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Manifestações Orais em Pacientes Portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida/Aids): Uma Revisão Atualizada

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Infectologia

Divulgação

Prof. Dr. Paulo Santos (à esq.), Dra. Laura Nicolielo e Dr. José Tinôco-Araújo.

A

infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) pode levar ao desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida/Aids), caracte- rizada pelo comprometimento do sistema imunológico e aumento da suscetibilidade a infecções oportunistas.(1,2) A falência da barreira mucosa imune funcional propicia a ocorrência de infecções secundárias e ocorre pela depleção ou bloqueio funcional dos linfócitos TCD4+ das mucosas, alteração na secreção de citocinas, alteração de fluxo salivar e das concen- trações de IgA, lisozima e lactoferrina.(3-5)

Lesões orais são comuns em pacientes HIV+. Estima-se que mais de 90% dos pacientes portadores da Sida/Aids apresentam uma ou mais manifestações orais durante o curso da doença,(6) podendo indicar alteração no estado de saúde geral do paciente.(7) Em alguns casos, as lesões orais podem ser os primeiros sinais

da infecção, o que pode contribuir para o diag- nóstico do HIV+.

Desde o início da epidemia do HIV, a boca tem tido um importante papel na monitoração da progressão da doença, através do aparecimento de lesões específicas – candidíase oral (CO) e leucoplasia pilosa (LP) – as quais possuem corre- lação com a baixa contagem de linfócitos TCD4+

e alta carga viral no plasma sanguíneo.(8-10) A importância do cirurgião-dentista no diag- nóstico de manifestações orais de pacientes HIV+ e os protocolos de atendimento destes pacientes são muito discutidos na literatura, mas a repercussão destas informações ainda é deficiente na formação da equipe multidisciplinar de saúde.

Esta revisão de literatura tem como objetivo caracterizar as principais infecções orais que acometem o paciente HIV+, analisando os aspectos inerentes ao diagnóstico, tratamento e a importância que estas lesões têm com relação à progressão da Sida/Aids no paciente soropositivo.

Candidíase oral (Co)

A ocorrência de candidíase oral (CO) varia de 6 a 45%,(11) sendo a doença fúngica oral mais comum em pacientes HIV+.(12) É uma mi- cose superficial produzida por cepas do gênero Candida, sendo a espécie Candida albicans a

Manifestações Orais em Pacientes Portadores da Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida

(Sida/Aids): Uma Revisão Atualizada

Dra. Laura Ferreira Pinheiro Nicolielo

1

• Dr. José Endrigo Tinôco-Araújo

2

• Prof. Dr. Luiz Eduardo Montenegro Chinellato

3

• Prof. Dr. Paulo Sérgio da Silva Santos

4

1 - Cirurgiã-Dentista, Mestranda do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. CRO 99.251.

2- Cirurgião-Dentista, Mestrando do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. CRO 97.028.

3 - Professor Titular do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. CRO 16.256.

4 - Professor Doutor do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. Coordenador do Depto. de Odontologia da ABRALE. CRO 51.737.

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mais frequentemente associada às lesões, porém já tendo sido relatadas espécies não albicans (C. tropicalis, C. glabrata e C.

krusei) associadas, implicando na escolha do tratamento.(12-15)

Das micoses que acometem a boca, a candidíase é a de maior valor diagnóstico, podendo ser a primeira manifestação da Sida/Aids, especialmente quando a for- ma agressiva e/ou crônica da candidíase manifesta-se em indivíduos jovens e/ou sem indícios de um quadro clínico que justifique seu surgimento.(16) O aumento de sua prevalência relaciona-se com a queda na contagem de linfócitos TCD4+, usualmente uma contagem menor que 300/μl, e por isso está hoje incluída na maioria dos sistemas de estadiamento da infecção pelo HIV.(17)

Os achados clínicos incluem dor e, ocasionalmente, úlceras ou faringite. As candidíases orofaríngea e laríngea normal- mente ocorrem em conjunto com a can- didíase oral (fig. 1), e os pacientes relatam dor, sensação de queimação, disfagia e odinofagia.(18,19)

