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A relação jornalista e fontes no jornalismo Investigativo¹.

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A relação jornalista e fontes no jornalismo Investigativo¹.

M. Karoline Moura Dias²

Resumo

A relação do jornalista com a sua fonte de informação a partir da visão de que as notícias são resultados das diversas interações com agentes sociais, é o tema base deste artigo. Um grande desafio para atividade jornalística é respeitar os limites e manter a ética, procurando sempre utilizar as informações baseadas no valor notícia, e não para o bem próprio e nunca, de forma alguma, beneficiar a fonte de quem se obtém a informação. Portanto, utilizamos os autores, Clóvis Rossi, Clóvis de Barros Filhos, Cleofe Monteiro de Sequeira, Geraldo Sobreira, Victor S. Lopes, Nilson Lage e Leandro Forte.

Palavras-chave.

Jornalismo; Fonte; Jornalismo Investigativo.

FORTALEZA-CE 2016

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¹ Artigo apresentado à disciplina Tópicos Avançados em Jornalismo, ministrada pela professora Maria Juliana Formiga, no semestre 2016.2.

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1. Introdução

Um jornalismo de qualidade não se faz com informações vazadas, mas sim, pela exaustiva busca e apuração dos fatos. A fonte para um jornalista é uma peça fundamental na construção de uma notícia, reportagem ou qualquer que seja o produto jornalístico. Porém, nunca se deve esquecer que, a apuração dos fatos será mais correta quando está dentro das normas estabelecidas pelo Código de Ética do jornalismo.

Quando se fala em jornalismo, logo se associa ao ato da verdade. No artigo 7º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, encontramos que o compromisso do jornalista é, e sempre será com a verdade dos fatos. O que quer dizer que o jornalista tem sempre que ouvir os dois lados da história, para não acabar julgar injustamente um simples acusado.

O que se observa, em algumas reportagens investigativas na televisão brasileira, é que quase sempre os jornalistas se utilizam de artefatos, tidos como “proibidos” dentro do Código de Ética, na luta pela audiência deixando de lado a conduta profissional.

Para a execução deste trabalho, houve a preocupação em ler algumas obras e artigos obre o papel da fonte na atividade jornalística. Como, Teorias do Jornalismo (2001 e 2005), de Nelson Traquina, Ética na Comunicação (1995/2008), de Clóvis de Barros Filhos (atualizada por Sérgio Praça), Jornalismo Investigativo (2005), de Cleofe Monteiro de Sequeira, Manual da Fonte (1993), de Geraldo Sobreira, O que é Jornalismo (2005), de Clóvis Rossi, Iniciação ao jornalismo audiovisual (1982), de Victor S. Lopes, A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística (2001), de Nilson Lage, Jornalismo Investigativo (2005), de Leandro Forte. E, ainda, assisti algumas reportagens investigativas e, li alguns artigos e monografias sobre o assunto. Depois de absorver o referencial teórico, pode-se por em prática á analise do objeto estudado.

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2. O que é jornalismo?

De acordo com o dicionário online da língua portuguesa, jornalismo é uma palavra masculina que significa: atividade profissional que visa coletar, investigar, analisar e transmitir periodicamente ao grande público, ou a segmentos dele, informações da atualidade, utilizando veículos de comunicação (jornal, revista, rádio, televisão etc.) para difundi-las.

Para Traquina (2005, p. 21) é um absurdo que possamos responder à pergunta “O que é o jornalismo?” numa frase, ou até mesmo num livro. “Poder-se-ia dizer que o jornalismo é um conjunto de ‘estórias’, ‘estórias’ da vida, ‘estórias’ das estrelas, ‘estórias’ de triunfos e tragédias.”

Já, Rossi (2005) diz que:

Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é a fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores e ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra... (ROSSI, 2005, p. 7).

Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens.

3. Jornalismo Investigativo.

O jornalismo investigativo é um fazer calcado na apuração dos fatos, na busca pela veracidade a partir de diversas fontes, documentos ou pessoas. O que, de certa forma, pouco difere do jornalismo convencional.

Conforme Heriberto Cardoso Milanês (apud SIQUEIRA, 2005, p. 66), O termo “jornalismo investigativo” já consolidado para definir um tipo de jornalismo que se diferencia dos outros não só com relação ao processo de

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trabalho do jornalista, mas também com relação ao conteúdo das matérias. Para ele, o jornalismo investigativo.

