CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
PETRÓLEO - PPGCEP
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ADIÇÃO DE POLIURETANA EM PASTAS DE CIMENTO PARA POÇOS DE PETRÓLEO COMO AGENTE DE CORREÇÃO DE
FILTRADO
Julio Cezar de Oliveira Freitas
Orientador: Prof. Ph.D. Antônio Eduardo Martinelli Co-orientador: Prof. Dulce Maria de Araújo Melo
Natal / RN, Julho de 2008
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ADIÇÃO DE POLIURETANA EM PASTAS DE CIMENTO PARA POÇOS DE PETRÓLEO COMO AGENTE DE CORREÇÃO DE
FILTRADO
Julio Cezar de Oliveira Freitas
.
Natal / RN, Julho de 2008
Adição de Poliuretana em Pastas de Cimento para Poços de Petróleo como Agente de Correção do Filtrado.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo PPGCEP, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência e Engenharia de Petróleo.
Aprovado em ____de__________de 2008.
____________________________________
Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli Orientador – UFRN
____________________________________
Profª Dra Dulce Maria de Araújo Melo Membro Interno - UFRN
____________________________________
Prof. Dr. Marcus Antônio de Freitas Melo Membro Interno - UFRN
____________________________________
Profª Dra Erika Pinto Marinho
Membro Externo - UFPE
de petróleo como agente de correção do filtrado. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo. Área de Concentração: Pesquisa e Desenvolvimento em Ciência e Engenharia de Petróleo. Linha de Pesquisa: Engenharia e Geologia de Reservatórios e de Explotação de e Gás Natural, Natal – RN, Brasil.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli Co-orientadora: Profª Dra Dulce Maria de Araújo Melo
RESUMO
Os aditivos químicos, quando devidamente selecionados e quantificados, são importantes aliados na obtenção de sistemas adequados de pastas para cimentações primárias de qualidade, fundamentais para o ciclo de vida útil de um poço, visto que operações de cimentação corretiva geram custos adicionais. Controlar a quantidade perdida por filtração pela pasta de cimento para as zonas permeáveis é um dos requisitos mais importantes em uma operação, comumente controlado por aditivos químicos, como a carboximetilcelulose (CMC).
Entretanto, problemas associados à temperatura, tolerância a sais e o efeito secundário como retardador de pega, são comumente reportados na literatura. De acordo com o cenário descrito acima foi proposta a utilização de uma dispersão aquosa não iônica de poliuretana para controle de filtrado, dada sua baixa interação iônica com os íons livres presentes na pasta no estado fresco. Assim, este trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência da poliuretana como redutor de filtrado em diferentes condições de temperatura e pressão, bem como o efeito sinérgico com outros aditivos. As temperaturas e pressões utilizadas nos ensaios em laboratório simulam as mesmas condições de poços de petróleo com profundidades de 500 a 1200 m. A poliuretana apresentou resistência à degradação térmica e estabilidade na presença de sais. Com o aumento da concentração do polímero observou-se uma considerável diminuição do volume perdido por filtração, mantendo-se eficiente mesmo com o incremento da temperatura.
Palavras-Chaves: Redutores de filtrado, poliuretana, cimentação primaria, pasta de cimento.
ABSTRACT
Chemical admixtures, when properly selected and quantified, play an important role in obtaining adequate slurry systems for quality primary cementing operations. They assure the proper operation of a well and reduce costs attributed to corrective cementing jobs.
Controlling the amount lost by filtering through the slurry to permeable areas is one of the most important requirements in an operation, commonly controlled by chemical admixtures, such as carboxymethylcellulose (CMC). However, problems related to temperature, salt tolerance and the secundary retarding effect are commonly reported in the literature.
According to the scenario described above, the use of an aqueous dispersion of non-ionic poliurethane was proposed to control the filter loss, given its low ionic interaction with the free ions present in the slurries in humid state. Therefore, this study aims at assessing the efficiency of poliurethane to reduce filter loss in different temperature and pressure conditions as well as the synergistic effect with other admixtures. The temperatures and pressures used in laboratory tests simulate the same conditions of oil wells with depths of 500 to 1200 m. The poliurethane showed resistance to thermal degradation and stability in the presence of salts.