Outros fatores que favorecem seu de- senvolvimento são tabagismo, xerostomia e precária higiene oral.(18) Em pacientes HIV+ podem apresentar-se nas formas eritematosa, pseudomembranosa e de queilite angular. Além disso, diferentes

apresentações da lesão podem coexistir num mesmo paciente.(20)

Desde a introdução dos antirretrovirais, especialmente a terapia antirretroviral altamente ativa (TARAA), a prevalência de candidíase oral em pacientes HIV+

diminuiu drasticamente. Dois mecanismos potenciais contribuem para este achado: a reconstituição imunológica e o efeito anti- fúngico. A TARAA resulta em um aumento nos níveis de linfócitos T CD4+, resgatando o sistema imunológico, e os inibidores de protease presentes no coquetel de drogas poderiam interferir com proteinases aspár- ticas, principais proteases secretadas por C. albicans, impedindo sua proliferação e patogenicidade.(21)

leuCoplasia pilosa (lp)

A leucoplasia pilosa (LP) é uma infec- ção oportunista invariavelmente relaciona- da ao vírus Epstein-Barr (EBV), da família herpes-vírus.(22) É mais comum em homens do que em mulheres e caracteriza-se por lesões de tamanhos variáveis, que podem aparecer como estrias brancas verticais, ondulações ou como placas planas ou elevadas, não destacáveis, com prolon- gamentos de superfície ou projeções se- melhantes a pelos, daí sua denominação.

Na maioria dos casos, a LP é bilateral e assintomática. É mais comum nas bor- das e/ou face inferior da língua, com uma superfície corrugada. Em pacientes HIV+

pode localizar-se em outras áreas da boca, como mucosa jugal e face superior da língua.(19,23)

O surgimento desta lesão tem sido relacionado à replicação viral do EBV nos queratinócitos.(1,23) A presença de gosto me- tálico desagradável na boca, e a sensação de queimação da língua pode estar asso- ciada à presença de candidíase oral.(19,23)

A ocorrência é de 50% em indivíduos não tratados pela TAR, particularmente naqueles em que a contagem de linfóci- tos T CD4+ está menos de 0,3 x 109/L.

A LP tem valor prognóstico claro para o desenvolvimento posterior da Sida/Aids,

Tipo clínico Apresentação e sintomas Localizações comuns Tratamento das formas leves e moderadas*

Tratamento das formas graves*

Eritematosa ou atrófica Manchas vermelhas, podendo se observar pontos brancos ou placas, sensação de queimação

Palato duro e/ou mole e dorso da língua

Aplicação tópica de agentes antifúngicos, como nistatina, miconazol, cetoconazol e clotrimazol

O tratamento da forma grave deve ser feito com anfotericina B tópica e/ou fluconazol sistêmico

Pseudomembranosa Placas brancas ou “amarelo-esbranquiçadas”

que podem ser raspadas, deixando sob si um leito eritematoso possivelmente sangrante e ocasionalmente dolorido

Mucosa jugal, palato, orofaringe e borda da língua

Idem Idem

Queilite angular Eritema ou fissuras, pode levar à formação de ulcerações e sangramento.

Está frequentemente associada às outras formas

Comissura labial Cremes de clotrimazol 1%, miconazol ou cetoconazol a 2%, e pomada de nistatina

Idem

*Devem durar pelo menos duas semanas para reduzir as unidades formadoras de colônias a níveis baixos suficientes para prevenir a recorrência.

Figura 1. Candidíase eritematosa.

Apresenta intensa atrofia papilar central.

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com 10% dos indivíduos apresentando Sida/Aids no momento do diagnóstico e 20% podendo desenvolver nos oito meses seguintes.(10,24,25)

O diagnóstico diferencial inclui candi- díase, líquen plano, leucoplasia associada ao uso de tabaco, neoplasia intraepitelial induzida por vírus do papiloma humano e carcinoma espinocelular. Na maioria dos casos a LP pode ser diagnosticada clini- camente e não requer biópsia para confir- mação. Não requer tratamento específico e muitas vezes a TAR é eficaz se a lesão estiver associada à infecção pelo HIV.(26)

