Poesia
Maurits Cornelis Escher 1898 – 1972 (Holandês)
O MUNDO É GRANDE
Carlos Drummond de Andrade
O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
Objetivo x Subjetivo
Um conhecimento subjetivo é aquele que
depende do ponto de vista pessoal, individual, que não é fundado no objeto, mas na mente do
observador.
Um conhecimento objetivo é fundado na
observação imparcial, é independente das
preferências individuais.
Texto subjetivo
Um texto subjetivo é aquele que expressa
uma visão pessoal do autor sobre um
determinado tema. Nele o autor pode fazer
uso de qualquer tipo de linguagem figurada
para expor suas ideias, o texto pode conter
metáforas, metonímias, sinestesia etc. Um
texto subjetivo pode ser apresentado através
de poesias, contos, poemas, crônicas, ou
mesmo em romance de ficção.
Poesia está em toda parte: nas canções de ninar, nas cantigas de roda, nas propagandas, nas letras de música, em uma bela paisagem, nas palavras de um homem apaixonado...
Poesia é o subjetivo, o abstrato enquanto que poema é o concreto.
Eu-lírico ( eu-poético)
É a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.”
(Fernando Pessoa)
Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever.
No entanto, ele está cá dentro inquieto, vivo.
Ele está cá dentro e não quer sair.
Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.
(Carlos D de Andrade)
Poesia
O eu-lírico pode aparecer na forma feminina, mesmo o autor sendo do sexo masculino
“(...)E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer (...)”
(Chico Buarque de Holanda)
Como é estruturada uma
poesia.
Verso corresponde a cada linha do poema. Os versos organizam- se em estrofes.
Estrofe ou estância é um
agrupamento de versos.
O bicho Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão, Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Observe este poema de Manuel Bandeira, há
uma classificação para cada estrofe.
A primeira estrofe chama-se sextilha, pois apresenta seis versos.
A segunda estrofe chama-se terceto, pois apresenta três versos.
A terceira estrofe chama-se
monóstico, pois apresenta um
verso.
DENOMINAÇÃO DAS ESTROFES QUANTO AO NÚMERO DE VERSOS
• MONÓSTICO: ESTROFE COM UM VERSO.
• DÍSTICO: ESTROFE COM DOIS VERSOS.
• TERCETO: ESTROFE COM TRÊS VERSOS.
• QUADRA OU QUARTETO: ESTROFE COM QUATRO VERSOS.
• QUINTILHA: ESTROFE COM CINCO VERSOS.
• SEXTILHA: ESTROFE COM SEIS VERSOS.
• SÉTIMA OU SEPTILHA: ESTROFE COM SETE VERSOS.
• OITAVA: ESTROFE COM OITO VERSOS.
• NONA: ESTROFE COM NOVE VERSOS.
• DÉCIMA: ESTROFE COM DEZ VERSOS.
MÉTRICA é a medida ou quantidade de
sílabas que um verso possui.
A divisão e a contagem das sílabas métricas de um verso são chamadas de ESCANSÃO.
Essa contagem não é feita da mesma forma que a divisão e contagem de sílabas normais.
O número de sílabas poéticas e gramaticais nem sempre coincidem.
A contagem das sílabas métricas faz- se auditivamente e subordina-se às seguintes regras:
1. Só se contam as sílabas até a
última sílaba tônica do verso.
2. Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, unem-se numa única sílaba métrica.
“ A i/da/de aus/te/ra e/ no/bre a/ que/
che/ga/mos.”
(Alberto de Oliveira)
OBSERVAÇÕES:
• Para que tais uniões vocálicas não sejam duras e malsonantes, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três.
b) Não se unem vogais tônicas (vi/ó/dios); (es/tá/úmido) nem se juntam
tônicas com átonas (a/li/o/ve/jo).