With the increase in the concentration of the polymer there was a considerable decrease in the volume lost by filtration, and this has been effective even with the increase in temperature.
Keywords: Fluid loss controll, poliuretana, primary cementing, slurries.
“O pessimista se queixa
do vento, o otimista
espera que ele mude, o
realista ajusta as
velas”.
Ao senhor Jesus Cristo.
Ao meu pai e a minha mãe.
Em primeiro lugar e a cima de tudo a Deus, pois foi com a sua permissão que eu cheguei até aqui;
Aos Professores Marcus Melo e Dulce Melo, pela confiança depositada em mim e pela constante lição de vida (nunca esquecerei o que vocês fizeram por mim!);
À minha maravilhosa família e especialmente a minha irmã Suelane, pelo incentivo e apoio em todos os momentos de minha vida;
A Pollyanna, pela sua compreensão em momentos difíceis da minha vida.
Ao meu orientador Prof. Eduardo Martinelli por não deixar faltar recursos para o desenvolvimento desse trabalho, por acreditar no meu potencial e, sobretudo, pela sincera amizade.
Ao Romero Gomes (Petrobras), pela confiança e respeito no meu trabalho;
Ao meu grande amigo e irmão Breno Capistrano, por sempre está ao meu lado em qualquer situação.
Aos meus queridos amigos: Flank e Túlio, pelos primeiros conhecimentos sobre cimentação e pela sincera amizade conquistada com todo respeito e profissionalismo;
Ao Paulo Lira (petroleiro) pela disposição em esclarecer minhas dúvidas em relação à parte operacional;
Aos colegas de trabalho: Fernando, pela verdadeira amizade dentro e fora do trabalho;
Ângelo, pela incansável luta com meus resultados; Diego, pela presença constante no laboratório; Daniele, por sempre confiar nas minhas opiniões;
A todos os colegas dos nossos laboratórios LABTAM e LABCIM: Beni, Thiago, Iran, Bruno,
Roseane, Petrúcia, Priscila, Elisângela, Bruna Guedes, Érica, Alexandre, Ary, Ilde, Romero
Filho, pela amizade e pelos momentos de descontração, e em especial, a Renata pelas
sugestões durante o fechamento deste trabalho.
1. INTRODUÇÃO... 14
2. ASPECTOS TEÓRICOS FUNDAMENTAIS ... 18
2.1 - C IMENTAÇÕES DE POÇOS DE PETRÓLEO ... 18
2.2 - C IMENTAÇÃO PRIMÁRIA ... 19
2.3 - C IMENTAÇÃO SECUNDÁRIA ... 21
2.3.1 - Tampões de cimento ... 21
2.3.2 - Recimentação... 22
2.3.3 - Compressão de cimento ou Squeeze ... 22
2.4 - F ATORES QUE AFETAM UMA CIMENTAÇÃO ... 23
2.5 - E QUIPAMENTOS DE CIMENTAÇÃO ... 24
2.5.1 - Silos de cimento ... 24
2.5.2 - Unidades de cimentação... 25
2.5.3 - Cabeça de cimentação... 27
2.5.4 - Bombeio da pasta de cimento ... 27
2.6 - C ANHONEIO ... 28
2.7 - C IMENTO P ORTLAND ... 29
2.7.1 - Generalidades... 29
2.7.2 - Conceito... 30
2.7.3 - Composição química ... 30
2.7.4 - Classificação dos Cimentos ... 34
2.8 - A DITIVOS PARA CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO ... 38
2.8.1 - Aceleradores de pega ... 39
2.8.2 - Dispersantes ... 39
2.8.3 - Antiespumante ... 41
2.8.4 - Retardadores de pega ... 42
2.8.5 - Controladores de filtrado ... 42
2.9 - S ISTEMA CIMENTO / POLÍMERO ... 43
2.9.1 - Látex ... 43
2.9.1.1 - Influência dos surfactantes ...46
2.9.1.2 Influência dos ingredientes complementares ...46
2.9.2 - Poliuretana ... 47
2.9.3 - Hidroxietilcelulose (HEC) ... 49
2.9.4 - Mecanismos de modificação do látex ... 50
3. ESTADO DA ARTE ... 54
4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ... 58
4.1- M ATERIAIS E M ÉTODOS ... 58
4.1.1 - Cálculos e formulações das pastas cimentantes ... 60
4.1.2 - Mistura e homogeneização das pastas formuladas ... 62