As características histológicas reve- lam hiperplasia epitelial típica sugestiva de infecção por EBV. Para o diagnóstico definitivo, é preciso que se demonstre a presença do vírus na lesão, que pode ser determinada através de citologia es- foliativa e microscopia eletrônica, além de hibridização in situ, imuno-histoquímica e técnicas de PCR. Caso isto não seja possível, a ausência de resposta ao tra- tamento antiviral ou a comprovação de um estado de imunodeficiência proverão maior peso aos dados obtidos no diag- nóstico presuntivo.(12,20,27,28)

A regressão espontânea é comum e frequentemente ocorre quando o estado geral da doença no paciente se encontra em remissão. Afirma-se na literatura que a observação seria a melhor conduta, visto que a remoção cirúrgica e tratamento an- tiviral não erradicam permanentemente a lesão, que tende a recidivar na maioria dos casos.(1,19) No entanto, o uso de aciclovir, resina de podofilina, retinoides e remoção cirúrgica também têm sido relatados como tratamentos bem-sucedidos.(14)

sarComa de Kaposi (sK)

É uma doença angioproliferativa indicativa de Sida/Aids que pode surgir a partir de uma célula mesenquimal progenitora infectada pelo vírus herpes humano-8 (HHV-8). O HHV-8 induz vias de sinalização intracelulares que modulam a

expressão de genes celulares associados com a regulação do ciclo celular, apoptose, resposta inflamatória e angiogênese. Se estas várias populações reativas de células monoclonais são benignas, sua transfor- mação maligna, sob certas circunstâncias, continua sem esclarecimento.(29)

Clinicamente, o SK é caracterizado pela presença de lesões mucocutâneas (sarcomas) vermelho-violetas, frequente- mente localizadas na pele, mas também em mucosas, sistema linfático e outros órgãos, principalmente pulmões, fígado, intestino e estômago. Sua transmissão ocorre principalmente por via sexual, mas também se dá através do contato com sangue e saliva. Ocorre em 20% dos indiví- duos afetados pela doença, com cerca de 3.970 casos associados com Sida/Aids re- gistrados pela CDC até o final de 1986.(7) O risco de contrair SK em pacientes com HIV é de 5 a 10 vezes maior em homossexuais masculinos do que em outros grupos com HIV. Antes do advento da TAR, o SK era a doença mais prevalente associada a Sida/

Aids. A redução na incidência de SK tem sido atribuída aos inibidores da protease.

O SK apresenta envolvimento loca- lizado, regional ou generalizado. Sua manifestação oral frequentemente envolve palato, gengiva e língua (fig. 2). A biópsia é necessária para o diagnóstico definitivo, embora um diagnóstico presuntivo seja, às vezes, feito com base na história médica e apresentação clínica. O diagnóstico clínico está associado às características histopatológicas através de três estágios:

macular, placa e nodular.(30)

O tratamento está relacionado com a distribuição das lesões. Se elas estão limitados à boca, a terapia local ou regional pode ser considerada. Se estas lesões são generalizadas, quimioterapia pode ser usada. O início das lesões na boca pode ser a primeira manifestação clínica da Sida/

Aids, indicando o início imediato de TAR nesses pacientes. No entanto, apesar do efeito terapêutico da TAR no SK, a doença continua a progredir em alguns pacientes e o tratamento específico do tumor com antraciclinas lipossomais (daunorrubicina e doxorrubicina) é necessário. A associação de TAR com paclitaxel (Taxol®, Bristol- -Myers Squibb Company, Nova York, EUA) é uma terceira opção terapêutica quando a doença progride, apesar do tratamento com TAR, e envolve outros órgãos.(31) Uma série de drogas com altos efeitos antiangiogênicos que estão emergindo podem ser relevantes a curto prazo, tais como talidomida e metaloproteinases de matriz. Outras drogas em estudo incluem retinoides, cidofovir e IM-862 (dipeptídeo de L-glutamina l-triptofano com atividade angiogênica).(31) Desde a introdução das terapias acima comentadas, a proporção de pacientes com SK na mucosa oral caiu cerca de um terço para menos de 20% em países desenvolvidos.(31,32)

papiloma

O vírus do papiloma humano (HPV) causa hiperplasia no tecido epitelial focal e conjuntivo, formando uma verruga oral.

