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ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos.

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Academic year: 2022

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APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO SIMPLES. SIMULAÇÃO DE PORTE DE ARMA DE FOGO. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. RECONHECIMENTO HÍGIDO DA VÍTIMA E ÁLIBI INCONSISTENTE.

DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO INVIÁVEL.

CONDENAÇÃO MANTIDA.

Materialidade e autoria delitivas comprovadas.

Existe prova hígida de que o réu, na madrugada dos fatos, ingressou no táxi da vítima e, simulando portar arma de fogo, exigiu-lhe celular e dinheiro. A vítima fez reconhecimento firme por fotografia e pessoal na fase policial e confirmou sua certeza ao visualizar o réu em audiência. A tese de negativa de autoria não encontrou respaldo na prova, tendo o álibi apresentado se revelado inconsistente, com contradições.

Desclassificação inviável. Evidenciada a grave ameaça, descabida a desclassificação para delito de furto simples.

Dosimetria da pena mantida. Pena carcerária definitiva em 04 anos de reclusão, em regime inicial aberto e pena de 10 dias-multa, à razão unitária mínima.

Isenção da pena de multa inviável. A pena pecuniária não pode ser afastada porque se trata de sanção prevista de forma cumulativa para o tipo penal APELAÇAO DEFENSIVA DESPROVIDA. UNÂNIME.

APELAÇÃO CRIME SEXTA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70057275984 (N° CNJ: 0452225- 68.2013.8.21.7000)

COMARCA DE MARAU

LEANDRO MACHADO APELANTE

MINISTERIO PUBLICO APELADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

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Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao apelo defensivo.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. AYMORÉ ROQUE POTTES DE MELLO (PRESIDENTE E REVISOR) E DES.ª BERNADETE COUTINHO FRIEDRICH.

Porto Alegre, 31 de julho de 2014.

DES. ÍCARO CARVALHO DE BEM OSÓRIO, Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. ÍCARO CARVALHO DE BEM OSÓRIO (RELATOR)

Na Comarca de Marau, o MINISTÉRIO PÚBLICO denunciou LEANDRO MACHADO(nascido em 31-10-1990, com 21 anos de idade na época dos fatos) por infração ao art. 157, §2º, incisos I, c/c artigo 61, inciso II, alínea “c”, ambos do Código Penal, pela prática do seguinte fato delituoso:

“FATO DELITUOSO:

No dia 30 de janeiro de 2012, por volta das 03 horas, na ERS 132, no Município de Camargo, RS, o denunciado, LEANDRO MACHADO, mediante violência e grave ameaça, exercidas com emprego de arma (não apreendida), subtraiu, para si, em prejuízo da vítima Jonata Luis Sguarez, um aparelho de telefone celular, marca Nokia, nº 51 99795290 e a importância de aproximadamente R$ 200,00 (duzentos reais) em moeda corrente nacional.

O crime foi cometido mediante dissimulação, pois o denunciado solicitou que a vítima, na condição de taxista, realizasse uma corrida da Cidade de Marau até Camargo e, durante o trajeto, mediante ameaças de morte, anunciou o assalto e efetuou a

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Os valores e o aparelho de telefone celular, avaliado indiretamente em R$ 290,00 (duzentos e noventa reais – Auto de Avaliação da fl. 31), não foram apreendidos.

O denunciado foi reconhecido pela vítima (Autos de Reconhecimento das fls. 11 e 20).”.

Decretada a prisão preventiva do acusado (fls. 43/44).

A denúncia foi recebida em 05 de março de 2012 (fl. 53). O acusado foi citado (fl. 61,v) e, por intermédio de da Defensoria Pública, apresentou respostas à acusação, sem arrolar testemunhas (fls.

63/68). Arrolou, posteriormente, quatro testemunhas (fl. 77).

Não conhecido o recurso de habeas corpus impetrado em favor do réu nesta 6ª Câmara Criminal, do TJ/RS, de relatoria do Des. Ícaro Carvalho de Bem Osório.

Durante a instrução procedeu-se à oitiva da vítima (fls. 110/112), testemunhas (fls. 112v/115v; 116/118; 118v/120; 120v/121; 148) e ao interrogatório do réu (CD de fl. 187).

Revogada a prisão preventiva do acusado (fl. 107).