4.1.3 - Ensaios Reológicos das pastas formuladas ... 63
4.1.4 – Ensaio de consistometria ... 64
4.1.5 – Ensaio de água livre ... 64
4.1.6 - Ensaio de determinação de Filtrado ... 65
4.1.7 - Ensaio de avaliação da estabilidade ... 67
4.2 - A NÁLISES E CARACTERIZAÇÃO DAS PASTAS FORMULADAS ... 69
4.2.1 - Análise térmica: TG/DTG e DSC ... 69
4.2.2 – Espectroscopia de FT-IR ... 69
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 71
5.1 – C ARACTERIZAÇÃO TÉRMICA E ESTRUTURAL DA POLIURETANA ... 71
5.1.1 – Análise térmica (TG/DTG) e calorimétrica diferencial (DSC)... 71
5.1.2 – Análise de infravermelho (FT-IR)... 73
5.2 – E NSAIOS TECNOLÓGICOS DO SISTEMA CIMENTO /PU W320... 74
5.2.1 - Estudo Reológico ... 74
5.2.2 - Filtrado... 77
5.2.3 - Filtrado com adição de cloreto de cálcio ... 78
5.2.4 - Água livre ... 79
6. CONCLUSÕES ... 84
REFERENCIAS ... 87
Figura 1 - Formação do reboco em função da perda de filtrado (Nelson, 1990)... 15
Figura 2 - Tipos de revestimento numa cimentação primária (Costa, 2004) ... 19
Figura 3 - Esquema de poço com falha de cimentação (Thomas,2004)... 20
Figura 4 - (a) Tampão de abandono; (b) Tampão de cimento (Costa, 2004). ... 22
Figura 5 - (a) Falha na cimentação; (b) Squeeze de cimento para correção da falha. ... 23
Figura 6 - Surge Tank móvel... 25
Figura 7 - Unidade de mistura e bombeio. ... 25
Figura 8 - Tanques pré-misturadores... 26
Figura 9 - Interior do tanque pré-misturador. ... 26
Figura 10 - (a) Cabeça de cimentação; (b) Tampão de borracha... 27
Figura 11 - Seqüência operacional do bombeio da pasta de cimento (Nelson, 1990)... 28
Figura 12 - Canhoneio (Thomas, 2001)... 29
Figura 13 - Defloculação das partículas do cimento pela ação das moléculas de aditivo adsorvidas na superfície... 40
Figura 14 - Repulsão eletrostática e estérica entre as partículas de cimento... 41
Figura 15 - Microfotografia eletrônica de concreto modificado com látex e concreto Convencional. (American Concrete Institute, 1995). ... 46
Figura 16 - PU modificado para dispersões aquosas (Vilar, 2004). ... 48
Figura 17 - Estrutura da Hidroxietilcelulose (NELSON, 1990). ... 49
Figura 18 - Modelo de formação de filme de polímero. (FONTE: Rossignolo, 1999). ... 51
Figura 19 - Modelo de modificação. (FONTE: Rossignolo, 1999)... 52
Figura 20 - Fluxograma da metodologia empregada... 62
Figura 21 - Filtro Prensa Fann HPHT Série 387. ... 66
Figura 22 - Tubo decantador (Lima, 2004). ... 67
Figura 23 - Seccionamento da amostra de cimento curada: Topo (I); Intermediários (II) e (III); Fundo (IV). ... 68
Figura 24 - Curva de TG/DTG para o Látex PU W320 ... 72
Figura 25 - Curva DSC da PU W320. ... 73
Figura 26 - Espectro de absorção na região do infravermelho da PU W320. ... 74
Figura 27 - Curva de viscosidade em função da concentração de PU W320 na pasta. ... 75
Figura 28 - Curvas de limite de escoamento em função da concentração de PU na pasta... 76
Figura 31 - Micrografia obtida em MEV da pasta com 25 % de PU W320 (Nascimento,
2006)... 78
Figura 32 - Reboco formado pela deposição do cimento durante o teste de filtração API. ... 78
Figura 33 - Efeito da adição de CaCl 2 sobre a eficiência do controle do filtrado a 34°C... 79
Figura 34 - Resultados de água livre das formulações com cimento/ PU W320. ... 80
Figura 35 - Tempo de espessamento em função da concentração de PU W320 ... 81
Tabela 1 - Classificação quanto ao filtrado da pasta de cimento... 16
Tabela 2 - Composição química do cimento Portland... 31
