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Aspectos Históricos de Simulação em Mecânica de Fraturas

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Academic year: 2021

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Aspectos Históricos de Simulação em Mecânica de Fraturas

EM423B ­­ Grupo 15 Carlos Gregoreki 104721 Gregori Yuji Mandelli Inagaki 105006 Marco Antônio Lasmar Almada 092208 Pili Andwele Rodrigues Antunes 105548 Thiago de Assis Barelli 086500 A mecânica de fraturas é uma área da mecânica que estuda o surgimento e a                             propagação de descontinuidades geométricas em um material. O aparecimento de                   rachaduras em um sólido afeta a resistência deste, ao introduzir descontinuidades na                       estrutura do material. Com a aplicação de uma carga sobre o material, a fadiga pode                             resultar na propagação das rachaduras, o que pode levar até a uma falha estrutural .

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As fraturas aparecem em diversos campos da atividade humana: na construção civil,                       elas representam um risco estrutural para as construções; só em 1982, o custo                         associado aos danos causados por rachaduras foi estimado na casa dos 100 bilhões                         de dólares . Na construção naval, as fraturas também são um problema sério: durante  

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                      a Segunda Guerra Mundial, muitas das             Liberty ships  

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  tiveram problemas nos cascos,       e em alguns casos os navios chegaram a se partir ao meio e afundar. Na indústria                          

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    petrolífera, as propriedades estruturais decorrentes da presença das fraturas permitem                   o uso de técnicas de fratura hidráulica como parte do processo de extração; porém,                        

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  como todas as etapas de extração, essas técnicas possuem um custo financeiro e                         ambiental elevado associado a elas.

A realização de simulações a partir dos modelos matemáticos e computacionais para                      

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 WANG, C. H. Introduction to Fracture Mechanics. Melbourne: DSTO Aeronautical and Maritime Research Laboratory, 1996.

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics. Applied Sciences, v.7 (2005), n.1, pp. 127­146.

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 Navios de transporte construídos em massa pelos estaleiros americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Em certas épocas da guerra, três transportes eram concluídos por dia.

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 WANG, C. H. Introduction to Fracture Mechanics.

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 ADACHI, J. et al. Computer simulation of hydraulic fractures. International Journal of Rock Mechanics

& Mining Sciences, v. 44 (2007), pp. 739­757.

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fraturas permite que os materiais sejam testados antes mesmo da sua construção,                       proporcionando economias de tempo, dinheiro e vidas humanas.

A existência de fraturas e seu impacto na resistência dos materiais já é conhecida da                             humanidade desde tempos muito antigos, mas a primeira tentativa sistemática de                     estudo em mecânica de fraturas foi feita por Leonardo da Vinci por volta de 1500, com                               a descoberta dos efeitos de tamanho nas estruturas. Galileu deu continuidade a esses                         estudos, investigando a relação entre as dimensões de animais e a resistência de                         seus ossos, assim como Coulomb, que focou sua atenção nos estudos de rachaduras                         em pedras.

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Os primeiros estudos analíticos sobre fraturas foram feitos por Kirsch em 1898, mas                         uma das contribuições iniciais mais relevantes ao estudo das fraturas foi feita por Alan                           Arnold Griffiths, em 1920, que obteve uma relação matemática envolvendo o tamanho                       de uma rachadura e a tensão aplicada para sólidos frágeis. Esse trabalho foi                         estendido por muitos pesquisadores, dentre eles George Rankine Irwin, que propôs                     que a relação de Griffiths deveria levar em conta também a região plástica na                           determinação da energia necessária para a expansão de uma rachadura. Tais ideias                       foram a base para muitos dos métodos desenvolvidos na área de mecânica de                         fraturas.

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A mecânica de fraturas pode ser dividida basicamente em dois ramos de estudo: a                           mecânica da fratura elasto­plástica         (EPFM) estuda o comportamento de materiais           dúcteis como aço inox, aço com pouco carbono ou polímeros, nos quais a plasticidade                           precede a fratura. Já a           mecânica da fratura linear elástica           (LEFM) descreve muito     bem o comportamento de materiais frágil­elásticos como aço de alta resistência,                     vidro, concreto ou gelo, mas deixa de ser uma aproximação boa para materiais                         dúcteis submetidos a cargas suficientemente altas .

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.

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 WANG, C. H. Introduction to Fracture Mechanics.