As partes apresentaram memoriais escritos (fls. 194/197v - MP e 198/215 - DPE) e, em seguida, sobreveio sentença (fls. 216/221) julgando PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação penal para condenar o réu LEANDRO MACHADO como incurso nas sanções do art. 157, caput, do Código Penal, impondo-lhe a pena de 04 anos de reclusão (basilar tornada definitiva), em regime inicial aberto e pagamento de 10 dias-multa, na razão unitária mínima legal. A pena privativa de liberdade não foi substituída, pois não estão presentes os requisitos para a concessão do benefício.

Concedeu-lhe o direito de apelar em liberdade. Custas processuais pelo réu, com exigibilidade suspensa pela concessão de AJG.

A decisão foi prolatada em 29 de julho de 2013 (fl. 221).

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As partes foram intimadas, o réu pessoalmente (MP – fl. 221v, Defesa – fl. 221v e Réu – fl. 242,v).

Inconformado, o réu apelou e o recurso foi recebido (fls. 222 e 223).

Em suas razões (fls. 225-237), a Defesa pede a absolvição do réu, pois inexistente nos autos prova suficiente para fundamentar o decreto condenatório. Subsidiariamente, pugna pela desclassificação do delito para furto simples, já que não comprovada a violência ou grave ameaça; quando da desclassificação, a atipicidade do delito, pela aplicação do princípio da insignificância. Por fim, alternativamente na hipótese de manutenção da sentença, o afastamento ou a redução da pena de multa, por se tratar de réu economicamente pobre.

O Ministério Público apresentou contrarrazões (fls. 238/241v). Nesta Corte, o douto Procurador de Justiça, Dr. Mauro Henrique Renner, manifestou-se pelo conhecimento e desprovimento do recurso defensivo (fls. 244/249v).

Vieram os autos conclusos para julgamento.

É o relatório.

V O T O S

DES. ÍCARO CARVALHO DE BEM OSÓRIO (RELATOR) Eminentes Colegas.

O apelo é próprio, adequado e tempestivo e merece ser conhecido.

Estou mantendo a sentença na íntegra, pois comprovadas autoria e materialidade delitivas:

“2.2 Mérito

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Ao réu é imputada a prática do delito previsto no artigo 157, parágrafo 2º, inciso I, pelo fato de, supostamente, mediante violência e grave ameaça, exercidas com emprego de arma, ter subtraído um aparelho celular e a importância de R$200,00 (duzentos reais).

A materialidade do delito está consubstanciada pelo boletim de ocorrência acostado às fs. 06/07.

A autoria, igualmente, é certa, embora negada pelo acusado.

A vítima, durante a fase pré-processual, realizou o reconhecimento pessoal do acusado com a observância de todas as formalidades exigidas pelo artigo 226 do Código de Processo Penal, conforme consubstanciado no auto de f. 22.

A higidez do procedimento de reconhecimento pessoal realizado na fase pré-processual e, logo, o seu valor probante é corroborado pelo depoimento, em juízo, do Delegado de Polícia Rafael Soccol Sobreiro, que relatou (f. 148):

“(...) Na fase policial foi procedido o reconhecimento pessoal do acusado, com a observância do procedimento previsto no CPP, sendo que colocado um irmão do acusado, muito parecido com este e, mesmo assim a vítima reconheceu Leandro, sem sombra de dúvidas, como autor do roubo. Recorda que o advogado que acompanhou o ato de reconhecimento, ainda perguntou como tinham conseguido alguém tão parecido para fazer o reconhecimento pessoal”

A certeza da vítima quanto à identificação do acusado consta ainda em seu depoimento em juízo (f. 110), no qual fez alusão ainda a um reconhecimento por fotografia realizado num primeiro momento perante a Autoridade Policial:

“Juíza: O senhor disse que já conhecia, então, a pessoa que lhe assaltou, por que tinha prestado um outro serviço a ele?

Vítima: Isto.

(…)

Ministério Público: O senhor conhecia ele pelo nome já?

Vítima: Não, só por... Por que eu fiz uma corrida pra ele, eu gravei só...

Ministério Público: Só sabia identificar a fisionomia dele?

Vítima: Isso.

Ministério Público: Foram apresentadas pro senhor, na polícia, fotografias.

Vítima: Isto.

Ministério Público: Várias fotografias?

