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CORRELAÇÕES ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS, ANATÖMICAS E DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA DE Liquidambar SP.

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 660 CORRELAÇÕES ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS, ANATÖMICAS E DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA DE Liquidambar SP. Thaís Pereira Freitas1, José Tarcísio da Silva Oliveira2, João Gabriel Missia da

Silva3, Marina Donária Chaves Arantes2

¹Mestranda em Ciências Florestais na Universidade Federal do Espírito Santo, (thais_pfreitas@yahoo.com.br) Jerônimo Monteiro – Brasil.

2

Professores do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira, Universidade Federal do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro – Brasil.

3

Doutorando em Ciências Florestais na Universidade Federal do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro – Brasil.

Recebido em: 31/03/2015 – Aprovado em: 15/05/2015 – Publicado em: 01/06/2015

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo determinar as correlações entre algumas características dendrométricas, anatômicas e a densidade básica da madeira de

Liquidambar sp. Foram utilizadas três árvores aos oito anos de idade, provenientes

de um arboreto localizado no Município de Guaçuí, ES. Após o corte das árvores, foram mensurados a altura total e os diâmetros do tronco com e sem casca e por meio de uma cubagem rigorosa o volume foi estimado pelo método de Smalian. Para as análises anatômicas e a determinação da densidade básica da madeira, foram retirados discos das árvores no diâmetro a altura do peito (DAP) tomado a 1,30 m do solo. As análises anatômicas e da densidade básica seguiram normas técnicas vigentes. A relação entre as variáveis estudadas foi determinada pelo coeficiente de correlação linear de Pearson e o seu valor P. Amaioria das propriedades estudadas não apresentaram correlações significativas entre si, e o DAP não correlacionou significativamente com as outras características dendrométricas das árvores de liquidâmbar. Porém, observou-se que com o aumento do DAP houve uma redução na altura dos raios do lenho. A madeira de liquidâmbar apresentou densidade básica média (0,501 g cm-3), e esta propriedade apresentou correlação forte, significativa e positivamente com o comprimento das fibras. Dentre as características dendrométricas analisadas, verificou-se que somente o fator de forma apresentou correlação significativa, forte e negativa com o volume total das árvores.

PALAVRAS-CHAVE: Liquidâmbar, propriedades da madeira, relações lineares. CORRELATION AMONG DENDROMETRIC AND ANATOMICAL CHARACTERISTICS AND BASIC DENSITY OF Liquidambar sp. WOOD

ABSTRACT

This study had the objective of determine the correlations among some dendrometric and anatomical characteristics, and basic density of Liquidambar sp. wood. Three trees were obtained, at eight years of age, from a arboretum located in Guaçuí, Espírito Santo state, Brazil. After cutting the trees, were measured the total height and trunk diameters with and without bark and through a cubaged the volume was estimated by Smalian method. For anatomical analyzes and the determination of the

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 661 basic density of wood, the trees disks were obtained in diameter at breast height (DBH) taken 1.30m from ground level. The anatomical analyzes and basic density followed the current standards. The relationship among variables was determined by the linear correlation coefficient of Pearson and its value P. Most of the properties studied showed no significant correlations among each other, and the DBH did not correlate significantly with the other dendrometric characteristics of sycamore trees. However, it was observed that with increasing DBH there was a decrease in the height of the wood rays. The sycamore wood had a specific gravity mean (0.50 g cm -3

), and this property showed a strong correlation, significantly and positively with fiber length. Among the dendrometric characteristics analyzed, it was found that only the form factor correlated significantly, strong and negative with the total volume of trees. KEYWORDS: Sweetgum, wood properties, linear relations.

INTRODUÇÃO

A demanda por madeira pelas indústrias florestais vem crescendo cada vez mais, juntamente com a busca por maior incremento volumétrico, através de programas de melhoramento genético, baseados principalmente em critérios de produtividade por hectare, que por vezes não consideram os parâmetros tecnológicos e qualitativos da madeira.

