1.4 1.4 1.3 1.3 1.3 1.1 1.1 1.1 1 0.9 0.8 0 2 4 6 8 10 12 EU A CH N DE U FR A JPN UK ND L IRL SGP IND RUS KO R ITA BEL CAN CHE BRA HK G ES P LU X SW E DN K AU S SA U TH A NO R AU T TW N MY S PO L
Fonte: Banco Central do Brasil (BPM6)
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24. O Brasil é relativamente fechado ao comércio
internacional de serviços...
36
O Comércio de serviços também é pequeno, quando considerado o tamanho da economia Brasileira....
Exportações /PIB
Ranking
1.50%
130/140
Importações/PIB
Ranking
2.98%
121/140
Fonte: Banco Central do Brasil (BPM6); GTAP9
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E se o Brasil optasse por aderir ao TISA?
37 0.61% 0.30% 0.80% 2.82% 3.45% 8.00% 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9%PIB Exp. Agricultura Exp. Extra va Exp. Manufaturas
Exp. Totais Exp. Serviços
Fonte: CCGI-FGV, com base no GTAP 8
Acordo estimula exportações de outros setores da economia, que utilizam serviços como insumo...
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A IMPORTÂNCIA DO TEMPO NO COMÉRCIO
INTERNACIONAL
• Entre 1965 e 2004, o comércio global por via aérea cresceu 2,6 mais
rápido que por via marítima, corroborando a importância de entregas
“just in time” para as cadeias de suprimentos internacionais…
• Segundo Djankov (2006), o impacto de um dia de atraso pode significar
cerca de 1% a menos em exportações para um país...
• Literatura empírica aponta que uma cadeia de fornecimento pouco
eficiente é forte barreira para a integração às cadeias globais de valor
(Baldwin,
2013;
Hummels,
2013,
Timer,
2013);
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A IMPORTÂNCIA DO TEMPO NO COMÉRCIO
INTERNACIONAL
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A IMPORTÂNCIA DO TEMPO NO COMÉRCIO
INTERNACIONAL
• Segundo OECD, o Custo dos Atrasos em aduanas variam entre
1,0% a 30% do valor da carga transportada...
• Estimativas do CCGI-FGV apontam para Custos de Atrasos da
ordem de 14,2% para as importações e de 13,04% para as
Equivalente tarifário nas importações, para os atrasos
aduaneiros em um grupo de países…
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33,70% 21,00% 19,40% 14,20% 11,00% 10,10% 6,20% 4,20% 4,10%
Argentina Russia Africa do Sul Brasil Chile México Alemanha EUA Coréia do Sul
Custo dos Atrasos Aduaneiros são mais relevantes que
tarifas de importação….
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33,70% 21,00% 14,20% 10,10% 6,20% 5,70% 4,20% 6,20% 7,50% 7,80% 1,70% 0,60% 1,30% 1,50%
Argentina Russia Brasil México Alemanha Japão EUA
EA Atrasos Tarifas de Importação
Imposto Equivalente nas exportações, para os atrasos
aduaneiros em um grupo de países…
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17,70% 14,29% 13,04% 11,63% 11,30% 10,97% 9,14% 7,45% 7,17% 5,05%
Russia Africa do Sul Brasil Argentina México Índia Japão Alemanha Coréia do Sul
EUA
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Fato relevante para a indústria de
transformação…
• Segundo Hummels et al (2013), cada dia em trânsito custa entre 0,6% e
2,1% do valor da carga comercializada.
• Além disso, a sensibilidade do comércio de partes e componentes ao
tempo é cerca de 60% maior, quando comparada ao comércio de bens
finais…
Equivalente tarifário é maior, para a Indústria de
transformação….
Dezembro/2016
Imposto equivalente para exportações também é maior
para a Indústria de transformação….
Dezembro/2016
Programa Portal Único de Comércio Exterior
(2014-2017)
Exportações: Propõe a redução de 13 para 8 dias no prazo médio
para importações no Brasil;
Importações: Propõe a redução de 17 para 10 dias no prazo
médio para importações no Brasil;
Redução deve ter impacto significativo sobre comércio
internacional de bens industriais, haja vista o viés de custo
observado...
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Economia de Custos em relação ao cenário
base (US$bilhões, 2013)
22,8 23,5 24,1 24,8 25,5 26,3 27,1 27,9 28,7 29,6 30,5 31,4 32,4 33,4 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030Dezembro/2016 CCGI-FGV
Exportações de bens manufaturados são fortemente
beneficiadas com a facilitação do comércio...
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4.3. A importância das barreiras
regulatórias
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11. O número de medidas (TBTs e SPSs) que afetam as exportações brasileiras explodiu nos últimos 20 anos, impactando tanto a margem extensiva, quanto a intensiva do setor
exportador doméstico...
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(CGTI) Dezembro/2016 53
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Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos Carnes e miudezas, comestíveis Aparelhos de óptica Veículos automotores, tratores, partes e acessórios Cereais
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Exportações dentro do Mercosul também sofrem com o impacto das TBTs e SPSs...
“É preciso tornar o Mercosul uma verdadeira zona de livre comércio”
Fonte: CCGI-FGV 0.7 1.5 1.5 1.8 1.9 2.5 3.4 3.6 4.3 5.0 6.3 8.4 8.9 9.6 10.2 11.2 12.6 17.9 20.6 20.9 0 5 10 15 20 25 Fishi ng Oil Gas Whe at Met alpr oduc ts Oil s eeds Min eral prod ucts Woo dpr oduc ts Cere algr ains Man ufac ture s Pape r pro duct s Vege tabl es, f ruits Crop s Food prod ucts Vege tabl es Bovi neCa le Woo l/silk Dairy prod ucts Sugar Mea t pro duct s
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Se a política comercial do Brasil tem por objetivo aumentar a
integração do Brasil às cadeias globais, quais seriam os
parceiros naturais de comércio para o Brasil, com maiores
ganhos potenciais?