Em pacientes infectados pelo HIV, lesões orais relacionadas com HPV têm aparência papilomatosa, pedunculada ou séssil, e estão localizadas principalmente no palato, mucosa jugal e comissura labial.

A imuno-histoquímica ou a hibridização in situ do DNA são usadas para confirmar a presença e o tipo do HPV nos espécimes histopatológicos. Os genótipos mais co- muns encontrados na boca de pacientes com infecção por HIV são 2, 6, 11, 13, 16 e 32. Histologicamente, as lesões podem ser Figura 2. Sarcoma de Kaposi em palato

duro, palato mole e gengivas.

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Infectologia

sésseis ou papilares e recobertas por um epitélio escamoso estratificado acantótico ou mesmo hiperplásico. O epitélio afetado frequentemente mostra vacuolização de várias células epiteliais (coilocitose) e pode, ocasionalmente, exibir uma leve variação no tamanho do núcleo. Alterações mi- croscópicas de aparência displásica foram relatadas em pacientes com HIV/Sida/

Aids, devendo ser feito acompanhamento para que não se desenvolva carcinoma espinocelular.(30,33)

A remoção cirúrgica, com ou sem irrigação intraoperatória com resina po- dofilina, é o tratamento de escolha.(14) En- tretanto, as recidivas são comuns. Outras opções de tratamento são: imiquimode, interferon, criocirurgia, ablação com laser e eletrocoagulação.(30)

Amornthatree et al. relatam que a prevalência da infecção do HPV-16 é au- mentada pela infecção do HIV. A TAR não afeta o vírus, podendo ocorrer verrugas e papilomas durante a TAR.(34)

linfoma não-HodgKin (lnH)

É o linfoma mais comum associado à infecção pelo HIV e é geralmente visto nos estágios finais, quando a contagem de lin- fócitos T CD4+ é menor que 100/mm3. Na boca tem incidência de 3% em pacientes com Sida/Aids.(35) Os linfomas relacionados à Sida/Aids podem ser divididos em três grupos de acordo com sua localização em sistêmicos (80% dos linfomas relacio- nados a Sida/Aids, primários do sistema nervoso central (ponto extranodal mais afetado) e os raros linfomas de cavidades corporais. (36) O linfoma plasmablástico é um tipo de linfoma de células B e ocorre na cavidade bucal de pacientes HIV positivos, representa 2% dos LNH entre os porta- dores do HIV.(37) A característica clínica tem aparência de massa de crescimento rápido (menos comum que uma úlcera ou placa) mais comum no palato ou gengiva.

O linfoma plasmablástico apresenta as mesmas características de progressão

rápida do linfoma de células B, porém de- vido a seu grau de diferenciação citológica para uma célula precursora do plasmócito, este linfoma tende a ser classificado como entidade distinta.(37) O prognóstico é pobre, com tempo médio de sobrevida de menos de 1 ano, apesar do tratamento com qui- mioterapia. Pacientes com Sida/Aids têm altos níveis de várias citocinas, inclusive IL-6, que são fatores de crescimento para células B. Além disso, o EBV e outros vírus e micróbios podem iniciar a proliferação de células B policlonais.

A imunodeficiência aumenta o risco de alguns tipos de câncer, especialmente malignos, que estão etiologicamente relacionados com agentes virais.(13,14) Suspeita-se que o EBV tem importante papel na causa primária do linfoma não- -Hodgkin (LNH) e linfoma Hodgkin em pacientes infectados por HIV, porque a maioria desses tumores contém DNA do EBV e genes virais expressivos.(13-16) EBV é também considerado um cofator no de- senvolvimento de LNH sistêmico durante infecção por HIV. O desenvolvimento de linfomas em indivíduos infectados por HIV é um processo complexo de várias etapas, não exclusivamente determinado pela presença de EBV.(13,14,34,38). O linfoma de Burkitt associado à imunodeficiência representa de 30% a 40% dos LNH em pacientes HIV positivos, podendo ser uma manifestação da Sida/Aids. Manifestações bucais incluem dor de dente atípica e inten- sa, mobilidade dentária, expansão óssea, massas de tecidos mole ou neuropatia craniofacial inexplicável.(37)

gengivite linear eritematosa

Esta manifestação se caracteriza por uma faixa extensa de eritema na região marginal das gengivas, muitas vezes apresentando petéquias (fig. 3). É uma alteração oral tipicamente assintomática ou apenas com leve sangramento gengival e dor discreta. Em paciente HIV+ está co- mumente associada a elevada carga viral e a baixa contagem de linfócitos T CD4+.(39)