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Para descrever o comportamento dos materiais com fraturas, tanto a EPFM quanto a                         LEFM fazem uso de modelos conceituais e matemáticos. Modelos são instâncias de                       teorias, utilizados para descrever a realidade. Existem modelos de vários tipos:                    

icônicos, que são reproduções em escala de um objeto; conceituais, que representam                       as características (conceitos) de um objeto; e matemáticos, que descrevem as                     características de um objeto a partir de equações. Uma simulação é uma ferramenta                         que, a partir de um modelo, usa dados de entrada para gerar dados de saída ao longo                                 do tempo, tentando reproduzir aspectos da realidade.

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Os modelos matemáticos utilizados para descrever o comportamento tanto de                   materiais frágeis quanto de materiais dúcteis envolvem a solução de problemas de                       valor de contorno em equações diferenciais. Como tais equações são custosas de se                         resolver analiticamente, são empregadas técnicas para encontrar soluções               aproximadas, dentre as quais se incluem o Método dos Elementos Finitos e suas                         variações.

O Método dos Elementos Finitos, cuja origem está relacionada aos trabalhos de                       diversos matemáticos, envolve a representação do objeto em questão por uma malha                       finita de elementos, para os quais são resolvidas equações que são aproximações                       locais das equações diferenciais parciais envolvidas no problema. As soluções são                     então combinadas para obter a resposta final do problema de forma a minimizar a                           superfície de erro.

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A partir da segunda metade da década de 1960, o Método dos Elementos Finitos                           começou a ser empregado na solução de problemas de mecânica de fraturas.                      

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Porém, as descontinuidades presentes devido à fratura complicavam o uso dos                     elementos finitos, o que levou ao surgimento de variantes do método, desde a                         introdução de novas estratégias para a escolha de elementos para a discretização,                      

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 ALBERTS, D. S.; HAYES, R. E. Understanding Command and Control. Washington: CCRP, 2006.

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 WESTIN, M. F.; RIBEIRO, R. T. S. Método Dos Elementos Finitos Na Simulação De Tensão E Elasticidade Em Placas.

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.

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abordagem que teve como pioneiros Rao             et al.     em 1971 , até técnicas mais recentes  

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        como a     scaled boundary finite element method, que combinam os elementos finitos                   com outras técnicas.

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Além dos desenvolvimentos no uso dos elementos finitos, também foram propostas                     alternativas, como o uso de métodos não­estruturados, que não impõem uma divisão                       do objeto em malha de elementos; já em 1992, Nayroles                     et al. propuseram o uso de           funções de peso para a descrição das descontinuidades.              

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  Outra alternativa é o uso         de malhas não­estruturadas, como o modelo de fratura discreta, que representa as                       fraturas como elementos de dimensões menores do que a do problema sendo                       modelado; um trabalho nessa linha é o de Karimi­Fard et al. em 2004 .

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Outro avanço nas técnicas de simulação de fraturas foi a adoção de métodos                         probabilísticos para a modelagem de fatores aleatórios. Com o uso de métodos de                         Monte Carlo  

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    e outras técnicas probabilísticas, passa a ser possível modelar               situações em que a carga aplicada no corpo segue alguma distribuição de                       probabilidade.

Os modelos probabilísticos são usados em conjunto com outras técnicas                   computacionais , por exemplo, na determinação da propagação de rachaduras em

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                  componentes rotativos de rotores: como as aeronaves desempenham diversos tipos                   de missões, as cargas podem variar amplamente, e um método de Monte Carlo pode                           ser empregado para refletir essa distribuição das cargas.

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.

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 BONACUSE, P. J. et al. Simulation of Crack Propagation in Engine Rotating Components

Under Variable Amplitude Loading.         RTO Symposium on Design Principles and Methods for Aircraft Gas                   Turbine Engines. Toulouse, França, 1998.

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.

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 KARIMI­FARD, M.; DURLOFSKY, M. J.; AZIZ, K. An effcient discrete­fracture model applicable for general­purpose reservoir simulators. SPE Journal, v. 9 (2004), pp. 227­236.

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 Os métodos de Monte Carlo são técnicas computacionais que determinam probabilidades a partir da realização de diversas simulações com números aleatórios: a ideia básica é que, para um número suficientemente grande de pontos, a distribuição dos pontos refletirá a distribuição de probabilidade subjacente. Assim, acabam funcionando como amostragem.