Tabela 3 - Classificação e características do cimento API/ASTM... 36
Tabela 4 - Composição química dos cimentos API... 37
Tabela 5 – Propriedades físicas dos vários tipos de cimento API. ... 38
Tabela 6 - Características e propriedades da poliuretana em dispersão aquosa (Cromptom Uniroyal Chemical.Boletim técnico de descrição do produto)... 59
Tabela 7 - Ensaios físicos e especificação para cimento Portland especial (CIMESA, 2007). 59 Tabela 8 - Ensaios químicos de cimento Portland especial e Especificações para cimento Classe G e Portland especial. (CIMESA, 2007). ... 60
Tabela 9 - Valores de densidade e volume específico dos materiais utilizados para a realização dos cálculos. ... 61
Tabela 10 - Valores de densidade e volume específico dos materiais utilizados para a realização dos cálculos. ... 61
Tabela 11 - Temperaturas e perdas de massa envolvidas no processo de decomposição térmica da PU W320. ... 72
Tabela 12 - Resultados da medida de estabilidade das pastas formuladas ... 81
1 Capítulo 1
2 Introdução
1. Introdução
A cimentação, primária ou secundária, de poços de petróleo tem como função básica garantir a estabilidade mecânica e o isolamento zonal de um poço durante toda vida útil do mesmo. Nas operações de cimentação de poços petrolíferos, quatro tipos de cimento são utilizados: cimento portland CPP-Classe G, Cimento portland Composto CP-II-F-32 e CP-II- E-32. De acordo com a classificação da ABNT( Associação Brasileira de Normas Técnicas), um novo cimento denominado portland CPP-Classe especial encontra-se em fase de normatização. Este último corriqueiramente empregado em cimentações de poços possui requisitos físicos e químicos fixados. As padronizações dos processos de fabricação e composição química do cimento distinguem-se quanto à faixa de aplicação (temperatura e pressão) nas quais esses materiais são utilizados em poços (GOUVÊA, 1994).
Denomina-se cimentação primária a operação realizada logo após a descida de cada coluna de revestimento no poço recém aberto para produção de hidrocarbonetos, seu objetivo é promover aderência mecânica ao revestimento e à formação ou rocha base, onde o poço foi perfurado. Este trecho cimentado, após adquirir resistência à compressão, restringe o movimento de fluidos entre as diferentes formações atravessadas pelo poço promovendo o suporte mecânico do revestimento e dos demais equipamentos responsáveis pela retirada dos hidrocarbonetos das rochas produtoras de petróleo (THOMAS, 2001).
A qualidade da cimentação primaria é de fundamental importância para o ciclo de vida de um poço, razão pela qual qualquer deficiência no isolamento requer operações de correção da cimentação primária, representando custos adicionais no processo de construção deste. Para que a pasta de cimento atenda aos requisitos, é necessário que alguns cuidados no projeto de execução de uma pasta sejam tomados. Os fatores que influenciam a cimentação devem ser levados em consideração para a obtenção de uma pasta de cimento com composição adequada. Na grande maioria dos casos, é necessária a adição de produtos químicos ao cimento para modificar suas propriedades, conforme as condições do poço ou operação e assim obter formulações que possam se deslocar no interior do revestimento promovendo bom deslocamento até a zona de interesse. Atualmente, existe uma variedade muito grande de aditivos fornecidos, principalmente, por empresas multinacionais, tanto na forma líquida quanto na sólida (COSTA, 2004).