Vítima: Apresentaram, no caso, várias fotografias. Daí eu identifiquei ele né, pela fotografia.

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Ministério Público: o senhor identificou, o senhor teve alguma dúvida? Ou o senhor identificou sem dúvida alguma?

Vítima: sem dúvida alguma.”

É certo que, ao longo da instrução processual, foram ouvidas algumas testemunhas de defesa que, aparentemente, seriam álibis, pessoas que, na data do fato, certificariam que o acusado não estaria no local do fato, mas em uma festa familiar, um churrasco que teria se estendido até a madrugada.

Porém, os álibis apresentaram testemunhos contraditórios e que não certificariam com segurança que a festa familiar ocorreu, justamente, no dia dos fatos.

Primeiramente, a informante, Lourdes Machado, mãe do acusado, que não sabia exatamente o dia da referida festa (vide início de seu depoimento, f. 112v), disse que a festividade decorria de um aniversário da vizinha Fátima.

Fátima (fs. 118V/120), que também não sabia precisar o dia da festa (disse dia 30 porque “foi isso que falaram né”), por sua vez, disse que se tratava do aniversário do irmão do acusado.

Igualmente, Elias Borges (fs. 116/118).

Porém, o irmão do acusado nasceu em 08 de novembro, não sendo crível que a comemoração se daria em 30 de janeiro de 2012...

Além disso, expedidos ofícios às mais variadas companhias aéreas (fs. 84/90), não se conseguiu certificar que o irmão Adriano Machado, suposto aniversariante e que mora na Bahia, realmente, estivesse no Rio Grande do Sul na ocasião (fs. 125, 128/129, 130, 131/132, 150/173 e 175).

Portanto, o reconhecimento pessoal, aliado às declarações da vítima e do Delegado de Polícia em juízo, formam uma convicção suficiente para a condenação, que não é atingida pela tese de defesa, em face da fragilidade da prova produzida.

Certas a materialidade e a autoria, resta a realização do juízo de tipicidade material e de adequação típica, diante das teses arguidas em defesa.

Não há falar em atipicidade material pela insignificância da conduta, uma vez que os delitos de roubo (o qual é imputado ao acusado), sejam cometidos por violência ou por grave ameaça, sempre trazem uma lesividade jurídica revelante, uma vez que, além da lesão patrimonial, conjuga-se uma lesão à liberdade pessoal. Além disso, ainda que de furto se trate(asse), não se poderia falar em insignificância que uma lesão de R$200,00

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(duzentos reais) mais o valor de um celular (avaliado em R$290,00, f. 33), totalizando R$490,00, seja insignificante.

Resta o juízo de adequação típica.

Para a configuração do delito de roubo, agrega-se, à substração da coisa, o exercício de violência, de grave ameaça ou de qualquer outro meio que impossibilite a resistência da vítima para o desapossamento da coisa (artigo 157, caput, do Código Penal) ou para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro (artigo 157, §1º, do Código Penal).

No presente caso, os relatos da vítima na fase pré- processual (f. 08) e em juízo (f. 110/115) indicam que houve a grave ameaça que impossibilitou a resistência da vítima.

Na fase pré-processual, a vítima referiu que “não chegou a ver se este realmente possuía alguma arma, pois ficou com medo e também era ameaçado constantemente pelo meliante”.

Em juízo, a vítima referiu o anúncio do assalto, uma ameaça por gesto (“mão embaixo da camiseta”, que dava “a entender que o mesmo estava armado”) e, ainda, uma ameaça verbal (“aí eu te mato”).

Além de ter havido a ameça verbal (ameaça de morte), sabe-se que, em tese, a ameaça pode se consubstanciar em um gesto, conforme leciona Mirabete (Manual de Direito Penal, v. II, 28. ed., p. 148) ao comentar o delito autônomo da ameaça (artigo 147, CP):

“Pode a ameaça ser praticada por meio de palavra, ainda que gravada, escrito, como a carta ou o bilhete, desenho, gesto, como apontar uma arma de fogo em direção à vítima ou qualquer outro meio simbólico, como na exibição de fetiches ou bonecos perfurados com agulhas, afixação à porta de alguém de emblema ou sinal usado por uma associação de criminosos etc.”