Histologicamente não apresenta res- posta inflamatória significativa, sugerindo que as lesões representem uma resposta inflamatória incompleta, principalmente com a presença apenas de eritema. Resultados microbiológicos mostraram semelhança da gengivite com a periodontite convencional, porém é diferente da gengivite convencio- nal.(40) Segundo Portela et al., esta condição gengival pode estar associada à infecção fúngica por Candida spp.(41)

O tratamento é feito com bochechos de solução à base de gluconato de clore- xidina 0,12% ou antifúngicos tópicos, os quais muitas vezes reduzem ou eliminam o eritema, além de poderem ser utilizados para prevenir recidivas.(42)

doença periodontal

Pacientes HIV+ estão sob risco de doenças periodontais caracterizadas por dor, inflamação extensa e rápida destruição de tecido, que podem predispor ao surgi- mento de lesões necróticas que devastam a gengiva e o tecido ósseo subjacente(43) (fig. 4). As doenças periodontais podem

Figura 3. Gengivite linear eritematosa. Figura 4. Periodontite ulcerativa necrosante.

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estar exacerbadas devido ao quadro de imunossupressão,(20) visto que o desenvol- vimento de necroses depende de interação entre a microbiota oral e o sistema imune do paciente.(10) As necroses periodontais são altamente preditivas do diagnóstico de Sida/Aids, se apresentando como indicador primário de deterioração da imunidade em diversos casos e, também, de progressão rápida da infecção por HIV.(9)

Estudos microbiológicos não encon- traram micro-organismos específicos que se relacionam com problemas periodontais em pacientes HIV+, o que suscita o ques- tionamento da influência que a resposta do hospedeiro tem neste colapso do tecido periodontal independente da quantidade de placa bacteriana dentária presente.

A microbiota periodontal encontrada é a mesma, ou muito próxima, daquela pre- sente em indivíduos não infectados que apresentam o quadro clássico de perio- dontite, exceto pelo número aumentado de Candida spp.(44-46)

A doença periodontal no paciente ai- dético pode-se manifestar como gengivite ulcerativa necrosante (GUN), principalmente em crianças desnutridas e imunossuprimi- das. Os sintomas clássicos são halitose, sangramento à escovação, necrose das margens gengivais e papilas, conferindo aspecto de ulcerações acinzentadas com os tecidos gengivais adjacentes averme- lhados, edematosos e exsudativos, sem que, no entanto, haja perda de inserção periodontal.(30,47) A periodontite ulcerativa necrosante (PUN) caracteriza-se por ulce- rações localizadas, eritema, muitas vezes associado à hemorragia espontânea e necrose de tecido gengival, com exposi- ção e destruição do tecido ósseo alveolar subjacente que se estendem além da linha mucogengival, resultando em perda de toda a inserção dentária.(9,10,20,30,43) É uma lesão muito dolorosa e pode afetar negativamente a ingestão de alimentos, resultando em significativa e rápida perda de peso. A pro- gressão apical rápida desta necrose pode expor cristas ósseas e levar à ocorrência

de sequestros ósseos.(20,43) Dor profunda acompanha o quadro e não responde ao tratamento periodontal convencional e higiene oral rigorosa.(30,43)

O tratamento da GUN e PUN consiste em bochecho duas vezes ao dia com so- lução de gluconato de clorexidina 0,12%, metronidazol sistêmico, desbridamento periodontal, que é realizado após o início da terapia antibiótica, acompanhamento odontológico frequente e orientações de higiene oral rigorosa.(14)

lesões ulCeradas

As manifestações orais da Sida/Aids surgem, muitas vezes, sob a forma de úlceras e, clinicamente, pode haver proble- mas na identificação de sua etiologia devi- do às inúmeras possibilidades de causas e agentes etiológicos.(48-52) Alguns exemplos destas manifestações orais são as neopla- sias com áreas extensas de destruição e necrose, reações locais a terapias medica- mentosas, como durante quimioterapias, e infecções oportunistas provocadas por fungos, bactérias e vírus.(52)