As pastas de cimento podem perder água para a formação adjacente através da
perdida pode originar invasões na formação produtora de óleo e conseqüentes danos à mesma, além de causar endurecimento prematuro do reboco de cimento que é formado após a desidratação (Bensted, 1993). Em operações de correção (squeeze), a perda de água deve ser eficientemente controlada, em função da concentração de aditivos controladores de filtrado, para evitar a formação de nós de cimentos no interior do tubo de revestimento, provocado pela pressão durante o bombeio da pasta de cimento para o interior dos canhoneados (Figura 1).
Figura 1 - Formação do reboco em função da perda de filtrado (Nelson, 1990).
Aditivos controladores de filtrado são utilizados para controlar a perda da água da
pasta de cimento para as formações adjacentes. Os controladores de filtrado são geralmente
polímeros, tais como, celulose, álcool polivinílico, poliaquiloaminas, poliacrilamidas, látex do
copolímero estireno butadieno. Combinações específicas formuladas com aditivos do tipo
carboximetilhidroxietilcelulose (CMHEC), hidroxietilcelulose (HEC), naftaleno sulfonato de
formaldeido condensado (NSFC) e polivinil pirrolidone (PVP) representam um largo
percentual dos aditivos controladores de filtrado utilizados hoje em dia (Muller, 1992). As
vantagens e limitações dos aditivos controladores de filtrado são especificadas por suas
composições particulares. Os aditivos controladores de filtrado à base HEC geralmente são
limitados a temperaturas abaixo de 104 °C, perdem eficiência com o incremento de sais como
CaCl 2 e ainda podem causar retardo no endurecimento do cimento. As misturas de CMHEC
resistem a maiores faixas de temperatura (de 27 até 163 °C), e tem maior tolerância a sais.
Porém, misturas de CMHEC podem produzir viscosidade excessiva durante a homogeinização.
Normalmente, é aceito na indústria, a seguinte classificação quanto ao filtrado da pasta de cimento, Tabela 1.
Tabela 1 - Classificação quanto ao filtrado da pasta de cimento.
Classificação quanto ao filtrado da pasta de cimento
Pasta com baixíssima perda de filtrado ≤ 50 cc ⁄ 30 min Pasta com baixa perda de filtrado entre 50 a 100 cc ⁄ 30 min;
Pasta com perda de filtrado regular entre100 a 200 cc ⁄ 30 min Pasta com perda de filtrado relaxado entre 200 a 300 cc ⁄ 30 min Pasta sem controle de perda de filtrado ≥ 300 cc ⁄ 30 min
Acredita-se que os sistemas de pastas de cimentos contendo látex, alem de atuarem como controlador de filtrado, podem também impedir a migração de gás pelo bloqueio da matriz da pasta de cimento quando da transição de liquido para sólido (Nelson, 1990).
Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi formular pastas de cimento
Portland aditivadas com poliuretana não iônica em dispersão aquosa em diferentes
concentrações, adequadas para a cimentação de poços de petróleo, e avaliar o controle da
perda de filtrado em diferentes temperaturas. Para a avaliação do desempenho na aplicação
das pastas, foram estudadas as propriedades de reologia, perda de filtrado, água livre,
estabilidade, bombeabilidade e espessamento, e compatibilidade com cloreto de cálcio.
3 Capítulo 2
4 Aspectos Teóricos
2. Aspectos teóricos fundamentais
2.1 - Cimentações de poços de petróleo
5 O primeiro poço de petróleo foi perfurado em 1859, na era moderna, mas só no ano de 1903 é que foi cimentado o primeiro poço, no Campo Lompoc na Califórnia. Nessa primeira operação de cimentação, foram bombeados um total de cinqüenta sacos de cimento com objetivo de evitar o influxo de água da formação para o poço. Na ocasião esperava- se vinte e oito dias para o endurecimento do cimento.
6 Em 1910, Almond Perkins desenvolveu uma patente que consistia na realização de uma operação de cimentação com dois tampões, isto é, a pasta era bombeada para o poço, com tampões metálicos a frente e atrás desta, para evitar a sua contaminação durante seu deslocamento por água ou fluido de perfuração.