Na busca pelo suprimento das indústrias, o uso de espécies alternativas tem se destacado, apresentando uma importância econômica crescente. Entre essas espécies estão as do gênero Liquidambar, família Altingiaceae, popularmente conhecido como liquidâmbar, constituído por quatro espécies intercontinentais na zona temperada do Hemisfério Norte, encontradas na Ásia oriental e ocidental e nas Américas do Norte e Central (ICKERT-BOND, PIGG, WEN, 2005).

Os poucos estudos sobre o gênero informam que este tem grande adaptação no sul e sudeste do Brasil, e grande aproveitamento madeireiro (MUNOZ, 1992). Sua madeira é considerada de alta qualidade e valor econômico, e vem sendo cada vez mais apreciada, possuindo múltiplos usos como matéria-prima para móveis, pellets, dormentes, compensados e papel e polpa para celulose (SHIMIZU, 2005).

O gênero é composto por árvores caducifólias de grande porte, com boa adaptabilidade e tolerância à diferentes tipos de solo para seu desenvolvimento, apresentando produtividade de 40 m3 ha-1ano-1, aos 11 anos em Quedas do Iguaçu (SHIMIZU & SPIR, 2004; SHIMIZU, 2005).

Sabe-se que a qualidade da madeira aparentemente está associada às características de crescimento, às propriedades anatômicas, físico-mecânicas e químicas, entre outras. É importante compreender que uma propriedade afeta a outra e este conhecimento é fundamental para melhorias nas etapas que vão desde o desdobro até o uso final, aprimorando a qualidade dos produtos e diminuindo o desperdício de matéria prima (LIMA et al., 2014). Portanto, a noção das relações entre as características dendrométricas, anatômicas e a densidade da madeira são de extrema importância, podendo auxiliar na melhoria dos processos silviculturais e de produção, em programas de melhoramento genético, na deliberação sobre a qualidade do lenho e na atribuição de um uso racional a madeira.

Neste contexto, teve-se por objetivo determinar as correlações lineares entre as características dendrométricas, anatômicas e a densidade básica da madeira de

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 662 MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas três árvores de Liquidambar sp., com oito anos de idade, provenientes de um arboreto localizado no Município de Guaçuí, ES (-41º 40” 46” de longitude e -20º 46’ 32” de latitude), a uma altitude de 590 m. Ressalva-se que o número de árvores foi representativo a quantidade de indivíduos e a área do plantio.

Após o corte foi mensurada a altura total das árvores com uma trena. Também foram mensurados os diâmetros do tronco a altura do peito/DAP e das posições de 0, 25, 50, 75 e 100% da altura comercial das árvores. Para a estimativa do volume foi feita uma cubagem rigorosa pelo método de Smalian, e posteriormente, foi calculado o fator de forma normal das árvores (MACHADO & FIGUEIREDO FILHO, 2003).

O estudo microscópico do lenho seguiu a norma para descrição anatômica do Comitê da International Association of Wood Anatomists - IAWA (1989) e da Comissão Panamericana de Normas Técnicas - COPANT (1974).

Os corpos de prova para anatomia com dimensões de 1,0 x 1,5 x 2,0 cm (direções radial, tangencial e longitudinal, respectivamente), foram retirados na região do cerne periférico de discos (4 cm de espessura; primeira repetição) retirados na altura do DAP de cada árvore. Esses foram amolecidos em água à temperatura de ebulição, e fixados em micrótomo de deslize, para obtenção de cortes histológicos com espessura variando de 18 a 20 µm. Os cortes foram montados em lâminas temporárias, com a utilização de glicerina e água destilada na proporção de 1:1.

