• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE TEMPORAL DO PREÇO DA COMMODITY CAFÉ ARÁBICA 1 INTRODUÇÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANÁLISE TEMPORAL DO PREÇO DA COMMODITY CAFÉ ARÁBICA 1 INTRODUÇÃO"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

ANÁLISE TEMPORAL DO PREÇO DA COMMODITY CAFÉ ARÁBICA

GIOVANI GABRIEL MATEUS1, LUIZ AUGUSTO BIAZON1, FABIO BECHELLI TONIN2

1 Graduandos em Tecnologia em Agronegócio- FATEC – Botucatu-SP; giovanigm10@gmail.com

labiazon@fca.unesp.br2 Prof. Dr. Faculdade de Tecnologia em Agronegócio- FATEC – Botucatu-SP;

ftonin@fatecbt.edu.br

1 INTRODUÇÃO

O café é a segunda maior commodity mundial, somente atrás do petróleo, movimentando aproximadamente US$ 70 bilhões por ano (CUNHA, 2006; LOUREIRO;LOTADE, 2005).

Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo responsável por 30% do mercado internacional, volume equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países produtores. É também o segundo mercado consumidor, atrás somente dos Estados Unidos (ABIC, 2017).

De acordo com Illy (2006), o consumo de cafés do tipo commodity cresce a taxas de 1,5% ao ano enquanto o de especiais a taxas de 12% ao ano. Os preços desses cafés no mercado nacional e internacional são mais atraentes para os produtores, como consequência da qualidade do produto, valorização de processos produtivos menos agressivos e menor oferta (CUNHA, 2006; RICCI; NEVES, 2004).

Segundo BM&FBOVESPA (2016), as vantagens do produto tipo commodity são:

 garantir ao produtor fixar um preço para entrega física de sua produção em uma data futura;

 proteger o produtor contra oscilações indesejadas de preço (hedge);

 evitar oscilações não esperadas no preço, pela eficiência contra o risco de base (diferença entre o preço a vista do produto e o preço futuro);

 possibilitar alavancagem de posição;

 possibilitar negociações em plataforma eletrônica, que permite transparência de preço.

No agronegócio, o preço é de extrema importância para os produtores rurais e para todo o setor agropecuário, sendo uma variável decisiva no sucesso ou fracasso de toda uma cadeia produtiva. Portanto, toda fase de planejamento da atividade rural e tomada de

(2)

decisão relacionada a comercialização deve considerar obrigatoriamente a análise de uma série histórica de preços.

Os preços dos produtos agropecuários possuem uma característica peculiar, podendo ser simplificada pelo elevado grau de variabilidade no decorrer do tempo, que pode facilmente ser compreendida ao considerar que tal característica depende de fenômenos naturais, como a questão da sazonalidade na produção, interferência de fatores climáticos assim como outros agentes biológicos (pragas e doenças), a pouca elasticidade na curva de demanda e até mesmo a dificuldade de previsão da oferta do produto perante o mercado.

Estudo feito por Miranda et.al., (2015), demonstrou a variação dos preços do café tipo Café Arábica tipo 6 BC-Duro sc 60 kg nos anos de 2004 a 2013, colocando em vista também as possíveis justificativas que influenciaram nos preços, como fatores climáticos, situações políticas e outros fatores pertinentes.

Devido a instabilidade da moeda nacional perante o mercado internacional, entendida como inflação, para a análise de uma série histórica de preços faz-se necessário a adoção de metodologia que permita corrigir tais valores para o período pretendido de comparação, descontando esta interferência nos preços. Para efeitos comparativos este processo de deflacionamento torna-se fundamental para que os preços possam ser avaliados em modo de igualdade de patamar econômico.

O presente trabalho teve por objetivo analisar uma série histórica de preços da commodity café arábica para a identificação da melhor e da pior época de preços ao longo de um período de 20 anos.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A série histórica de preços foi obtida através de pesquisa em internet, no site do CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, sediado na Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), sendo considerados os preços médios mensais à partir do mês de janeiro de 1997 até dezembro de 2016, da commodity especificada pelo CEPEA/Esalq como: Café Arábica - por saca de 60 kg líquido, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, valor descontado o prazo de pagamento pela taxa da NPR, posto na cidade de São Paulo.