Com relação às úlceras causadas por vírus, encontram-se entre os possíveis agentes de maior importância o herpesví- rus tipos 1 (HSV-1) e 2 (HSV-2), citomega- lovírus (CMV), vírus varicela-zóster (VZV), e até mesmo associação de mais de um vírus numa única lesão.(30,33,50) A permanên- cia do quadro por mais de quatro semanas aponta para uma possível infecção opor- tunista e, no paciente HIV+, pode ocorrer com frequência, duração e agressividade aumentadas.(1,52) As ulcerações orais geralmente são acompanhadas de febre, mal-estar e linfadenopatia cervical.

As infecções recorrentes pelo HSV em pacientes HIV+ são amplamente dissemi- nadas e podem persistir por meses. Herpes intraorais recorrentes caracterizam-se por aglomerados de pequenas vesículas que se rompem e produzem dolorosas úlceras que se coalescem.(30,53) As lesões geralmente ocorrem na mucosa ceratinizada, como o

palato duro e a gengiva; no entanto, em pa- cientes HIV+, as lesões podem aparecer em mucosa não ceratinizada. O herpes labial pode estender-se para a pele da face e exi- bir um comprometimento lateral extenso. A persistência de locais ativos de infecção pe- lo HSV por mais de 1 mês, em um paciente infectado pelo HIV, é uma condição aceita para a Sida/Aids. As células epiteliais infec- tadas exibem acantólise (células de Tzanck), núcleo claro e aumentado, alterações de- nominadas degeneração balonizante.(30) A biópsia do tecido e o esfregaço citológico são dois dos procedimentos diagnósticos mais utilizados. Estudos imunocitoquímicos para CMV também devem ser realizados, com o objetivo de afastar a possibilidade de uma coinfecção.

O contato com o VZV pode resultar em catapora como infecção primária e herpes-zóster como infecção reativada. No paciente HIV+, o VZV frequentemente apre- senta prematuro envolvimento dos nervos cranianos, levando a um mau prognóstico.

As características clínicas são vesículas ou úlceras unilaterais na mucosa ou pele correspondente à área de inervação dos ramos do nervo trigêmeo.(40) As lesões são extremamente dolorosas e a lesão pode se estender para o osso adjacente, levando a um quadro de osteonecrose.(54) Pode haver envolvimento de múltiplas dermatoses e estas lesões podem ficar secundariamente infectadas e associadas a graves nevralgias pós-herpéticas.

As alterações citológicas são idênticas às descritas para o HSV. O vírus causa acantólise, com formação de diversas células de Tzanck livre-flutuantes, as quais exibem marginação nuclear da cromatina e multinucleação ocasional. O diagnóstico pode ser feito com base na história de exposição ao VZV e confirmado através da demonstração de efeitos citopatológicos virais, observados nas células epiteliais colhidas do líquido vesicular.(30)

A associação do CMV com lesões orais não é frequente, mas está relacionada ao HIV+. As características clínicas são com-

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Infectologia

postas por lesões ulcerativas crônicas com intensidade de dor variada, geralmente únicas e frequentemente associadas à linfadenopatia regional.(30) O diagnóstico microscópico revela grandes inclusões in- tranucleares de CMV e menores inclusões citoplasmáticas nas células endoteliais na base das ulcerações.

Estas infecções geralmente se ma- nifestam quando há imunossupressão avançada, com uma contagem de linfóci- tos T CD4+ abaixo de 50 células/mm3. O diagnóstico, que pode ser baseado nas ca- racterísticas clínicas associadas à história médica do paciente, deve ser confirmado por microscopia eletrônica, histoquímica ou exame microbiológico da lesão, além de análise por PCR.(23,55,56)

Por serem estas lesões de origem viral, o aciclovir é a terapêutica mais frequente- mente utilizada. Nos casos mais graves, principalmente nos casos de infecções sistêmicas envolvendo risco de morte, ganciclovir intravenoso é o tratamento de escolha.(19,23)