A individualização das fibras da madeira foi realizada segundo o método proposto por Nicholls e Dadswell, descrito por RAMALHO (1987), utilizando-se ácido acético e peróxido de hidrogênio na proporção 1:1, permanecendo as amostras em estufa a uma temperatura de 60°C, durante 48 horas. O material foi lavado em água corrente e foi feita a coloração com safranina, para finalmente serem montadas as lâminas histológicas.

As lâminas histológicas foram fotomicrografadas com a utilização de uma câmera fotográfica digital acoplada a um microscópio ótico e um sistema de análise de imagem, provido do software Image Pro Express 6.0. Os caracteres anatômicos mensurados foram a frequência vascular (n°/mm²), di âmetro tangencial dos vasos (µm), altura e largura (µm) e frequência dos raios (n°/mm), e comprimento e espessura de parede das fibras (µm).

A determinação da densidade básica foi realizada utilizando discos retirados na altura do DAP (segunda repetição), dos quais foram removidas duas cunhas opostas. Cada cunha teve seu volume saturado obtido por meio do método do deslocamento de água, descrito na Norma Brasileira Regulamentadora – NBR 11941 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2003). Em seguida, após permanecer cinco dias secando ao ar, as cunhas foram conduzidas a uma estufa mantida a 103 ± 2º C até atingir massas constantes. As cunhas secas foram pesadas e a densidade básica foi determinada.

A relação entre as variáveis estudadas foi determinada pelo coeficiente de correlação linear de Pearson e o seu valor P. Com base nas correlações significativas encontradas, foram ajustados modelos lineares simples (y = β0 + β1x + erro), sendo estes avaliados com base na análise de variância da regressão (teste F), no teste t para avaliar a significância dos coeficientes estimados, no coeficiente de determinação ajustado (R²aj.) e no erro padrão da estimativa (Sxy). Para todos os

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 663 testes foi considerado o nível de 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios das variáveis avaliadas das árvores e da madeira de

Liquidambar sp. aos oito anos de idade estão listados na Tabela 1. As árvores de

liquidâmbar possuem altura homogênea, porém, não foram muito cilíndricas, resultado confirmado pelo baixo fator de forma. Os baixos valores de coeficiente de variação evidenciam a pequena variabilidade dos dados.

TABELA 1. Valores médios das características dendrométricas, anatômicas e da densidade básica da madeira de Liquidambar sp. aos oito anos de idade.

Variáveis Média Coeficiente de variação (%)

Diâmetro a altura do peito (cm) 23,34 6,32

Altura total da árvore (m) 15,65 2,00

Fator de forma 0,42 6,50

Volume total (m³) 0,28 6,04

Frequência vascular (n°.mm-²) 66,16 6,94

Diâmetro tangencial dos vasos (µm) 44,80 2,79

Comprimento de fibras (µm) 1980,88 3,84

Espessura de parede (µm) 7,56 2,55

Altura dos raios (µm) 404,09 0,55

Largura dos raios (µm) 25,07 7,19

Frequência de raios (n°.mm-¹) 8,67 8,36

Densidade básica (g cm-3) 0,501 13,32

A madeira de liquidâmbar possui densidade média, vasos numerosos e de pequeno diâmetro tangencial (textura fina), raios finos de baixa frequência, e fibras curtas a longas com paredes delgadas a espessas. O comprimento médio das fibras deparado nesse estudo, foi superior a média de 1550 µm registrada por Mattos et al. (2001) ao estudarem as características da madeira de Liquidambar styraciflua proveniente de um arboreto localizado em Colombo – PR, aos dezesseis anos de idade.

Na Tabela 2 é visualizada a matriz dos coeficientes de correlação linear entre as características dendrométricas e algumas propriedades da madeira de liquidâmbar. As referências sobre correlações entre as características dendrométricas e propriedades da madeira de Liquidambar sp. são raras na literatura, restringindo a discussão dos resultados.

