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ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao agravo de instrumento.

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CONTRATOS AGRÁRIOS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. TURBAÇÃO DA POSSE REALIZADA PELO ARRENDATÁRIO. NÃO VERIFICAÇÃO EM COGNIÇÃO SUMÁRIA. CONTRATO VIGENTE.

RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA.

O simples advento do prazo determinado não basta para que haja a devolução do imóvel rural; a notificação premonitória realizada seis meses antes, nos termo do art. 95, IV do Estatuto da Terra, é pressuposto legal do término do contrato agrário, sob pena de renovação automática do negócio jurídico, pelo mesmo prazo e condições originariamente pactuados.

Caso em que o contrato escrito, com vencimento em dezembro de 2006, teria se renovado três vezes, sucessivamente, com término previsto para dezembro de 2015. Enquanto não comprovado nos autos eventual pacto verbal em sentido diverso, presume-se pela vigência do contrato, indeferindo- se liminar possessória em favor do arrendador.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70062461637 (N° CNJ: 0438726- 80.2014.8.21.7000)

COMARCA DE GARIBALDI

LUIZ CARLOS POLEZE DA SILVA AGRAVANTE

DORALICE COSTI AGRAVADO

SERGIO FLORES AGRAVADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Câmara

Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento

ao agravo de instrumento.

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Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ (PRESIDENTE) E DES.

MARCELO CEZAR MÜLLER.

Porto Alegre, 12 de fevereiro de 2015.

DES. TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS, Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS (RELATOR)

Trata-se de agravo de instrumento interposto por LUIZ CARLOS POLEZE DA SILVA contra decisão que indeferiu pedido de antecipação de tutela formulado nos autos da ação de manutenção de posse ajuizada em desfavor de DORALICE COSTI e SERGIO FLORES.

Em suas razões recursais, o agravante afirmou que o contrato agrário, escrito com prazo final para 28/12/06, foi renovado verbalmente até dezembro de 2013, tendo sido fixada a data derradeira de 30/06/14 para desocupação do imóvel rural. Alegou que, descumprida a obrigação verbal, o arrendatário foi notificado extrajudicialmente, em setembro de 2014, sem que esta tenha surtido o efeito desejado. Pediu provimento.

Distribuído à 17º Câmara Cível, o recurso foi recebido (fl. 32), mas não respondido (fl. 35), com posterior declinação da competência para esta 10ª Câmara Cível.

Foi o relatório.

V O T O S

DES. TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS (RELATOR)

(3)

O Decreto nº 59.566/66, que regulamenta o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64), ao tratar sobre o arrendamento rural, em seu art. 32, dispõe que será concedido despejo nos seguintes casos:

I - Término do prazo contratual ou de sua renovação;

II - Se o arrendatário subarrendar, ceder ou emprestar o imóvel rural, no todo ou em parte, sem o prévio e expresso consentimento do arrendador;

III - Se o arrendatário não pagar o aluguel ou renda no prazo convencionado;

IV - Dano causado à gleba arrendada ou ás colheitas, provado o dolo ou culpa do arrendatário;

V - se o arrendatário mudar a destinação do imóvel rural;

VI - Abandono total ou parcial do cultivo;

VII - Inobservância das normas obrigatórias fixadas no art. 13 dêste Regulamento;

VIII - Nos casos de pedido de retomada, permitidos e previstos em lei e neste regulamento, comprovada em Juízo a sinceridade do pedido;

IX - se o arrendatário infringir obrigado legal, ou cometer infração grave de obrigação contratual.

Parágrafo único. No caso do inciso III, poderá o arrendatário devedor evitar a rescisão do contrato e o conseqüente despejo, requerendo no prazo da contestação da ação de despejo, seja-lhe admitido o pagamento do aluguel ou renda e encargos devidos, as custas do processo e os honorários do advogado do arrendador, fixados de plano pelo Juiz. O pagamento deverá ser realizado no prazo que o Juiz determinar, não excedente de 30 (trinta) dias, contados da data da entrega em cartório do mandado de citação devidamente cumprido, procedendo-se a depósito, em caso de recusa.

Salvo os incisos I e VIII, as demais causas de despejo, por inadimplemento ou infração legal, ensejam a retomada do imóvel independentemente de notificação para desocupação voluntária, eis que não se trata de denúncia vazia, mas motivada.

In casu, a retomada do imóvel está pautada no inciso I (término

do prazo contratual ou de sua renovação), mas em que pese realizada a

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notificação premonitória para desocupação da área arrendada (fls. 19), em 02/09/14, não está suficientemente comprovado nos autos a data de vencimento do contrato.

A verossimilhança parece litigar em favor do réu/ arrendatário.

Isso porque o único contrato escrito de arrendamento constante dos autos foi estipulado pelo prazo de três anos, com início em dezembro de 2003, e término previsto para dezembro de 2006. (fls. 15/17)

De acordo com a legislação agrária, o mero advento do prazo final não basta para que haja devolução do imóvel rural; a notificação premonitória realizada seis meses antes, nos termo do art. 95, IV do Estatuto da Terra, é pressuposto legal do efetivo término do contrato.