Depois de algum tempo trabalhando com Perkins, em 1919, Erle Halliburton parte para o “MidContinent”, onde fundou sua própria empresa, Halliburton Cementing Co., que se tornou, por sua vez, a maior empresa da especialidade. Em 1922, Halliburton patenteou o misturador com jatos “jet mixer” automatizando a mistura de pasta, ampliando as possibilidades operacionais, fazendo com que a prática de cimentar os revestimentos fosse adotada pela maioria das companhias. Nesta época aguardava-se de 7 a 28 dias para o endurecimento do cimento (Halliburton, 1998).
A partir de 1923, fabricantes americanos e europeus de cimento passaram a fabricar cimentos especiais para a indústria de petróleo, com alta resistência inicial. Com o advento dos aditivos químicos, o tempo de pega foi sendo paulatinamente reduzido (72 horas até 1946: 24 a 36 horas a partir de 1946) e outras propriedades da pasta de cimento foram controladas.
A cimentação é uma das operações mais importantes realizadas em um poço de
petróleo. Ocorre após o término da perfuração com o objetivo de compor a vedação entre as
zonas permeáveis ou até mesmo em um único intervalo permeável, impedindo a
intercomunicação de fluidos da formação que ficam por trás do revestimento, bem como
propiciar suporte à coluna de revestimento (Oliveira, 2004, Vlachou e et al, 1997)
2.2 - Cimentação primária
A cimentação primária é de grande importância para a construção de qualquer poço de petróleo, pois uma cimentação mal elaborada reduz o ciclo de vida do poço e implica em custos adicionais em sua construção. Este tipo de cimentação é aquela realizada após a descida de cada coluna de revestimento, e sua qualidade é avaliada, geralmente, por meio de perfis acústicos corridos por dentro do revestimento (Pelipenko e Frigaard, 2004; Thomas, 2001). A Figura 2 detalha os tipos de revestimento numa cimentação primária.
Figura 2 - Tipos de revestimento numa cimentação primária (Costa, 2004)
7 O revestimento condutor é o primeiro revestimento do poço assentado a pequena
profundidade (10 a 50 metros) com a finalidade de sustentar sedimentos superficiais não
consolidados. No revestimento de superfície o comprimento varia na faixa de 100 a 600
metros e visa proteger os horizontes superficiais, prevenir o desmoronamento das formações
não consolidadas, e serve ainda como base de apoio para os equipamentos de segurança de
cabeça de poço. O revestimento intemediário tem a finalidade de isolar e proteger zonas de
alta ou baixas pressões, zonas de perda de circulação, formações desmoronáveis, formações
portadoras de fluidos corrosivos ou contaminantes de lama. Por fim, o revestimento de produção como o próprio nome indica é descido com a finalidade de permitrir a produção do poço suportando suas paredes e possibilitando o isolamento entre os vários intervalos produtores (Thomas, 2004).
8 A função operacional da cimentação primária é de produzir um selo hidráulico impermeável cimentante no anular, entretanto, alguns problemas advindos de uma má elaboração do projeto de pasta, ou até mesmo durante o processo de mistura e bombeio do cimento no campo de operações, podem provocar problemas na eficiência do selo. Estes problemas podem ser especificamente causados por: densidade incorreta da pasta, gelificação prematura, aderência deficiente na interface, fluxo de gás ascendente, entrada de gás na coluna de pasta, contração volumétrica, entre outros (Santos Júnior, 2006; Pelipenko et al, 2004). Na Figura 3 observa-se um caso típico de falha de cimentação.
Figura 3 - Esquema de poço com falha de cimentação (Thomas,2004)
Uma cimentação primária satisfatória está associada a uma boa aderência ao revestimento e à formação rochosa, além do preenchimento de todo o espaço do anular. Antes do bombeamento da pasta de cimento, são feitos exames laboratoriais para garantir o sucesso na colocação da pasta no anular (Santos Júnior, 2006). Embora com toda tecnologia e cuidados na elaboração e aplicação das pastas em todas as etapas da cimentação, essa operação nem sempre é realizada com sucesso em toda a extensão do poço, e pode ser
Formações rochosas adjacentes
Bainha Cimentante
Tubo de revestimento
Exposto à formação com zonas de gás ou
sulfatos
Falhas de
Cimentação
necessária uma nova operação de cimentação para evitar acidentes (Nelson, 1990). Esta nova etapa de cimentação de correção é conhecida como cimentação secundária.