A maioria das propriedades estudadas não apresentaram correlações significativas entre si. As correlações lineares mais almejadas pela pesquisa seriam as observadas entre o DAP das árvores e as demais propriedades avaliadas. Uma vez que, o DAP é a variável de maior facilidade de mensuração em campo, podendo na presença de correlações significativas contribuir para o ajuste de modelos estatísticos, para estimar indiretamente alguma característica dendrométrica ou propriedade tecnológica que demande um maior tempo e custo para a sua determinação.

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TABELA 2. Matriz dos coeficientes de correlação linear das características dendrométricas, anatômicas e densidade básica da

madeira de Liquidambar sp. aos oito anos de idade.

Variáveis DAP HT FF VT FV DT CF EP AR LR FR DB DAP 1,00 - - - - HT -0,20 ns 1,00 - - - - FF -0,86ns -0,33ns 1,00 - - - - VT 0,84ns 0,37ns -0,999* 1,00 - - - - FV -0,18ns -0,93ns 0,66ns -0,69ns 1,00 - - - - DT -0,98ns 0,39ns 0,74ns -0,71ns -0,02ns 1,00 - - - - CF 0,89ns 0,28ns -0,999* 0,996ns -0,62ns -0,77ns 1,00 - - - - - EP 0,38ns 0,83ns -0,80ns 0,82ns -0,98ns -0,18ns 0,77ns 1,00 - - - - AR -0,999* 0,14ns 0,89ns -0,87ns 0,24ns 0,97ns -0,91ns -0,43ns 1,00 - - - LR -0,13ns 0,998* -0,39ns 0,43ns -0,95ns 0,33ns 0,34ns 0,87ns 0,08ns 1,00 - - FR 0,59ns 0,68ns -0,92ns 0,93ns -0,90ns -0,42ns 0,90ns 0,97ns -0,63ns 0,72ns 1,00 - DB 0,92ns 0,22ns -0,99ns 0,99ns -0,56ns -0,81ns 0,998* 0,72ns -0,94ns 0,28ns 0,87ns 1,00 DAP: diâmetro a altura do peito (cm), HT: altura total (m), FF: fator de forma e VT: volume total (m3) das árvores; FV: frequência (n°.mm-²) e DT: diâmetro tangencial dos vasos (µm); CF: comprimento e EP: espessura de parede das fibras (µm); AR: altura e LR: largura dos raios (µm); FR: frequência de raios (n°.mm-1) e DB: densidade básica (g cm-3). **: significativo ao nível de 1% de probabilidade (P < 0,01); *: significativo ao nível de 5% de probabilidade (P < 0,05); ns: não significativo (P > 0,05).

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 665 O DAP não correlacionou significativamente com as outras características dendrométricas das árvores de liquidâmbar. Todavia, foi observada um correlação forte e positiva entre o diâmetro a altura do peito e o volume total das árvores, sendo possível inferir que o incremento volumétrico pode estar mais relacionado com as mudanças no diâmetro a altura do peito, se comparado a variações na altura das árvores.

Com o aumento do DAP houve uma redução na altura dos raios do lenho, relação descrita por uma correlação significativa, forte (r > 0,80) e negativa (-0,999) entre essas duas variáveis. Essa foi a única relação significativa do DAP das árvores com uma propriedade do lenho. Não obstante, foram notadas correlações fortes e positivas do diâmetro a altura do peito das árvores com o comprimento das fibras e densidade básica, e negativas com o diâmetro tangencial dos vasos da madeira. Ressalva-se que a ausência de significância nessas últimas correlações pode ter sido gerada pelo número de amostras utilizadas. Por isso, não deve ser descartada a hipótese de estimar as propriedades do lenho pelas mudanças no DAP das árvores, em trabalhos futuros com a madeira de Liquidambar sp., desde que as correlações sejam tomadas em intervalos mais amplos.