No caso, a vítima, mesmo questionada pelo Defensor Público, referiu ter realmente acreditado que o agente estava armado, configurando-se, assim, além da ameça verbal, a ameaça por gesto.

Por fim, cumpre asseverar que, como requer a defesa, não será considerada a majorante do uso de arma de fogo, pois, além de não apreendida, não foi visualizada pela vítima ou por qualquer testemunha. Por outro lado, a atenuante genérica não será reconhecida, em vista da ausência de uma circunstância excepcional que configure uma maior vulnerabilidade do agente ou um grau reduzo de reprovabilidade da conduta.

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Com esses fundamentos, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a denúncia e CONDENO o réu LEANDRO MACHADO, já qualificado, pela prática do fato descrito na denúncia, como incurso nas penas do artigo 157, caput, do Código Penal.

Passo à dosimetria da pena (Pena em abstrato: reclusão, de quatro a dez anos, e multa).

Pena privativa de liberdade.

Em exame das circunstâncias judiciais (artigo 59 do Código Penal): a) não se observa qualquer elemento que possa indicar uma maior reprovabilidade da conduta se não o que é usual em crimes desta espécie (lesão patrimonial); b) o réu não apresenta antecedentes criminais, pois não há qualquer antecedente (fs.

54/55), assim considerada a sentença condenatória com trânsito em julgado; c) não há referência quanto à conduta social; d) nada há quanto à personalidade; e) os motivos são inerentes à espécie, ou seja, desejo de lucro fácil em detrimento do patrimônio da vítima; f) quanto às circunstâncias do crime, nenhum aspecto de relevo a destacar; g) as consequências do crime são as naturais para a espécie; h) a vítima, por sua vez, em nada contribuiu para o fato delituoso.

Assim, não existindo circunstância desfavorável, a pena base deve ser fixada no mínimo, 4 (quatro) anos de reclusão.

Não há agravantes (artigos 61 e 62 do Código Penal) nem atenuantes (artigos 65 e 66 do Código Penal). Pena provisória em 4 anos de reclusão.

Na terceira fase, não há causa de aumento ou de diminuição, fixando a pena definitiva em 4 (quatro) anos de reclusão.

Regime: pena não superior a 4 (quatro) anos e réu não reincidente. O regime, portanto, é o aberto. A detração, no caso, seria irrelevante para fins de fixação de regime, motivo pelo qual deixo de considerá-la.

Substituição por restritiva e sursis: como o crime foi cometido com grave ameaça à pessoa, não faz jus à substituição.

Igualmente, pena superior a 2 (dois) anos, não faz jus à suspensão condicional da pena.

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Pena de multa (cominada cumulativamente pelo tipo penal).

Quanto ao número de dias-multa, proporcionalmente à pena privativa de liberdade, fixo em 10 (dez) dias-multa.

Considerando a situação econômica do réu, fixo o valor do dia-multa em 1/30 (um trinta avos) do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato.

A atualização será realizada desde a data do fato.

Por não saber ao certo quem suportou o prejuízo, deixo de fixar a indenização mínima prevista no artigo 387, VI, do Código de Processo Penal.

O condenado não se encontra preso e não há motivo para a decretação da preventiva, motivo pelo qual poderá apelar em liberdade.

Em conclusão: pena de reclusão de 4 (quatro) anos em regime aberto, mais pena de multa de 10 (dez) dias-multa, com o valor de 1/30 do maior salário mínimo, atualizável desde a data do fato. “

A autoria é induvidosa, pois a vítima Jonata Luis Sguarez demonstrou segurança no reconhecimento feito por fotografia na polícia (fl.

13) e igualmente, em reconhecimento pessoal (fl. 22), oportunidade em que o réu foi colocado ao lado de dois indivíduos, sendo um deles seu irmão Rudimar Machado.

A vítima não titubeou em apontar o nº 02 como o autor do delito, sendo tal número correspondente ao réu Leandro Machado.

Em juízo (fls. 110-112), a vítima reeditou o reconhecimento, estando o réu presente na audiência:

“Juíza. A pessoa que lhe assaltou é o réu presente na audiência?

Vítima. Ele mesmo.

Juíza. O senhor tem certeza?

Vítima. Sim.”

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O ofendido, motorista de táxi, frisou que já havia feito uma corrida para o réu em ano anterior, evidenciando que memorizara suas feições.