As ulcerações aftosas recorrentes apa- recem em mucosa não ceratinizada, como mucosa jugal, assoalho de boca, superfície superior da língua e orofaringe. Sua causa é desconhecida. As lesões são caracteriza- das por um halo inflamatório e uma pseu- domembrana amarelo-cinzenta cobrindo a lesão. São muito dolorosas, principal- mente quando alimentos apimentados, salgados ou ácidos são consumidos. O tratamento envolve corticoide tópico em casos moderados, já em casos graves são utilizados corticoides sistêmicos, como a prednisona. A dor é geralmente tratada com anestésicos tópicos ou sistêmicos.(53)

A estomatite necrosante é uma ul- ceração que muitas vezes expõe o osso subjacente e leva à destruição tecidual dolorosa. Esta lesão pode ser uma variante da ulceração aftosa maior, mas ocorre em áreas que cobrem o osso e está associa- da com grave deterioração imunológica.

Estas lesões podem também ocorrer em áreas edêntulas. Como em uma ulceração

aftosa maior, o tratamento de escolha é corticoide sistêmico ou bochecho com corticosteroide tópico.(14)

doença das glândulas salivares

A infecção pelo HIV está associa- da com aumento da glândula parótida e diminuição do fluxo das secreções.

Histologicamente pode haver infiltração linfoepitelial, síndrome da linfocitose de células T CD8+(11) e formação de cistos benignos. O aumento envolve tipicamente a extremidade da glândula ou, de modo menos frequente, a glândula submandi- bular, e pode-se apresentar uni ou bilateral com períodos de tamanho aumentado ou diminuído. Esse aumento pode ser confun- dido com um tumor maligno, mas, nesses casos, a aspiração pode dar o diagnóstico.

Inchaço ocasional pode ser solucionado de forma simples através de aspirações repetidas e raramente deve-se remover a glândula. O mecanismo fisiopatológico da doença é desconhecido, embora o citomegalovírus e o EBV tenham sido relacionados.(57)

outras lesões orais

Outras lesões orais associadas à in- fecção por HIV incluem hiperpigmentação melânica, queratose friccional e granuloma piogênico.(7) A hiperpigmentação melânica ocorre possivelmente devido ao aumento da liberação do hormônio estimulador de α-melanócito, devido a uma desregulada liberação de citocinas relacionada ao HIV e ao uso de medicamentos estimuladores de melanócito, como certos agentes antivirais ou antifúngicos e à doença de Addison.

relação Com antirretrovirais

A terapia antirretroviral (TAR) pode ser dividida em duas fases. A primeira come- çou com a aprovação da zidovudina (AZT)

em 1987 pelo FDA(58) e muitos pacientes recebiam dois tipos de drogas antirre- trovirais (ARV). A segunda fase era uma combinação de duas ou três classes de drogas, incluindo inibidores da protease.

Desde a introdução da TAR, a frequên- cia e as características das lesões orais relacionadas aos pacientes HIV+ sofre- ram mudanças notórias. Muitos estudos realizados em grupos de pacientes HIV+, submetidos e não submetidos à TAR, mos- tram que as prevalências das lesões como candidíase oral (CO), leucoplasia pilosa (LP) e sarcoma de Kaposi (SK) diminuíram em pacientes tratados com esses medica- mentos, enquanto lesões como papiloma e desordens de glândulas salivares têm aumentado em tais indivíduos. Devido a isso, quando CO, LP e SK aparecem em indivíduos que estão fazendo a terapia, pode significar que a terapia utilizada não está mais fazendo efeito ou que o paciente não a está seguindo corretamente.

Atualmente, a TAR inclui mais de 30 tipos diferentes de drogas separadas em seis classes: nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa (NRTIs), inibidores não nucleosídeos da transcriptase rever- sa (NNRTIs), inibidores da protease (PIs), inibidores de fusão, inibidores de entrada, e inibidores da integrase do HIV.(59) Normal- mente três combinações são comumente usadas: 1 NNRTI + 2 NRTI; 1 ou 2 PIs + 2 NRTIs; e 3 NRTIs.(60) Eles são adminis- trados simultaneamente para produzir um bloco de sustentação da replicação viral e restaurar a função imune, bem como para minimizar a resistência viral às drogas.(61)

