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Robinson Crusoé. Daniel Defoe

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Academic year: 2021

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Robinson Crusoé

Daniel Defoe

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DANIEL DEFOE

Finalmente, depois de ter nadado várias vezes à volta do barco, descobriu uma corda pendurada na proa e, gra- ças a ela, trepou a bordo.

À popa do navio estava tudo enxuto e a água não tinha danificado muito as provisões. Pegou nalguns biscoitos e comeu-os; bebeu um largo trago de aguardente e sentiu- -se melhor e com mais forças para começar a trabalhar.

Primeiro, apanhou alguns barrotes de madeira e um ou dois mastaréus suplentes que estavam no convés. Pas- sou-os pela borda, segurando-os com uma corda, para impedir que fossem arrastados para longe. Em seguida,

atou todos os barrotes, de maneira a fazer uma jangada, colocando por cima bocados de tábua grossa, atraves- sados. Foi preciso ainda muito tempo até que a jangada tivesse a robustez necessária para poder transportar as coisas que desejava levar para terra.

Por fim, depois de muito trabalho, conseguiu carregar

três arcas de marinheiro, que arrombara e esvaziara, en-

chendo-as de pão, de arroz, de queijo e de toda a comida

que conseguiu encontrar, além de toda a espécie de obje-

tos que pensou poder vir a necessitar. Descobriu também

a caixa da ferramenta do carpinteiro e pô-la na jangada,

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pois, de tudo o que havia no navio, nada pode- ria vir a ser-lhe mais útil.

Em seguida, tratou de procurar roupas por- que, enquanto estava a bordo, a maré subira e levara-lhe o casaco, o colete e a camisa, que deixara ficar na areia.

Também acarretou espingardas, pistolas,

pólvora e balas, bem como dois sabres ferru-

gentos.

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seu lado, um grande suspiro, como o de alguém a sofrer, seguido de um som parecido com um murmúrio, mas com umas palavras que ele não distinguia, e, a seguir, no- vamente um profundo suspiro. Um suor frio espalhou-se pelo seu corpo. Recuou novamente, a tremer, mas decidi- do a não fugir, desta vez.

Levantando o archote acima da cabeça, olhou em vol- ta e viu, deitado no chão da caverna, um enorme bode velho, a exalar o último suspiro, aparentemente a morrer de simples velhice.

Tocou-lhe com a ponta do pé, para ver se ele saía da gruta, mas o pobre animal não se conseguiu levantar e Robinson deixou-o onde estava.

Assim que se restabeleceu do susto, observou cuida- dosamente à sua volta. A gruta era pequena — não tinha mais de quatro metros na sua parte mais larga — mas ele notou, a um canto, outra abertura. Contudo, era tão rente ao chão que teve de se arrastar para passar por ela. Ape- nas com a luz do archote, não conseguia ver até onde esta o conduzia, por isso, resolveu voltar noutra ocasião.

Há muito tempo que aproveitava a gordura das cabras que matava para fazer velas e, no dia seguinte, voltou à caverna com seis delas e o isqueiro para as acender. Nes- sa época, não havia fósforos e costumava-se fazer lume com uma pedra, aço e um pedaço de pavio, que pegava fogo com muita facilidade.

Ao entrar na caverna, viu que o bode já tinha morrido.

Afastou-o para o lado e decidiu enterrá-lo mais tarde. Pôs

as mãos e os joelhos no chão e arrastou-se cerca de nove

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metros através da estreita passagem, até chegar a um

grande compartimento, cujo teto estava a uma altura de

seis metros. Por todos os lados, as paredes refletiam a luz

da sua vela e cintilavam como oiro ou diamantes. O chão

apresentava-se perfeitamente enxuto e plano e nem se-

quer havia humidade nas paredes. Robinson estava satis-

feito com a sua descoberta.

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tudo o que o amo lhe dissesse. E, à medida que o tempo decorria, Robinson não duvidava que, se um dia fosse ne- cessário, Sexta-Feira arriscaria a vida para salvá-lo.

A princípio, quando saíam juntos para a floresta, Sexta- -Feira sentia-se aterrorizado de cada vez que Robinson dis- parava a espingarda. Nunca vira o seu amo meter nada den- tro dela e não conseguia compreender como se podia matar apenas com o estrondo e o clarão de uma chama. Acredita- va que as espingardas eram uma espécie de espíritos malig- nos que lhe podiam fazer mal, tendo-se passado muito tempo antes de se resolver a mexer nelas, embora Ro- binson o ouvisse muitas vezes a conversar com elas, quando estava sozinho. Mais tarde, quando já falava melhor o inglês e estava mais familiarizado com as espingardas, contou ao amo que costumava pedir-lhes que não o matassem.

Uma coisa que Robinson nunca pôde ensinar a Sexta-

-Feira foi a comer os seus alimentos com sal. O sal era coi-

sa que os canibais não usavam e alguns deles chegavam

a dizer que não lhes interessava comer um branco, por

ser excessivamente salgado. Um indígena da sua raça era

para eles muito mais doce, embora, de facto, só comes-

sem gente de tribos estranhas, que capturavam em perío-

dos de guerra. A única forma de ingerirem sal era através

da água do mar, que utilizavam como remédio, bebendo-

-a em grandes quantidades, até conseguirem vomitar.

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