Dezembro/2016
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Contribuicão, por origem, dos insumos importados presentes
nas exportações do Brasil
Agriculture Mining Food/Bever/Tobac Textiles Leather/Footwear Wood/Products Paper Coke, Refined Petrol. Chemicals Products Rubber/Plastics Other Non-Metallic Mineral Basic/Fabricated Metal Machinery, Nec Electrical/ Optical Equip. Transport Equip. Manufacturing, Nec; Services 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% CHN E27 JPN KOR NAFTA ROW Note: China, UE and NAFTA respond for more then 50% when it comes to foreign
content in Brazilian exports
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Distribuição setorial das exportações de insumos, com origem
no Brasil, utilizados nas exportações de outros países
Agriculture Mining Food/Bever/Tobac Textiles Leather/Footwear Wood/Products Paper Coke, Refined Petrol. Chemicals Products Rubber/Plastics Other Non-Metallic Mineral Basic/Fabricated Metal Machinery, Nec Electrical/ Optical Equip. Transport Equip. Manufacturing, Nec; Services 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% CHN E27 JPN KOR NAFTA ROW
Note: China, NAFTA and EU respond for more than 60%
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Sobre o comércio com os EUA, UE28 e China….
Fonte: WITS (2014)
Comércio BRA-EUA (%) Comércio BRA-EU28 (%)
22.8 37.3 24.3 5.8 29.4 34.6
Primários Intermediários Bens de Capital Exportação Importação 41.3 35.9 10.6 1.8 35.5 36.6
Primários Intermediários Bens de Capital Exportação Importação 84.3 13.8 1.4 1.2 26.3 48.7
Primários Intermediários Bens de Capital
Exportação Importação Comércio BRA-China (%) 31.76 30.13 23.18 9.48 28.62 34.96
Primários intermediários Bens de Capital Exportação Importação
Comércio BRA-TPP (%)
Impacto estimado sobre o PIB do Brasil em 2030
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US$ bilhões/ano
-9.98
38.3
82.89
TTIP BRA-EUA BRA-UE28
1.3%
2.7%
Ganho acumulado ao longo do período (2016-2030)
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US$ bilhões
-82.46
354
716.85
Impacto estimado sobre a corrente de comércio
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US$ bilhões -73.34 580.27 1115.75 -7.63 53.77 109.45
TTIP BRA-EUA BRA-UE28
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TPP: Impacto (%) sobre o PIB em 2030
(US$, 2015)
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TPP: Ganho acumulado de PIB
(2017-2030)
(US$, 2015)
US$373,14bi
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TPP: Impacto (%) no total comercializado (2030)
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Acordo Brasil-México (2016-2025)
Impacto Anual (%) nas exportações do Brasil
para o México
Impacto Anual (%) nas importações do Brasil provenientes do México 0 0.0 20.1 33.4 41.1 45.5 49.8 49.8 49.8 49.8 49.8 49.7 0 10 20 30 40 50 60 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 0.0 0.0 15.7 25.7 31.4 34.6 37.7 37.7 37.8 37.8 37.8 37.8 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025
Comentários finais
• O efeito “Trump”
• A TPP provavelmente será transformada em uma série de acordos bilaterais. Contudo, arcabouço regulatório permanecerá como referência para novos acordos;
• A TTIP vai para o “fim da fila” das prioridades, dificilmente sairá concluída no governo Trump (janela de oportunidade para o Brasil). A rodada Doha está “morta” (apesar de progressos relevantes com o TFA e o fim dos subsídios às exportações agrícolas);
• Relações com o México ficam abaladas sob o ponto de vista político que econômico. Dada a relevância do México para as empresas americanas, dificilmente ocorrerão mudanças significativas no Nafta; (janela de oportunidade para o Brasil)
• A China poderá ser afetada por medidas recém aprovadas sobre manipulação cambial, além de maior ativismo em defesa comercial;
• De forma geral, exportações do Brasil podem ser afetadas por maior ativismo americano no quesito defesa comercial, a exemplo dos setores de aço e papel;
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• Opções para o Brasil
• Estratégia “autárquica” atual: Insistir na agenda multilateral (OMC) com algum ativismo no comércio Sul-Sul; Ênfase no Mercosul. Consequências: Brasil continuará com baixa participação no comércio internacional, baixa competitividade para suas exportações e indústria continuará a perder participação no PIB do país; Problema “menor” para os setores onde país possui vantagens comparativas (Agrícola/Agronegócio);
• Estratégia free-trader “Chilena”: Liberalização comercial unilateral em paralelo à busca de acordos bilaterais, plurilaterais (TISA, ITA, Bens ambientais, etc..) e multilaterais; Consequências: Aumento da participação no comércio internacional e choque de produtividade sistêmico no médio prazo; Interrupção do processo de desindustrialização no longo prazo. Ajustes no mercado de trabalho e forte oposição de grupos de interesses que perderiam com este processo; Pressão sobre a agenda de redução do custo Brasil;
• Estratégia de abertura negociada: Foco na formalização de acordos de livre comércio com desgravamento tarifário/NTBs entre 10/15 anos, com concomitante agenda de reformas microeconômicas para redução do custo Brasil. Ajuste fiscal poder contribuir para elevação da poupança doméstica com impactos favoráveis sobre o câmbio real. Consequências: Choque de produtividade no longo prazo; Menor oposição de grupos de interesse;
“Perda do bonde”: Prolongamento do atraso tecnológico industrial (Ind. 4.0)
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Obrigado!
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Lucas Ferraz – Lucas.ferraz@fgv.br