2.3 - Cimentação secundária
Define-se cimentação secundária como toda cimentação realizada visando corrigir falhas na cimentação primária. Assim sendo, uma cimentação secundária pode ser realizada para eliminar a entrada de água de uma zona indesejável, reduzir a razão gás ⁄ óleo (RGO), através do isolamento da zona de gás adjacente a zona de óleo, abandonar zonas depletadas ou reparar vazamentos na coluna de revestimento.
As cimentações secundárias são classificadas como: tampões de cimento, recimentação, e compressão de cimento ou Squeeze.
2.3.1 - Tampões de cimento
Constituem num bombeio de pasta para cobrir um determinado trecho do poço.
São utilizados nos casos de perda de circulação, abandono total ou parcial do poço, como base
para desvios, etc. A Figura 4 mostra exemplos clássicos de tampão de abandono e tampão de
cimento.
(a) (b)
Figura 4 - (a) Tampão de abandono; (b) Tampão de cimento (Costa, 2004).
2.3.2 - Recimentação
É a correção da cimentação primária quando o cimento não alcança a altura desejada no anular. O revestimento é canhoneado em dois pontos e a recimentação só é realizada quando se consegue circulação pelo anular, através destes canhoneados. Para possibilitar a circulação com retorno, a pasta é bombeada através da coluna de perfuração, dotada de um obturador (packer) para permitir a pressurização necessária para a movimentação da pasta pelo anular.
2.3.3 - Compressão de cimento ou Squeeze
Consiste na injeção forçada de cimento sob pressão, visando corrigir localmente a cimentação primária, sanar vazamentos no revestimento ou impedir a produção de zonas que passaram a produzir água (Figura 5).
a) b)
Produção de água
Figura 5 - (a) Falha na cimentação; (b) Squeeze de cimento para correção da falha.
2.4 - Fatores que afetam uma cimentação
Como a cimentação primária consiste no posicionamento de uma pasta cimentante no anular formado pelo revestimento e as paredes do poço, espera-se que a mesma, após a pega, proporcione:
• Aderência mecânica ao revestimento;
• Isolamento das formações;
• Proteção do revestimento contra corrosão e cargas dinâmicas decorrentes de operações no seu interior.
Para que a pasta de cimento atenda aos requisitos mencionados acima é necessário que alguns cuidados no projeto e na execução da cimentação primária sejam tomados. Os fatores listados abaixo são reconhecidamente responsáveis pelas deficiências na capacidade de um selante, embora essa deficiência não se limite apenas a estes fatores:
• Densidade incorreta da pasta podendo resultar no desbalanceamento hidrostático e entrada de fluidos na pasta;
• Fluido de perfuração e reboco com propriedades inadequadas, permitindo o fluxo de gás ascendente no anular;
a) b)
Squeeze de
Cimento
• Gelificação prematura, resultando na perda do controle da pressão hidrostática;
• Perda de filtrado excessiva, permitindo a entrada do gás na coluna da pasta;
• Pastas altamente permeáveis, contribuindo para deficiências no isolamento hidráulico e resistência ao fluxo de gás;
• Contração volumétrica apreciável devido ao processo de hidratação e fissuração da bainha de cimento sob tensão, gerando fraturas e microanulares que permite a migração de fluidos;
2.5 - Equipamentos de cimentação
Para que seja realizada uma cimentação são necessários diversos equipamentos, os quais têm a função de armazenagem do cimento, transporte, preparação dos aditivos, mistura da pasta e seu deslocamento ao poço.
2.5.1 - Silos de cimento
O cimento, em geral, é estocado na base da companhia de cimentação, em grandes silos, sendo enviado para sonda por meio de carretas apropriadas.