Ausente a notificação premonitória, tem-se como consequência imediata a renovação automática do negócio jurídico, pelo mesmo prazo e condições originariamente pactuados, consoante ensinamentos de VILSON DERRETO,

in

Contratos Agrários: aspectos polêmicos. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 101:

"Dissente-se se a renovação do contrato, a que os dispositivos legais fazem referência, quando ausente a notificação premonitória, ensejaria mera prorrogação do mesmo contrato, passando a vigorar então com prazo indeterminado, ou se a renovação, também dita prorrogação, se daria pelo mesmo prazo do contrato originário, ou ainda, pelo prazo mínimo legal de 3 (três) anos.

"A discussão tem suma relevância, na medida em que, ocorrendo mera prorrogação contratual, com prazo indeterminado, o contrato poderia ser denunciado a qualquer tempo, mediante notificação premonitória, o que parece contrariar o espírito da lei, que exige seja ela feita no prazo de seis meses antes de seu vencimento, sob pena de renovação automática do contrato que não tenha sido oportunamente denunciado.

"No caso de renovação do contrato, se pelo prazo mínimo, que é de 3 (três) anos, a notificação deverá ser feita seis meses antes do vencimento deste prazo e, se pelo mesmo

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prazo do contrato originário, a notificação apenas será considerada eficaz se feita seis meses antes do vencimento do contrato renovado, que poderá ter prazo maior, se de maior prazo aquele.

"Desde logo manifestamos nosso entendimento no sentido de que, referindo a lei agrária expressamente à renovação do contrato, e não à sua prorrogação - situações que se distinguem, como o faz a própria lei em comento -, o contrato se renova pelo mesmo prazo e nas mesmas condições do que fora celebrado entre as partes.

"A renovação é de caráter compulsório, por força de lei e, em esta referindo que trata de renovação (automática) do contrato, claro está que deverá corresponder a todas as cláusulas e condições do mesmo contrato, inclusive de preço e prazo."

No mesmo sentido é o entendimento desta 10ª Câmara Cível:

COBRANÇA. CONTRATOS AGRÁRIOS.

ARRENDAMENTO RURAL. RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA DO CONTRATO. Esgotado o prazo do contrato de arrendamento sem que tenha ocorrido notificação pelo arrendador, antes dos seis meses do seu término, quanto à existência de propostas de terceiros ou da intenção de retomada para exploração direta, tem-se como renovado automaticamente o ajuste nas mesmas condições originais, desde que o arrendatário, nos 30 (trinta) dias seguintes, não manifeste sua desistência ou formule nova proposta.

Ônus de provar a modificação do preço do arrendamento, quando da renovação, que cabe àquele que alega. Encargo não cumprido pelo réu. Pedido de cobrança de saldo do arrendamento procedente. Sentença reformada. APELO PROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70059935320, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:

Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 30/10/2014)

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATOS AGRÁRIOS.

ARRENDAMENTO RURAL. RENOVAÇÃO AUTOMÁTICA.

Em conformidade com o estatuído no art. 94, inc. IV, da Lei nº 4.504, de 30.11.64, não se verificando a notificação por parte do arrendador, o contrato considera-se automaticamente renovado. A renovação implica em nova

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vigência do contrato anterior com todas as suas cláusulas, inclusive quanto ao prazo. NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA. REQUISITOS LEGAIS. AUSÊNCIA. Nos termos do art. 22, § 2°, do Decreto n° 59.566/66, o arrendador pode, até o prazo de seis meses antes do vencimento do contrato, por via de notificação, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal. Hipótese em que a demandada, dez meses antes do término da prorrogação automática, notificou o arrendatário. Entretanto, silenciou quanto à respectiva motivação, não se admitindo denúncia vazia nas locações destinadas à exploração de área rural.

Requisitos legais não observados, na espécie. Sentença mantida. APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70051819878, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em 25/04/2013)

Assim, não tendo sido denunciado a tempo, o contrato de fls.

15/17, por presunção legal, teria se renovado, pelo mesmo prazo de três anos, em três ocasiões distintas. A primeira renovação seria de dezembro 2006 a dezembro de 2009, a segunda, de dezembro de 2009 a dezembro de 2012, e a terceira, estaria vigendo até dezembro de 2015.

Logo, até que se produza prova contrária relativamente a eventual pacto verbal em sentido diverso, fica impossibilitada a retomada do imóvel em antecipação de tutela, mantendo-se o indeferimento do pedido em primeiro grau de jurisdição.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.

Foi o voto.

DES. MARCELO CEZAR MÜLLER - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ (PRESIDENTE) - De acordo com

o(a) Relator(a).

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DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ - Presidente - Agravo de Instrumento nº 70062461637, Comarca de Garibaldi: "NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: GERSON MARTINS DA SILVA

Referências

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