De acordo com Lopes (2002), há três linhas básicas de jornalismo investigativo: produto da iniciativa pessoal, de reportagens especiais ou de assuntos de interesse público que pessoas ou instituições querem manter em segredo. “Jornalismo Investigativo pode ser definido como a busca da verdade oculta ou reportagem em profundidade”. (LOPES, 2003, p.12)

Segundo Fortes (2005, p.10):

O que diferencia o jornalismo investigativo dos demais setores da atividade são as circunstâncias, normalmente mais complexas, dos fatos, sua extensão noticiosa e o tempo de duração que necessariamente, deve ser maior, embora quase sempre exercido sobre pressão. A reportagem de fato, não prescinde de investigação. Mas o jornalismo investigativo é algo mais complexo, trabalhoso, e perigoso. Não se assemelha à rotina natural das redações. Exige talento, tempo, dinheiro, paciência e sorte.

De acordo Sequeira (2005, p.61), o jornalismo investigativo, com sua face fiscalizadora, tornou-se conhecido pela sociedade. “Essa interface com prestação de serviços tem criado, no imaginário dos cidadãos, uma ideia equivocada do jornalismo investigativo: a de que ele ocupa espaços que o estado omisso deixa vazios (...).”

Porém, uma polêmica que se abre em torno do jornalismo investigativo e até onde é permitido ao repórter usar gravador escondido, micro câmeras, passar-se por outra pessoa, arriscar sua vida e, portanto, violar as leis? O processo de investigação impõe as circunstâncias de que o repórter está submetido à intenção da pauta e aos limites que a ética e o bom senso impõe. Segundo Fortes:

Porque sou jornalista e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de qualquer recurso que assegure à sociedade o direito de saber tudo? Posso roubar documentos, mentir, gravar conversas sem autorização, violar leis? Onde está escrito que disponho de tais prerrogativas? Quem me deu imunidade para rasgar códigos que regulam o comportamento das demais pessoas? (FORTES, 2005, p.54)

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A maioria dos jornalistas, segundo Sequeira (2005) é contra a utilização de grampos telefônicos, câmeras escondidas ou gravadores durante as reportagens. Rubens Valente (apud SEQUEIRA, 2005, p.78) também é contra o uso de grampos para a produção de materiais jornalísticos. Percival de Souza (apud SIQUEIRA, 2005, p. 77) considera a estratégia formalmente ilegal e questionável sob qualquer aspecto, tanto jurídico, quanto ético. “Gravar uma informação à revelia da pessoa que está conversando com você informalmente, na base da confiança, em minha opinião é antiético, não é assim que se procede. Eu pessoalmente não uso nem gravador durante 664 as entrevistas, pois acho que o aparelho inibe o entrevistado”. Antonio Carlos Fon (apud SEQUEIRA, 2005), afirma que grampo telefônico é coisa de agente secreto, dedo-duro.

A discussão se estende sobre o jornalismo investigativo, nota-se que, os autores citados concordam com o fato de o é investigativo, porém, o jornalismo investigativo propriamente dito promove a interpretação de uma dada situação de maneira mais aprofundada, devido às informações que o repórter levanta e disponibiliza ao público. Vários autores também concordam que se esconder atrás de uma árvore, se utilizar de artefatos para subtrair do outras provas contra si, é subitamente contra o código de ética.

3.1 Riscos assumidos pelo repórter

O Jornalismo investigativo pode ser praticado em qualquer tipo de mídia, desde que se respeitem as características e recursos de cada suporte de publicação.

No jornalismo de TV, principalmente, há uma verdadeira guerra pela audiência. Assim, resultando uma briga pelos furos de reportagem, fazendo com que o repórter, muitas vezes, ultrapasse os limites estabelecidos pelo Código de Ética dos Jornalistas e, até mesmo, dos Direitos Humanos, para

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ser o primeiro a dar o furo. A segurança é um item que preocupa demais os profissionais da imprensa, particularmente, os jornalistas investigativos.

Um dos casos que me chamou muita atenção foi, em especial, o do jornalista, Tim Lopes1, que foi torturado e morto em 2002, quando realizava matérias para a TV Globo sobre bailes funks carioca, é um exemplo de como reportagens desse tipo podem submeter o jornalista a risco de morte.

Souza (2002, p. 61) entende o assassinato de Tim Lopes é como um aviso para que “os que jornalistas deixem de meter o nariz onde não forem chamados”, e diz ainda que o sacrifício de Tim Lopes em prol de sua reportagem provocou a mistura de situações e circunstâncias que movem o jornalismo investigativo.