(3)

Para permitir a comparação entre preços ao longo de todo o período em estudo, os preços foram readequados em termos de inflação para o patamar de preços referente ao último mês do último ano considerado, ou seja, dezembro de 2016. Para tanto o deflacionamento dos preços da série histórica foi calculado de acordo com a metodologia que utiliza o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apresentado por Mendes (2007).

Nas questões econômicas relacionadas ao setor agropecuário o IGP-DI pode ser considerado como o índice mais adequado para o cálculo do deflacionamento por tratar-se de um valor calculado com batratar-se na média ponderada entre IPA (Índice de Preços no Atacado), IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e INCC (Índice Nacional de Custo da Construção Civil), com os respectivos pesos 6, 3 e 1 (MENDES, 2007).

A metodologia necessita dos valores mensais de IGP-DI com base 100 referente a agosto de 1994 para o mesmo período da série histórica de preços, com posterior conversão de base para o valor 100 referente ao último período do estudo (dezembro de 2016). Uma vez procedida esta mudança de base, pode-se realizar a correção dos valores para os preços reais (sem inflação), possibilitando finalmente a comparação entre eles ao longo dos 20 anos, permitindo identificar de fato o maior e menor preço ao longo de todo o período sem o efeito mascarado pelo fator tempo.

Para a realização dos cálculos foram confeccionadas diversas planilhas no software Excel 2013, o que possibilitou agilizar as inúmeras operações matemáticas necessárias para a série histórica considerada.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme a metodologia descrita, o primeiro passo, referente a anotação da série histórica de preços de janeiro de 1997 a dezembro de 2016 pode ser observada na Tabela 1 (anexos).

Analisando os valores nesta tabela, onde tem-se os chamados preços nominais, que representam os preços para cada período cada qual em sua devida época de ocorrência, observa-se que o menor preço para a commodity ocorreu no mês de outubro de 2001, equivalente a R$ 104,39. Por outro lado, o maior valor, de R$ 556,74 ocorreu em novembro de 2016.

(4)

Com a aplicação da metodologia adotada neste trabalho para o cálculo do deflacionamento, foi possível obter os chamados preços reais, isto é, os valores reajustados sem a interferência da inflação para a época estabelecida como comparativo (dezembro de 2016), permitindo realizar uma nova análise da série de preços. Os preços, reais, deflacionados estão apresentados na Tabela 2 (anexos).

Ao analisar estes preços, observa-se que o maior, R$ 1.176,68 ocorreu na verdade em maio de 1997, enquanto o menor encontra-se em julho de 2002, sendo R$ 301,04. Tais valores e períodos são muito diferentes quando observados na tabela 1, e estão reajustados conforme a metodologia, portanto trazidos para um padrão de comparação referente a dezembro de 2016. Esta simples observação permite o entendimento de que não se deve executar uma comparação simplista à partir apenas dos valores de preços obtidos diretamente de sites relacionados a agropecuária, mas sim, adicionar algum critério que possibilite comparar valores desde que estejam em um mesmo patamar que permita tirar conclusões mais reais.

Observa-se nesta tabela, pelos valores médios anuais, que os anos de 1997 a 1999 apresentam alta considerada de preços ao longo de diversos meses, enquanto os anos de 2001 a 2003 apresentam as menores médias. Com base nestes valores apresentados para os preços reais, à fim de esclarecer os motivos que levaram a estas altas e baixas dos preços, ainda seriam necessários outros estudos que considerem e avaliem desde de problemas produtivos relacionados ao campo, como efeitos climáticos por exemplo, assim como fatores econômicos, mercadológicos e outros.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que a metodologia empregada, embora simples, trata-se de uma ferramenta eficiente na análise de preços agropecuários. Foi possível obter o maior e o menor preço dentro de uma série histórica de 20 anos que possibilitou uma comparação mais eficiente e real entre épocas distantes, o que pode ser muito útil no trabalho diário de um profissional do agronegócio, planejando atividades e avaliando momentos mais adequados para transações mercadológicas.