O uso de inibidores de protease em combinação com a terapia-alvo da enzima transcriptase reversa está associado com uma diminuição a longo prazo da replicação viral e estabilização ou mesmo um aumento na contagem das células T CD4+.(62)

Estudos mostram que a TAR a curto prazo melhora a condição das lesões orais, enquanto o uso a longo prazo causa ou- tras adversidades, como redução do fluxo salivar e reação liquenoide oral (RLO). RLO

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induzida por AZT é possivelmente causada pelas células T CD8+ previamente vaci- nadas a partir de antígenos anteriores. As células T CD8+ ficam presas e persistem no local da mucosa, e, mais tarde, tornam- -se causadores da lesão na mucosa após uma reação cruzada com o fármaco.(58)

Outros estudos mostram aumento na prevalência de cáries, mas talvez esteja relacionada ao baixo fluxo salivar.(63,64) Nit- tayananta et al. encontraram maior risco de desenvolvimento de cárie cervical em pacientes não submetidos à TAR e em pacientes que fazem a TAR a longo prazo, do que naqueles submetidos a TAR a curto prazo. Em contraste com outros estudos que não encontraram relação entre porta- dores de HIV que fazem TAR com aqueles que não o fazem.

Nittayananta et al. ainda relataram que pacientes HIV+ que fazem TAR possuem baixa ocorrência de cárie dentária do que aqueles pacientes que não utilizam esses medicamentos.(64) O aumento da cárie dentária relatado em alguns estudos pode estar relacionado também à composição dos medicamentos utilizados na TAR, os quais contêm sacarose.(65)

Outra alteração é o aumento da pre- valência de verrugas orais. Pressupõe-se que este aumento ocorra devido à redução da carga viral ou da contagem de células CD4+, mas não se sabe ao certo qual é o mecanismo relacionado com esta alteração.(64)

Pacientes não submetidos à TAR apresentam maior risco de terem bolsas periodontais maiores ou iguais a 4 mm, comparados àqueles que fazem a TAR, o que pode estar associado ao aumento da carga viral do HIV.(64)

Em pacientes que utilizam zidovudina pode ser observada hiperpigmentação oral. Já o eritema multiforme é um efeito colateral conhecido do uso de NNRTIs.

Xerostomia também é observada em pacientes submetidos à lamivudina, dida- nosina, indinavir e ritonavir. Lipodistrofia, com perda de gordura subcutânea, tem

sido relatada extensivamente em pacien- tes que fazem uso de estavudina. Outros efeitos orais como parestesias, edema de lábio, queilite e distúrbios do paladar têm sido observados em pacientes utilizando inibidores de protease.(14)

Amornthatree et al. encontraram uma diminuição na prevalência do EBV em pacientes que utilizavam TAR.(66)

Considerações finais

Com uma ampla gama de doenças oportunistas que acometem pacientes imunossuprimidos pelo HIV, as lesões orais, que caracterizam-se desde lesões ulceradas a lesões nodulares e papulares envolvendo tecido mole e ósseo, estão entre os primeiros e mais importantes indicadores de infecção pelo HIV.(67)

O processo de debilidade imunológica que se instala nestes pacientes tem um for- te impacto sobre sua qualidade de vida. As associações de lesões orais que, em última instância, comprometem funções básicas como a nutrição, podem ter peso adicional neste quadro já extenuante, dificultando o manejo do paciente HIV+. Algumas des- tas lesões têm sido consideradas como marcadoras da progressão da Sida/Aids e do processo de deterioração do sistema imune, principalmente a LP e a CO. Essas lesões podem e devem ser precocemente diagnosticadas e tratadas. No entanto, a suspeita de infecção por HIV deve ser manejada com extremo cuidado. Dados como comportamento de risco devem ser colhidos juntamente com a história médica, para que se tenha uma maior objetividade da avaliação.

Para a otimização dos cuidados de saúde geral com o paciente HIV+ é im- portante para os profissionais da saúde ter conhecimento da existência das mani- festações orais e a atuação interdisciplinar envolvendo a odontologia, preocupando- -se com a detecção precoce e estar atento aos marcadores de progressão da doença. t

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Endereço para correspondência:

Al. Dr. Octavio Pinheiro Brisolla, 9-75, Vila Universitária - CEP 17012-901 - Bauru - SP.

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