3. Ditongos crescentes valem, geralmente, uma só sílaba métrica:
“O/pe/rá/rio/mo/des/to/, a/be/lha pobre”
Às vezes, porém, poetas dissolvem ditongos crescentes em hiatos. Esta dissolução denomina-se diérese:
“Nem/ fez/ cas/te/los/gran/di/o/sos”
DENOMINAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE SÍLABAS POÉTICAS
UMA SÍLABA: Monossílabo DUAS SÍLABAS: Dissílabos TRÊS SÍLABAS: Trissílabos
QUATRO SÍLABAS: Tetrassílabos CINCO SÍLABAS: Pentassílabos ou Redondilha menor SEIS SÍLABAS: Hexassílabo
SETE SÍLABAS: Heptassílabo ou
Redondilha maior
OITO SÍLABAS: Octossílabos
NOVE SÍLABAS: Eneassílabos ou Jâmbicos
DEZ SÍLABAS: Decassílabos ou Heróicos
ONZE SÍLABAS: Hendecassílabos
DOZE SÍLABAS: Dodecassílabos ou Alexandrinos
MAIS DE DOZE SÍLABAS: Bárbaros
OBSERVE O EXEMPLO
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DIVISÃO DE SÍLABAS POÉTICAS
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VEJA OUTRO EXEMPLO
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2 MES
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DIVISÃO DE SÍLABAS GRAMATICAIS
DIVISÃO DE SÍLABAS POÉTICAS
*
ÚLTIMA SÍLABA TÔNICA
RITMO
Resulta da regular sucessão de sílabas átonas ou fracas e de sílabas tônicas ou fortes.
Os acentos tônicos, ou as sílabas tônicas,
devem repetir-se com intervalos regulares,
de modo a cadenciar o verso e torná-lo
melodioso.
Observe o ritmo nas estrofes a seguir, sempre na 2ª sílaba poética .
“Quem dera Que sintas as dores
De amores Que louco Senti!
Quem dera Que sintas!...
- Não negues, Não mintas...
Eu vi!...” (Casimiro de Abreu)
Agora observe estes versos que apresentam acentuação na 3ª, na 6ª e na 9ª sílabas.
“Contemplando o teu vulto sagrado, Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amado, Poderoso e feliz há de ser.”
(Hino à Bandeira – Olavo Bilac)
Café com pão Café com pão Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim Café com pão Agora sim Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista
Manuel Bandeira
Trem de Ferro
Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força
(trem de ferro, trem de ferro) Oô...
Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pasto Passa boi Passa boiada Passa galho Da ingazeira Debruçada No riacho Que vontade De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero No canaviá
Cada pé de cana Era um oficiá Oô...
Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca
Pra matar minha sede Oô...
Vou mimbora vou mimbora Não gosto daqui
Nasci no sertão Sou de Ouricuri Oô...
Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)
(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)
RIMA
São coincidências sonoras que podem ocorrer em qualquer lugar dos versos, dependendo da escolha do poeta.
Obedecem a diversas classificações. As
rimas de dentro do verso são chamadas
internas e as rimas nas últimas palavras
do verso são chamadas de finais.
QUANTO À TERMINAÇÃO DO SOM
1) PERFEITAS:
sereno e moreno; neve e leve 2) IMPERFEITAS:
Deus e céus; estrela e vela
QUANTO À TONICIDADE
1) AGUDAS (oxítonas)
feroz e atroz; amor e clamor 2) GRAVES (paroxítonas)
festa e manifesta; flores e cores 3) ESDRÚXULAS (proparoxítonas)
mágico e trágico; lírico e onírico
QUANTO AO VOCABULÁRIO POBRES
Mesma classe gramatical Ex: Coração e oração
RICAS
Classe gramatical diferente
Ex: Prece e adormece
RIMA INTERIOR
Veja alguns exemplos:
“Como são cheirosas as primeiras rosas” (A. de Guimarães)
“Donzela bela, que me inspira a lira Um canto santo de fremente amor
Ao bardo o cardo da tremenda senda Estanca arranca-lhe a terrível dor.”