Com o incremento da altura das árvores ocorreu um aumento na largura dos raios, uma vez que, essas variáveis correlacionaram significativa e positivamente (0,998) entre si. As mudanças no DAP e na altura total das árvores de liquidâmbar foram diretamente relacionadas com alterações nas dimensões dos raios do lenho. Salienta-se que a relação de aumento da largura dos raios com a altura da árvore pode ser considerada indesejável, pois os raios consistem de células parenquimáticas de baixa resistência mecânica e durante o desdobro e/ou na secagem da madeira, tensões podem originar rachaduras no plano dos raios (HOADLEY, 2000; SHMULSKY & JONES, 2011).

Dentre as características dendrométricas analisadas, verificou-se que somente o fator de forma apresentou correlação significativa, forte e negativa (-0,999) com o volume total das árvores, indicando que, quanto maior for o crescimento em volume, menor será o fator de forma das árvores. Esse comportamento é indesejável na produção de madeira serrada, considerando que a elevada conicidade das árvores poderá contribuir para rendimentos inferiores durante o desdobro das toras.

Embora as correlações não sejam significativas, observou-se que incrementos no volume total das árvores contribuíram para fortes acréscimos no comprimento e espessura da parede das fibras, na frequência de raios e na densidade básica da madeira.

Os coeficientes de correlação para as características de diâmetro e frequência dos vasos, não foram significativos entre si e com nenhuma outra característica anatômica, dendrométrica e física da madeira de Liquidambar sp. aos oito anos de idade. Contudo, o aumento da frequência de vasos pode estar relacionado a uma diminuição da espessura da parede das fibras, largura e frequência dos raios, visto que existiram correlações fortes e negativas entre as variáveis. Do mesmo modo, o aumento do diâmetro dos vasos também contribuiu para uma redução na densidade básica do lenho, tendo por base que, a densidade das folhosas é geralmente pertinente a porção do volume de madeira ocupado por fibras em relação aquela tomada por vasos (SHMULSKY & JONES, 2011).

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(-ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 666 0,999) do comprimento das fibras com o fator de forma, indicando que as árvores menos cilíndricas apresentaram fibras mais longas. Ao mesmo tempo, essas árvores apresentaram maior volume total. Neste contexto, é possível elucidar como o conhecimento das relações entre as características da madeira contribui para direcionar o seu uso. Para esta situação, a madeira de liquidâmbar possui densidade média e consequentemente, fibras mais longas com o aumento do volume das árvores, características desejáveis para a produção de polpa celulósica.

De maneira geral, variações nas dimensões das células implicam em aumento ou diminuição da densidade da madeira (WIEDENHOEFT, 2010). Essa informação é corroborada para a madeira de Liquidambar sp., na qual o comprimento das fibras correlacionou forte, significativa e positivamente (0,998) com a densidade básica. Com o aumento do comprimento das fibras, houve uma maior massa de material lenhoso, em um determinado volume, o que contribuiu para um incremento dos valores de densidade. Este fato sugere que alguns caracteres anatômicos podem ser ótimos indicadores na estimativa das propriedades físicas da madeira.

A densidade básica não apresentou correlações significativas com as demais características anatômicas avaliadas e dendrométricas das árvores de liquidâmbar. Segundo SILVA (2002) essa propriedade física possui certa relação com as características anatômicas em geral, dimensões e proporção dos vários tipos de células e tecidos que constituem a madeira. Entretanto, a densidade se correlaciona mais com o comprimento e espessura da parede das fibras.

Ao contrário do encontrado neste estudo, em uma pesquisa com a madeira de

Luehea divaricata, LONGUI et al., (2010) observaram correlações positivas e

significativas entre a espessura da parede das fibras e a densidade básica (0,667), o mesmo não foi válido para o comprimento das fibras. Já CHAGAS et al., (2014) arrazoam que para a madeira de teca oriunda de desbastes, os índices de densidade básica são mais influenciados pelo teor de extrativos do que pelo comprimento e espessura da parede das fibras.