(5)

ABIC. Associação Brasileira da Indústria de Café. O café brasileiro na atualidade. Disponível em:

http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=38#58. Acesso em: 14 agos. 2017.

CUNHA, L. F. Lavoura gourmet. Globo Rural, Rio de Janeiro, v. 244, p. 54-58, 2006. LOUREIRO, L. M.; LOTADE, J. Do fair trade and eco-labels in coffee wake up the consumer conscience? Ecological Economics, Amsterdam, v. 53, p. 129-138, 2005. RICCI, M. S. F.; NEVES, M. C. P. Cultivo do café orgânico. Seropédica: Embrapa, 95 p. 2004.

MESQUITA, J. M. C.; REIS, A. J.; REIS, R. P.; VEIGA, R. D.; GUIMARÃES, J. M. P. Mercado de Café: variáveis que influenciam o preço pago ao produtor. Ciência e

Agrotecnologia. Lavras. v.24, n.2, p.379-386, abr./jun., 2000.

BM&FBOVESPA, Commodities/Café Arábica. Vantagens do Produto. Disponível em:

http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e-derivativos/commodities/futuro-de-cafe-arabica-tipo-4-5.htm. Acesso em: 14 agos. 2017.

MENDES,J.T.G; Agronegócio: uma abordagem econômica. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2007.

(6)

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 JAN 159,77 242,64 167,85 209,59 127,51 110,01 190,74 193,24 284,40 291,50 277,16 267,84 268,41 280,75 433,34 485,04 341,17 289,44 465,93 491,31 FEV 194,62 238,70 188,63 197,39 127,05 110,84 193,03 203,52 305,07 269,75 267,66 285,19 269,34 278,68 495,98 441,31 317,72 366,32 459,99 489,82 MAR 218,45 208,34 188,67 194,20 125,17 116,41 174,97 206,22 337,03 254,44 252,72 263,28 262,48 279,70 524,27 387,53 303,46 437,24 447,10 491,07 ABR 224,07 189,49 171,57 180,33 117,03 117,76 175,00 202,10 336,40 248,82 238,88 256,35 260,10 282,18 524,41 379,53 300,59 449,45 445,69 466,71 MAI 252,32 162,76 188,21 179,31 130,24 107,54 172,99 217,53 324,55 234,86 232,20 254,84 268,02 289,46 530,76 382,65 297,25 429,28 421,95 460,37 JUN 242,57 139,77 187,30 157,37 125,23 106,37 159,58 239,77 300,90 224,45 240,80 255,76 256,64 305,99 514,99 360,31 285,71 396,73 424,02 484,87 JUL 197,99 130,15 161,17 150,01 116,99 104,70 162,77 200,61 255,61 218,16 238,63 250,52 247,50 302,36 457,81 408,06 287,57 387,87 414,50 498,52 AGO 209,86 135,83 160,90 137,83 113,90 109,21 173,51 198,98 253,87 232,82 254,54 248,86 255,34 313,93 470,62 378,48 286,18 437,19 454,98 479,04 SET 220,40 123,76 149,86 137,34 111,97 136,04 173,90 219,27 230,41 233,47 259,15 261,58 254,29 328,23 511,57 385,92 273,90 433,52 456,95 502,95 OUT 202,68 122,50 172,97 143,78 104,39 167,72 167,35 215,95 244,36 235,12 255,84 256,84 262,20 327,15 490,45 374,98 253,94 480,13 478,11 511,07 NOV 201,44 132,38 219,83 141,65 111,09 187,65 167,69 240,38 252,90 269,13 245,82 261,28 272,55 355,51 493,83 355,23 247,73 460,96 469,39 556,74 DEZ 229,12 142,08 242,41 128,19 105,02 184,13 174,53 269,70 248,13 291,35 261,28 262,04 281,57 387,01 491,35 341,40 272,10 455,20 479,32 501,80 Média 212,77 164,03 183,28 163,08 117,97 129,87 173,84 217,27 281,14 250,32 252,06 260,37 263,20 310,91 494,95 390,04 288,94 418,61 451,49 494,52