(Castro Alves)
DISPOSIÇÃO DAS RIMAS NAS ESTROFES
RIMAS EMPARELHADAS (AABB)
“Ele deixava atrás tanta recordação! A
E o pesar, a saudade, até no próprio chão, A
Debaixo dos seus pés, parece que gemia, B
Levanta-se o sol, vinha rompendo o dia(...)” B
(A. de Oliveira)
RIMAS ALTERNADAS (ABAB)
“Tu és um beijo materno! A Tu és um riso infantil, B
Sol entre as flores de inverno, A Rosa entre as flores de abril! ” B
( J. de Deus)
RIMAS INTERPOLADAS OU OPOSTAS (ABBA)
“ Saudade! Olhar de minha mãe rezando A
E o pranto lento deslizando em fio... B
Saudade! Amor dminha terra... O rio B
Cantigas de águas claras soluçando . “ A
(Da Costa e Silva)
VERSOS BRANCOS
São os versos sem rima.
Envelhecer
Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
(Mário Quintana)
VERSO LIVRE
São os versos que não obedecem aos preceitos da versificação tradicional, em relação à métrica e ao ritmo.
Observe este poema de Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás a luz o telefone
a sonegação do leite
da carne do açúcar do pão
O funcionário público não cabe no poema
com seu salário de fome sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema o operário
que esmerila seu dia de aço e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores, Está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
O homem sem estômago a mulher de nuvens
A fruta sem preço
O poema, senhores, Não fede
nem cheira.
Não há vagas
Há poemas que têm forma fixa, isto é, submetida a regras quanto à combinação dos versos, das rimas e das estrofes. Assim, há, por exemplo, o soneto , cujos
versos são agrupados em dois quartetos e dois tercetos;
a balada (três oitavas e uma quadra);
o rondó (somente quadras ou quadras combinadas com oitavas);
o haicai (um terceto em que o 1º e o 3º versos são pentassílabos e o 2º é heptassílabo).
AS FORMAS FIXAS
As rimas das quadras são as mesmas. Um par de rimas serve a ambas, segundo o esquema abba-abba ou abab-abab.
Nos tercetos podem combinar-se duas ou, mais frequentemente, três rimas.
Quando há apenas duas rimas, dispõem-se elas normalmente de forma alternada: cdc- dcd.
Se as rimas são três, distribuem-se em geral nos esquemas: ccd-eed, cdc-ede, cde-cde.
DISPOSIÇÃO DAS RIMAS NO
SONETO
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida a Meus olhos andam cegos de te ver! b Não és sequer razão de meu viver, b Pois que tu és já toda a minha vida! a Não vejo nada assim enlouquecida… a Passo no mundo, meu Amor, a ler b No misterioso livro do teu ser b A mesma história tantas vezes lida! a
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…” c Quando me dizem isto, toda a graça c Duma boca divina fala em mim! d E, olhos postos em ti, vivo de rastros: e
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros, e
Que tu és como Deus: princípio e fim!…” d
Poesia - Resumo
Poesia é o subjetivo, o abstrato, enquanto que poema é o
concreto.
ESTROFES QUANTO AO NÚMERO DE VERSOS
• MONÓSTICO: 1
• DÍSTICO: 2
• TERCETO: 3
• QUADRA OU QUARTETO: 4 QUINTILHA: 5
• SEXTILHA: 6
• SÉTIMA OU SEPTILHA: 7
• OITAVA: 8.
• NONA: 9
• DÉCIMA: 10
QUANTO AO NÚMERO DE SÍLABAS POÉTICAS
UMA SÍLABA: Monossílabo DUAS SÍLABAS: Dissílabos TRÊS SÍLABAS: Trissílabos
QUATRO SÍLABAS: Tetrassílabos CINCO SÍLABAS: Pentassílabos ou Redondilha menor SEIS SÍLABAS: Hexassílabo
DISPOSIÇÃO DAS RIMAS NAS ESTROFES
RIMAS EMPARELHADAS (AABB) RIMAS ALTERNADAS (ABAB) RIMAS INTERPOLADAS
OU OPOSTAS (ABBA)