Nas plataformas marítimas são disponíveis silos para armazenamento de cimento e outros materiais a granel. Estes silos operam a baixa pressão (30 psi), quando da descarga do cimento.
Durante a operação de cimentação o cimento é transferido gradualmente dos silos de armazenamento para um silo menor, denominado “Surge tank” ou “Cebolinha”, próximo a unidade de cimentação (Figura 6).
Figura 6 - Surge Tank móvel.
2.5.2 - Unidades de cimentação
Uma unidade de cimentação pode ser montada em caminhões, para operações em terra, como detalha a Figura 7, ou sobre “skids” em sondas marítimas.
Essas unidades são compostas de motores para fornecer energia, tanques para água e aditivos, bombas “triplex”, bombas centrifugas auxiliares, um sistema de mistura de pasta na qual a água de mistura (água e aditivos) é bombeada sobre pressão por pequenos orifícios que fluem em jatos sob um funil por onde chega o cimento, e um tanque de recirculação no qual a pasta é preparada e ajustada , permitindo melhor controle de suas propriedades antes de seu bombeio para o poço.
Figura 7 - Unidade de mistura e bombeio.
Cebolinha
A utilização de um pré-misturador (Figura 8) implica em maior confiabilidade para a mistura da pasta, pois neste a pasta é preparada de uma só vez, obtendo-se o peso e o volume requirido. A água de mistura é preparada no tanque pré- misturador e em seguida o cimento anidro é enviado do “surge tank” (Figura 6) através de ar comprimido misturando-se com a pasta recirculada. A mistura final é então homogeneizada por meio de palhetas oacionadas elétricamente ou hidraulicamente (Figura 9).
Figura 8 - Tanques pré-misturadores.
Figura 9 - Interior do tanque pré-misturador.
Cimento anidro
Palheta
de
agitação
2.5.3 - Cabeça de cimentação
A cabeça de cimentação (Figura 10.a) é uma ferramenta que é conectada no topo da coluna de revestimento. Sua função é abrigar em seu interior os tampões de borracha (Figura 10.b) utilizados para separar a pasta do fluido de perfuração.
Figura 10 - (a) Cabeça de cimentação; (b) Tampão de borracha.
2.5.4 - Bombeio da pasta de cimento
A operação de cimentação é realizada após a descida da coluna de revestimento, com o objetivo de preencher o espaço anular entre a tubulação de revestimento e as paredes do poço, de modo a fixar a tubulação e evitar possíveis migrações de fluidos. A seqüência operacional de uma cimentação típica envolve a montagem das linhas de cimentação, circulação para condicionamento do poço, injeção do colchão de lavagem e/ou espaçador, teste das linhas de cimentação, lançamento do tampão de fundo, mistura da primeira pasta, mistura da segunda pasta, lançamento do tampão de topo e deslocamento com fluido de perfuração (Nelson, 1990).
Depois de preparada, a pasta de cimento é bombeada para o poço até que todo anular seja preenchido. Na Figura 11 está ilustrada a seqüência operacional de um bombeio típico de cimento.
a) b)
Figura 11 - Seqüência operacional do bombeio da pasta de cimento (Nelson, 1990)
2.6 - Canhoneio
O requisito mínimo para que possa haver algum sucesso na completação de um poço é o estabelecimento de uma comunicação limpa e efetiva entre o poço e a formação.
Dentre as técnicas para a perfuração desse canal de comunicação poço / formação, a mais comumente utilizada é conhecida como canhoneio. Ela se refere à perfuração do revestimento, do cimento e da formação através de cargas explosivas.
O processo convencional de canhoneio é baseado fundamentalmente no emprego de cargas explosivas montadas em série em um suporte metálico e introduzidas em uma peça tubular (também conhecida como canhão), responsável pelo isolamento entre o explosivo e o poço.
O canhão é então descido no poço, tensionado por um cabo elétrico (Figura 12),
Bombeio do fluido espassador
e cimento Circulação de
Fluido
Deslocamento Deslocamento Final da operação
F lu id o E sp as sa d o r C im en to F lu id o
Pino de liberação do plug travado Pino de liberação de plug destravado