A tese de negativa de autoria apresentada pelo réu em seu interrogatório (CD de fl. 187) cai por terra ao se constatar que o álibi apresentado é inconsistente, com contradições, como destacado na sentença.

Veja-se que o réu disse que ficaram em uma festinha entre amigos e familiares até a madrugada, mas mencionou que não estavam comemorando nenhuma data especial; sua genitora Lourdes Machado (fls.

112-115), disse que fizeram churrasco e estavam comemorando o aniversário da vizinha Fátima e Elias (fls. 116-118), referiu que estavam comemorando o aniversário de um irmão do réu, de alcunha “Neca”.

Se fosse o aniversário de algum irmão do réu (“Neca”), certamente sua genitora não se enganaria de data, mas esta referiu em Juízo que era o aniversário de Fátima. Fátima disse que era o aniversário de

“Neca” e não o seu como afirmado por Lourdes.

O que se verifica é que há grande discrepância entre os depoimentos sobre o motivo da comemoração que teria se iniciado no domingo à noite (dia 29) e se estendido na segunda-feira (dia 30 e data do assalto à vítima), revelando um mal engendrado álibi.

Assim, ainda que a “res furtiva” – celular Nokia e R$ 200,00 – não tenha sido encontrada em poder do réu, pois a diligência de apreensão em sua residência só localizou um carregador de celular Nokia (fl. 21), existem elementos de prova hígidos autorizando a manutenção da condenação do réu.

Sublinho que o réu, ainda que primário, já foi denunciado pela prática de dois outros delitos patrimoniais, realidade que reforça o

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entendimento de que não é jovem de se manter por longos períodos no recinto doméstico como sua genitora buscou enfatizar.

Ao ser pregressado mencionou que não trabalhava e que havia ficado em companhia dos pais até os 21 anos, indicativos que igualmente o desfavorecem e reforçam a conclusão de que buscou forjar um álibi para a madrugada na qual realizou o assalto ao taxista.

Desta forma, adequada a condenação do réu, que vai mantida.

Não há como se desclassificar a conduta do réu para delito de furto, pois a vítima narrou a grave ameaça sofrida, enfatizando que séria a ameaça, tendo o réu, simulando portar arma de fogo (mão sob a camiseta), lhe dito no interior do táxi “é um assalto, fica quieto” e “passa o dinheiro, me dá o dinheiro.”

A vítima referiu que o réu lhe disse para passar o dinheiro e que se não resistisse nada aconteceria. Mencionou que o réu disse “aí eu te mato”, revelando que o réu estava condicionando seu agir à reação da vítima, o que causou temor nesta. Ameaçada, não resistiu e entregou o celular e o dinheiro ao réu.

Passo à análise da dosimetria da pena.

Nada há a reparar na dosimetria da pena, pois a pena carcerária definitiva do réu restou fixada em 04 anos de reclusão, em regime inicial aberto correspondente ao mínimo legal para o delito de roubo simples.

A pena de multa também restou estabelecida no mínimo legal de 10 dias-multa, à razão unitária mínima, não podendo ser afastada porque se trata de sanção pecuniária prevista de forma cumulativa para o tipo penal.

Se fixada em patamar mínimo, descabida redução.

O regime carcerário fixado foi o aberto, por se tratar de réu primário e de bons antecedentes (fl. 54/55), sendo descabida a substituição

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da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos porque se trata de delito cometido com grave ameaça à pessoa (art. 44, inc. I do CP).

Em atenção ao art. 42 do Código Penal, verifico que o réu teve decretada a prisão preventiva no curso deste processo. Portanto, é de ter reconhecido o direito subjetivo à detração (própria) deste período, perante o Juízo da Execução Criminal competente. No entanto, a implementação desse direito somente deverá ocorrer com o - eventual - trânsito em julgado desta decisão, ou de outra decisão condenatória definitiva que venha a substituí-la.

Diante do exposto, nego provimento ao apelo defensivo.

DES. AYMORÉ ROQUE POTTES DE MELLO (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª BERNADETE COUTINHO FRIEDRICH - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. AYMORÉ ROQUE POTTES DE MELLO - Presidente - Apelação Crime nº 70057275984, Comarca de Marau: "À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DEFENSIVO."

Julgador(a) de 1º Grau: MARCEL ANDREATA DE MIRANDA

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