Tabela 2. Preços reais (deflacionados) para Café Arábica (CEPEA/Esalq), 1997-2016, em R$ por saca de 60 kg.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 JAN 763,68 1.086,53 737,07 768,05 427,79 335,34 450,99 430,13 567,17 572,07 525,59 468,15 434,21 456,23 632,89 679,24 441,95 354,99 549,16 518,65 FEV 926,36 1.066,19 793,14 721,94 424,81 337,25 449,25 448,16 605,94 529,69 506,40 496,60 436,26 447,96 717,51 617,57 410,76 445,52 539,28 513,03 MAR 1.027,81 930,58 777,94 708,98 415,19 353,80 400,58 449,91 662,88 501,89 477,09 455,25 428,74 446,78 753,83 539,31 391,13 523,99 517,89 512,13 ABR 1.048,09 847,52 707,22 657,50 383,86 355,42 399,01 435,92 658,31 490,69 450,35 438,37 424,67 447,52 750,32 522,86 387,65 536,21 511,57 484,96 MAI 1.176,68 726,31 778,50 649,41 425,32 321,02 397,08 462,44 636,74 461,43 437,07 427,77 436,83 451,98 759,35 522,39 382,11 514,48 482,37 473,02 JUN 1.123,38 621,99 766,92 564,72 403,09 312,11 368,87 503,24 593,01 438,06 452,08 421,34 419,61 476,16 737,76 488,53 364,50 478,50 481,46 490,18 JUL 916,12 581,37 649,59 526,42 370,58 301,04 376,99 416,32 505,79 425,06 446,34 408,13 407,29 469,49 656,18 545,02 366,36 470,41 467,92 505,94 AGO 971,47 607,80 639,20 475,02 357,56 306,75 399,38 407,60 506,33 451,77 469,56 406,99 419,80 482,15 670,43 499,06 362,91 529,89 511,56 484,07 SET 1.014,28 553,91 586,73 470,11 350,16 372,27 396,13 447,00 460,15 451,95 472,55 426,24 417,05 498,65 723,32 504,43 342,68 525,34 506,57 508,07 OUT 929,56 548,46 664,66 490,32 321,80 440,41 379,55 437,90 484,93 451,51 463,06 414,00 430,20 491,95 690,71 491,68 315,73 578,39 520,87 515,59 NOV 916,26 593,77 823,85 481,19 339,86 465,57 378,51 483,46 500,23 513,89 440,30 420,87 446,86 526,28 692,51 464,62 307,16 549,04 505,33 561,37 DEZ 1.035,01 631,07 897,41 432,18 320,72 444,83 391,59 539,64 490,47 554,86 461,19 423,97 462,17 570,75 690,14 443,61 335,07 540,11 513,75 501,80 Média 987,39 732,96 735,19 578,82 378,40 362,15 398,99 455,14 556,00 486,91 466,80 433,97 430,31 480,49 706,24 526,53 367,33 503,91 508,98 505,73

Referências

Documentos relacionados

Com o objetivo de enriquecer as informações referentes aos epífitos vasculares, esta pesquisa visa caracterizar a florística e a fitossociologia de uma

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

Enfim, está claro que a discussão entre Ghiselin e De Queiroz diz res- peito ao critério de identidade para táxons. Para Ghiselin, um indivíduo é algo que não apresenta

Uma maneira viável para compreender uma reação química é através da conservação das massas, isso porque numa abordagem mais ampla, como demonstra no livro

Mesmo com suas ativas participações na luta política, as mulheres militantes carregavam consigo o signo do preconceito existente para com elas por parte não somente dos militares,

Ainda na última parte da narrativa, outro “milagre” acontece: Grenouille apa- rece, de súbito, em meio ao povo, destampa uma pequena garrafa que trazia consi- go, borrifa-se com

As mulheres travam uma história de luta por reconhecimento no decorrer do tempo sistematicamente o gênero masculino dominava o feminino, onde prevalecia a hierarquização do sexo

Atualmente o predomínio dessas linguagens verbais e não verbais, ancorados nos gêneros, faz necessário introduzir o gênero capa de revista nas aulas de Língua Portuguesa, pois,