Tendo por propósito avaliar algumas propriedades da madeira de Eucalyptus

urophylla, com 6,3 anos de idade, EVANGELISTA et al., (2010) encontraram

correlações significativas e negativas da densidade básica com a largura e o diâmetro do lume das fibras, indicando que quanto maior a densidade menor serão essas dimensões das fibras. Apesar de significativas, as correlações foram relativamente fracas, indicando baixa relação dessas propriedades com a densidade.

GONÇALVES et al., (2010) estudando os parâmetros dendrométricos e suas correlações com as propriedades tecnológicas da madeira de um híbrido clonal de

Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis, verificaram correlações fortes entre as

propriedades da madeira, destacando-se a densidade básica em relação às demais características avaliadas.

Correlações significativas entre a maioria das propriedades avaliadas da madeira de angico-vermelho (Anadenanthera peregrina) foram deparadas por VALENTE et al., (2013). A medida que se aumenta a densidade da madeira de angico ocorre o aumento das demais propriedades físicas e anatômicas, com exceção da largura e diâmetro do lume das fibras, que tendem a diminuir. Em geral, as características dendrométricas das toras dessa espécie não apresentaram correlações significativas e lógicas com a maioria das propriedades da madeira.

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 2015 667 POUBEL et al., (2011), ao estudarem a estrutura anatômica e as propriedades físicas da madeira de Eucalyptus pellita, aos 15 anos de idade, verificaram correlações significativas da densidade com os elementos anatômicos. Tendo por base que a densidade básica mostrou estar mais correlacionada com as dimensões das fibras como o comprimento, largura e espessura da parede do que com os demais elementos anatômicos.

Mediante as correlações significativas entre a altura dos raios e o DAP, e o comprimento das fibras e o fator de forma, foi possível estimar que cerca de 99,45% das variações nas propriedades anatômicas podem ser explicadas em função das características dendrométricas das árvores de Liquidambar sp. Os modelos estimados são apresentados na Tabela 3.

TABELA 3. Equações ajustadas para estimar a altura dos raios e o comprimento das fibras (µm) em função do DAP e do fator de forma das árvores, de

Liquidambar sp. aos oito anos de idade.

Equação *R²aj. Sxy P

AR = 863,266 - (19,671 * DAP) 0,994 2,244 <0,05 CF = 2815,708 - (2003,579 * FF) 0,995 3,459 <0,05 *R²aj: coeficiente de determinação; Syx: erro padrão da estimativa; P: probabilidade de erro; AR: altura dos raios (µm); DAP: diâmetro a altura do peito (cm); CF: comprimento das fibras (µm); e FF: fator de forma.

CONCLUSÕES

A maioria das características dendrométricas, anatômicas e física da madeira de Liquidambar sp., aos oito anos de idade, não correlacionaram entre si. Contudo, verificou-se que quanto maior for o crescimento em volume, menor será o fator de forma das árvores, e com o aumento do DAP e da altura total haverá uma redução na altura dos raios e um incremento na largura desses caracteres, respectivamente.

Ao mesmo tempo, as árvores menos cilíndricas apresentaram maior volume total e fibras mais longas. Com o aumento do comprimento das fibras, houve uma maior massa de material lenhoso, em um determinado volume, o que contribuiu para um incremento dos valores de densidade.

Foi possível estimar algumas propriedades anatômicas, como a altura dos raios e comprimento de fibras, em função das características dendrométricas, DAP e fator de forma.

Relativo as características do liquidâmbar pode se descrever que as árvores apresentam crescimento em altura homogêneo, porém, não apresentam formas muito cilíndricas. A madeira possui densidade média, com numerosos vasos de pequeno diâmetro, raios finos e de baixa frequência, e fibras longas e de paredes delgadas a espessas. De tal modo, recomenda-se estudos investigativos das espécies do gênero Liquidambar para a produção de polpa celulósica.

REFERÊNCIAS

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