O jornalista investigativo tem no risco a sua rotina. Não apenas representado por uma vingança (a morte de Tim Lopes é o exemplo máximo), mas também por uma atribuição de responsabilidade administrativa, civil ou penal. A ampará-lo, além do sigilo de fonte, tem o direito à livre expressão e a garantia de que o veículo de comunicação não sofrerá repressão por qualquer forma (CF, art. 5º, IX e 220). A responsabilizá-lo, o dever de não violar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (CF, art. 5º, X).

3.2 A fonte no jornalismo.

O trabalho jornalístico necessita de observação, e suporte informativo, que se consegue através de pesquisas de campo, e é nessa etapa que a fonte é consultada. As fontes podem ser matérias ou humanas, no caso de fontes humanas, o jornalista lida com personagens que estavam ligadas aos fatos.

Segundo SOBREIRA (1993, P. 17) A fonte é aquela que, com algum poder ou com acesso aos bastidores das decisões, fornece informações aos

1 Tim Lopes começou a trabalhar na Globo como produtor de reportagens do Fantástico em

1996. Ele venceu o Prêmio Esso de Telejornalismo de 2001 pela série Feira das Drogas, exibida no Jornal Nacional. A morte do jornalista abalou o país em 2002. Tim foi morto durante a apuração de uma denúncia de consumo de drogas e exploração de menores em balies funk na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.

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jornalistas. Uma questão crucial enfrentada pelos profissionais durante as rotinas diárias no processo de apuração das informações é a relação jornalista versus fonte.

Entre os estudos dedicados ao assunto, destaca-se o trabalho de Stuart Hall (apud Traquina, 2001, p.93), que apresentou o conceito deprimary definer. Estes “definidores primários de tópicos” seriam os chamados “porta-vozes”, detentores de informação credível. Normalmente, detêm posições institucionalmente privilegiadas, e elevado status social. A teoria estruturalista encara as fontes oficiais como “um bloco unido e uniforme”; os chamados primary definers são vistos como comandantes da ação de construção da notícia

O repórter Percival de Souza (apud SIQUEIRA, 2005, p. 80), acredita que a relação com a fonte de informação tem sido mal enfocada ou distorcida. Ele não concorda com os teóricos no ponto ético que se deve haver um distanciamento entre o profissional e sua fonte. “A impressão que me dá, pelo que tenho lido nos livros, é que há uma espécie de desprezo pela fonte de informação, do tipo: eu sou o autor, você é a fonte. Fique no seu lugar.”

Percival entende que há um equivoco em tal postura, pois nenhum jornalista, no seu dia-a-dia de trabalho, trata a fonte como fonte de informação. Ele, ainda, acredita que deve existir uma empatia entre o repórter e fonte. Para ele, esse tipo de atitude em nenhum momento compromete o jornalista, ou vincula a qualquer fonte de informação.

O repórter Antonio Carlos Fon (apud SIQUEIRA, 2005, p. 83) , diz que “(...) fonte de informação é sagrada. O jornalista vai para a cadeia, mas não entrega a sua fonte”. Para ele, é a partir da relação de confiança que se estabelece com a fonte é que surgem as grandes matérias investigativas.

Fon conta que se tornou amigo de muitas de suas fontes ao longo de sua carreira, mas reconhece que há casos em o jornalista deve estabelecer claramente os limites.

Já o repórter Fernando Rodrigues (apud SIQUEIRA, 2005, p. 84), defende a posição que ele define como “profissional” entre a fonte e o jornalista. É muito importante dizer para a fonte, logo de cara, que é uma

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entrevista. Anotar tudo. Estabelecendo limites de proximidade. (SEQUEIRA, 2005, p.84)

Lage (2001) divide as fontes em pessoais, institucionais e documentais, que podem ser classificadas em oficiais, oficiosas e independentes; primárias e secundarias; e testemunhos e experts. As oficiais são mantidas pelo Estado, por instituições, empresas e organizações; já as oficiosas são aquelas ligadas a uma entidade ou individuo, que no entanto não estão autorizadas a falar no seu nome, o que significa que suas declarações não terão valor e poderão ser desmentidas.

As fontes oficiosas, segundo Lage, são as fontes mais preciosas ao repórter investigativo. Pois elas, geralmente, expressam interesses particulares. A credibilidade é outra questão forte quando se fala de fontes no jornalismo. Uma boa fonte é o sucesso de uma grande reportagem.

4. Código de Ética.

De acordo com SEQUEIRA (2005), O Código de Ética dos Jornalistas, em vigor desde 1987, fixa normas às quais deverá subordina-se a atuação profissional, nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação e entre jornalistas.