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 CHOWDHURY, M. S.; SONG, C.; GAO, W. Probabilistic fracture mechanics by using Monte Carlo simulation and the scaled boundary finite element method. Engineering Fracturing Mechanics. V. 78 (2011), pp. 2369­2389.

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 BONACUSE, P. J. et al. Simulation of Crack Propagation in Engine Rotating Components

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Os modelos matemáticos empregados para investigar o comportamento das fraturas                   variam em técnicas, propósicos e complexidade. Porém, mesmo os mais simples                     deles exigem que sejam feitas muitas contas para a determinação das variáveis                       relevantes na simulação. Problemas de pequenas dimensões ainda podem ser                   resolvidos “na mão” com algum esforço, mas qualquer problema de grandes                     dimensões só se torna viável através do uso de computadores para acelerar as                         contas.

Por isso, o crescimento do poder computacional de acordo com a Lei de Moore                          

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aumenta o poder das simulações de fraturas, uma vez que ele permite que sejam                           empregados modelos cada vez mais complexos, já que se torna possível obter os                         dados de simulações em tempo factível. Enquanto no início da década de 1970                         grandes computadores eram necessários para qualquer problema bidimensional               envolvendo elementos finitos,    

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  já no início da década de 1990 havia poder                 computacional o suficiente para modelar problemas tridimensionais.

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Após décadas de desenvolvimento, a modelagem matemática de fraturas em                   materiais já atingiu uma razoável maturidade, com um conjunto de técnicas já bem                         estabelecidas. Porém, ainda há uma margem considerável para desenvolvimento de                   novas técnicas, e o crescimento do poder computacional permite que essas técnicas                       sejam utilizadas para atacar uma gama cada vez maior de problemas.

O uso de modelos matemáticos para a simulação computacional de fenômenos de                       fraturas é hoje bem comum em diversas áreas da indústria, como a construção civil, a                             aeronáutica e a extração de petróleo. O crescimento do poder computacional permite                       o uso de modelos cada vez mais sofisticados, o que permite maior precisão na                          

Under Variable Amplitude Loading.

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 “Lei” informal enunciada por Gordon Moore, co­fundador da Intel, segundo a qual o número de transistores em um processador dobraria a cada dois anos. Embora seja um resultado puramente de observação, ela vem se mantendo até hoje, com o poder de processamento dos processadores dobrando em média a cada 18 meses.

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 RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.

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 BITTENCOURT, T. N. Computer Simulation of Linear and Nonlinear Crack Propagation in

Cementitious Materials.  Tese (Doutorado). Graduate School, Cornell University, Ithaca, 1993.

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descrição do alastramento de fraturas e de suas consequências.

Ao efetuar simulações, é possível verificar o comportamento destes e detectar                     eventuais falhas antes da construção física dos materiais. Com a informação obtida                       através das simulações, é possível encontrar soluções para os problemas de projeto                       antes que eles se manifestem, evitando custos financeiros e humanos.

Bibliografia

ADACHI, J.     et al.     Computer simulation of hydraulic fractures.           International Journal of     Rock Mechanics & Mining Sciences, v. 44 (2007), pp. 739­757.

ALBERTS, D. S.; HAYES, R. E.             Understanding Command and Control.         Washington:

CCRP, 2006.

BITTENCOURT, T. N.       Computer Simulation of Linear and Nonlinear Crack             Propagation in Cementitious Materials.         Tese (Doutorado). Graduate School, Cornell         University, Ithaca, 1993.

BONACUSE, P. J.       et al. Simulation of Crack Propagation in Engine Rotating                 Components Under Variable Amplitude Loading.           RTO Symposium on Design       Principles and Methods for Aircraft Gas Turbine Engines. Toulouse, França, 1998.

CHOWDHURY, M. S.; SONG, C.; GAO, W. Probabilistic fracture mechanics by using Monte Carlo simulation and the scaled boundary finite element method. Engineering Fracturing Mechanics. V. 78 (2011), pp. 2369­2389.

RAZVAN, R. Over the evolution of the fundamental ideas of fracture mechanics.                         Applied Sciences, v.7 (2005), n.1, pp. 127­146.

WANG, C. H.       Introduction to Fracture Mechanics. Melbourne: DSTO Aeronautical and               Maritime Research Laboratory, 1996.

WESTIN, M. F.; RIBEIRO, R. T. S.               Método Dos Elementos Finitos Na Simulação De            

Tensão E Elasticidade Em Placas.

Referências

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