Os deveres dos jornalistas estão insertos no artigo 9º do Código de Ética, que determina, entre outros itens, que deverão estar presentes nas ações jornalísticas:

O item F, “combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com o objetivo de controlar a informação”; e o G, “respeitar o direito à privacidade do cidadão”. (SEQUEIRA, 2005, p. 95).

No artigo 11º é um ponto-chave para o repórter investigativo: “O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros”. Esse artigo explica a preocupação que o jornalista tem ao utilizar informações verdadeiras, outra

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vez, à fonte tem que ser confiável. O código é claro, embora esse se constitua num dos pontos éticos mais infringidos pelos profissionais. (SEQUEIRA 2005)

4.1 Conclusão.

Após análise, pode-se concluir que o jornalista investigativo consegue estabelecer uma relação de confiança com a fonte quando age com empatia, quando ele se coloca no lugar da pessoa, demonstrando para sua fonte o entendimento da situação vivenciada. Mas, essa relação não pode de tanta proximidade, nem a fonte pode se beneficiar de nenhuma forma.

Os depoimentos dos estudiosos citados com relação às fontes de informação, mostram que é complexa a relação entre jornalista e fonte. De acordo com o Código de Ética, o jornalista, por sua vez, não pode esquecer que é o responsável legal, e não a fonte de informação, pelo material publicado.

5. Bibliografia.

CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS BRASILEIROS – Disponível em : http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=1811. Acesso em 16/11/2016.

FORTE, Leandro. Jornalismo Investigativo, 2005. Ed. Contexto.

FANTÁSTICO, Reportagem investigativa. Disponível em: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/04/mp-investiga-denuncias-de-pms-sobre-condicoes-de-trabalho-nas-upps.html. Acesso em 05/11/16.

FANTÁSTICO, Reportagem investigativa. Disponível em:

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/03/esquema-de-compra-de-votos-no-amazonas-tem-ate-recibo.html. Acesso em 07/11/2016.

FILHO, Clóvis de B. – Ética na comunicação. 6ª Ed. Summus Editorial. GERALDO, Sobreira – Manual da Fonte. 2ª Ed. Geração Editorial.

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GONÇALVES, Géssica B. – Artigo. Disponível em: http://www.umc.br/_img/_diversos/pesquisa/pibic_pvic/XIII_congresso/projet os/Gessica%20Brandino%20Goncalves.pdf. Acesso em 12/11/2016.

LOPES, Victor S. Iniciação ao jornalismo audiovisual, 1982. Ed. Lisboa: Quid Juris.

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística, 2001. Ed. Record.

MEDEIROS, José F. – Artigo. Disponível em:

http://www.arcos.org.br/artigos/o-processo-da-relacao-das-fontes-no- telejornalismo-investigativo-regional-uma-analise-sobre-o-nucleo-de-investigacao-da-tv-tem/. Acesso em 10/11/2016.

ONLINE, Revista – Administração da justiça. Artigo. Disponível em: http://www.ibrajus.org.br/revista/artigo.asp?idArtigo=222. Acesso: 16/11/2016. ROSSI, Clóvis – O que é jornalismo, 1995. Ed. Brasiliense.

SEQUEIRA, Cleofe M. – Jornalismo Investigativo: o fato por trás da notícia. 2005. Ed. Summus Editorial

SOUZA, Pedro J. – Artigo. Disponível em: http://bocc.unisinos.br/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-teoria-pequisa-comunicacao-media.pdf. Acesso em 14/11/2016.

TRAQUINA, Nelson – Teorias do Jornalismo. 2ª Ed. Editora Insular.

6. Anexo

Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros Capítulo I - Do direito à informação

Art. 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.

Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido

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por nenhum tipo de interesse, razão por que:

I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.

II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;

III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do

jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;

IV - a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as não-governamentais, é uma obrigação social.

V - a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.

Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista

Art. 3º O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética.

Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa

apuração e pela sua correta divulgação.

Art. 5º É direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte. Art. 6º É dever do jornalista:

I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

II - divulgar os fatos e as informações de interesse público; III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão; IV - defender o livre exercício da profissão;

V - valorizar, honrar e dignificar a profissão;

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quem trabalha;

VII - combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercidas com o objetivo de controlar a informação;

VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

IX - respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;

X - defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito;

XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias; XII - respeitar as entidades representativas e democráticas da categoria; XIII - denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o caso, à comissão de ética competente;

XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.

Art. 7º O jornalista não pode:

I - aceitar ou oferecer trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial, a carga horária legal ou tabela fixada por sua entidade de classe, nem contribuir ativa ou passivamente para a precarização das condições de trabalho;

II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação;

III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;

IV - expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais; V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

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trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas;

VII - permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas;

VIII - assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado;

IX - valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.

Capítulo III - Da responsabilidade profissional do jornalista

Art. 8º O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros, caso em que a responsabilidade pela alteração será de seu autor.

Art 9º A presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística.

Art. 10. A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade.

Art. 11. O jornalista não pode divulgar informações:

I - visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica;

II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;

III - obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração;

Art. 12. O jornalista deve:

I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas; II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público; III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que

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divulgar;

IV - informar claramente à sociedade quando suas matérias tiverem caráter publicitário ou decorrerem de patrocínios ou promoções;

V - rejeitar alterações nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informando ao público o eventual uso de recursos de fotomontagem, edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras

manipulações;

VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;

VII - defender a soberania nacional em seus aspectos político, econômico, social e cultural;

VIII - preservar a língua e a cultura do Brasil, respeitando a diversidade e as identidades culturais;

IX - manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho; X - prestar solidariedade aos colegas que sofrem perseguição ou agressão em conseqüência de sua atividade profissional.

Capítulo IV - Das relações profissionais

Art. 13. A cláusula de consciência é um direito do jornalista, podendo o profissional se recusar a executar quaisquer tarefas em desacordo com os princípios deste Código de Ética ou que agridam as suas convicções. Parágrafo único. Esta disposição não pode ser usada como argumento, motivo ou desculpa para que o jornalista deixe de ouvir pessoas com opiniões divergentes das suas.

Art. 14. O jornalista não deve:

I - acumular funções jornalísticas ou obrigar outro profissional a fazê-lo, quando isso implicar substituição ou supressão de cargos na mesma empresa. Quando, por razões justificadas, vier a exercer mais de uma função na mesma empresa, o jornalista deve receber a remuneração correspondente ao trabalho extra;

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II - ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética

competente;

III - criar empecilho à legítima e democrática organização da categoria.

Capítulo V - Da aplicação do Código de Ética e disposições finais

Art. 15. As transgressões ao presente Código de Ética serão apuradas, apreciadas e julgadas pelas comissões de ética dos sindicatos e, em segunda instância, pela Comissão Nacional de Ética.

§ 1º As referidas comissões serão constituídas por cinco membros. § 2º As comissões de ética são órgãos independentes, eleitas por voto direto, secreto e universal dos jornalistas. Serão escolhidas junto com as direções dos sindicatos e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), respectivamente. Terão mandatos coincidentes, porém serão votadas em processo separado e não possuirão vínculo com os cargos daquelas diretorias.

§ 3º A Comissão Nacional de Ética será responsável pela elaboração de seu regimento interno e, ouvidos os sindicatos, do regimento interno das comissões de ética dos sindicatos.

Art. 16. Compete à Comissão Nacional de Ética:

I - julgar, em segunda e última instância, os recursos contra decisões de competência das comissões de ética dos sindicatos;

II - tomar iniciativa referente a questões de âmbito nacional que firam a ética jornalística;

III - fazer denúncias públicas sobre casos de desrespeito aos princípios deste Código;

IV - receber representação de competência da primeira instância quando ali houver incompatibilidade ou impedimento legal e em casos especiais

definidos no Regimento Interno;

V - processar e julgar, originariamente, denúncias de transgressão ao Código de Ética cometidas por jornalistas integrantes da diretoria e do Conselho Fiscal da FENAJ, da Comissão Nacional de Ética e das

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comissões de ética dos sindicatos;

VI - recomendar à diretoria da FENAJ o encaminhamento ao Ministério Público dos casos em que a violação ao Código de Ética também possa configurar crime, contravenção ou dano à categoria ou à coletividade. Art. 17. Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

Parágrafo único - Os não-filiados aos sindicatos de jornalistas estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato e à

publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação. Art. 18. O exercício da representação de modo abusivo, temerário, de má-fé, com notória intenção de prejudicar o representado, sujeita o autor à

advertência pública e às punições previstas neste Código, sem prejuízo da remessa do caso ao Ministério Público.

Art. 19. Qualquer modificação neste Código só poderá ser feita em congresso nacional de jornalistas mediante proposta subscrita por, no mínimo, dez delegações representantes de sindicatos de jornalistas.

Vitória, 4 de agosto de 2007.

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